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8 de outubro de 2015

Refletindo Evangelho do dia: Evangelho São Lucas 11,5-13



Pedi e recebereis.

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 

E Jesus acrescentou: 
'Se um de vós tiver um amigo 
e for procurá-lo à meia-noite e lhe disser: 
'Amigo, empresta-me três pães, 
porque um amigo meu chegou de viagem 
e nada tenho para lhe oferecer', 
e se o outro responder lá de dentro: 
'Não me incomoda! Já tranquei a porta, 
e meus filhos e eu já estamos deitados; 
não me posso levantar para te dar os pães'; 
eu vos declaro: 
mesmo que o outro não se levante 
para dá-los porque é seu amigo, 
vai levantar-se ao menos por causa da impertinência dele 
e lhe dará quanto for necessário. 
Portanto, eu vos digo: 
pedi e recebereis; procurai e encontrareis; 
batei e vos será aberto. 
Pois quem pede, recebe; quem procura, encontra; 
e, para quem bate, se abrirá. 
Será que algum de vós que é pai, 
se o filho pedir um peixe, lhe dará uma cobra? 
Ou ainda, se pedir um ovo, lhe dará um escorpião? 
Ora, se vós que sois maus, 
sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, 
quanto mais o Pai do Céu dará o Espírito Santo 
aos que o pedirem! 
Palavra da Salvação.

Reflexão

A oração é uma busca constante de viver na presença de Deus e procurar estar em diálogo com ele para que ele nos ajude em nossas necessidades, mas devemos nos lembrar das palavras de são Tiago: pedis sim, mas pedis mal, pois não sabeis o que pedir. Muitas vezes pedimos, e pedimos muito, mas não pedimos o que deveríamos, nossos pedidos são mesquinhos, materialistas e visam simplesmente a satisfação de interesses pessoais e imediatos, não sabemos pedir os verdadeiros valores, que são eternos, não pedimos a salvação, o perdão dos pecados nossos e dos outros, não pedimos pela ação evangelizadora da Igreja, pela superação das injustiças que causam guerras e tantos sofrimentos, mas principalmente, não pedimos a ação do Espírito Santo em nossas vidas.


Por que os padres não se casam?


O Ocidente assiste a uma cada vez maior escassez de sacerdotes, assim como o abandono do ministério por parte dos sacerdotes que se casam – isso sem falar dos escândalos. Não seria conveniente que a Igreja abandonasse a obrigação do celibato?

O celibato está intimamente conectado à essência do sacerdócio como participação na vida de Cristo, em sua identidade e missão. É uma norma disciplinar – e não um dogma de fé – em uso na Igreja de rito latino, fonte de dons espirituais incomensuráveis, como demonstram as vidas de muitos santos.

Na Igreja dos primeiros séculos, o celibato foi acolhido para seguir o exemplo dos Apóstolos, não somente como uma disciplina, mas sobretudo como um dom carismático.

Até hoje, os ministros ordenados pela Igreja Católica de rito latino, com exceção dos diáconos permanentes, devem ser celibatários. Esta norma disciplinar – suscetível, portanto, a modificações no sentido de permitir a ordenação presbiteral de homens casados – foi imposta a partir do Concílio de Trento (1545-1563), ainda que tenha seguido um caminho de discernimento cujas raízes se remontam ao surgimento da Igreja. Nos primeiros séculos, muitos ministros consagrados eram casados, mas foram doutrinados na prática da continência, algo que vem da tradição apostólica e que era recomendado pelos Padres da Igreja, assim como por São Paulo, que afirmava que a continência favorece a doação a Deus na oração (1 Cor 7,5).

Os Apóstolos, para adaptar-se melhor ao exemplo de Jesus, decidiram, de fato, deixar suas mulheres e filhos para viver de uma maneira fraterna e celibatária, ou pelo menos continente, no caso de que já fossem casados, como Pedro. Cristo, que já era “sinal de contradição” (Lc 2,34) para os judeus de então – para quem o celibato era uma condição humilhante (Jz 11, 37) –, escolheu tornar-se “eunuco pelo Reino dos céus” (Mt 19, 12), a fim de dedicar todas as suas energias ao anúncio do Reino de Deus, livre de qualquer vínculo familiar. E, assim, viveu no celibato e na continência perpétua, sem gerar filhos, permitindo às mulheres, no entanto – ao contrário dos rabinos da época –, que o seguissem e escutassem a sua palavra, compartilhando com Ele uma amizade autêntica e madura.

Seguindo os passos desta concepção da Igreja apostólica, a prescrição de estar casados “com uma só mulher” para os candidatos ao episcopado, ao diaconado (1 Tm3,2; 1Tm 3,12) e ao presbiterado (Tt 1,6), segundo a explicação dada pelo Papa São Sirício (384-399) nos decretos “Directa” (385) e “Cum in unum” (386), nos dá a entender que, na verdade, desde a época em que foram escritas as cartas pastorais, os bispos, sacerdotes e diáconos eram convidados a manter a continência total. Portanto, todos os diáconos, presbíteros e bispos, independentemente do fato de serem ou não casados, viúvos ou celibatários, a partir do dia da sua ordenação, deveriam abster-se de qualquer forma de atividade sexual e não deveriam gerar filhos.

A partir de 200 d.C., de fontes que provêm do Oriente e do Ocidente, temos indícios cada vez mais frequentes de uma prática de abstinência nos clérigos. A partir do século III, a tendência geral é a de um clero celibatário. No Ocidente, o documento legislativo mais antigo que prevê a abstinência para os ministros sagrados, sob pena da retirada do ministério, é o cânon 33 do Cocnílio de Elvira, na Espanha meridional (306). A afirmação do monaquismo no século IV favoreceu, mais tarde, um aprofundamento teológico da abstinência nos clérigos.

O século X se caracterizou por um notável declínio cultural e religioso, que levou ao abandono quase geral da prática do celibato entre o clero. Posteriormente, no século XI, a reforma gregoriana incentivou a volta à disciplina, sancionada depois no primeiro concílio ecumênico de Latrão (1123), enquanto, no segundo concílio (1139), estabeleceu-se a nulidade do matrimônio contraído depois da ordenação. O Concílio de Trento reafirmou a possibilidade do voto de castidade e conferiu uma maior dignidade ao estado virginal.

As Igrejas orientais em comunhão com Roma continuam ordenando homens casados como sacerdotes, mas exigem o celibato para o episcopado e também para os monges, como sinal do grande valor que tem.

Nos primeiros séculos, as Igrejas orientais conheceram, exatamente como as do Ocidente, a abstinência dos clérigos, como testificam São Epifânio, bispo de Salamina, São Jerônimo, um dos mais importantes Padres da Igreja do Ocidente, e o próprio imperador Justiniano.

Foi no século V que essa linha comum se fragmentou. O processo começou no Oriente, com o distanciamento de grande parte das Igrejas não gregas, das Igrejas do Império, e chegou à Igreja bizantina. Hoje, praticamente todas as Igrejas orientais rejeitam tanto a disciplina de abstinência quanto a disciplina do celibato seguida no Ocidente. Hoje existem, portanto, nas Igrejas orientais, diáconos e sacerdotes casados que têm filhos inclusive depois da ordenação, ainda que permaneçam elementos ligados ao celibato, como, por exemplo, a proibição de um segundo matrimônio, de casar-se depois da ordenação e, sobretudo, a escolha de candidatos ao episcopado entre os que vivem o celibato.

O que marcou a diferença foi o sínodo bizantino em Trulho (691). A partir dele, de fato, no Oriente, permitiu-se o uso do matrimônio aos clérigos casados quando não realizavam o serviço no altar, o que diminui o caráter da dimensão esponsal do sacerdócio.

Consequentemente, decai no Oriente a celebração diária da Eucaristia por parte dos sacerdotes casados, porque, de outra maneira, teriam de abster-se sempre dos seus deveres conjugais. A investigação histórica concorda na consideração de que o sínodo em Trulho usou textos manipulados ou mal traduzidos dos sínodos norte-africanos de 390 e 401, que contêm pronunciamentos a favor da completa abstinência dos clérigos, desvirtuando, a seguir, a mensagem em sentido contrário.

Há boas razões, além disso, para considerar que a prática comum no Oriente e no Ocidente, anterior ao sínodo em Trulho, aceitasse que os clérigos proviessem, em grande parte, de candidatos casados e de idade avançada (presbíteros = anciãos), sempre e quando estes, de acordo com suas esposas, se comprometessem a viver em total e perpétua continência. Já naquela época, ainda que não se tivesse chegado a uma teorização teológica do celibato sacerdotal, intuía-se que o sacerdote deveria estar livre de qualquer outro vínculo total para poder doar-se à Igreja. Por isso, como primeira medida, exigia-se aos candidatos casados a continência perfeita e, além disso, proibia-se a coabitação com a esposa. Considerada a inconveniência de proibir a relação conjugal aos que estavam legalmente casados, a evolução lógica foi que, na Igreja latina, se tendesse cada vez mais a buscar candidatos celibatários.

A disciplina introduzida pelo sínodo em Trulho é aceita pela Igreja de Roma, ainda que a Sé Apostólica tenha estabelecido algumas restrições para os sacerdotes orientais que desempenham seu ministério no Ocidente. Recentemente, no entanto, as Igrejas Siro-Malancar e Siro-Malabar afirmaram livremente a exigência do celibato para os seus sacerdotes.

O celibato é uma escolha livre de amor, em resposta a um convite de Deus a seguir Cristo em sua doação, inclusive na carne, como “esposo da Igreja”.

Para entender corretamente o celibato como fundamento para a vida dos ministros da Igreja e não como mera lei eclesiástica, é necessário ir à raiz teológica, que se encontra na nova identidade dada a quem é agraciado com a ordem sacerdotal.

Uma contribuição determinante para a definição da perene validez do celibato sacerdotal foi dada a partir do magistério dos pontífices, bem condensada no Catecismo da Igreja Católica (n. 1579). O que chama a atenção é que o magistério papal sobre o celibato, anterior ao Concílio Vaticano II, insiste muito no aspecto sagrado do celibato e sobre o vínculo entre o exercício do culto e da virgindade pelo Reino dos céus, enquanto o posterior se abre a razões mais cristológicas e pastorais. Em particular, na encíclica Sacra Virginitas, de Pio XII (1954), afirma-se que, “se os sacerdotes (…) observam a castidade perfeita, isso é, em definitiva, porque o seu Divino Mestre permaneceu, Ele mesmo, virgem até a morte”.

João XXIII, na encíclica Sacerdotii nostri primordia (1959), evidenciou o vínculo entre a oferta eucarística e o dom cotidiano de si mesmos, inclusive na carne, por meio do celibato, e reconheceu que a desorientação na fidelidade depende da incorreta compreensão da sua relação com a Celebração Eucarística.

No Concílio Vaticano II, não podendo levar em consideração as contribuições das investigações históricas das últimas décadas, no número 16 da Presbyterorum Ordinis (1965), afirma que, entre o sacerdócio ministerial e o celibato, não existe um vínculo de estreita necessidade, mas de “múltipla conveniência”, fundando este juízo na recomendação de Jesus Cristo de seguir seu exemplo (Mt 19, 12), bem como nas prerrogativas da virgindade cristã, indicadas por São Paulo (1Cor 7,25-40), o que favorece a adesão total a Cristo e testifica a fé na vida futura. A Carta aos Efésios (5,21-33) descreve a aliança entre Cristo e a Igreja com a imagem do matrimônio, em que o “esposo” Cristo se entrega à sua “esposa” para torná-la toda bela.

O principal texto do magistério sobre o celibato sacerdotal é, no entanto, a encíclica de Paulo VI, Sacerdotalis caelibatus (1967), que destaca o significado escatológico de celibato e reconhece que “o precioso dom divino da continência perfeita, por amor do reino dos céus, constitui (…) um sinal particular dos bens celestes” e está indicado como “um testemunho da tensão necessária do Povo de Deus orientada para a meta última da peregrinação terrestre e é incitamento para todos erguerem o olhar às coisas do alto” (n. 34).

João Paulo II, na exortação apostólica Pastores dabo vobis (1992), acolhe o dom do celibato no vínculo entre Jesus e o sacerdote e, pela primeira vez, menciona a importância inclusive psicológica desse vínculo, mas sobretudo indica a “vida segundo o Espírito” e a “radicalidade evangélica” como as duas diretrizes irrenunciáveis do celibato.

Em 2005, na primeira mensagem do seu pontificado, ao final da concelebração com os cardeais eleitores na Capela Sistina, Bento XVI afirmou que “o sacerdócio ministerial nasceu no cenáculo, junto com a Eucaristia”. O mesmo Papa, no discurso da audiência à Cúria Romana para a felicitação de Natal de 2006, afirmou que o verdadeiro fundamento do celibato “pode ser apenas teocêntrico. Não pode significar permanecer privados de amor, mas deve significar deixar-se arrebatar pela paixão por Deus, e aprender depois, graças a um estar com Ele mais íntimo, a servir também os homens. O celibato deve ser um testemunho de fé: a fé em Deus torna-se concreta naquela forma de vida que só tem sentido a partir de Deus. Apoiar a vida n'Ele, renunciando ao matrimônio e à família, significa que acolho e experimento Deus como realidade e por isso posso levá-lo aos homens”.

Apesar dos debate nascidos dentro e fora da Igreja, o celibato sacerdotal se afirmou sempre como um tesouro incalculável.

No transcurso dos séculos, não faltaram ataques ao celibato eclesiástico, sobretudo a partir de contextos e mentalidades completamente alheios à fé, tentativas de uma mentalidade secularizada, filha do Iluminismo e do Modernismo, que pretende enquadrar a Igreja em categorias sociais, fazer do sacerdote um simples assistente social, privando-o da sua investidura sobrenatural.

Nas últimas décadas, no entanto, também dentro da Igreja se retomou o debate sobre a possibilidade de abolir a disciplina do celibato para os sacerdotes. Sobre a questão se expressaram também duas assembleias gerais do Sínodo dos Bispos (1971 e 1990), afirmando o celibato como opção livre e responsável do sacerdote, ao serviço de Cristo e da sua Igreja.

O celibato voltou com força ao centro das discussões também depois dos escândalos sexuais relacionados a menores, ocorridos nas diversas igrejas nacionais. Esta é uma praga – segundo o que se lê em uma carta circular redigida pela Santa Sé em 2011, dirigida a todas as conferências episcopais – que fala mais de uma perda de fé e de uma compreensão distorcida do celibato. Por este motivo, o documento convida a que os candidatos ao sacerdócio “apreciem a castidade, o celibato e a paternidade espiritual do clérigo e que possam aprofundar o conhecimento da disciplina da Igreja sobre o assunto.”

Em uma contribuição recolhida no livro “Os movimentos na Igreja” (1999), o cardeal Joseph Ratzinger afirmava que a Igreja “não pode simplesmente instituir, por si só, 'funcionários', mas deve atender ao chamado de Deus”. Compreende-se portanto, a exortação de Jesus a pedir “ao dono da messe que envie operários para a sua messe” (Mt 9, 38) e o fato de Ele mesmo ter rezado uma noite inteira antes de chamar os doze Apóstolos (Lc 6, 12-16).

Então, como destacou o cardeal Mauro Piacenza, prefeito da Congregação para o Clero, intervindo em um debate em Ars (França) em 2011, é necessário “ser radicais para seguir Cristo, sem temer a diminuição do número de sacerdotes. De fato, o número decresce quando baixa a temperatura da fé, porque as vocações são um 'assunto' divino, e não humano; seguem a lógica divina, que é insensatez aos olhos humanos”.

No diálogo com os sacerdotes, durante a grande vigília de encerramento do Ano Sacerdotal, em 10 de junho de 2010, Bento XVI destacou que, “para o mundo agnóstico, o mundo no qual Deus não tem lugar, o celibato é um grande escândalo, porque mostra precisamente que Deus é considerado e vivido como realidade”. O Papa alemão destacou também – em seu livro-entrevista com Peter Seewald, “Luz do mundo” – que este é um escândalo que tem um lado positivo e que representa “uma afronta ao que as pessoas que pensam normalmente; algo que é crível e realizável somente quando é dom de Deus e se, por meio dele, a pessoa luta pelo Reino de Deus”.

Defender o valor do celibato sacerdotal significa, portanto, redescobrir este dom, que tem em si um dever e um convite que excedem as medidas humanas; significa fazer dele não uma prática eremítica, mas uma afirmação alegre e confiante do homem que se coloca nas mãos de Deus.



A morte explicada por uma criança com câncer terminal


"Quando eu morrer, acho que minha mãe vai ficar com saudade. Mas eu não tenho medo de morrer, tio. Eu não nasci para esta vida!"

Como médico cancerologista, já calejado com longos 29 anos de atuação profissional, posso afirmar que cresci e modifiquei-me com os dramas vivenciados pelos meus pacientes. Não conhecemos nossa verdadeira dimensão até que, pegos pela adversidade, descobrimos que somos capazes de ir muito mais além.

Recordo-me com emoção do Hospital do Câncer de Pernambuco, onde dei meus primeiros passos como profissional… Comecei a frequentar a enfermaria infantil e apaixonei-me pela oncopediatria.

Vivenciei os dramas dos meus pacientes, crianças vítimas inocentes do câncer. Com o nascimento da minha primeira filha, comecei a me acovardar ao ver o sofrimento das crianças.

Até o dia em que um anjo passou por mim! Meu anjo veio na forma de uma criança já com 11 anos, calejada por dois longos anos de tratamentos diversos, manipulações, injeções e todos os desconfortos trazidos pelos programas químicos e radioterapias. Mas nunca vi o pequeno anjo fraquejar. Vi-a chorar muitas vezes; também vi medo em seus olhinhos; porém, isso é humano!

Um dia, cheguei ao hospital cedinho e encontrei meu anjo sozinho no quarto. Perguntei pela mãe. A resposta que recebi, ainda hoje, não consigo contar sem vivenciar profunda emoção.

— Tio, disse-me ela — às vezes minha mãe sai do quarto para chorar escondido nos corredores… Quando eu morrer, acho que ela vai ficar com muita saudade. Mas, eu não tenho medo de morrer, tio. Eu não nasci para esta vida!

Indaguei: — E o que morte representa para você, minha querida?

– Olha tio, quando a gente é pequena, às vezes, vamos dormir na cama do nosso pai e, no outro dia, acordamos em nossa própria cama, não é? (Lembrei das minhas filhas, na época crianças de 6 e 2 anos, com elas, eu procedia exatamente assim.) É isso mesmo.

– Um dia eu vou dormir e o meu Pai vem me buscar. Vou acordar na casa Dele, na minha vida verdadeira!

Fiquei "entupigaitado", não sabia o que dizer. Chocado com a maturidade com que o sofrimento acelerou, a visão e a espiritualidade daquela criança.

– E minha mãe vai ficar com saudades – emendou ela.

Emocionado, contendo uma lágrima e um soluço, perguntei:

– E o que saudade significa para você, minha querida?

– Saudade é o amor que fica!

Hoje, aos 53 anos de idade, desafio qualquer um a dar uma definição melhor, mais direta e simples para a palavra saudade: é o amor que fica!

Meu anjinho já se foi, há longos anos. Mas, deixou-me uma grande lição que ajudou a melhorar a minha vida, a tentar ser mais humano e carinhoso com meus doentes, a repensar meus valores. Quando a noite chega, se o céu está limpo e vejo uma estrela, chamo pelo "meu anjo", que brilha e resplandece no céu.

Imagino ser ela uma fulgurante estrela em sua nova e eterna casa.

Obrigado anjinho, pela vida bonita que teve, pelas lições que me ensinaste, pela ajuda que me deste. Que bom que existe saudade! O amor que ficou é eterno.

(Dr. Rogério Brandão, oncologista)



A lenta agonia dos cristãos perseguidos no Vietnã



Os cristãos da etnia Hmong fugiram da perseguição no Vietnã e foram para o Camboja – onde também encontraram as portas fechadas...

A minoria Hmong, desprezada pelo grupo Kin, majoritário no Vietnã, vive nas terras altas do país em condições arcaicas. Seu quase autárquico estilo de vida os relega à categoria de pessoas de segunda classe, sem acesso à educação nem a cargos de responsabilidade.

O governo os preferiria animistas

Os Hmong, como, aliás, a maioria dos vietnamitas, são impermeáveis ​​ao ateísmo marxista. Entre eles, surgiram comunidades cristãs pouco numerosas, mas dinâmicas. O partido comunista vietnamita, assim como o chinês, considera os cristãos uma “quinta coluna” do Ocidente. Régis Anouilh, presidente da agência de notícias Église d’Asie, diz que, aos olhos do Partido Comunista Vietnamita, seria melhor que os Hmong fossem animistas em vez de cristãos, porque isto seria “menos perigoso” para quem está no poder.

Interesses econômicos e desprezo religioso

Além deste aspecto puramente ideológico, as atividades de mineração no planalto central do Vietnã complicam mais ainda a condição dos Hmong: muitos deles tiveram as suas propriedades expropriadas. Suas demandas de construção de locais de culto também são recusadas ​​com as mais diversas justificativas. Essa combinação de fatores leva boa parte dos “cristãos da montanha” a rumar para as fronteiras do Camboja. O fenômeno migratório começou em 2001: na época, os grupos Hmong se levantaram para exigir mais autonomia e liberdade religiosa. Severamente punidos, cerca de 3.000 ativistas tiveram de partir, temendo ser presos pela polícia vietnamita.

A recusa da condição de refugiados

Mas o Camboja, pensando em manter as boas relações de vizinhança com o Vietnã, geralmente se apressa em reenviar os refugiados para a fronteira. A Human Rights Watch já condenou a violência dessas extradições em 2005. “Não há nenhuma justificativa para bater em pessoas desarmadas envolvidas em desobediência civil pacífica”, enfatizou a organização. “A polícia do Camboja não tinha tentado nenhuma negociação com os requerentes de asilo antes de agredi-los”.

Desrespeito ao direito internacional dos refugiados

Dez anos depois, em 1º de maio de 2015, a organização constata que a situação não mudou para os cristãos das montanhas do Vietnã, que hoje são reprimidos tanto no Camboja quanto na Tailândia. A Human Rights Watch descreve em um comunicado: “O comportamento do poder cambojano, ao se recusar a reconhecer a condição das pessoas vindas do Vietnã como requerentes de asilo e postulantes do estatuto de refugiados, demonstra que o governo não se submete às leis internacionais sobre o assunto”.


Existe um propósito divino na evolução?



Se as mutações genéticas são aleatórias, as leis físicas não são: e elas conduzem a natureza a um fim específico, em última análise desejado por Deus, que é o Criador dessas leis

A Igreja Católica não propõe uma teoria científica para a criação – não é papel dela. No entanto, a Igreja ensina, com base tanto nas Sagradas Escrituras quanto na filosofia e na ciência, que há propósito de Deus na criação e que esse propósito pode ser percebido pelo homem. A Igreja também ensina que a ciência verdadeira não se opõe à fé. A conclusão natural para qualquer católico, portanto, é que, se uma teoria científica sobre a criação é verdadeira, ela não terá conflito algum com a fé. É neste contexto que precisamos entender a oposição de muitas pessoas à teoria da evolução de Darwin: elas acreditam que a teoria de Darwin elimina o propósito de Deus na criação. Mas por que pensam assim? E será que isso é mesmo verdade?

Geralmente, o primeiro argumento contra qualquer evolução, não só a biológica, mas também a do universo, é o livro do Gênesis. Sabemos, entretanto, que, do ponto de vista católico, não há motivos para acreditar na interpretação literal de todo o relato da criação. Parte dele pode ser compreendida como metáfora. De fato, entre os que se opõem à teoria de Darwin, poucos se baseiam numa interpretação literal da Bíblia, mesmo porque, cientificamente, a evolução biológica é um fato mais do que comprovado. A evolução do universo também já foi provada depois que Edwin Hubble verificou observacionalmente a teoria do Big Bang, proposta pelo padre jesuíta Georges Lemaître. A física, hoje, não duvida dessa descoberta. A expressão de conservação das massas do católico Lavoisier –“na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma” – deve ser entendida num sentido mais amplo, cientificamente, de que o paradigma da evolução faz parte da ciência moderna.

A evolução é um fato; a teoria é a explicação do fato. Embora as teorias possam estar erradas e mudar, os fatos experimentais não mudam! Do ponto de vista filosófico e teológico, o argumento realmente sério é se a teoria de Darwin se opõe ou não ao propósito de Deus na criação. Esta é a pergunta que realmente importa. A teoria de Darwin, muito aprimorada depois da descoberta da genética pelo monge agostiniano Gregor Mendel, está baseada no conceito de mutações genéticas aleatórias que acontecem na reprodução. Ao longo de milhares de anos, essas mudanças fariam que uma população se aprimorasse, evoluísse, através de vários mecanismos, dentre eles a sobrevivência do mais apto.

É justamente a ideia de aleatoriedade das mutações que gera a grande controvérsia, pois significa literalmente que as mudanças acontecem ao acaso, sem propósito. Isso implica (será?) que todas as espécies surgiram ao acaso, inclusive nós. Basicamente, existem três posturas frente a essa conclusão: nega-se a evolução, aceita-se a evolução mas não a “aleatoriedade” das mutações ou então aceita-se a evolução e a aleatoriedade mas nega-se a consequência de acaso devido às mutações aleatórias. Como visto antes, a primeira postura vai contra tudo o que a ciência moderna sabe e contra o que convém chamar de “paradigma evolutivo da ciência”. Para dizer pouco, pode-se falar que não é uma posição defensável com a razão. E como há séculos a Igreja defende que a fé e a razão se complementam, ir contra o fato (não a teoria) da evolução não é uma boa posição para os católicos. O frade franciscano Roger Bacon, um dos pais do método científico, que o diga!

A segunda posição é conhecida com “Design Inteligente”: ela diz que não há aleatoriedade nas mudanças que acontecem entre uma população e outra, mas que Deus controla tudo. Seus principais defensores tentam lançar mão de uma proposta científica, a complexidade irredutível, para justificar esta posição. Entretanto, argumenta-se muito, nos meios científicos, que esta teoria não é falsificável e que, portanto, não é científica. Particularmente, concordo com esta crítica. Não se pode esquecer que, mesmo do lado teológico, o Design Inteligente não é sempre bem visto. Muitos alegam, com propriedade, que ele apela a um “Deus das lacunas”, que vive remediando a sua criação. Os católicos creem que Deus cria e mantém a sua obra, mas “manter” não significa “consertar”, apesar do “ato criador” poder se estender no tempo. A ação de Deus no Design Inteligente, no entanto, estaria mais para “remendo” que para “criação”.

A terceira posição, que me parece mais correta, afirma que não há consequência lógica entre “aleatoriedade na mutação” e “aleatoriedade das espécies”. O propósito de Deus está em ter criado um mundo dotado de leis naturais que invariavelmente conduzem ao universo como o conhecemos hoje. Se as mutações genéticas são aleatórias, as leis físicas não são: e elas conduzem a natureza a um fim específico, em última análise desejado por Deus, que é o Criador dessas leis. Uma analogia pode ajudar a compreender esta visão. Imagine um estádio de futebol lotado onde explode uma bomba. As pessoas querem sair do estádio. Cada indivíduo é livre para correr na direção que quiser. De fato, uns correm para a saída e outros não; ou porque estão perdidos ou porque acham que podem ser pisoteados no tumulto. No final, a maioria das pessoas se salva. Foi o acaso ou foi porque as pessoas têm a tendência natural de procurar a saída e o engenheiro pensou nos possíveis canais de fuga quando construiu o estádio?

Seguindo esta analogia, todos os caminhos que levam da “aleatoriedade da mutação” para o surgimento de uma nova espécie podem ser compreendidos como o propósito de Deus na criação. Há inúmeros agentes biológicos, físicos, geológicos e climáticos que controlam todo o processo. Deus, que é onisciente, certamente sabe que fim levará a sua criação e não precisa interferir desnecessariamente criando olhos aqui, asas acolá. Precisamos refletir melhor sobre o significado da onipotência de Deus.



A túnica que Jesus teria usado antes de morrer será exposta ao público



Uma graça especial dentro do Ano da Misericórdia – e dados reveladores sobre o que aconteceu com a túnica após a Revolução Francesa

O bispo de Pontoise e “guardião da Santa Túnica”, Stanislas Lalanne, decidiu fazer uma ostentação excepcional da vestimenta que Jesus de Nazaré teria utilizado em seu caminho rumo ao lugar da sua crucificação, por ocasião do Ano da Misericórdia, que começará no próximo dia 8 de dezembro, por vontade do Papa Francisco.

A última exposição pública aconteceu em 1986, e naquela ocasião atraiu 80 mil peregrinos. No ano que vem, o acontecimento coincidirá com os 150 anos da basílica e com o 50º aniversário da diocese francesa de Pontoise. O responsável pela basílica, Guy-Emmanuel Cariot, prepara-se para receber mais de 150 mil peregrinos em 2016 (de 25 de março a 10 de abril).

A relíquia é venerada na França há um milênio, e já recebeu peregrinos ilustres, como os reis da França Luís VII, São Luís, Francisco I, Henrique III, Luís XIII e as rainhas Maria de Médici e Ana da Áustria.

Essa túnica, originalmente de uma só peça, corresponde à descrição que se faz dela no Evangelho de São João (19, 23-24):

“Depois de os soldados crucificarem Jesus, tomaram as suas vestes e fizeram delas quatro partes, uma para cada soldado. A túnica, porém, toda tecida de alto a baixo, não tinha costura. Disseram, pois, uns aos outros: Não a rasguemos, mas deitemos sorte sobre ela, para ver de quem será. Assim se cumpria a Escritura: Repartiram entre si as minhas vestes e deitaram sorte sobre a minha túnica. Isso fizeram os soldados.”

A túnica foi rasgada durante a Revolução. O pároco de Argenteuil a cortou em vários pedaços e a confiou aos paroquianos, para escapar da confiscação dos bens da Igreja. O sacerdote foi preso durante dois anos e, uma vez libertado, recompôs da melhor maneira possível a relíquia, mas alguns pedaços nunca mais foram encontrados.

A túnica de Argenteuil havia chegado à França em 800, ano da coroação de Carlos Mano, oferecida como presente ao novo imperador, pela imperatriz Irene de Constantinopla.

Foi o próprio Carlos Magno quem confiou a custódia da relíquia ao Mosteiro da Humildade de Nossa Senhora de Argenteuil, do qual sua filha Theodrade era priora.

A túnica passou por inúmeras peripécias desde então: escondida pelos normandos dentro de um muro, reencontrada pelos beneditinos de São Dênis…

Sua última aventura remonta a 1983: roubada por um desconhecido, foi devolvida misteriosamente, com a promessa de jamais denunciar o ladrão.



Filme “Terra de Maria”, fenômeno em vários países, sairá de cartaz no Brasil se não atrair público numeroso na semana de 12 de outubro

Obra intercala testemunhos de conversão por intercessão de Maria com elementos de ficção
Maria é a estrela de um filme a ser lançado no Brasil em 12 de outubro – e que sairá de cartaz rapidamente se não atrair um número chamativo de espectadores às salas de cinema.

“Terra de Maria” foi produzido em um formato especial: ele reúne depoimentos de pessoas de várias nacionalidades, cuja conversão aconteceu graças à intercessão de Maria, e intercala esses testemunhos com elementos de ficção. Há especial atenção às aparições marianas, incluindo as de Medjugorje, mas, segundo o produtor do filme, o jornalista espanhol Juan Manuel Cotelo, a obra quer apresentar Maria para quem não a conhece, com base nos relatos de pessoas que, durante um tempo da sua vida, também não a conheciam.



Destaca-se no filme a figura do “advogado do diabo”, o responsável por investigar os fatos e desmascarar eventuais falsidades envolvidas nos relatos. A ele é confiada a tarefa de estudar uma verdadeira “revolução mundial, que começou com doze seguidores e hoje é promovida em plena luz do dia por um número incalculável de pessoas comuns”.

Vale lembrar que as aparições de Medjugorje envolveram (e continuam envolvendo) grande polêmica dentro da Igreja a propósito de sua autenticidade.

O filme já lançado em 25 países e teve grande repercussão em vários deles. Na Espanha, ficou sete meses em cartaz e superou o sucesso “Frozen”. Na Polônia, tornou-se um fenômeno que esgotava ingressos nos cinemas e conquistava as manchetes dos jornais.

No Brasil, a exibição está prevista somente para as salas da rede Cinemark, na semana do dia 12 de outubro. Se houver uma boa procura pelo filme, a rede poderá aumentar o seu tempo de cartaz e a quantidade de salas de exibição.


7 de outubro de 2015

Sínodo da Família: Se esperarem “mudança espetacular” de doutrina, ficarão decepcionados


O Cardeal André Vingt-Trois, Arcebispo de Paris e Presidente delegado do Sínodo dos Bispos, iniciou suas sessões nesta manhã e afirmou que os que esperam como resultado deste importante evento eclesial uma mudança “espetacular” na doutrina católica ficarão decepcionados.

Assim o indicou o Cardeal francês durante a primeira coletiva de imprensa realizada na Sala de Imprensa do Vaticano, no primeiro dia das sessões dos Padres Sinodais provenientes mundo inteiro.

Respondendo uma das perguntas dos jornalistas, o Cardeal afirmou que “se veio à Roma com a ideia de que voltará com uma mudança espetacular na doutrina da Igreja, voltará ao seu país desiludido”.

“Não é necessário ter a assembleia sinodal para afirmá-lo, basta escutar o Papa semana após semana, durante as audiências das quartas-feiras”, adicionou.

“Em segundo lugar: se você imaginou apenas por um instante que a teoria que o Cardeal Kasper elaborou há vinte anos (sobre a Eucaristia para os divorciados em nova união) e que ele atualizou no ano passado, abriria um acesso a comunhão sem que façam reflexões e (o tema) da decisão pessoal, então você se equivoca”.

“Não é necessário que o Sínodo recomende ao Papa uma disposição geral que evitará confrontar o tema da liberdade pessoal e a responsabilidade individual das pessoas. Se houver um caminho de abertura, este supõe um esforço e, portanto, essa liberdade pessoal”.

“Acho que devemos ser sinceros com vocês (a imprensa) a fim de evitar que nos perguntem amanhã e recebam a mesma resposta que lhes estamos dando agora”.

A respeito do tema da doutrina, o Cardeal Peter Erdö, Relator Geral do Sínodo, explicou que “desde a época do Cardeal John Henry Newman, temos uma visão suficientemente clara daquilo que pode significar o desenvolvimento da doutrina cristã. Não se trata de um desenvolvimento sem limites, sem relação com a tradição, mas é um desenvolvimento orgânico que pode existir e que pode ser legítimo”.

“O órgão principal deste desenvolvimento é o pontificado romano, que com a ajuda do episcopado do mundo pode ser muito eficiente. Então, a ajuda neste sentido, algo que é sensato, é possível”, afirmou o Cardeal.

Por sua parte, o Arcebispo de Chieti-Vasto, Dom Bruno Forte, recordou que o Sínodo dos Bispos sobre a família “não é doutrinal, mas pastoral” e procura enfrentar as novas realidades, “os desafios ante os quais a Igreja não pode ficar insensível”.

“Esta é a verdadeira aposta do Sínodo, com responsabilidade e obediência em torno do Sucessor de Pedro”.

A respeito da pressão da mídia e da influência que pode ter no Sínodo, o Cardeal Vingt-Trois pediu para que seja feita uma distinção entre “os sinais dos tempos” e o “ar dos tempos’.

Para entender e compreender “os sinais dos tempos”, disse, é que os Padres sinodais se reuniram, com “total liberdade”.

O Cardeal explicou que os sinais dos tempos têm a ver com “a interpretação da realidade das coisas”, enquanto o ar dos tempos poderia ser compreendido como uma pressão midiática, por exemplo.

“Pessoalmente, não acredito que os padres estejam submetidos ao ar dos tempos, pois são completamente livres” para discutir acerca dos temas do Sínodo, ressaltou.



Estes são os temas que o Sínodo da Família confronta durante a primeira semana


Durante a primeira semana, o Sínodo estuda os múltiplos desafios que confrontam as famílias: 29 reflexões recolhidas no primeiro capítulo do documento de trabalho. Apresentamos um resumo dos pontos, a fim de facilitar o conhecimento de todos os temas que trata o Instrumentum Laboris e que ajuda no trabalho desta semana.

Durante estes dias os prelados se perguntarão a respeito das causas do grande número de separações e de divórcios e procurarão maneiras para combater o medo aos compromissos definitivos. Os 270 bispos deverão enfrentar também os desafios que supõem o feminismo radical e a ideologia de gênero para a visão cristã do matrimônio.

Por outro lado, o Sínodo pretende dar uma atenção especial às dificuldades das famílias que vivem situações econômicas e sociais difíceis. Problemas como o desemprego, os salários baixos ou a falta de um trabalho digno poderiam conduzir essas famílias a situações de “exclusão social”.

Outro aspecto que o Sínodo destacará é a necessidade de uma pastoral específica com as crianças e com os idosos, pois estes são os grupos sociais mais expostos à “cultura do descarte” denunciada pelo Papa Francisco.

Do mesmo modo, refletirão acerca do difícil papel das famílias na crise humanitária de imigração, como estruturas que integram e acolhem as pessoas, evitando todo tipo de desenraizamento.

Por último, o documento de trabalho procura debater a respeito da importância de uma afetividade correta, a qual assegure a estabilidade necessária na vida familiar. Como consequência desta reflexão poderia ser criado um futuro programa de formação para os agentes pastorais.


Conheça o bebê que cativou o Papa Francisco e os bispos na Sala do Sínodo

Davide tem três meses, nasceu na Holanda e está fazendo história: é o primeiro bebê que entra na Sala do Sínodo. Seria possível dizer, portanto, que é o “primeiro bebê sinodal”, o que fez com que se tornasse o centro das atenções da imprensa e dos participantes durante o primeiro dia de reuniões.

Seus pais são Massimo e Patrizia Paloni (45 e 41 anos), romanos de nascimento, mas holandeses de adoção. São catequistas itinerantes do Caminho Neocatecumenal (um itinerário de formação católica estendido em todo o mundo), têm 12 filhos (seis meninos e seis meninas) e foram convidados pelo Papa Francisco para ser auditores no Sínodo dos Bispos sobre a Família.

Esta mesma manhã saudaram o Santo Padre antes do começo das sessões. “Apresentamo-nos e ele rapidamente abençoou Davide”. Ao ver o pequeno, “seu rosto se iluminou e via-se muito contente”, relata ao Grupo ACI o pai da criança. “Falamos-lhe também dos outros filhos e lhe contamos que temos que lhe entregar um desenho feito por todos para ele”. O Papa “disse que os desenhos dos meninos sempre são formosos e que ficará encantado em receber o presente”.

A aventura deste matrimônio começou em 2004, quando decidiram oferecer sua disponibilidade a Deus e à Igreja para serem enviados como família missionária a qualquer lugar do mundo a pedido do Bispo da Diocese holandesa do Roermond, Dom Frans Wiertz, fazendo finalmente de Maastricht sua residência atual.

Toda manhã, o casal vai à Sala Nova do Sínodo para participar das sessões levando Davide no carrinho. No primeiro dia, só chorou uma vez, contam seus pais ao Grupo ACI, “e eu saí rapidamente da sala para lhe atender”.

“Tivemos uma ótima acolhida pela Secretaria do Sínodo; fizeram todo o possível para nos ajudar, para nos dar no interior da sala um lugar bom para estar com o menino”, explica a mãe.

“Para nós é uma grande honra podermos estar presentes neste grande evento”, comenta Massimo sobre o Sínodo. “Estamos agradecidos ao Santo Padre por ter nos convidado, também porque isto nos dará a possibilidade de dar nossa experiência e agradecer ao Senhor por tudo aquilo que tem feito em nossas vidas”.

Além disso, “será formoso poder escutar os bispos, os Padres Sinodais e todos os especialistas que falarão sobre a família. Esperemos que saia à luz a beleza da família cristã, porque dela depende o futuro da humanidade”.

A abertura à vida

O casal se sente especialmente agradecido ao Beato Papa Paulo VI pela encíclica Humanae Vitae (sobre a família) que “pessoalmente acolhemos como uma graça”. Com ela, “temos descoberto uma missão fantástica: poder colaborar com Deus na geração dos filhos que são destinados à vida eterna”. Esta “é para nós a paternidade responsável; não tanto decidir quantos filhos ter, mas sim ser conscientes da grandeza de participar do dom da vida”.

Por isso, não têm nenhuma dúvida em sublinhar que “não experimentamos esta encíclica como um peso insuportável, mas sim como um dom”. “Deus venceu nossas debilidades e nos ajudou a acolher todos os filhos que quis nos dar” e isto foi graças a “este caminho de iniciação cristã”.

Por sua parte, Patrizia assegura que “apesar dos combates diários, posso testemunhar que viver a fidelidade conjugal não foi um peso, assim como a abertura à vida”, e “hoje me sinto feliz e realizada como mulher, esposa e mãe”.

“O ‘grande dragão’, o demônio, busca, hoje mais que nunca, atacar a mulher nas três dimensões essenciais, apresentadas na Santa Virgem Maria, ícone da Igreja e da mulher: Virgem, esposa e Mãe”, diz ela.

Além disso, Patrizia conta que “cada dia vemos ao nosso redor muito sofrimento, separações, abortos, muitas pessoas solitárias e sem esperança”. “O mundo – assegura – está esperando uma luz: a beleza da família cristã, porque estamos convencidos de que a salvação da humanidade passa pela família”.

Massimo acrescenta que “no Sínodo muitos nos dizem que estão muito contentes de ver um bebê, todos lhe dão uma bênção e alguns inclusive o carregaram nos braços”.

“Muitos nos disseram: ‘é formoso escutá-los e vê-los porque são a confirmação de que o que nós dizemos na teoria pode ser levado à realidade’. Somos gente muito normal e se Deus pôde fazer isto em nós também pode em outros”.

“Há milhares de famílias no mundo abertas à vida e fiéis ao matrimônio”, conclui Patrizia.


Projeto Congresso Eucarístico Nacional é lançado em Belém (PA)



 “A maior riqueza que podemos oferecer é a nossa fé”, expressou o Arcebispo de Belém (PA), Dom Alberto Taveira no lançamento do Projeto Congresso Eucarístico Nacional (CEN2016), que aconteceu na segunda-feira, 5, na capital paraense.

O XVII Congresso Eucarístico Nacional acontecerá entre os dias 15 e 21 de agosto de 2016, tendo como tema “Eucaristia e Partilha na Amazônia Missionária” e lema “Eles o reconheceram no partir do Pão”. O evento marcará o quarto centenário da cidade de Belém e os 400 anos de evangelização da Amazônia.

Durante o lançamento, a Arquidiocese, representada pelo Arcebispo e pelo Bispo auxiliar, Dom Irineu Roman, firmou parceria com a Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (FAEPA) e com a Federação das Indústrias do Pará (FIEPA), para a realização do Congresso

Dom Taveira destacou que a Arquidiocese “tem em mãos a responsabilidade de mostrar para o Brasil” as riquezas da região e que a maior de todas elas é a fé de seu povo.

Durante o evento foram apresentados o hino do CEN2016 e o hino do Congresso de 1953, que também teve como sede a capital paraense.

São aguardados para o Congresso Eucarístico Nacional mais de meio milhão de participantes. Serão 150 expositores, 300 Bispos, 1500 padres, 50 mil congressistas. E a programação contará com Celebrações Eucarísticas no Estádio do Mangueirão; Feira de Exposição Arte-Sacra, Feira Católica, Simpósio Teológico e Workshops no Hangar Eventos; Chegada a Procissão Eucarística Fluvial no Portal da Amazônia; Missas em diversos ritos; Várias celebrações nas paróquias e Catedral com presidência de Cardeais, Bispos e Legado Pontifício; Missa de encerramento na Basílica do Santuário, com procissão Eucarística rumo ao Forte do Presépio – local da fundação da cidade de Belém do Pará e o início da evangelização da Amazônia.

De acordo com o site do evento (cen2016.com.br), “o Congresso Eucarístico quer ser a convergência de todas as pessoas que professam a fé católica na realidade da Santíssima Eucaristia, e desejam dar um testemunho público de sua fé na presença real do Senhor Jesus”.

O primeiro Congresso Eucarístico foi celebrado em 1881 em Lille (França), por iniciativa de um grupo de fiéis leigos, apoiados por São Pedro Julião Eymard. Foi uma celebração solene, da qual participaram fiéis e Bispos de vários países da Europa.

No Brasil já foram realizados dezesseis Congressos Eucarísticos Nacionais, sendo o primeiro realizado em 1933, em Salvador (BA).



Perito derruba teoria da conspiração sobre eleição do Papa Francisco



Há um tempo, publicaram em algumas páginas católicas uma teoria de conspiração, através da qual declaram que a renúncia de Bento XVI e a eleição do Papa Francisco foram resultado de um lobby de cardeais “progressistas”. Entretanto, em um artigo divulgado recentemente, um perito demonstrou por meio de alguns acontecimentos a incoerência desta história.

Phil Lawler, editor de Catholic World News (CWN) e autor de sete livros sobre temas religiosos e políticos, assinalou por meio de um artigo publicado em catholicculture.org que esta teoria de conspiração surgiu a partir da nova biografia do Cardeal Godfriend Danneels – Purpurado belga que apoia o aborto e as uniões homossexuais –, na qual menciona um grupo de cardeais “progressistas” que estavam “insatisfeitos com a influência do então Cardeal Joseph Ratzinger no Vaticano”.

Segundo esta biografia, estes cardeais foram conhecidos como o grupo de San Gallen – devido ao lugar onde se reuniram –, e além de Danneels, estavam também o falecido Cardeal Carlo Maria Martini, Arcebispo de Milão, e os cardeais Achille Silvestrini, Cormac Murphy-O’Connor, Karl Lehmann e Walter Kasper. No lançamento do livro, o Cardeal belga mencionou este grupo como “um clube mafioso”, assinalou Lawler.

“Não é nada bom o fato de saber que os cardeais estavam conspirando a fim de influir na política do Vaticano, e os leitores conhecedores, olhando a lista de nomes, poderiam ficar preocupados pela sua influência. Mas não chega ao nível de uma conspiração se um grupo de prelados se reúnem para discutir assuntos da Igreja”, indicou Phil Lawler.

Recordou que os autores da biografia “foram mais longe ainda e disseram a um jornal francês que o grupo de San Gallen teve presença ativa durante o conclave de 2005, resistindo ao Cardeal Ratzinger e promovendo o Cardeal Bergoglio”.

“Se isto fosse verdade – se os cardeais estivessem dirigindo ativamente um lobby durante o conclave –, este comportamento teria sido um escândalo, uma evidente violação da lei canônica, um delito pelo qual São João Paulo II prescreveu a pena de excomunhão”, advertiu o perito.

Entretanto, logo que a história da conspiração atraiu a atenção pública, os autores da biografia de Danneels “disseram que foram mal-entendidos” e que mudaram a sua versão, assegurando que “o grupo de San Gallen não esteve ativo como um lobby durante o conclave de 2005, e que pouco depois da eleição de Bento XVI o grupo deixou de se reunir”.

“Mas, deveríamos levar esta retratação/correção ao seu valor nominal?”, perguntou Lawler.

O perito recordou ainda que o livro era uma biografia autorizada e que Danneels colaborou ativamente durante a campanha publicitária para seu lançamento. “Desta forma, parece improvável que os autores estivessem totalmente equivocados a respeito dos temas das reuniões de San Gallen. E quando o Cardeal se referiu a um ‘clube mafioso’, embora a frase poderia ter sido usada alegremente, provocou pensamentos a respeito de um segredo alarmante”.

Lawler indicou que, portanto, não é “irracional suspeitar – como muitos analistas conservadores suspeitaram – que os autores do livro haviam sido muito honestos”; mas quando viram a magnitude do escândalo, “estiveram preparados para confundir com a finalidade de desfazer o dano”.

Esta teoria tem fundamento?

Nesse sentido, o perito em religião assinalou que além desta possível estratégia publicitária, existem “razões de peso” para desprezar uma teoria da conspiração.

Em primeiro lugar, indicou que os biógrafos de Danneels tinham um “óbvio incentivo (publicitário) para exagerar o poder do grupo de San Gallen”. “É mais provável que venda uma história de um grupo secreto do que a história da vida de um cardeal aposentado”, assinalou Lawler.

Além disso, “se o grupo de San Gallen fez o grande esforço para controlar o conclave de 2005, falharam miseravelmente”, pois o conclave escolheu quase imediatamente o Cardeal Ratzinger como Pontífice: “o homem cuja influência o grupo pretendia cortar”.

“O Cardeal Martini foi amplamente visto como o líder do grupo liberal que poderia ter buscado uma alternativa ao Cardeal Ratzinger. Mas, fontes do Vaticano sabem que este Purpurado não era totalmente favorável ao seu companheiro jesuíta, o Cardeal Bergoglio, e nunca teria apoiado sua eleição”, acrescentou.

Além disso, ao deixar de funcionar em 2006, o grupo de San Gallen “deixou de ser um importante fator durante o conclave de 2013”, que elegeu o Papa Francisco. “Nessa época, o Cardeal Martini já estava morto, e outros membros – os cardeais Silvestrini e Murphy-O’Connor – eram muito velhos para participar do conclave”, recordou.

Do mesmo modo, recordou que “dias antes do conclave de 2013, ninguém esperava a eleição do Cardeal Bergoglio”. Nesse sentido, “se um grupo de cardeais havia estado trabalhando durante anos para gerar entusiasmo pelo seu candidato, devem ter sido uns ignorantes”.

Lawler assinalou que “uma biografia do Cardeal Danneels é, infelizmente, suscetível de gerar escândalo”, tanto por seu fracasso “para denunciar os casos de abusos sexuais”, seu apoio a fim de que a Bélgica “reconheça as uniões homossexuais, seu conselho ao rei Baudouin para que assine a lei que legalizou o aborto”.

“Conhecendo este passado, ficaríamos surpreendidos que o Papa Francisco o escolhesse para participar do Sínodo de Outubro. Mas, reclamar que o Cardeal é um conspirador bem-sucedido é dar um salto além da evidência”, expressou o perito.


5 de outubro de 2015

A música que encantou o Papa Francisco no Ground Zero


12 Ensinamentos de São Francisco de Assis



Aprenda com a sabedoria de um dos santos mais queridos da Igreja

O que temer? Nada. A quem temer? Ninguém. Por quê? Porque aqueles que se unem a Deus obtém três grandes privilégios: onipotência sem poder; embriaguez sem vinho e vida sem morte.

2 – Senhor, dai-me força para mudar o que pode ser mudado… Resignação para aceitar o que não pode ser mudado… E sabedoria para distinguir uma coisa da outra.

3 – Apenas um raio de sol é suficiente para afastar várias sombras.

4 – Ninguém é suficientemente perfeito, que não possa aprender com o outro e, ninguém é totalmente destituído de valores que não possa ensinar algo ao seu irmão.

5 – Pregue o Evangelho em todo tempo. Se necessário, use palavras.

6 – A cortesia é irmã da caridade, que apaga o ódio e fomenta o amor.

7 – Para pregar a Paz, primeiro você deve ter a Paz dentro de você. Senhor fazei de mim um instrumento de vossa paz.

8 – Quem a tudo renuncia, tudo receberá.

9 – Não vos esforceis pelas honras do mundo, mas honrai o SENHOR.

10 – Tome cuidado com a sua vida, talvez ela seja o único evangelho que as pessoas leiam.

11 – Comece a fazer o que é necessário, logo estarás fazendo o possível… e, perceberás que estarás fazendo o impossível…

12 – Quem ler e entender o Evangelho em Espírito e Verdade, encontrará nele Deus e o céu, os Anjos e o próprio paraíso, tudo a nos esperar, aguardando que façamos a nossa parte, para recebermos o prêmio da felicidade.


Oração para ter mais amabilidade, paciência e compaixão



"Suaviza o meu jeito de tratar os outros com o dom da compaixão e da escuta, pois, muitas vezes, sou muito intolerante para com aqueles a quem mais amo..."

Cura, Jesus, os meus temores e inseguranças, para que eu possa ser amável.

Cura a impressão que tenho dos outros.

Cura os meus traços mais torpes e duros, para que, nas minhas palavras, os outros recebam doçura e serenidade.

Livra o meu caráter, Senhor, de todo traço falso, que não expresse Jesus no meu ser mais profundo, que foi criado para se dar e para dar amor aos outros.

Suaviza o meu jeito de tratar os outros com o dom da compaixão e da escuta, pois, muitas vezes, sou muito intolerante para com aqueles a quem mais amo.

Livra-me, Jesus, dos traços que escondem as tuas virtudes; do traço da desconfiança; do traço da ira; do traço que me isola dos outros e me faz cair na solidão e no vazio; de todo traço que me leva à hiperatividade; do traço da amargura e da passividade.

Em teu nome, Jesus, pela força poderosa da tua cruz, age em mim poderosamente, dando à luz uma vida nova. Amém.


Pe. Daniel Viera, MPD – Oleada Joven

Imagens exclusivas do reconhecimento dos restos mortais de São Francisco de Assis






A Tv2000 transmitiu em imagens exclusivas o reconhecimento dos restos mortais de São Francisco de Assis, realizado no dia 25 de março. O túmulo foi aberto com máxima discrição, longe da mídia e dos curiosos.

A emissora CEI (Conferência Episcopal Italiana) mostra, no vídeo exclusivo, os restos do santo, reduzidos ao esqueleto.

Nas imagens, é possível ver a laje de travertino do sepulcro, que contém o caixão de bronze que, desde 1820, por vontade de Pio VII, custodia os restos mortais do santo, e a caixa de acrílico na qual, durante o reconhecimento de 1978, o oxigênio foi substituído por nitrogênio, para tonar o ambiente de conservação neutro.

Ao solene momento, na cripta da Basílica Inferior de Assis, assistiram 150 frades franciscanos, entoando o canto Laudato Sii, em homenagem ao seu “pai”.

Este é um evento raro, realizado apenas quatro vezes em oito séculos de história.

(Fonte: Tv2000)

Relíquias de Santa Teresinha e seus pais ficarão expostas no Vaticano, durante Sínodo



Durante o Sínodo Ordinário dos Bispos sobre a família, os fiéis que forem ao Vaticano terão a oportunidade de venerar as relíquias de uma família modelo de santidade: de Santa Teresa do Menino Jesus e de seus pais, os Beatos Louis Martin e Zélie Guérin, que serão canonizados no próximo dia 18 de outubro, na Praça de São Pedro.

As urnas contendo as relíquias ficarão expostas para veneração dos fiéis na Capela da Virgem Salus Populi Romani, na Basílica de Santa Maria Maior, de 4 a 25 de outubro de 2015, durante o horário normal de abertura da Basílica, ou seja, diariamente das 7 às 19 horas.

Os cônjuges Louis Martin e Zélie Guérin serão o primeiro casal não mártir na história da Igreja a ser elevado à honra dos altares na mesma cerimônia. Esta celebração ganhará maior relevância por se realizar, por decisão do Pontífice, justamente durante o Sínodo sobre as famílias.

Segundo declarou à Rádio Vaticano, o Vice Postulador da Causa de Canonização, o Padre carmelita Antonio Sangalli, “Louis e Zélie demonstraram com as suas vidas que o amor conjugal é um instrumento de santidade, é um caminho em direção à santidade realizado junto por duas pessoas”.

Padre Sangalli expressou que, hoje isto é “o elemento mais importante para analisar a família”. “Existe uma necessidade enorme de uma espiritualidade simples realizada na vida cotidiana”.

Outro fato que torna particular a exposição das relíquias na Basílica de Santa Maria Maior é por ser justamente diante da Virgem Salus Populi Romani que o Papa Francisco pediu para rezar pelos frutos dos trabalhos sinodais e por todas as famílias do mundo.

A família de Santa Teresinha também possui outra filha com processo de canonização em andamento, a Serva de Deus Irmã Francisca Teresa (Leonia Martin), conhecida como a irmã difícil da Santa de Lisieux.

Religiosa da Ordem da Visitação, Leonia foi uma menina frágil, insegura e introvertida, que deu muita dor de cabeça aos seus pais e que também lutou para viver a sua vocação à vida religiosa. Sua causa de canonização foi aberta no dia 2 de julho deste ano, em Caen, na França.


Cardeal Ruini, colaborador de São João Paulo II, afirma: a abstinência não é desumana


O Vigário Emérito para a Diocese de Roma, ex-presidente da Conferência Episcopal Italiana e colaborador próximo dos Papas São João Paulo II e Bento XVI, o Cardeal Camillo Ruini, afirmou que em seus mais de 60 anos como sacerdote nunca se sentiu desumanizado por viver a abstinência sexual a que estão obrigados todos os presbíteros na Igreja. O comentário desterra a afirmação do sacerdote polonês, Chryzstof Charamsa, que se declarou homossexual pouco antes do Sínodo para as Famílias, quem afirmou que a abstinência que a Igreja indica para os homossexuais é uma opção “desumana”.

Assim indicou o emblemático Cardeal de 84 anos de idade em uma entrevista concedida ao jornal “Il Corriere della Sera”, ao ser perguntado sobre o que foi dito pelo sacerdote Chryzstof Charamsa, quem afirmou que este é o momento para que a Igreja “entenda que a solução que lhes propõe (aos homossexuais), a abstinência total da vida de amor, é desumana”.

Sobre a afirmação de Charamsa – o sacerdote polonês que trabalhava na Congregação para a Doutrina da Fé no Vaticano que revelou ser um homossexual ativo e ter um companheiro –, o Cardeal Ruini assegurou que “como sacerdote eu também tenho a obrigação da abstinência e em mais de 60 anos nunca me senti desumanizado nem privado de uma vida de amor, que é algo muito maior que o exercício da sexualidade”.

O emblemático Purpurado italiano disse que depois da revelação de Charamsa, o que ele experimentou é “uma impressão de pena, também de surpresa, sobretudo pelo momento que escolheu”. Vale recordar que sua entrevista foi publicada no dia 03 de outubro, véspera do início do Sínodo dos Bispos para a Família.

Em sua opinião, o caso do sacerdote polonês gay “certamente não será do agrado dos (padres) sinodais, mas não terá nenhuma influência substancial”.

Depois de recordar que o Papa Francisco “se expressou em diversas ocasiões claramente e em oposição ao matrimônio entre pessoas do mesmo sexo”, o Cardeal disse que se existe um lobby gay no Vaticano e que isto “é algo sobre o qual é necessário fazer uma limpeza”.

“Pessoalmente, compartilho o comentário do Cardeal Parolin, depois do referendo na Irlanda: ‘o matrimônio homossexual é uma derrota para a humanidade’, porque ignora a diferença e a complementariedade entre homem e mulher, fundamental do ponto de vista não só físico, mas também psicológico e antropológico”.

O Cardeal Ruini disse também que as uniões homossexuais são “uma verdadeira ruptura que contrasta com a experiência e a realidade. A homossexualidade sempre esteve ali, mas ninguém jamais pensou em fazer com isso um matrimônio”.

Exército do Paquistão adverte que Estado Islâmico planeja ataques contra cristãos


O governo e os militares do Paquistão lançaram um sinal de alerta ao advertir que o Estado Islâmico (ISIS) e os talibãs planejam atacar a pequena comunidade cristã, que representa cerca de 1,3 por cento da população.

Segundo um relatório apresentado pelo Gatestone Institute, um observatório de conflitos internacionais que investiga temas de democracia, leis, entre outros, há aproximadamente duas semanas os militares disseram aos cristãos que o primeiro ataque terrorista será contra a região de Khyber Paktunkhwa, onde existe um grande número de talibãs e cujo o alvo serão igrejas, escolas e hospitais cristãos.

Entre as recomendações, disseram aos líderes cristãos que não recebam pessoas desconhecidas. Inclusive, sugeriram a um pastor que não realize seus passeios diários de manhã nem de noite.

Além disso, o exército advertiu os cristãos que estes ataques virão da parte dos grupos de talibãs dissidentes como o Jundullah, que juraram lealdade ao ISIS em fevereiro deste ano.

O Jornal ‘The Christian Examiner’ recolheu declarações de Ahmed Marwat, líder de Jundullah (“os soldados de Alá), que disse que suas próximas vítimas serão os xiitas kafir (infiéis), os ismaelitas, seita xiita iniciada na Síria durante o século X, e os cristãos”.

Jundullah é o aliado mais capitalista do ISIS no Paquistão. Seus membros pertencem ao grupo muçulmano dos sunitas, o mesmo conformado com o Estado Islâmico.

Em 2013, cometeram um duplo atentado suicida na Igreja de Todos os Santos, em Peshawar (noroeste do Paquistão). As bombas mataram aproximadamente 127 pessoas e 250 ficaram feridas. Em novembro de 2014, Marwat se reuniu com representantes do ISIS e nesse mesmo mês atribuiu a Jundullah o assassinato de um grupo de trabalhadores de ajuda humanitária em Quetta (centro do país).

Segundo declarações enviadas ao Grupo ACI, Wilson Chowhdry, presidente da Associação Cristã Paquistanesa, disse que “nos anima saber que o exército paquistanês pelo menos advertiu os líderes da igreja a respeito deste ataque. Mas não devemos fechar os olhos ante o fato de que é um reconhecimento implícito do Estado à vulnerabilidade dos cristãos e de suas instituições”.

Chowhdry comentou que “muitas das condições para o genocídio de cristãos foram suscitadas há algum tempo no Paquistão e no começo deste ano o governo provocou o ódio aos cristãos junto aos meios de comunicação, como uma sequela do ataque suicida contra a igreja”.

Por outro lado, Chowhdry assinala que aparentemente o exército paquistanês depurou simpatizantes do ISIS das suas filas e que está pensando em novas medidas contra os redutos extremistas localizados perto da fronteira com o Afeganistão.

Acrescentou que houve ocasiões onde os militares, dependendo da situação e da orientação política, protegeram aos cristãos dos extremistas. Um dos casos mais representativos foi em 1997, quando na região de Shanti Nagar a polícia freou um ataque a um povoado cristão.



Caso de sacerdote homossexual gera “indevida pressão midiática” contra o Sínodo, denuncia Vaticano



O diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, denunciou que a revelação de Krzystof Charamsa, sacerdote que trabalha na Congregação para a Doutrina da Fé no Vaticano, de que é homossexual às vésperas dos Bispos sobre a Família, foi uma tentativa “muito grave e irresponsável” que busca submeter a uma “indevida pressão midiática” os participantes deste importante evento.

A Congregação para a Doutrina da Fé é o dicastério do Vaticano onde o Pe. Charamsa, entre outras tarefas, cuida primordialmente de custodiar a reta doutrina na Igreja Católica no mundo inteiro.

Em uma entrevista publicada no último sábado, 3 de outubro, no jornal ‘Il Corriere della Sera’ e reproduzida por diversos meios de comunicação italianos, o sacerdote polonês Krzystof Charamsa revelou que é  homossexual ativo assim como alguns detalhes da sua vida particular.

Charamsa afirmou: “Desejo que a Igreja e minha comunidade saibam quem sou eu: um sacerdote homossexual, com um companheiro, feliz e orgulhoso da própria identidade”.

“Estou disposto a pagar pelas consequências, mas este é um momento para que a Igreja abra os olhos ante os homossexuais católicos e entenda que a solução que lhes propõe, a abstinência total da vida de amor, é desumana”, acrescentou.

A respeito deste tema, Pe. Federico Lombardi assinala em sua declaração que “as realidades, as situações pessoais e reflexões” como estas “merecem respeito”, mas é necessário observar que “a escolha de divulgar uma manifestação retumbante na véspera da abertura do Sínodo parece como algo muito grave e irresponsável”.

Lombardi acrescenta ainda que o caso “procura submeter a assembleia sinodal a uma indevida pressão midiática”.

O porta-voz esclarece que “Monsenhor Charamsa não poderá continuar desenvolvendo os trabalhos que realizava na Congregação para a Doutrina da Fé e nas universidades pontifícias”.

“Outros aspectos de sua situação são de competência de seu Ordinário (Bispo) diocesano”, conclui o Pe. Lombardi.

Charamsa servia na Congregação para a Doutrina da Fé desde 2003 e era secretário adjunto da Comissão Teológica Internacional, que depende desta congregação. Também desempenhava como professor de Teologia na Pontifícia Universidade Gregoriana e no Pontifício Ateneo Regina Apostolorum de Roma.

A revelação do estilo de vida homossexual declarada pelo sacerdote ocorreu no mesmo dia em que o Papa presidiu a vigília do Sínodo em Roma, onde participaram os Padres Sinodais e também uma grande quantidade de fiéis provenientes do mundo inteiro.

O Sínodo dos Bispos sobre a Família está sendo realizado em Roma, sob a direção do Papa Francisco, entre os dias 4 e 25 de outubro traz como tema “A vocação e a missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo”.


Papa: o Sínodo não é um “congresso”, mas uma Igreja que caminha unida para ler a realidade com os olhos da fé


O Papa Francisco saudou hoje de manhã os participantes do Sínodo dos Bispos sobre a Família durante a primeira Congregação Geral deste importante evento inaugurado ontem com uma Missa solene na Basílica de São Pedro.

Os trabalhos sinodais tiveram início nesta segunda-feira, na Sala Paulo VI. O Pontífice explicou o “espírito de colegialidade”, ressaltando que “o Sínodo não é um congresso ou um parlatório, não é um parlamento nem um senado onde fazemos acordo”, mas sim “uma expressão eclesial, isto é, a Igreja que caminha unida para ler a realidade com os olhos da fé e com o coração de Deus”.

Ao introduzir sua saudação, Francisco recordou que “a Igreja retoma hoje o diálogo iniciado com a proclamação do Sínodo Extraordinário sobre a família para avaliar e refletir juntos sobre o Instrumentum Laboris (Documento de trabalho) elaborado da Relatio Synodi (Documento final do Sínodo de 2014) e das respostas das conferências episcopais e dos organismos com direito”.

Francisco assinalou que “o Sínodo se move necessariamente no seio da Igreja e dentro o Santo Povo de Deus, do qual nós fazemos parte em qualidade de Pastores, quer dizer, servidores”.

“O Sínodo é por outra parte – sublinhou o Pontífice – um espaço protegido, onde a Igreja experimenta a ação do Espírito Santo”.

Mas, o Santo Padre ressaltou que para que o Sínodo seja um “espaço da ação do Espírito Santo”, é necessário que seus participantes se revistam de “de coragem apostólica, de humildade evangélica e de oração confiada”.

Trata-se, explicou Francisco, da “coragem apostólica que não se deixa assustar frente às seduções do mundo, que tendem a apagar nos corações dos homens a luz da verdade substituindo-a por pequenas e temporárias luzes, e diante do endurecimento de alguns corações que, não obstante, as boas intenções, afastam às pessoas de Deus”.

Sobre a humildade evangélica, declarou que é a “que sabe esvaziar-se das próprias convicções e preconceitos para ouvir os nossos irmãos; humildade que leva a apontar o dedo não contra os outros para julgá-los, mas para estender a mão, para erguê-los sem jamais se sentir superiores a eles”.

Sobre a oração confiada, esclareceu que “é a ação do coração quando se abre a Deus, quando se silencia todos nossos estados de ânimo para escutar a suave voz de Deus que fala no silêncio”.

Salientou, ainda que, “sem escutar a Deus, todas nossas palavras serão somente palavras que não saciam e não servem”.

O Santo Padre, então, reforçou: “O único método do Sínodo é o de abrir-se ao Espírito Santo, com coragem apostólica, com humildade evangélica e com oração confiada, para que Ele seja o que nos guie, ilumine e nos faça pôr diante dos olhos com nossos pareceres pessoais a fé em Deus, o bem da Igreja e a salus animarum”.

Por fim, o Papa Francisco deu início ao Sínodo “invocando a ajuda do Espírito Santo e a intercessão da Sagrada Família, Jesus, Maria e São José”.



Cardeal relator do Sínodo explica por que devemos defender a família


O Arcebispo do Budapeste (Hungria), Cardeal Peter Erdö, foi o encarregado de realizar o relatório introdutivo (apresentação) na Primeira Congregação da Assembleia do Sínodo dos Bispos e nela falou sobre a importância de defender a família como instituição formada entre o homem e a mulher, segundo estabelecido pela Criação.

Sua intervenção esteve dividida em três partes: a escuta dos desafios sobre a família, o discernimento da vocação familiar e a missão da família hoje. Nelas, enumerou as razões pelas quais é importante defender a família cristã, que é “um bem para a Igreja”.

O Purpurado assegurou que “matrimônio e família não são indivíduos isolados, mas sim transmitem valores, oferecem uma possibilidade de desenvolvimento à pessoa humana” que é insubstituível. “A diferença entre homem e mulher não é pela contraposição ou subordinação, mas sim pela comunhão e a geração, sempre a imagem e semelhança de Deus”, acrescentou.

Portanto, “no desenho criador, de fato, está inscrita a complementariedade do caráter unitivo do matrimônio com o reprodutivo” e “a integração dos divorciados recasados na vida da comunidade eclesial se pode realizar de várias formas distintas à admissão a Eucaristia”.

A tarefa da família cristã é a de “compartilhar a própria fé doando-a também aos outros”. “As famílias cristãs, de fato, são chamadas a testemunhar o Evangelho seja com sua vida vivida segundo o Evangelho mesmo ou através de um anúncio missionário”.

“Os cônjuges reforçam mutuamente sua fé e a transmitem aos filhos, mas também os filhos, com os outros membros da família, são chamados a compartilhar sua fé. Na família, pode-se ter também a experiência dos cônjuges no mútuo amor, reforçados pelo espírito de Cristo, que vivem seu chamado à santidade”.

O matrimônio se funda sobre o Batismo, “que estabelece a aliança fundamental de cada pessoa com Cristo na Igreja”.

Além disso, “no matrimônio sacramental Deus consagra o amor dos maridos e confirma a indissolubilidade, oferecendo sua ajuda para viver a fidelidade, a integração recíproca e a abertura à vida”.

Divorciados em nova união e homossexualidade

“Em muitos países e instituições – denunciou –, o conceito oficial de família não coincide com o (sentido) cristão ou com seu sentido natural”. E “este modo de pensar influencia a mentalidade de não poucos cristãos”.

“As associações familiares e os movimentos católicos deverão trabalhar de modo conjunto, a fim de fazer valer as reais instâncias da família na sociedade”.

“Os cristãos devem se comprometer de modo direto no contexto sócio-político, participando ativamente nos processos de decisão e levando ao debate institucional as instâncias da doutrina social da Igreja”.

Dom Erdo também falou sobre algumas dificuldades que vivem aqueles que estão em situações matrimoniais ou familiares problemáticas. “Primeiro, aqueles que poderiam se casar na Igreja, mas se contentam com um matrimônio civil ou com uma simples convivência”.

“Se sua atitude provém da falta de interesse religioso, trata-se de uma verdadeira situação missionária”.

Sobre “os separados e divorciados não recasados, a comunidade da Igreja pode ajudar as pessoas que vivem tais situações no caminho do perdão e se for possível da reconciliação, pode ajudar a escuta dos filhos que são vítimas destas situações e pode animar os pais que ficaram sozinhos depois de um fracasso a perseverar na fé e na vida cristã e também a encontrar na Eucaristia a comida que lhes sustente em seu estado”.

Em relação aos divorciados recasados civilmente, disse que “é necessário um acompanhamento pastoral misericordioso que não deixe dúvidas sobre a verdade da indissolubilidade do matrimônio ensinada pelo mesmo Jesus Cristo”.

“A misericórdia de Deus oferece ao pecador o perdão, mas requer conversão. O pecado do qual se pode tratar neste caso não é, sobretudo, o comportamento que pode ter provocado o divórcio no primeiro matrimônio”.

“Aquilo que impede alguns aspectos da plena integração não consiste em uma proibição arbitrária, e sim uma exigência intrínseca procurada em várias situações e relações, no contexto do testemunho eclesiástico”.

“A integração dos divorciados voltados a casar na vida da comunidade eclesiástica se pode realizar em várias formas, distintas à admissão à Eucaristia”.

Aborto e eutanásia

A Igreja tem o dever de “promover a cultura da vida diante da cada vez mais difundida cultura de morte”.

O Relator do Sínodo recordou o ensinamento da encíclica do beato Paulo VI Humanae Vitae, “que sublinha a necessidade de respeitar a dignidade da pessoa na valorização moral de métodos de regulação da natalidade”.

“A adoção de crianças, órfãs e abandonadas, acolhidos como filhos próprios, é uma forma específica de apostolado familiar”, acrescentou.

O ser humano não é “um bem de consumo que se pode usar e depois jogar fora”. “Demos início à cultura do descarte que vem sendo promovida: é tarefa da família, ajudada pela sociedade, acolher a vida que nasce e cuidar até sua última fase”.

Por isso, frente ao aborto, “a Igreja reafirma o caráter inviolável da vida humana. Oferece assessoramento às grávidas, sustenta as jovens que são mães, assiste as crianças abandonadas e se faz companheira daqueles que abortaram e têm consciência de seu erro “.

Sobre a eutanásia, assegurou que “a morte, na realidade, não é um fato privado e individual”. “A pessoa humana não é e não deve sentir-se isolada no momento do sofrimento e da morte”.

Ao concluir, o Cardeal Peter Erdö recordou que “os pais são e permanecem como primeiros responsáveis pela educação humana e religiosa de seus filhos”.

“Todas as crises que ameaçam ou debilitam as famílias podem receber ajudas essenciais das outras famílias, especialmente da comunidade de famílias cristãs que parecem assumir sempre certas competências importantes da mesma Igreja, constituindo uma forma fundamental do apostolado dos leigos”.


4 de outubro de 2015

Dom Bernard Fellay escreve ao Papa Francisco.


Santíssimo Padre,

Fellay080814É com grande preocupação que constatamos ao nosso redor a degradação gradual do matrimônio e da família, origem e fundamento de toda a sociedade humana. Esta dissolução está se acelerando com força, sobretudo através da promoção legal dos comportamentos mais imorais e mais depravados. A lei de Deus, mesmo simplesmente natural, é hoje pisoteada publicamente, os pecados mais graves se multiplicam de modo dramático e clamam vingança ao Céu.

Santíssimo Padre,

Não podemos negar que a primeira parte do Sínodo dedicado aos “desafios pastorais da família no contexto da evangelização” nos deixou profundamente alarmados. Temos ouvido e lido, de grandes autoridades eclesiásticas – que se atribuem vosso respaldo, sem serem desmentidas – afirmações tão contrárias à verdade, tão opostas à doutrina clara e constante da Igreja sobre a santidade do matrimônio, que nossa alma tem ficado profundamente perturbada. Todavia, o que mais nos preocupa são algumas das suas palavras que dão a entender que poderia haver uma evolução da doutrina para responder às novas necessidades do povo cristão. Nossa preocupação brota da condenação que São Pio X fez, na encíclica Pascendi, do alinhamento do dogma a supostas exigências contemporâneas. Pio X e vós, Santo Padre, receberam a plenitude do poder de ensinar, santificar e governar em obediência a Cristo, que é a cabeça e pastor do rebanho em todo tempo e em qualquer lugar, e de quem o Papa deve ser o verdadeiro Vigário na terra. O objeto de uma condenação dogmática não pode se converter, com o tempo, em uma prática pastoral autorizada.

Deus, autor da natureza, estabeleceu a união estável entre homem e mulher com vistas a perpetuar a espécie humana. A Revelação do Antigo Testamento nos ensina de modo claríssimo que o matrimônio, único e indissolúvel, entre um homem e uma mulher, foi estabelecido por Deus, e que suas características essenciais foram subtraídas à livre escolha dos homens para permanecer sob a proteção divina particular: “Não cobiçarás a mulher do teu próximo” (Ex 20, 17).

O evangelho nos ensina que o próprio Jesus, em virtude de sua autoridade suprema, restaurou definitivamente o casamento, alterado pela corrupção dos homens, em sua pureza primitiva: “O que Deus uniu, o homem não separa”(Mt 19: 6).

É glória da Igreja Católica ao longo dos séculos ter defendido contra “ventos e marés”, apesar das solicitações, ameaças e tentações, a realidade humana e divina do matrimônio. Ela sempre carregou bem alta – ainda que homens corruptos a abandonavam apenas por este motivo – a bandeira da fidelidade, da pureza e da fecundidade que caracterizam o verdadeiro amor conjugal e familiar.

Agora que se aproxima a segunda parte deste Sínodo dedicado à família, acreditamos, em consciência, que é nosso dever expressar à Santa Sé apostólica a mais profunda angústia que toma conta de nós ao pensar nas “conclusões” que poderão ser propostas nesta ocasião, se por grande infortúnio elas forem um novo ataque contra a santidade do matrimônio e da família, um novo enfraquecimento da sociedade conjugal e dos lares. Esperamos de todo coração, no entanto, que o Sínodo fará obra de misericórdia recordando, para o bem das almas, a doutrina salvífica integral referente ao matrimônio.

Temos plena consciência, no atual contexto, que as pessoas que se encontram em situações matrimoniais irregulares devem ser acolhidas pastoralmente, com compaixão, a fim de lhes mostrar o rosto misericordioso do Deus de amor que a Igreja dá a conhecer.

Entretanto, a lei de Deus, expressão do Seu amor eterno para com os homens, constitui em si mesma a suprema misericórdia para todos os tempos, todas as pessoas e todas as situações. Rezamos, pois, para que a verdade evangélica do matrimônio, que deveria proclamar o Sínodo, não seja contornada mediante múltiplas “exceções pastorais” que distorcem seu verdadeiro sentido, ou por uma legislação que aboliria quase infalivelmente seu real alcance. Quanto a isto, não podemos esconder que as recentes disposições canônicas do Motu proprio Mitis Iudex Dominus Iesus, quer permitem declarações de nulidade aceleradas, abrirão, de fato, as portas a um processo de “divórcio católico” sem levar o nome de tal, apesar das referências à indissolubilidade do matrimônio que o acompanham. Estas disposições vão na direção da evolução dos costumes contemporâneos, sem tratar de retificá-las de acordo com a lei divina; como, então, não ficar abalado com o destino dos filhos nascidos desses casamentos anulados de modo expresso, que serão as tristes vítimas da “cultura do descarte”?

No século XVI, o Papa Clemente VII recusou a Henrique VIII o divórcio solicitado por ele. Diante da ameaça do cisma anglicano, o papa manteve, contra todas as pressões, o ensinamento inalterável de Cristo e de sua Igreja sobre a indissolubilidade do matrimônio. Veremos agora esta decisão desaprovada por um “arrependimento canônico”?

Nestes últimos tempos, em todo o mundo, numerosas famílias se mobilizaram corajosamente contra as leis civis que minavam a família natural e cristã, e incentivam publicamente os comportamentos infames, contrários à moralidade mais elementar. A Igreja pode abandonar aqueles que, por vezes em detrimento próprio e sempre sob zombaria e ataques, conduziram este combate necessário, porém difícil? Isso constituiria um contra-testemunho desastroso, e seria para essas pessoas uma fonte de desgosto e desalento. Os homens da Igreja, pelo contrário, por sua própria missão, devem oferecer-lhes um apoio firme e motivado.

Santo Padre,

Pela honra de nosso Senhor Jesus Cristo, pela consolação da Igreja e todos os fiéis católicos, pelo bem da sociedade e de toda a humanidade, neste momento crucial, nós vos suplicamos, pois, que façais ressoar no mundo uma palavra da verdade, de clareza e de firmeza, em defesa do matrimônio cristão, e até mesmo o simplesmente humano, em apoio ao seu fundamento, ou seja, a diferença e a complementaridade dos sexos, em apoio à sua unicidade e à sua indissolubilidade.

Confiamos esta humilde súplica ao patrocínio de São João Batista, que conheceu o martírio por ter defendido publicamente, contra uma autoridade civil comprometida com um “recasamento” escandaloso, a santidade e a unicidade do matrimônio; suplicando ao Precursor para conceder a Vossa Santidade a coragem de recordar ao mundo inteiro a verdadeira doutrina sobre o matrimônio natural e cristão.

Na festa de Nossa Senhora das Dores, 15 de setembro de 2015

+ Bernard Fellay, Superior Geral da Fraternidade Sacerdotal São Pio X



Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

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