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31 de outubro de 2014

Halloween perde terreno na América Latina para a Festa de Todos os Santos


Um grupo de pais chilenos promove com êxito há alguns anos um "Halloween branco", como uma forma positiva de celebrar a véspera da Solenidade de Todos os Santos e não os valores negativos que difundidos  cada 31 de outubro.

O casal José Miguel Carafi e Maria Cecilia Lasso, pais de cinco filhos, são os principais promotores da celebração na sua paróquia, em Santiago do Chile.

A celebração de bons valores, em contraposição à festa comercial do Halloween "já está estabelecida e muitas famílias participam com disfarces positivos e celebram com respeito e alegria", assinalou José Miguel, de 55 anos.

Em uma entrevista realizada pela Arquidiocese de Santiago do Chile, José Miguel Carafi remarcou que "Halloween vem do antigo inglês ‘all hallows eve’, que significa véspera de todos os Santos, por isso propomos uma forma mais autêntica de celebrar, aplicando mudanças na estética e na atitude" no dia anterior à Solenidade de Todos os Santos que a Igreja celebra em 1 de novembro.

"O elemento estético é evidentemente negativo: bruxas, demônios, vampiros e monstros. Não são figuras admiráveis ou positivas, mas são justamente o contrário", indicou.

Por isso, disse o pai de família, "figuras mais inocentes, como fadas, super-heróis ou algo tão simples como um bombeiro mantêm o elemento do disfarce sem promover imagens negativas".

"O tema não é somente exterior, o que ocorre é que o que se disfarça de mau, sente que deve atuar como tal", advertiu.

Carafi também criticou o uso da "chantagem implícita no ‘doce ou travessura’".

"Não é bom que as crianças usem a ameaça de vandalismo para exigir doces a seus vizinhos. Mais que o tema estético, esta é a mudança mais importante para tirar a má influência do Halloween".

Embora, indicou que a associação com a morte ao celebrar o dia dos Fiéis Defuntos em 2 de novembro, quando tradicionalmente se visita os túmulos dos seres queridos, não é necessariamente má, "o enfoque morboso nos aspectos tétricos da morte, como o sangue, os ossos e outros detalhes não podem superar a crença de um lugar melhor depois da morte e a mensagem de esperança predicada por Cristo".

"Quanto às brincadeiras pesadas, é nosso objetivo mudar a imagem da chantagem detrás desta atitude por algo mais positivo. Por exemplo, que as crianças deem algo em troca dos doces, agradecer com alguma coisa que não seja o ovo jogado na janela como, por exemplo, com um canto, poesia ou um mini show", disse.

Carafi assinalou que a noite de 31 de outubro "para os cristãos é uma oportunidade de recordar a todos nosso Santos".

"Não há nada de errado em celebrar em família, disfarçar-se e sair para pedir doces. É uma oportunidade de ensinar a nossos filhos a gratidão e o respeito pelos outros e, além disso, eles conhecem melhor a seus vizinhos", indicou.

O pai de família assinalou que a intenção deste Halloween branco "não é eliminar os elementos positivos da celebração. É uma oportunidade para que as crianças o celebrem melhor e acho que proibir que nossos filhos participem não é o melhor caminho para mudar a imagem do Halloween por uma mais positiva".

Para que as crianças possam aprender bons valores nesta data, é necessário tomar cuidado para que elas "não cometam as mal chamadas ‘travessuras’, que é na verdade uma tentativa de dar um nome terno aos atos de vandalismo e chantagem", advertiu.

"Também é importante estar atentos para não incomodar àqueles que não queiram participar e ser generosos e agradecidos com todos os que encontrem", disse.

José Miguel Carafi sublinhou que esta data deve ser valorizada, pois "celebrar os Santos é celebrar as vidas heroicas dedicadas a Deus. O valor, dedicação e esforço destes homens e mulheres exemplares são muito significativos em uma sociedade tão banal e materialista".

"Além disso, os temas de generosidade e hospitalidade da entrega de doces e o vínculo que se cria entre vizinhos ao sair todos juntos, também são valiosas lições para crianças e jovens, sempre tentados pelo egocentrismo e pela competitividade", acrescentou.

Para poder reconhecer os que querem participar da celebração, mas desde suas casas, na paróquia promovem que coloquem "um sinal (um pano ou uma bola de encher branca) na porta. Desta maneira, aqueles que não queiram participar não são incomodados".

"No caso de que as crianças toquem a porta mesmo assim, a melhor forma de comunicar-lhes que não estão participando da celebração é explicar-lhes de forma clara. Ignorar as crianças ou responder-lhes mal é uma boa forma de incentivá-los a que façam travessuras", indicou.

José Miguel Carafi e Maria Cecilia Lasso pertencem à paróquia São Alberto Furtado e ao movimento Regnum Christi.



1 de novembro, Igreja recorda a Solenidade de Todos os Santos



 Em 1 de novembro, os católicos de alguns países do mundo celebram a Solenidade de Todos os Santos, instituída em honra a todos e a cada um dos Santos, sejam eles conhecidos ou não. Por ser dia de preceito, os fiéis assistem hoje à Missa como se fosse domingo. No caso do Brasil, a solenidade é celebrada no próximo domingo, dia 4 de novembro, portanto este passa a ser o dia de preceito.

A Enciclopédia Católica explica que o Papa Urbano IV decidiu que esta Solenidade compensasse qualquer deficiência na celebração das festas dos Santos durante o ano por parte dos fiéis.

Entre os Santos estão os que foram canonizados e os que não. Ser canonizado significa que depois de um processo muito rigoroso e da comprovação da intercessão do Servo de Deus em pelo menos dois milagres, o Papa proclama a santidade de vida da pessoa.

O reconhecimento do heroísmo das virtudes, um dos primeiros passos no processo que garante que a pessoa viveu em grau heroico a fé, a esperança e a caridade (o amor) é o mais complexo de todos porque é nesta etapa em que se investiga a vida, os ditos e feitos do candidato. Este processo costuma levar vários anos.

Atualmente as normas estabelecem que uma causa de canonização pode ser começada apenas depois de pelo menos 5 anos do falecimento da pessoa. Duas famosas exceções a esta regra foram a Madre Teresa de Calcutá e o Papa João Paulo II, ambos beatos.

Para ser proclamado Santo, é necessário confirmar um milagre ocorrido pela sua intercessão e que tenha sido realizado depois da beatificação.

Outras causas que também foram muito rápidas são as de São Francisco de Assis e a de Santo Antônio, que só levou dois anos.

Os Santos "canonizados" oficialmente pela Igreja Católica são milhares. Mas existe uma imensa quantidade de Santos não canonizados, mas que já estão gozando de Deus no céu. A eles especialmente está dedicada esta data de hoje.



"Celebrar Dia das Bruxas é como festejar aqueles que estão no inferno", afirma Padre Paulo Ricardo


Em seu site, o reconhecido teólogo padre Paulo Ricardo de Azevedo Junior afirma que aqueles que celebram o dia das bruxas, neste 31 de outubro, festejam aqueles que foram condenados ao inferno.

Ele destaca que na Solenidade de Todos os Santos, neste dia 1º de novembro, a Igreja celebra a alegria daqueles que estão junto de Deus; em Finados, no domingo, dia 2, recorda aqueles que também estão salvos, mas que ainda precisam ser purificados, e que a data conhecida como “halloween”, muitas vezes celebrada por católicos, busca mostrar a alegria do demônio pelas almas que se perdem longe de Deus.

“Como numa paródia, o diabo inventou a comemoração do Dia das Bruxas, que contém uma miséria escondida porque celebra as pessoas condenadas ao inferno. Muitos acham que o inferno não existe porque Deus é Misericórdia, mas é preciso entender que o inferno existe porque o homem é livre, ou seja, nós podemos ou não escolher entrar na felicidade eterna.
É importante lembrar que nossa alma ainda está em risco, podemos ser salvos, mas ainda podemos nos perder”, alertou.

O sacerdote reforçou que, a celebração do dia 1º de novembro, é uma ocasião oportuna para pedir a intercessão de todos os santos.

“Os santos respeitam o livre arbítrio dado por Deus e esperam que peçamos a ajuda deles. Diante de uma tentação, devemos lembrar que não estamos sozinhos, existem milhões de santos que já passaram pelas mesmas dificuldades que nós, e que conseguiram escolher a Deus. Eles intercedem por nós!”, garantiu padre Paulo Ricardo.



23 de outubro de 2014

A fé de Israel


12. A história do povo de Israel, no livro do Êxodo, continua na esteira da fé de Abraão. De novo, a fé nasce de um dom originador: Israel abre-se à ação de Deus, que quer libertá-lo da sua miséria. A fé é chamada a um longo caminho, para poder adorar o Senhor no Sinai e herdar uma terra prometida. O amor divino possui os traços de um pai que conduz seu filho pelo caminho (cf. Dt 1, 31). A confissão de fé de Israel desenrola-se como uma narração dos benefícios de Deus, da sua acção para libertar e conduzir o povo (cf. Dt 26, 5-11); narração esta, que o povo transmite de geração em geração. A luz de Deus brilha para Israel, através da comemoração dos factos realizados pelo Senhor, recordados e confessados no culto, transmitidos pelos pais aos filhos. Deste modo aprendemos que a luz trazida pela fé está ligada com a narração concreta da vida, com a grata lembrança dos benefícios de Deus e com o progressivo cumprimento das suas promessas. A arquitectura gótica exprimiu-o muito bem: nas grandes catedrais, a luz chega do céu através dos vitrais onde está representada a história sagrada. A luz de Deus vem-nos através da narração da sua revelação e, assim, é capaz de iluminar o nosso caminho no tempo, recordando os benefícios divinos e mostrando como se cumprem as suas promessas.

13. A história de Israel mostra-nos ainda a tentação da incredulidade, em que o povo caiu várias vezes. Aparece aqui o contrário da fé: a idolatria. Enquanto Moisés fala com Deus no Sinai, o povo não suporta o mistério do rosto divino escondido, não suporta o tempo de espera. Por sua natureza, a fé pede para se renunciar à posse imediata que a visão parece oferecer; é um convite para se abrir à fonte da luz, respeitando o mistério próprio de um Rosto que pretende revelar-se de forma pessoal e no momento oportuno. Martin Buber citava esta definição da idolatria, dada pelo rabino de Kock: há idolatria, « quando um rosto se dirige reverente a um rosto que não é rosto ».[10] Em vez da fé em Deus, prefere-se adorar o ídolo, cujo rosto se pode fixar e cuja origem é conhecida, porque foi feito por nós. Diante do ídolo, não se corre o risco de uma possível chamada que nos faça sair das próprias seguranças, porque os ídolos « têm boca, mas não falam » (Sal 115, 5). Compreende-se assim que o ídolo é um pretexto para se colocar a si mesmo no centro da realidade, na adoração da obra das próprias mãos. Perdida a orientação fundamental que dá unidade à sua existência, o homem dispersa-se na multiplicidade dos seus desejos; negando-se a esperar o tempo da promessa, desintegra-se nos mil instantes da sua história. Por isso, a idolatria é sempre politeísmo, movimento sem meta de um senhor para outro. A idolatria não oferece um caminho, mas uma multiplicidade de veredas que não conduzem a uma meta certa, antes se configuram como um labirinto. Quem não quer confiar-se a Deus, deve ouvir as vozes dos muitos ídolos que lhe gritam: « Confia-te a mim! » A fé, enquanto ligada à conversão, é o contrário da idolatria: é separação dos ídolos para voltar ao Deus vivo, através de um encontro pessoal. Acreditar significa confiar-se a um amor misericordioso que sempre acolhe e perdoa, que sustenta e guia a existência, que se mostra poderoso na sua capacidade de endireitar os desvios da nossa história. A fé consiste na disponibilidade a deixar-se incessantemente transformar pela chamada de Deus. Paradoxalmente, neste voltar-se continuamente para o Senhor, o homem encontra uma estrada segura que o liberta do movimento dispersivo a que o sujeitam os ídolos.

14. Na fé de Israel, sobressai também a figura de Moisés, o mediador. O povo não pode ver o rosto de Deus; é Moisés que fala com Jahvé na montanha e comunica a todos a vontade do Senhor. Com esta presença do mediador, Israel aprendeu a caminhar unido. O acto de fé do indivíduo insere-se numa comunidade, no « nós » comum do povo, que, na fé, é como um só homem: « o meu filho primogénito », assim Deus designará todo o Israel (cf. Ex 4, 22). Aqui a mediação não se torna um obstáculo, mas uma abertura: no encontro com os outros, o olhar abre-se para uma verdade maior que nós mesmos. Jean Jacques Rousseau lamentava-se por não poder ver Deus pessoalmente: « Quantos homens entre mim e Deus! » [11] « Será assim tão simples e natural que Deus tenha ido ter com Moisés para falar a Jean Jacques Rousseau? » [12] A partir de uma concepção individualista e limitada do conhecimento é impossível compreender o sentido da mediação: esta capacidade de participar na visão do outro, saber compartilhado que é o conhecimento próprio do amor. A fé é um dom gratuito de Deus, que exige a humildade e a coragem de fiar-se e entregar-se para ver o caminho luminoso do encontro entre Deus e os homens, a história da salvação.


Trechos extraídos, da Carta Encíclica Lumen Fidei


Cardeais apresentam assuntos abordados no Sínodo dos Bispos


 “Estamos vivendo um processo sinodal, de amadurecimento, aprofundamento de todas as questões que envolvem a família no contexto da evangelização”, esclareceu o arcebispo de Aparecida (SP) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cardeal Raymundo Damasceno Assis, nesta terça-feira, 21, aos bispos do Conselho Permanente, reunidos em Brasília (DF).  O cardeal foi um dos três presidentes delegados da 3ª Assembleia Extraordinária do Sínodo, realizada de 5 a 19 de outubro, com o tema “Os desafios pastorais da família no contexto da evangelização”.

Segundo o arcebispo, uma novidade é que o Sínodo acontece em duas etapas. A primeira foi a Assembleia Extraordinária. Já a segunda, a 14ª Assembleia do Sínodo dos Bispos,  acontecerá, de 4 a 25 de outubro de 2015, com o tema “A vocação e a missão da família na Igreja, no mundo contemporâneo”.

Dom Damasceno disse que esta primeira fase do Sínodo foi marcada por intervenções e testemunhos sobre vários aspectos relacionados à família na atualidade. O cardeal apontou os temas mais abordados durante o evento como os desafios culturais e econômicos, divórcio, violência no ambiente familiar, a vida sacramental dos casais em segunda união, união civil de pessoas do mesmo sexo.

Para o arcebispo de São Paulo e um dos padres sinodais, cardeal Odilo Pedro Scherer, o Sínodo provocou o questionamento sobre os desafios pastorais da Igreja no contexto da evangelização. “Diante de todos esses desafios, o que a Igreja vai fazer? Como se posicionar e que atitudes tomar?”, disse serem estas as principais questões do Sínodo.  De acordo com dom Odilo, “o grande eixo é o da nova evangelização. Isso continua na assembleia do ano que vem, mas ampliando o horizonte. O tema será a vocação e a missão da família na Igreja, no mundo contemporâneo. No próximo ano, entrarão mais as questões doutrinais”, assinalou.

Dom Odilo explicou, ainda, que o Sínodo não toma decisões. “É um organismo consultivo. O papa convoca o Sínodo para ouvir a Igreja. O que é produzido não é uma decisão, mas proposta”,  acrescentou.

O arcebispo de São Paulo lembrou também que o Sínodo é fruto do Concílio Vaticano II e que "foi instituído por Paulo VI para dar continuidade às questões do Concílio e as que viriam depois”.

Além de dom Raymundo Damasceno Assis e de dom Odilo Pedro Scherer, representaram o Brasil na 3ª Assembleia Extraordinária do Sínodo dos Bispos os cardeais: João Braz de Aviz, prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica; Orani João Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro. Também participaram da Assembleia o eparca da Eparquia Maronita de Nossa Senhora do Líbano (SP), dom Edgard Amine Madi, e o casal responsável pelas equipes de Nossa Senhora da super-região do Brasil, Arturo e Hermelinda Zamberline.

O evento reuniu 191 padres sinodais e 62 participantes entre especialistas, auditores e delegados fraternos.


Evangelho do dia: Refletindo Evangelho de São Lucas 12,49-53


Não vim trazer a paz mas a divisão.

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos:
Eu vim para lançar fogo sobre a terra,
e como gostaria que já estivesse aceso!
Devo receber um batismo,
e como estou ansioso até que isto se cumpra!
Vós pensais que eu vim trazer a paz sobre a terra?
Pelo contrário, eu vos digo, vim trazer divisão.
Pois, daqui em diante, numa família de cinco pessoas,
três ficarão divididas contra duas e duas contra três;
ficarão divididos:
o pai contra o filho e o filho contra o pai;
a mãe contra a filha e a filha contra a mãe;
a sogra contra a nora e a nora contra a sogra.'
Palavra da Salvação.

Refletindo:

A vinda de Jesus cria um divisor de águas na história dos homens. De um lado encontramos os que são dele e, de outro, os que são do mundo. A partir dessa divisão se estabelece o conflito, que é caracterizado principalmente pela diferença de valores, e exige de todos os que abraçam a fé a consciência de suas conseqüências, entre elas a de ser odiado pelo mundo. Como cristãos, devemos enfrentar o conflito com o mundo, mas não com as mesmas armas do mundo, uma vez que estas levam à morte, o grande valor do mundo. Devemos enfrentar o mundo com a fé, a espiritualidade, a entrega, a partilha, a doação, a fraternidade, o testemunho, o profetismo, que são valores do Reino e levam à vida.


22 de outubro de 2014

Empresa japonesa publica primeiros manuscritos da Biblioteca Vaticana na internet



 A Biblioteca Vaticana deu início, há alguns anos, ao ambicioso projeto de digitalização de livros e manuscritos de seu acervo. O objetivo é o de disponibilizar online, até 2018, cerca de 3 mil livros e 18 mil manuscritos. A Companhia japonesa NTT Data, filial de serviços informáticos do grupo de telecomunicações japonês NTT, anunciou na última segunda-feira, 20, a publicação na internet dos oito primeiros manuscritos.

"Nos entusiasma muito ver que estes manuscritos antigos agora estão acessíveis em formato digital de alta definição para um amplo público do mundo inteiro", declarou o Diretor Geral do grupo, Toshio Iwamoto, citado em um comunicado. Atualmente, 8 manuscritos podem ser consultados no site da Biblioteca Vaticana www.vaticanlibrary.va, precisou um porta-voz da Companhia.

Um acordo de 18 milhões de euros com o grupo japonês envolve a digitalização de 3 mil livros, isto é, "cerca de 80 mil volumes e 41 milhões de páginas, que podem ser considerados como bens históricos de toda a humanidade, redigidos entre os Séculos II e XX", havia explicado em março passado, Iwamoto.

"Seguimos com nossa missão que consiste em dar a conhecer melhor estes tesouros, com uma profunda vontade de universalidade", destacou o Prefeito da Biblioteca, Cesare Pasini.

A Biblioteca Vaticana se destaca pela variedade geográfica e temporal de suas obras, que englobam volumes desde a América pré-colombiana até o Oriente chinês e japonês, além da antiguidade de seus arquivos.


A decepcionante resposta da comunidade internacional diante do ebola


Segundo Kofi Annan, os países ricos estão agindo com lentidão porque a doença começou na África

A ONU arrecadou apenas 10% do objetivo estabelecido para setembro com a criação de um fundo especial para frear o ebola, segundo reconheceu seu secretário-geral, Ban Ki-moon.

Os países membros contribuíram apenas com 100 milhões de dólares na conta aberta em setembro, que buscava arrecadar um bilhão – quantidade que teria permitido uma maior “flexibilidade na resposta a uma crise que apresenta novos desafios a cada dia”, segundo o médico britânico David Nabarro, que coordena a luta da ONU contra o ebola.

Neste sentido, o ex-secretário-geral da ONU, Kofi Annan, declarou-se decepcionado com a comunidade internacional.

Annan opinou que os países ricos agiram com lentidão porque a doença começou na África.

“Se a crise tivesse atingido outra região, provavelmente teriam lidado com ela de maneira diferente. De fato, se prestarmos atenção na evolução da crise, a comunidade internacional realmente acordou quando a doença chegou à América e à Europa”, acrescentou.

“Aponto e acuso com o dedo os governos com recursos. Penso que há culpa suficiente para distribuir”, disse Annan, que, no entanto, também criticou os países africanos da região por não pedirem ajuda mais rapidamente.

Além do fundo especial criado pela ONU, os doadores contribuíram com cerca de 400 milhões de dólares nas agências das Nações Unidas e em outras organizações humanitárias, o que supõe menos da metade do esperado.

Por sua vez, a presidente da Libéria, Ellen Johnson Sirlead, difundiu uma “Carta ao Mundo” por meio da BBC, na qual destaca que todo mundo está interessado na luta contra o ebola, pois ele “não respeita fronteiras”.

“É dever de todos, como cidadãos do mundo, mandar uma mensagem de que não vamos abandonar milhões de africanos ocidentais. (...) Não é coincidência que o ebola tenha se espalhado em três estados frágeis que lutam por superar os efeitos de guerras interligadas”, disse a mandatária.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), não basta investir recursos e atenção na Libéria, Serra Leoa e Guiné: também é preciso centrar-se na Costa do Marfim, Guiné Bissau, Mali e Senegal.

A última contagem da OMS registra 4.493 mortes pelo ebola, de um total de 8.997 contágios.

(Artigo publicado originalmente pela revista Mundo Negro)


fonte: aleteia.org


Hoje celebramos São João Paulo II



Karol Wojtyła nasceu a 18 de Maio de 1920 em Wadowice, na Polónia meridional, onde viveu até 1938, quando se inscreveu na faculdade de filosofia da Universidade Jagelónica e se transferiu para Cracóvia. No Outono de 1940 trabalhou como operário nas minas de pedra e depois numa fábrica química. Em Outubro de 1942 entrou no seminário clandestino de Cracóvia e a 1 de Novembro de 1946 foi ordenado sacerdote.

A 4 de Julho de 1958, Pio XII nomeou-o bispo auxiliar de Cracóvia. Recebeu a ordenação episcopal a 28 de Setembro seguinte. Como lema episcopal escolheu a expressão mariana Totus tuus de são Luís Maria Grignion de Montfort.

Primeiro como auxiliar e depois, a partir de 13 de Janeiro de 1964, como arcebispo de Cracóvia, participou em todas as sessões do concílio Vaticano II. A 26 de Junho de 1967 foi criado cardeal por Paulo VI.

Em 1978 participou no conclave convocado depois da morte de Montini e no sucessivo após o inesperado falecimento de Luciani. Na tarde de 16 de Outubro, depois de oito escrutínios, foi eleito Papa. Primeiro Pontífice eslavo da história e primeiro não italiano depois de quase meio milénio, desde o tempo de Adriano VI (1522-1523).

Personalidade poliédrica e carismática, afirmou-se imediatamente pela grande capacidade comunicativa e pelo estilo pastoral fora dos esquemas. A têmpera e o vigor de uma idade relativamente jovem permitiu que empreendesse uma actividade intensíssima, ritmada sobretudo pelo multiplicar-se das visitas e das viagens: no total foram 104 internacionais e 146 na Itália, com 129 países visitados nos cinco continentes.

Desde o início trabalhou para dar voz à chamada Igreja do silêncio. A insistência sobre os temas dos direitos do homem e da liberdade religiosa tornou-se assim uma constante do seu magistério. Tanto que hoje é largamente reconhecido o contributo relevante da sua acção para as vicissitudes que determinaram a queda do muro de Berlim em 1989 e o sucessivo colapso dos regimes filo-soviéticos. Neste contexto provavelmente insere-se o gravíssimo episódio do atentado do qual foi vítima a 13 de Maio de 1981 por obra do turco Ali Agca.

Ao lado da polémica anticomunista, desenvolveu-se também uma leitura crítica do capitalismo, submetido a uma análise crítica em três das suas 14 encíclicas: a Laborem exercens (1981), a Sollicitudo rei socialis (1987) e a Centesimus annus (1991). Também foi assídua a sua actividade a favor da paz, que se entrelaça com a busca do diálogo com as grandes religiões — em particular com o judaísmo e com o islão — e com o novo impulso impresso no caminho ecuménico.

Em 1983 promulgou o novo Codex iuris canonici e depois providenciou à reforma da Cúria romana com a constituição apostólica Pastor bonus de 1988. Favoreceu também a dimensão da colegialidade episcopal no governo da Igreja, sobretudo através da convocação de quinze sínodos dos bispos. Entre os números de um pontificado bastante longo — em segundo lugar por duração só ao de Pio IX (1846-1878) — podem ser mencionadas também as frequentes cerimónias de beatificação e canonização, durante as quais foram proclamados 1.338 beatos e 482 santos.

Com o passar dos anos a atenção do Pontífice focalizou-se sobretudo na celebração do grande jubileu do ano 2000. O evento assumiu um significado altamente simbólico no âmbito da sua missão pastoral e teve uma forte importância penitencial, expressa de modo emblemático no dia do perdão (12 de Março).

O encerramento do jubileu abriu a fase conclusiva do pontificado, marcada sobretudo pelo progressivo agravamento das condições de saúde do Papa, que depois de uma longa e angustiante agonia morreu na noite de 2 de Abril de 2005.

Após 26 dias do seu falecimento, Bento XVI concedeu a dispensa dos cinco anos de expectativa prescritos permitindo o início da causa de canonização. E o mesmo Papa o proclamou beato a 1 de Maio de 2011.

Foi canonizado no dia 27 de abril de 2014, pelo Papa Francisco.


Revista online do grupo Estado Islâmico faz ameaças aos "cruzados romanos"


“Não há nada de medieval nesta mistura de empresa implacável, selvageria propagandeada e organização criminosa transnacional”

Nesta semana, descobriu-se que policiais e soldados britânicos estão na lista de alvos de uma célula do grupo terrorista Estado Islâmico baseada na Grã-Bretanha. De quebra, o grupo extremista lançou mais um vídeo, o quarto até agora, “protagonizado” pelo seu refém John Cantlie, jornalista inglês sequestrado em novembro de 2012 juntamente com o já executado jornalista norte-americano James Foley.

Vestindo o macacão alaranjado semelhante aos uniformes dos presidiários de Guantánamo, que já se tornou praticamente uma “marca registrada” dos reféns deste grupo terrorista, Cantlie declarou de frente para uma câmera que as potências ocidentais estão se preparando para uma terceira guerra do Golfo e acrescentou que o Estado Islâmico (EI) vem crescendo a tal ponto que "nem sequer o exército norte-americano, que é a polícia do mundo, será capaz de contê-lo".

Cantlie manda, no vídeo, uma aparente resposta aos líderes muçulmanos que condenaram o EI como “organização herética e assassina”. Ele afirma: “Aqueles que leram o alcorão, inclusive os cristãos, sabem que existe apenas uma sharia; não existem ramos diferentes".

Imagina-se que Cantlie esteja se pronunciando sob coação, mas, na última edição da revista online “Dabiq”, uma publicação digital de propaganda do EI, o refém afirma que as suas palavras são dele mesmo. Uma observação feita com frequência, escreve ele, "é a de que os vídeos seguem um ‘script’ e que talvez eu não tenha escolha quanto ao seu conteúdo".

"Mas isto", prossegue ele no artigo, "não é verdade. Os ‘mujahidin’ [combatentes islâmicos, ndr] sugerem temas iniciais, eu escrevo os roteiros, entrego a eles para fazerem os ajustes necessários e depois os vídeos são filmados. É tudo muito rápido: os oito primeiros vídeos foram escritos, aprovados e filmados em apenas 12 dias. Os mujahidin são assim: eles fazem rápido cada trabalho e passam para a próxima tarefa".

O fato de que o grupo terrorista Estado Islâmico publique uma revista online pode parecer bizarro, mas mostra, como observou o filósofo John Gray na BBC em julho, o quanto este fenômeno é peculiarmente moderno: é uma seita milenarista violenta, “que se dedica à construção de uma nova sociedade a partir do zero”, e que tem mais em comum com os movimentos revolucionários modernos do que com os seus antepassados ​​medievais. “Não há nada de medieval”, diz ele, “nesta mistura de empresa implacável, selvageria bem propagandeada e organização criminosa transnacional”.

Infelizmente, o EI parece pensar de outro modo. Andrew Salzmann, da Universidade Beneditina, argumenta no “Small Wars Journal” que o EI parece "reencenar os primórdios do islã para tentar estabelecer a sua legitimidade entre os povos do Oriente Médio". Salzmann diz que o crescimento do EI tem apresentado características comumente reconhecidas do surgimento do islã, emulando o estilo de guerra de Maomé. "Embora a estratégia militar não seja um ‘artigo de fé’, a sharia fundamenta a sua própria validade na crença de que as ações do profeta Maomé, precisamente por causa da sua excelência em obedecer a Deus, merecem ser imitadas pelos seus seguidores".

Parece fazer sentido, assim, que o nome da revista do EI tenha sido inspirado por um “hadith”, ou ditado tradicional muçulmano, que proclama que "a última hora não virá até que os romanos tenham chegado a al-Amaq ou Dabiq", geralmente identificada com a cidade de Dabiq, no norte da atual Síria.

A revista “Dabiq” está repleta de referências a Roma e aos cruzados. Em vários pontos, ela cita um discurso do porta-voz oficial do EI, o xeque Abu Muhammad al-'Adnānī ash-Shami, que exorta os combatentes a "estarem prontos para a campanha final dos cruzados", ao mesmo tempo em que proclama ao Ocidente: "Nós vamos conquistar a sua Roma, destruir as suas cruzes e escravizar as suas mulheres com a permissão de Alá, o Altíssimo". Como ilustração desse texto, uma imagem da Praça de São Pedro traz a legenda “Vamos conquistar a sua Roma”. A capa da revista, com a manchete "A cruzada fracassada", mostra um obelisco da Praça de São Pedro editado digitalmente, com a bandeira negra do Estado Islâmico tremulando em seu topo.


fonte: aleteia.org


O futuro incerto dos cristãos do Iraque


O mundo precisa decidir: vamos ajudá-los a suportar o inverno ou Dezenas de milhares de refugiados no norte do Iraque se preparam para enfrentar o inverno em tendas de campanha ou em prédios inacabados.

Organizações de ajuda humanitária, governos regionais e ONGs estão fazendo o que podem para manter os desabrigados aquecidos, saudáveis e bem alimentados, mas a tarefa é gigantesca e a crise humanitária é cada vez mais real.

"A situação é terrível e não vai melhorar tão cedo. Está piorando, aliás. As pessoas precisam desesperadamente de ajuda e o governo do Iraque não tem ajudado de forma alguma", diz Joseph T. Kassab, fundador e presidente do Iraqi Christians Advocacy and Empowerment Institute, sediado nos Estados Unidos. "O inverno é cruel no Iraque. E tem muita gente vivendo em abrigos ou a céu aberto".

Joseph é irmão do bispo Jibrael Kassab, da Igreja Caldéia da Austrália e da Nova Zelândia, e foi, ele próprio, um refugiado iraquiano na década de 1980.

Estima-se que haja 120 mil refugiados cristãos em Erbil, a capital dos curdos iraquianos, vivendo em escolas, igrejas, mosteiros e parques depois de terem sido obrigados a deixar as suas casas em Mossul e em outras cidades da planície de Nínive, durante o último verão, pelas forças brutais do grupo terrorista Estado Islâmico.

Natalia Prokopchuk, porta-voz no Iraque do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), descreveu diversos projetos que o ACNUR vem implementando para ajudar os desabrigados internos a enfrentarem o inverno, o que inclui a distribuição de cobertores e de aquecedores a querosene. "Também estamos impermeabilizando e isolando para o inverno as paredes e o piso das tendas onde as pessoas estão morando", informou ela.

Mas os recursos limitados só permitem que a agência ajude a metade dos desabrigados. Mediante a construção de abrigos, a prestação de cuidados médicos e a oferta de financiamentos, também há várias agências católicas ajudando na região: a Caritas, a Ajuda à Igreja que Sofre, a Associação Católica para o Bem-Estar do Oriente Próximo, os Cavaleiros de Colombo e a Malteser International, além de organizações iraquiano-americanas como o Conselho de Socorro aos Cristãos Iraquianos. Juliana Taimoorazy, fundadora e presidente desta última entidade, conta que a organização tem apresentado pedidos a empresas dos Estados Unidos para que elas doem medicamentos e produtos de higiene de primeira necessidade aos refugiados.

Por causa da escassez de medicamentos, há pessoas morrendo de doenças cardíacas e diabetes, afirma Taimoorazy, ela própria uma cristã assíria que encontrou asilo no Ocidente durante a década de 1980.

A Malteser International, agência de ajuda da Ordem de Malta, está montando um centro de atendimento primário de saúde em um dos dois campos do ACNUR, em construção entre Dohuk e Zakho, no norte da região, onde as temperaturas de inverno podem cair para 5 graus. "Eu estive em Dohuk e vi famílias morando em edifícios que ainda estão em construção, sem paredes", relata o coordenador de emergências da Malteser, Leigh Ryan, que acaba de voltar de um período de dois meses na região.

No entanto, mesmo que os deslocados internos sobrevivam ao inverno com a ajuda necessária, a questão que permanece viva na mente dos refugiados e das pessoas que os ajudam é: "Será que os cristãos ainda têm um futuro no Iraque?".

"Eles estão muito traumatizados. Eu nunca vi um povo tão deprimido", afirma o padre Andrzej Halemba, chefe da seção Ásia-África da organização Ajuda à Igreja que Sofre. O sacerdote visitou Erbil recentemente e relata: "Eles dizem: ‘Os cristãos não têm futuro aqui. É o fim, nós não vamos sobreviver’".


fonte: aleteia.org



Votar bem, significa Amor ao Próximo


Votar bem significa também amar o próximo. Digo isto porque o voto tem consequências determinantes na vida das pessoas. São quatro anos de gestão, podendo ser um bem, ou também um desastre na vida das pessoas e da Nação. Significa compromisso com as categorias sociais, principalmente com os mais necessitados que tentam remediar com o pouco que têm, por falta de oportunidades.

Quem ama o próximo, está amando a Deus que quer o bem para todas as pessoas, para o nosso país. O maior mandamento consiste no amor, que é traduzido pela vontade política do bem comum, porque favorece os cidadãos, superando as práticas que causam exclusão e desrespeito com algumas pessoas. Administrar um país é ser aberto pelas questões mais urgentes da Nação.

Um bom governo abre caminhos para que as pessoas tenham acesso aos bens da natureza. Isto supõe vontade política e não apenas palavras de promessas eleitoreiras. Quem promete muito acaba não fazendo nada, causando uma sociedade desencantada e de autoestima totalmente baixa em relação aos políticos de carreira e despreparados para assumir tão difícil missão.

Não se deve fazer ao outro o que não é desejado para si mesmo. Significa que as autoridades têm a obrigação de escutar os clamores da população e ser misericordiosos com ela. A falta de proteção e de uma política de combate à violência faz com que os cidadãos fiquem reféns do medo e desestimulados nos investimentos de produção, prejudicando o país.

O povo brasileiro é paciente e generoso com os políticos de gabinete e que só procuram as pessoas no momento das eleições. Se vota para eleger, deveria votar também para tirar do poder. A Lei da Ficha Limpa já foi um passo, já excluiu muitos “espertalhões”, mas precisa ser mais pertinente e incisiva com os exploradores.

A palavra “próximo” tem dupla dimensão: Uma ligada à fé e outra à vida. A fé é capaz de habilitar a pessoa a superar todo tipo de dificuldade, iluminando o caminho a seguir. É a força de Deus para não fraquejar na batalha.


Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba.



Audiência Geral: Ciúme e inveja desmembram a Igreja, que é corpo do Cristo


“Igreja, corpo de Cristo” foi o tema da Audiência Geral desta quarta-feira, 22 de outubro.

Sob um céu nublado, a Praça S. Pedro acolheu cerca de 45 mil fiéis que, entusiastas, saudaram o Papa Francisco a bordo do seu papamóvel, antes de iniciar a sua catequese.

Prosseguindo o ciclo sobre a Igreja, o Pontífice explicou de que forma ela constitui o corpo de Cristo partindo de um trecho do Livro de Ezequiel, do qual o Papa recomendou aos fiéis a leitura em casa. No capítulo 37, se descreve a visão de um vale de ossos secos. Deus, através do Espírito, faz com que sejam cobertos de tendões, carne e pele. Assim, se forma um corpo, completo e cheio de vida.

“Pois é, esta é a Igreja! É uma obra-prima, a obra-prima do Espírito, o qual infunde em cada um a vida nova do Ressuscitado e nos coloca um ao lado do outro, um a serviço do outro, fazendo de todos nós um só corpo, edificado na comunhão e no amor.”

Porém, advertiu o Papa, a Igreja não é somente um corpo edificado no Espírito: a Igreja é o corpo de Cristo. Não se trata simplesmente de um modo de dizer: nós o somos realmente. É o grande dom que recebemos no dia do nosso Batismo. A consequência disso é uma profunda comunhão de amor, disse Francisco, pedindo que nos recordemos com mais frequência das palavras de S. Paulo. O Apóstolo exorta os maridos amem as mulheres como o próprio corpo, assim como Cristo faz com a Igreja, porque somos membros do seu corpo.

Todavia, recordou Francisco, este pensamento deve despertar em nós a vontade de corresponder a este amor de Jesus e de compartilhá-lo entre nós. As divisões, as invejas, as incompreensões e a marginalização não edificam a Igreja como corpo de Cristo. Pelo contrário, a desmembram, é o início da luta. “A guerra não começa no campo de batalha, mas no nosso coração”, disse, recomendando os conselhos que S. Paulo deu aos coríntios:

“Não ser ciumento, mas apreciar nas nossas comunidades os dons e as qualidades dos nossos irmãos. Pois sentir ciúme se alguém comprou um carro ou ganhou na loteria faz desmembrar o corpo de Cristo. O ciúme cresce e enche o coração, tornando-o ácido, infeliz.”

Outro conselho é demonstrar a nossa proximidade aos que sofrem; expressar a própria gratidão a todos, e de modo especial aos que desempenham os serviços mais humildes. E, por último, não reputar ninguém superior aos outros.

“Quantas pessoas se sentem superior aos outros. Também nós dizemos como aquele fariseu da parábola: ‘Lhe agradeço, Senhor, porque não sou como aquela pessoa, sou superior’. Jamais faça isso. Se houver a tentação, lembre-se dos seus pecados, daqueles que ninguém conhece e envergonhe-se diante de Deus e feche a boca.”

Após a catequese, o Papa saudou os grupos presentes na Praça. Aos poloneses, disse:

“Hoje celebramos a memória litúrgica de S. João Paulo II, que convidou todos a abrirem as portas a Cristo. Que sua herança espiritual não seja esquecida, mas nos impulsione à reflexão e ao agir concreto pelo bem da Igreja, da família e da sociedade.”

Francisco saudou os cerca de 250 brasileiros e os lusófonos com as seguintes palavras: “Dirijo uma saudação cordial a todos os peregrinos de língua portuguesa, particularmente os fiéis das várias paróquias do Brasil. Queridos amigos, somos verdadeiramente o Corpo de Cristo! Não deixemos de nos fazer solidários com os mais necessitados, lembrando as palavras de São Paulo: ‘se um membro sofre, todos os membros sofrem com ele; se um membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele’! Assim Deus vos abençoe! Obrigado.”

Antes da Audiência Geral, o Papa cumprimentou os jogadores do Bayern de Munique, que disputaram na noite de segunda-feira mais um jogo pela Liga dos Campeões contra a Roma.
No estádio Olímpico, o time alemão venceu os donos da casa por 7 a 1.



Resumo das cinco provas da existência de Deus

Provas da existência de Deus. Os cinco argumentos que para Tomás de Aquino demonstram a existência de Deus são:

1°- O "primeiro motor imóvel":

O movimento existe, é evidente aos nossos sentidos. Ora, tudo aquilo que se move é movido por outra força, ou motor. Não é lógico que haja um motor, outro e outro, e assim indefinidamente; há de haver uma origem primeira do fenômeno do movimento, um motor que move sem ser movido, que seria Deus.

2°- A "causa primeira":

Toda causa é efeito de outra, mas é necessário que haja uma primeira, causa não causada, que seria Deus.

3°- O "ser necessário":

Todos os seres são finitos e contingentes ("são e deixam de ser"). Se tudo fosse assim, todos os seres deixariam de ser e, em determinado momento, nada existiria. Isto é absurdo; logo, a existência dos seres contingentes implica o ser necessário, ou Deus.

4°- O "ser perfeitíssimo":

Os seres finitos realizam todos determinados graus de perfeição, mas nenhum é a perfeição absoluta; logo, há um ser sumamente perfeito, causa de todas as perfeições, que seria Deus.

5°- A "inteligência ordenadora":

Todos os seres tendem para uma finalidade, não em virtude do acaso, mas segundo uma inteligência que os dirige. Logo, há um ser inteligente que ordena a natureza e a encaminha para seu fim; esse ser inteligente seria Deus.



São Tomás de Aquino e as cinco vias que provam a existência de Deus


Iª Via - Prova do movimento
IIª Via - Prova da causalidade eficiente
IIIª Via - Prova da contingência
IVª Via - Dos graus de perfeição dos entes
Vª Via - Prova da existência de Deus pelo governo do mundo

"Ninguém afirma: `Deus não existe' sem antes ter desejado que Ele não exista".

Esta frase, de um filósofo muito suspeito, por ser esotérico - Joseph de Maistre - tem muito de verdade.

Com efeito, o devedor insolvente gostaria que seu credor não existisse. O pecador que não quer deixar o pecado, passa a negar a existência de Deus.

Por isso, quando se dá as provas da existência de Deus para alguém, não se deve esquecer que a maior força a vencer não é a dos argumentos dos ateus, e sim o desejo deles de que Deus não exista. Não adiantará dar provas a quem não quer aceitar sua conclusão. Em todo caso, as provas de Aristóteles e de São Tomás a respeito da existência de Deus têm tal brilho e tal força que convencem a qualquer um que tenha um mínimo de boa vontade e de retidão intelectual.

É para essas pessoas que fazemos este pequeno resumo dos argumentos de São Tomás sobre a existência de Deus, tendo por base o que ele diz na Suma Teológica I, q.2, a.a 1, 2, 3 e 4.

Inicialmente, pergunta São Tomás se a existência de Deus é verdade de evidência imediata. Ele explica que uma proposição pode ser evidente de dois modos:

1) em si mesma, mas não em relação a nós;

2) em si mesma e para nós.

Uma proposição é evidente quando o predicado está incluído no sujeito. Por exemplo, a proposição o homem é animal é evidente, já que o predicado animal está incluso no conceito de homem.

Quando alguns não conhecem a natureza do sujeito e do predicado, a proposição - embora evidente em si mesma - não será evidente para eles. Ela será evidente apenas para os que conhecem o que significam o sujeito e o predicado. Por exemplo, a frase: "O que é incorpóreo não ocupa lugar no espaço", é evidente em si mesma e é evidente somente aqueles que sabem o que é incorpóreo.

Tendo em vista tudo isso, São Tomás diz que:

a) A proposição "Deus existe" é evidente em si mesma porque nela o predicado se identifica com o sujeito, já que Deus é o próprio ente.

b) Mas, com relação a nós, que desconhecemos a natureza divina, ela não é evidente, mas precisa ser demonstrada. E o que se demonstra não é evidente. O que é evidente para nós não cabe ser demonstrado.

Portanto, a existência de Deus pode ser demonstrada. Contra isso, São Tomás dá uma objeção, dizendo que a existência de Deus é um artigo de fé. Ora, o que é de fé não pode ser demonstrado. Logo, concluir-se-ia que não se pode demonstrar que Deus existe. São Tomás ensina que há dois tipos de demonstração:

1) Demonstração propter quid (devido a que)

É a que se baseia na causa. Ela parte do que é anterior (a causa) discorrendo para o que é posterior ( o efeito).

2) Demonstração quia (porque)

É a que parte do efeito para conhecer a causa.

Quando vemos um efeito mais claramente que sua causa, pelo efeito acabamos por conhecer a causa. Pois o efeito depende da causa, e é, de algum modo, sempre semelhante a ela. Então, embora a existência de Deus não seja evidente apenas para nós, ela é demonstrável pelos efeitos que dela conhecemos.

A existência de Deus e outras verdades semelhantes a respeito dele que podem ser conhecidos pela razão, como diz São Paulo Rom. I, 19), não são artigos de fé. Deste modo, a fé pressupõe o conhecimento natural, assim como a graça pressupõe a natureza e a perfeição pressupõe o que é perfectível.

Entretanto, alguém que não conheça ou não entenda a demonstração filosófica da existência de Deus, pode aceitar a existência dele por fé.

É no artigo 3 dessa questão 2 da 1ª parte da Suma Teológica que São Tomás expõe as provas da existência de Deus. São as famosas 5 vias tomistas.

Iª Via - Prova do movimento

É a prova mais clara.

É inegável que há coisas que mudam. Nossos sentidos nos mostram que a planta cresce, que o céu fica nublado, que a folha passa a ser escrita, que nós envelhecemos, que mudamos de lugar, etc.

Há mudanças substanciais. Ex.: madeira que vira carvão. Há mudanças acidentais. Ex: parede branca que é pintada de verde. Há mudanças quantitativas. Ex: a água de um pires diminuindo por evaporação. Há mudanças locais. Ex: Pedro vai ao Rio.

Nas coisas que mudam, podemos distinguir:

a) As qualidades ou perfeições já existentes nelas.

b) as qualidades ou perfeições que podem vir a existir, que podem ser recebidas por um sujeito.

As perfeições existentes são ditas existentes em Ato.

As perfeições que podem vir a existir num sujeito são existentes em Potência passiva. Assim, uma parede branca tem brancura em Ato, mas tem cor vermelha em Potência.

Mudança ou movimento é pois a passagem de potência de uma perfeição qualquer (x) para a posse daquela perfeição em Ato.

M = PX ---->> AX

Nada pode passar, sozinho, de potência para uma perfeição, para o Ato daquela mesma perfeição. Para mudar, ele precisa da ajuda de outro ser que tenha aquela qualidade em Ato.

Assim, a panela pode ser aquecida. Mas não se aquece sozinha. Para aquecer-se, ela precisa receber o calor de outro ser - o fogo - que tenha calor em Ato.

Outro exemplo: A parede branca em Ato, vermelha em potência, só ficará vermelha em Ato caso receba o vermelho de outro ser - a tinta - que seja vermelho em Ato.

Noutras palavras, tudo o que muda é movido por outro. É movido aquilo que estava em potência para uma perfeição. Em troca, para mover, para ser motor, é preciso ter a qualidade em ato. O fogo (quente em ato) move, muda a panela (quente em potência) para quente em ato.

Ora, é impossível que uma coisa esteja, ao mesmo tempo, em potência e em ato para a mesma qualidade.

Ex.: Se a panela está fria em ato, ela tem potência para ser aquecida. Se a panela está quente em ato ela não tem potência para ser aquecida.

É portanto impossível que uma coisa seja motor e móvel, ao mesmo tempo, para a mesma perfeição. É impossível, pois, que uma coisa mude a si mesma.

Tudo o que muda é mudado por outro.

Tudo o que se move é movido por outro.

Se o ente 1 passou de Potência de x para Ato x, é porque o ente 1 recebeu a perfeição x de outro ente 2 que tinha a qualidade x em Ato.

Entretanto, o ente 2 só pode ter a qualidade x em Ato se antes possuía a capacidade - a potência de ter a perfeição x.

Logo, o ente 2 passou, ele também, de potência de x para Ato x. Se o ente 2 só passou de PX para AX, é porque ele também foi movido por um outro ente, anterior a ele, que possuía a perfeição x em Ato.

Por sua vez, também o ente 3 só pode ter a qualidade x em Ato, porque antes teve Potência de x e só passou de PX para AX pela ajuda de outro ente 4 que tinha a qualidade x em Ato. E assim por diante.

PX ---> AX PX (5) ---> AX PX (4) ---> AX PX (3) ---> AX PX (2) ---> AX (1)

Esta seqüência de mudanças ou é definida ou indefinida. Se a seqüência fosse indefinida, não teria havido um primeiro ser que deu início às mudanças.

Noutras palavras, em qualquer seqüência de movimentos, em cada ser, a potência precede o ato. Mas, para que se produza o movimento nesse ser, é preciso que haja outro com qualidade em ato.

Se a seqüência de movimentos fosse infinita, sempre a potência precederia o ato, e jamais haveria um ato anterior à potência. É necessário que o movimento parta de um ser em ato. Se este ser tivesse potência, não se daria movimento algum. O movimento tem que partir de um ser que seja apenas ato.

Portanto, a seqüência não pode ser infinita.

Ademais, está se falando de uma série de movimentos nas coisas que existem no universo.

Ora, esses movimentos se dão no espaço e no tempo. Tempo-espaço são mensuráveis. Portanto, não são movimentos que se dão no infinito.

A seqüência de movimentos em tempo e espaço finitos tem que ser finita.

E que o universo seja finito se compreende, por ser ele material. Sendo a matéria mensurável, o universo tem que ser finito.

Que o universo é finito no tempo se comprova pela teoria do Big Bang e pela lei da entropia. O universo principiou e terá fim. Ele não é infinito no tempo.

Logo, a seqüência de movimentos não pode ser infinita, pois se dá num universo finito.

Ao estudarmos as cinco provas de S. Tomás sobre a existência de Deus, devemos ter sempre em mente que ele examina o que se dá nas "coisas criadas", para, através delas, compreender que existe um Deus que as criou e que lhes deu as qualidades visíveis, reflexos de suas qualidades invisíveis e em grau infinito.

Este primeiro motor não pode ser movido, porque não há nada antes do primeiro. Portanto, esse 1º ente não podia ter potência passiva nenhuma, porque se tivesse alguma ele seria movido por um anterior. Logo, o 1º motor só tem ATO. Ele é apenas ATO, isto é, tem todas as perfeições.

Este ser é Deus.

Deus então é ATO puro, isto é, ATO sem nenhuma potência passiva. Este ser que é ato puro não pode usar o verbo ser no futuro ou no passado. Deus não pode dizer "eu serei bondoso", porque isto implicaria que não seria atualmente bom, que Ele teria potência de vir a ser bondoso.

Deus também não pode dizer "eu fui", porque isto implicaria que Ele teria mudado, isto é, passado de potência para Ato. Deus só pode usar o verbo ser no presente. Por isso, quando Moisés perguntou a Deus qual era o seu nome, Deus lhe respondeu "Eu sou aquele que é" (aquele que não muda, que é ato puro).

Também Jesus Cristo ao discutir com os fariseus lhes disse: "Antes que Abraão fosse, eu sou" (Jo. VIII, 58). E os judeus pegaram pedras para matá-lo porque dizendo eu sou Ele se dizia Deus.

Na ocasião em que foi preso, Cristo perguntou: "a quem buscais ?", e, ao dizerem "a Jesus de Nazaré", ele lhes respondeu:

"Eu sou". E a essas palavras os esbirros caíram no chão, porque era Deus se definindo.

Do mesmo modo, quando Caifás esconjurou que Cristo dissesse se era o Filho de Deus, Ele lhe respondeu: "Eu sou". E Caifás entendeu bem que Ele se disse Deus, porque imediatamente rasgou as vestes dizendo que Cristo blasfemara afirmando-se Deus.

Deus é, portanto, ATO puro. É o ser que não muda. Ele é aquele que é. Por isso, a verdade não muda. O dogma não muda. A moral não evolui. O bem é sempre o mesmo.A beleza não muda.

Quando os modernistas afirmam que a verdade, o dogma, a moral, a beleza evoluem, eles estão dizendo que Deus evolui, que Ele não é ATO puro. Eles afirmam que Deus é fluxo, é ação, é processo e não um ente substancial e imutável.

É o que afirma hereticamente a Teologia da Libertação. Diz Frei Boff:

" Assim, o Deus cristão é um processo de efusão, de encontro, de comunhão entre distintos enlaçados pela vida, pelo amor." (Frei Boff, A Trindade e a Sociedade, p. 169)

Ou então:

"Assim, Mary Daly sugere compreendermos Deus menos como substância e mais como processo, Deus como verbo ativo (ação) e menos como um substantivo. Deus significaria o viver, o eterno tornar-se, incluindo o viver da criação inteira, criação que, ao invés de estar submetida ao ser supremo, participaria do viver divino." (Frei Boff, A Trindade e a Sociedade, pp. 154-155)

É natural pois que Boff tenha declarado em uma conferência em Teófilo Otono:

Como teólogo digo: sou dez vezes mais ateu que você desse deus velho, barbudo lá em cima. Até que seria bom a gente se livrar dele." (Frei Boff, Pelos pobres, contra a pobreza, p. 54)


IIª Via - Prova da causalidade eficiente

Toda causa é anterior a seu efeito. Para uma coisa ser causa de si mesma teria de ser anterior a si mesma. Por isso neste mundo sensível, não há coisa alguma que seja causa de si mesma. Além disso, vemos que há no mundo uma ordem determinada de causas eficientes.

Assim, numa série definida de causas e efeitos, o resfriado é causado pela chuva, que é causada pela evaporação, que é causada pelo calor, que é causado pelo Sol. No mundo sensível, as causas eficientes se concatenam às outras, formando uma série em que umas se subordinam às outras: A primeira, causa as intermediárias e estas causam a última. Desse modo, se for supressa uma causa, fica supresso o seu efeito. Supressa a primeira, não haverá as intermediárias e tampouco haverá então a última.

Se a série de causas concatenadas fosse indefinida, não existiria causa eficiente primeira, nem causas intermediárias, efeitos dela, e nada existiria. ora, isto é evidentemente falso, pois as coisas existem. Por conseguinte, a série de causas eficientes tem que ser definida. Existe então uma causa primeira que tudo causou e que não foi causada.

Deus é a causa das causas não causada. Esta prova foi descoberta por Sócrates que morreu dizendo: "Causa das causas, tem pena de mim". A negação da Causa primeira leva à ciência materialista a contradizer a si mesma, pois ela concede que tudo tem causa, mas nega que haja uma causa do universo.

O famoso físico inglês Stephen Hawkins em sua obra "Breve História do Tempo" reconheceu que a teoria do Big-Bang (grande explosão que deu origem ao universo, ordenando-o e não causando desordem, como toda explosão faz devido a Lei da entropia) exige um ser criador. Hawkins admitiu ainda que o universo é feito como uma mensagem enviada para o homem. Ora, isto supõe um remetente da mensagem. Ele, porém, confessa que a ciência não pode admitir um criador e parte então para uma teoria gnóstica para explicar o mundo.

O mesmo faz o materialismo marxista. Negando que haja Deus criador do universo, o marxismo se vê obrigado a transferir para a matéria as qualidades da Causa primeira e afirmar, contra toda a razão e experiência, que a matéria é eterna, infinita e onipotente. Para Marx, a matéria é a Causa das causas não causada.


IIIª Via - Prova da contingência

Na natureza, há coisas que podem existir ou não existir. Há seres que se produzem e seres que se destroem. Estes seres, portanto, começam a existir ou deixam de existir. Os entes que têm possibilidade de existir ou de não existir são chamados de entes contingentes. Neles, a existência é distinta da sua essência, assim o ato é distinto da potência. Ora, entes que têm a possibilidade de não existir, de não ser, houve tempo em que não existiam, pois é impossível que tenham sempre existido.

Se todos os entes que vemos na natureza têm a possibilidade de não ser, houve tempo em que nenhum desses entes existia. Porém, se nada existia, nada existiria hoje, porque aquilo que não existe não pode passar a existir por si mesmo. O que existe só pode começar a existir em virtude de um outro ente já existente. Se nada existia, nada existiria também agora. O que é evidentemente falso, visto que as coisas contingentes agora existem.

Por conseguinte, é falso que nada existia. Alguma coisa devia necessariamente existir para dar, depois, existência aos entes contingentes. Este ser necessário ou tem em si mesmo a razão de sua existência ou a tem de outro.

Se sua necessidade dependesse de outro, formar-se-ia uma série indefinida de necessidades, o que, como já vimos é impossível. Logo, este ser tem a razão de sua necessidade em si mesmo. Ele é o causador da existência dos demais entes. Esse único ser absolutamente necessário - que tem a existência necessariamente - tem que ter existido sempre. Nele, a existência se identifica com a essência. Ele é o ser necessário em virtude do qual os seres contingentes tem existência. Este ser necessário é Deus.


IVª Via - Dos graus de perfeição dos entes

Vemos que nos entes, uns são melhores, mais nobres, mais verdadeiros ou mais belos que outros. Constatamos que os entes possuem qualidades em graus diversos. Assim, dizemos que o Rio de Janeiro é mais belo que Carapicuíba. Nessa proposição, há três termos: Rio de Janeiro, Carapicuíba e Beleza da qual o Rio de Janeiro participa mais ou está mais próximo. Porque só se pode dizer que alguma coisa é mais que outra, com relação a certa perfeição, conforme sua maior proximidade, participação ou semelhança com o máximo dessa perfeição.

Portanto, tem que existir a Verdade absoluta, a Beleza absoluta, o Bem absoluto, a Nobreza absoluta, etc. Todas essas perfeições em grau máximo e absoluto coincidem em um único ser, porque, conforme diz Aristóteles, a Verdade máxima é a máxima entidade. O Bem máximo é também o ente máximo.

Ora, aquilo que é máximo em qualquer gênero é causa de tudo o que existe nesse gênero. Por exemplo, o fogo que tem o máximo calor, é causa de toda quentura, conforme diz Aristóteles. Há, portanto, algo que é para todas as coisas a causa de seu ser, de sua bondade, de sua verdade e de todas as suas perfeições. E a isto chamamos Deus.

Por esta prova se vê bem que a ordem hierárquica do universo é reveladora de Deus, permitindo conhecer sua existência, assim como conhecer suas perfeições. É o que diz São Paulo na Epístola aos Romanos (I, 19). E também é por isso que Deus, ao criar cada coisa dizia que ela era boa, como se lê no Gêneses ( I ). Mas quando a Escritura termina o relato da criação, diz que Deus, ao contemplar tudo quanto havia feito, viu que o conjunto da criação era "valde bona", isto é, ótimo.

Pois bem, se cada parcela foi dita apenas boa por Deus como se pode dizer que o total é ótimo? O total deve ter a mesma natureza das parcelas, e portanto o total de parcelas boas devia ser dito simplesmente bom e não ótimo. São Tomás explica essa questão na Suma contra Gentiles. Diz ele que o total foi declarado ótimo porque, além da bondade das partes havia a sua ordenação hierárquica. É essa ordem do universo que o torna ótimo, pois a ordem revela a Sabedoria do Ordenador. Por aí se vê que o comunismo, ao defender a igualdade como um bem em si, odeia a ordem, imagem da Sabedoria de Deus. Odiando a imagem de Deus, o comunismo odeia o próprio Deus, porque quem odeia a imagem odeia o ser por ela representado. Nesse ódio está a raiz do ateísmo marxista e de sua tendência gnóstica.


Vª Via - Prova da existência de Deus pelo governo do mundo

Verificamos que os entes irracionais obram sempre com um fim. Comprova-se isto observando que sempre, ou quase sempre, agem da mesma maneira para conseguir o que mais lhes convém.

Daí se compreende que eles não buscam o seu fim agindo por acaso, mas sim intencionalmente. Aquilo que não possui conhecimento só tende a um fim se é dirigido por alguém que entende e conhece. Por exemplo, uma flecha não pode por si buscar o alvo. Ela tem que ser dirigida para o alvo pelo arqueiro. De si, a flecha é cega. Se vemos flechas se dirigirem para um alvo, compreendemos que há um ser inteligente dirigindo-as para lá. Assim se dá com o mundo. Logo, existe um ser inteligente que dirige todas as coisas naturais a seu fim próprio. A este ser chamamos Deus.

Uma variante dessa prova tomista aparece na obra "A Gnose de Princeton". Apesar de gnóstica esta obra apresenta um argumento válido da existência de Deus.

Filmando-se em câmara lenta um jogador de bilhar dando uma tacada numa bola, para que ela bata noutra a fim de que esta corra e bata na borda, em certo ângulo, para ser encaçapada, e se depois o filme for projetado de trás para diante, ver-se-á a bola sair da caçapa e fazer o caminho inverso até bater no taco e lançar para trás o braço do jogador. Qualquer um compreende, mesmo que não conheça bilhar, que a segunda seqüência não é a verdadeira, que é absurda. Isto porque à segunda seqüência faltou a intenção, que transparece e explica a primeira seqüência de movimentos. Daí concluir com razão, a obra citada, que o mundo cego caminha - como a flecha ou como a bola de bilhar - em direção a um alvo, a um fim. Isto supõe então que há uma inteligência que o dirige para o seu fim. Há pois uma inteligência que governa o mundo. Este ser sapientíssimo é Deus.




Fonte: Fedeli, Orlando - "Existência de Deus"
MONTFORT Associação Cultural



21 de outubro de 2014

"Sínodo, evento de liberdade a serviço do mundo", diz Dom Paglia


O Sínodo Extraordinário sobre a Família concluiu-se ontem, domingo, após duas semanas de intensos trabalhos. A partir de agora, a palavra volta às Igrejas locais na espera da próxima Assembléia de 2015.

A este respeito, a Rádio Vaticano ouviu o Presidente do Pontifício Conselho para a Família, Dom Vincenzo Paglia:

Dom Paglia: “Foi, a meu ver, uma etapa importante, diria até, muito importante, pois se coloca, de fato, na perspectiva do Pontificado do Papa Francisco, que é a de obedecer ao sopro do Espírito. O debate foi muito vivo, importante, profundo, livre e não existe dúvida de que o texto final aprovado pegue pela mão todos nós bispos, também com os equilíbrios oscilantes dos votos. Certamente, porém, é uma porta aberta, que direciona o trabalho de todas as Igrejas locais em procurar responder, por um lado, à alta vocação da família e, por outro, para ajudar todas aquelas famílias que têm necessidade de apoio, para caminhar em direção a uma vida boa, uma vida bela, que é, no final das contas, aquela que deve ter a família”.

RV: Uma Igreja que tem mostrado grande liberdade no diálogo: o Papa a chamou de “parresia”, isto é, coragem, ousadia, destemor...

Dom Paglia: “Sim, houve uma liberdade em favor de todo o mundo, porque aqueles 191 bispos que enchiam a Sala do Sínodo levavam sobre as costas, nos seus corações e nos seus pensamentos, as famílias de todo o mundo, também aquelas dos não-crentes”.

RV: O Papa, no seu discurso conclusivo, falou de duas tentações: a tentação dos tradicionalistas e a tentação dos progressistas...

Dom Paglia: “Sim, de fato, são duas tentações que, no fundo, fazem permanecer parados onde se está. Eu acredito que o espírito do Papa Francisco impulsione a ir além destas categorias muito humanas, porque no final, são categorias individualistas ou de grupos particulares. A nós é pedido para comunicar a todos o Evangelho da Família, que é entendido a fazer de todo o gênero humano uma só família, aquela de Deus. Eis porque existe a necessidade de uma profecia a mais e não de lutas dentro do mesmo círculo”.

RV: Como o senhor avalia o trabalho da mídia?

Dom Paglia: “A mídia, às vezes, obedece a linhas ideológicas, a linhas muito restritas – o Espírito não suporta camisa-de-força como estas. E algumas vezes aconteceu que a imprensa pegou o braço, que havia sido estendido e o tenha puxado, distorcendo de certo modo, também os textos. Tudo isto não nos escandaliza, Sabemos que esta é a realidade. Mas aquilo que conta, é não deixar-se sujeitar pela imprensa”.

RV: Existem alguns observadores que dizem que as várias mensagens que chegaram do Sínodo, deixaram alguns fiéis confusos. O que dizer a este respeito?

Dom Paglia: “Provavelmente é também verdade. Provavelmente é também exagerado. Existe mesmo quem tem interesse em provocar tudo isto. Na verdade, quando se tem um debate, é obvio que significa que nem tudo é claro. Mas a vida da Igreja, como a de qualquer família, é feita de esclarecimentos, de perguntas, de debates e não existe dúvida que existam zonas de sombra ou zonas escuras. Mas, justamente por isto, o Senhor nos disse que devemos falar com “parresia”, sem omitirmo-nos”.

Análise: abertura vivida no Sínodo deve ser aplicada agora nas Igrejas locais


Livre, franco e inovador: estes foram alguns dos adjetivos utilizados pelos próprios padres sinodais para definir o primeiro Sínodo sob o pontificado de Francisco.

Eu poderia tranquilamente dizer que vivemos realmente uma experiência de “Sínodo”, um percurso solidário, um “caminho juntos”, disse Francisco no pronunciamento conclusivo.

As discussões acaloradas representaram por vezes tentações, que o Papa classificou em pelo menos quatro categorias: a do enrijecimento hostil, isto é, fechar-se dentro da lei; a do “bondosismo” destrutivo, que enfaixa as feridas sem antes curá-las e medicá-las; a tentação de descer da cruz para contentar as pessoas; e a tentação de negligenciar o “depositum fidei”, considerando-se seus proprietários.

Pessoalmente, ficaria muito preocupado e triste se não houvesse estas tentações e estas discussões animadas. Pelo contrário, vi e escutei discursos e pronunciamentos repletos de fé, de zelo pastoral e doutrinal, de sabedoria, de franqueza, de coragem. Agora temos ainda um ano para amadurecer, com verdadeiro discernimento espiritual, as ideias propostas e encontrar soluções concretas às tantas dificuldades e inumeráveis desafios que as famílias devem enfrentar; dar respostas aos tantos desencorajamentos que circundam e sufocam as famílias, prosseguiu.

Nessas duas semanas de Sínodo, o Programa Brasileiro entrevistou diariamente os representantes brasileiros. Agora, abrimos espaço para um representante lusófono: o Presidente da Conferência Episcopal de Angola e do Simpósio das Conferências Episcopais de África e Madagáscar, Dom Gabriel Mbilingi.

Para o Arcebispo do Lubango, um conceito que cada vez mais ganha espaço é o de pensar a Igreja como família de famílias. Portanto, o conceito de “família alargada”, próprio do continente africano.

Dom Mbilingi também reconhece que houve certa dificuldade durante os debates entre doutrina e pastoral, mas que o Sínodo abriu uma nova dinâmica de ver as coisas e responder aos problemas com uma atitude de misericórdia. E faz votos de ver essa mesma atitude nas Conferências e dioceses.



"Evolução do conceito de natureza" é tema da Plenária da Pontifícia Academia das Ciências


“Evolução do conceito de natureza” é o tema da Plenária da Pontifícia Academia das Ciências, que se realizará no Vaticano de 24 a 28 de outubro.

Este tema foi escolhido com base em pesquisas recentes sobre a evolução biológica, segundo as quais a natureza segue ativamente um progresso lento, mas constante, rumo a uma biodiversidade mais rica e sustentável.

Segundo um comunicado da Pontifícia Academia das Ciências, “o homem, no decorrer da sua evolução cultural, aprendeu a aplicar o saber científico adquirido em prol da sua vida e do meio ambiente. Para prevenir os riscos conjeturais dessas aplicações, sobretudo tecnológicas, é aconselhável se certificar que as mesmas não violam as leis da natureza”.

A finalidade da Plenária, portanto, é analisar as informações provenientes de uma vasta gama de disciplinas científicas sobre os principais conceitos de natureza. A documentação reunida poderia resultar útil para formular recomendações à Igreja e ao mundo político, como base no progresso futuro da nossa evolução cultural.

Dos membros da Pontifícia Academia das Ciências há um brasileiro, nomeado em 2012: o físico paulista Vanderlei Bagnato, que leciona na Universidade de São Paulo (USP).



Publicado programa da visita do Papa à Turquia, a realizar-se em novembro próximo


A Sala de Imprensa da Santa Sé publicou os compromissos que caracterizarão a visita apostólica que o Papa Francisco realizará à Turquia de 28 a 30 de novembro próximo.

A primeira etapa será Ancara, capital turca, aonde o Santo Padre chegará às 13:00 hs de sexta-feira, dia 28. Na mesma data, a esperada visita ao Mausoléu de Atatürk e uma série de encontros institucionais com o presidente turco e as autoridades do país.

Na manhã do dia seguinte, 29 de novembro, o Pontífice se transferirá para Istambul, onde visitará o Museu de Santa Sofia e a Mesquita Sultão Ahmet, e depois presidirá à santa missa na Catedral do Espírito Santo, seguida da Oração ecumênica na Igreja Patriarcal de São Jorge e de um encontro privado com o Patriarca ecumênico ortodoxo, Bartolomeu I.

No domingo, 30 de novembro, o Papa Francisco presidirá à Divina Liturgia na Igreja Patriarcal de São Jorge, concluída com a Bênção ecumênica e a assinatura da Declaração conjunta com o Patriarca Bartolomeu I.

O retorno para Roma terá lugar no final da tarde do mesmo dia, com chegada ao aeroporto de Ciampino prevista para as 18:00 hs 40 locais.

A presença do Papa em Istambul, dia 30 de novembro, coincide com a festa de Santo André – Patrono da Igreja de Constantinopla –, dia em que uma delegação vaticana costuma participar das celebrações do Patriarcado.

Do mesmo modo, uma representação ortodoxa participa todos os anos em Roma, em 29 de junho, da solenidade dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo. (RL)


20 de outubro de 2014

ADMINISTRAÇÃO PAROQUIAL



A autora apresenta com clareza e segurança as normas estabelecidas pela Igreja para uma correta e segura administração dos bens materiais dos quais, em seus diferentes setores, ela pode dispor. O assunto certamente reveste-se de particular importância, porque o patrimônio móvel e imóvel tem o objetivo de servir não a interesses individuais, mas às próprias finalidades da Igreja. É um indispensável instrumento de evangelização e dos serviços de caridade.

Por total descuido, omissão e despreparo, por medidas desacertadas, pela inobservância das diretrizes da prudente administração, defesa e aplicação do patrimônio, obras as mais diversas - de finalidade religiosa, educacional e caritativa, pertencentes a paróquias, dioceses, ordens e congregações - têm sofrido avultados prejuízos e perdas sem número e sem conta.

É isto o que se evitará quando se profissionalizar ao minímo a administração paroquial, organizando-a e pondo-a a serviço do bem das comunidades. E este será o resultado para aqueles que lerem e puserem em prática as medidas defendidas na obra e sobejamente demonstradas pela autora, com isenção e espírito pastoral.


» CONTEÚDO


Introdução

O regime canônico da administração paroquial
Considerações gerais
Regime canônico de ingressos
Legislação canônica patrimonial paroquial
Organização e gestão paroquial
Considerações gerais
Pressupostos organizacionais
Fundo paroquial e dízimo
Contribuinte paroquial - "dízimo"
Orçamento


» AMOSTRA


Administraçao patrimonial

a) ADMINISTRADOR

O pároco, como representante legal da paróquia, é também o administrador dos bens paroquiais (cân. 1279).

b) DEVERES DOS ADMINISTRADORES

O pároco, ao tomar posse da paróquia, deve:


Prmeter, com juramento (cân. 1199ss.) diante do Ordinário ou seu representante, que administrará exata e fielmente os bens paroquiais (cân. 1283);
Deve levantar o inventário exato e particularizado dos bens patrimoniais, de forma descritiva e com avaliação; o inventário já redigido deve ser checado (cân. 1283, 2º). Conservar uma via no arquivo da administração para ser constantemente atualizado (cân. 1283, 3º).
O pároco está obrigado a cumprir seu encargo com a diligência de um bom pai de família (cân. 1284). Deve, portanto:
Vigiar para que todos os bens confiados a seu cuidado não sofram danos ou prejuízo algum, fazendo para esse fim, se necessário, contratos de seguro (cân. 1220; 1284 § 2, 1º);
Cuidar que a propriedade dos bens eclesiásticos seja garantida de modo civilmente válido;
Cuidar que a Igreja não sofra danos pela inobservãncia das leis civis;
Observar as prescrições do direito canônico e do direito civil, ou impostas pelo fundador, pelo doador ou pela legítima autoridade;
Cobrar diligentemente e dentro do prazo os créditos e o produto dos bens, conservá-los com segurança e empregá-los adequadamente, de forma legítima ou conforme a vontade do fundador;
Pagar pontualmente os encargos tributários referente aos empréstimos obtidos ou hipotecas e providenciar a oportuna restituição do capital (antes de contrair o empréstimo cumprir o que prescreve a legislação diocesana);
Com o consentimento do Ordinário, aplicar para os fins da paróquia o crédito, que deve ser investido de forma vantajosa e segura;
Manter em boa ordem os livros contábeis, movimento de caixa e os documentos comprobatórios etc.;
Preparar a prestação de contas anual a ser apresentada ao Bispo diocesano (cân. 1287);
Organizar e arquivar devidamente os documentos comprobatórios que fundam os direitos da paróquia no que tange aos bens do ativo imobilizado principalmente, guardar cópia autêntica no arquivo da Cúria;
Elaborar a previsão orçamentária (junto com o Conselho de assuntos econômicos).
c) CONSELHO DE ASSUNTOS ECONÔMICOS (cân. 537)
Para ajudar o pároco na administração dos bens temporais da paróquia, é obrigatória a constituição de um conselho de assuntos econômicos (cân. 1280; 537; 492), o qual será presidido e dirigido pelo pároco.

Tratando-se de paróquias confiadas solidariamente a mais de um sacerdote, um deles será o moderador (cân. 517), podem constituir um fundo interparoquial e um único Conselho de assuntos econômicos para os assuntos de administração ordinária, devendo constar com clareza e de forma separada a situação patrimonial de cada uma das paróquias integrantes do dito fundo (cân. 1305). O mesmo pode ocorrer entre várias paróquias entregues a um único pároco unipessoal.

d) PREVISÃO ORÇAMENTÁRIA

Todas as paróquias devem elaborar a previsão orçamentária (cân. 1284 § 3) global. Cabendo ao conselho de assuntos econômicos, como um de seus encargos, a elaboração da previsão orçamentária das receitas e despesas (cân. 494) paroquiais.

e) AUTORIZAÇÃO ESCRITA

Os párocos necessitam de autorização escrita do Ordinário para os atos que estão fora do fim e do modo da administração ordinária (cân. 1281; 1282), por exemplo:

Para reparo de imóveis (templo, casa paroquial etc.) que exceda o teto estabelecido pela Cúria;
Para qualquer reparo em imóveis que afete sua estrutura, bem como a elementos ou objetos de valor histórico ou artístico;
Para qualquer construção nova;
Para qualquer alienação que altere o patrimônio estável da paróquia;
Para alugar ou ceder a terceiros bens da paróquia;
Para doações (cân. 1285) superiores ao teto fixado pela Cúria;
Para contratação estável de pessoal;
Para qualquer operação que possa prejudicar a situação patrimonial da paróquia. Por exemplo, subscrever créditos e hipotecas.
Os párocos necessitam de licença escrita do Ordinário para introduzir ou contestar lide diante do tribunal civil.

f) PRESTAÇÃO DE CONTAS

Os párocos estão obrigados, por ofício, a prestar contas anualmente ao Ordinário local, que se confia para exame ao Conselho de assuntos econômicos da diocese (cân. 1287). Esta prestação de contas forçosamente deve conter o balanço da situação e resultado - balanço patrimonial e demonstrativo das contas de resultado (receita e despesa) - e o relatório de atividades. Este relatório fará uma projeção global (planejamento X orçamento) do realizado e dos resultados obtidos nas atividades-fim e atividades-meio da paróquia do respectivo período findo.

O pároco fará anualmente uma prestação de contas aos fiéis, dos bens por eles oferecidos à Igreja (cân. 1287 § 2) de acordo com as normas estabelecidas pela Cúria diocesana.

O Vigário forâneo tem o direito e o dever, entre outros, de vigilância e controle permanente quanto à exatidão na escrituração e guarda dos livros paroquiais e que se administrem cuidadosamente os bens eclesiásticos (cãn. 555 § 1, 3º).

g) RELAÇÕES DE TRABALHO

O pessoal da administração e dos serviços da paróquia devem ser contratados de acordo com a lei civil (cãn. 1286) e tendo presente os princípios ensinados pela Igreja, dando-lhes a justa e honesta remuneração.


Texto retirado das páginas 38 a 40; do livro: ADMINISTRAÇÃO PAROQUIAL
Autor: Elenita Delaméa
Editora: Loyola


Não podemos nos resignar a pensar no Oriente Médio sem os cristãos, diz o Papa Francisco


O Papa Francisco pediu nesta segunda-feira que não nos resignemos à existência de um Oriente Médio sem cristãos, especialmente no Iraque e Síria, onde o Estado Islâmico (EI) está aplicando “um terrorismo de dimensões antes inimagináveis” e frente ao qual a comunidade internacional deve intervir de maneira adequada.

O Papa fez este chamado durante o Consistório do Oriente Médio, onde também foram apresentadas as causas de canonização do Beato José Vaz e da religiosa Maria Cristina da Imaculada Conceição. Participaram deste evento 86 representantes, entre cardeais, patriarcas e os Superiores da Secretaria de Estado.

O Santo Padre recordou que “temos em comum o desejo de paz e de estabilidade no Oriente Médio e a vontade de favorecer a resolução dos conflitos através do diálogo, da reconciliação e do empenho político”, assim como “dar a maior ajuda possível às comunidades cristãs para apoiar sua permanência na região”.

“Como tive a oportunidade de reiterar várias vezes, não podemos nos resignar a pensar no Oriente Médio sem os cristãos, que há dois mil anos confessam o nome de Jesus”, expressou o Papa.

Entretanto, denunciou, “os últimos acontecimentos, sobretudo no Iraque e na Síria, são muito preocupantes. Assistimos a um fenômeno de terrorismo de dimensões antes inimagináveis. Tantos nossos irmãos são perseguidos e tiveram que deixar suas casas também de maneira brutal. Parece que se perdeu a consciência do valor da vida humana, parece que a pessoa não conta e pode ser sacrificada por outros interesses. E tudo isso, infelizmente, na indiferença de tantos”.


A incrível história por trás da Humanae Vitae e a paixão de Paulo VI



O Pe. Francesco di Felice, sacerdote italiano que trabalhou na Secretaria de Estado do Vaticano durante o pontificado do Papa Paulo VI, relatou a incrível história por trás da Humanae Vitae, a encíclica que em 1968 se tornaria a mais questionada da história.

Para escrever a carta encíclica Humanae Vitae sobre a regulação da natalidade, o Papa Paulo VI recolheu o trabalho iniciado por São João XXIII que criou a “Comissão para o estudo dos problemas da população, família e natalidade” para ter uma melhor compreensão da ação dos anticoncepcionais, algo que na época não era muito conhecido.

A Comissão escreveu um relatório para o Papa Paulo VI, que vazou para os meios, e que aumentou a pressão sobre ele. Em essência, o relatório se dividia em duas partes: a opinião da maioria que apoiava a anticoncepção e a sua resposta à minoria; e a opinião da minoria que defendia que os anticoncepcionais deviam ser rejeitados de acordo com a doutrina da Igreja.

Em declarações ao Grupo ACI, o Padre Di Felice explicou que “Paulo VI tomou estes dois documentos, o da maioria e o da minoria, levou-os a sua capela privada e passou toda a noite em oração, perguntando-se o que devo escolher para o bem das almas?”.

“Então, à luz do dia, às primeiras luzes, veio-lhe como uma iluminação, uma decisão firme, como se o Espírito Santo estivesse lhe confortando, e disse: ‘Isso é o que devo escolher!’ E foi uma grande escolha, porque se nós admitíssemos o uso das pílulas que altera o mistério da vida, o curso natural se alteraria e teria sido um desastre”.

De fato, como consequência da reação, responderia que recebeu o documento a nível mundial, inclusive de teólogos importantes. O Santo Padre não voltaria a escrever uma encíclica nos 10 anos restantes de seu pontificado que terminou em 1978. Nos cinco anos anteriores tinha escrito 7 encíclicas.

Por tudo isso, o então Secretário de Estado, o Cardeal Agostino Casaroli, diria, que “na manhã de 25 de julho de 1968 Paulo VI celebrou a Missa do Espírito Santo, pediu a luz do Alto e assinou: assinou a sua assinatura mais difícil, uma das suas assinaturas mais gloriosas. Assinou a sua própria paixão”.



“A doutrina sobre o matrimônio entre homem e mulher permanece firme”, afirma cardeal mexicano


O Presidente da Conferência Episcopal Mexicana, Cardeal Francisco Robles Ortega, recordou do Vaticano que embora a Igreja possa atender pastoralmente às pessoas com tendências homossexuais, o matrimônio religioso só pode ser celebrado entre um homem e uma mulher.

Em declarações ao Grupo ACI, explicou que “a doutrina permanece firme sobre o matrimônio de um homem e de uma mulher de maneira indissolúvel, mas a Igreja tem o dever de atender pastoralmente às pessoas que têm esta tendência, atende-las como pessoas que são, como membros da Igreja, como filhos de Deus, e acolhê-las no seio da Igreja”.

O Arcebispo de Guadalajara reiterou que “a indissolubilidade do matrimônio é um princípio invariável para a Igreja, posto que Cristo nosso Senhor o fundou assim, indissolúvel”.

O Cardeal Robles fez estas declarações em Roma onde participou do Sínodo Extraordinário dos Bispos para a Família, junto com 191 padres sinodais nas discussões para a elaboração da Relatio Synodi, o documento que servirá como instrumentum laboris (documento de trabalho), para preparar o Sínodo Ordinário de 2015, cujo tema será “A vocação e a missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo”.

Em referência aos cuidados pastorais que a Igreja deve seguir para cuidar e guiar as famílias para Deus, o Cardeal Ortega expressou que “a família tem uma importância transcendente, não só para o México ou para uma determinada nação, mas para a mesma humanidade. É um verdadeiro patrimônio e fundamento da sociedade”.

“Felizmente na América Latina, a instituição familiar ainda está muito bem instalada na mente, no carinho e na vontade das pessoas, apesar dos embates que também sofre a família em todo mundo, mas é um valor muito querido e apreciado, e há muito que fazer para sustentá-la, fortalecê-la, e defende-la”, acrescentou.

Por último o Cardeal mexicano explicou que a sua contribuição ao Sínodo Extraordinário esteve centrada no tema da necessidade de melhorar a formação prévia para o matrimônio. “Devemos acentuar o processo de preparação para o matrimônio, para que se assuma como um compromisso de fé, um compromisso para toda a vida, e que se construa assim o fundamento de uma família estável e de muito bem para a sociedade”, concluiu.



Propostas de comunhão aos divorciados em nova união e de aceitação do homossexualismo foram rejeitadas na votação do Sínodo



O Sínodo Extraordinário dos Bispos divulgou neste sábado o documento final que contém as conclusões dos debates dos padres sinodais no Vaticano. No texto, os prelados agradecem a fidelidade das famílias do mundo que são “a escola da humanidade” a qual a Igreja alenta e acompanha. Diferente do primeiro texto que causou controvérsia por uma má tradução, este documento permite uma visão mais clara e ampla do que os prelados analisaram durante estas duas semanas.

O relatório final do Sínodo foi votado parágrafo a parágrafo pelos bispos, e, por decisão do Papa, o resultado de cada votação foi publicado, proporcionando assim um olhar ao pensamento dos Padres Sinodais.

Embora todos os números tenham obtido a maioria dos votos, nem todos alcançaram a “maioria qualificada” de dois terços, que, de acordo às normas do Sínodo, são necessárias para afirmar que o Sínodo aprovou oficialmente um parágrafo.

Sendo os Padres Sinodais votantes 181 (de 193), a maioria é 93, enquanto que a maioria qualificada se alcança com 123 votos.

Na conferência de imprensa, o Pe. Federico Lombardi, diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, destacou que “este Sínodo foi apenas um passo em vista ao próximo Sínodo da Família” e, por esta razão, “os parágrafos que não conseguiram a assim chamada ‘maioria qualificada’ não podem ser considerados como desprezados, mas principalmente como parágrafos que não são o suficientemente maduros para obter um amplo consenso da assembleia”.

Um olhar geral ao relatório final

O relatório final está dividido em três partes, cujos títulos são “A escuta: O contexto e os desafios na família”; “O olhar de Cristo: O evangelho da família”; “A aplicação: Perspectivas pastorais”.

Os 62 parágrafos do documento citam muitas vezes o Evangelho e as Sagradas Escrituras, que era o que faltava na “Relatio post disceptationem”, de acordo às críticas nos círculos menores.

Outro resultado das sugestões dos círculos menores é a constante referência aos testemunhos positivos que o modo de vida e as famílias cristãs podem dar à sociedade atual.

A forte postura contra organizações internacionais que condicionam as ajudas financeiras para a introdução de leis a favor do “matrimônio” homossexual foi esclarecida e destacada em um parágrafo específico, enquanto que, no relatório intermediário, estava em um parágrafo amplo.

À primeira vista, todas as preocupações expressas pelos círculos menores foram levadas em consideração.

O Pe. Federico Lombardi indicou que “houve 470 propostas de modificação” ao relatório intermediário, por parte dos círculos menores.

Os divorciados em nova união. Consideração pastoral, mas alguns pontos por esclarecer

Devido a que os parágrafos referentes aos divorciados em nova união e os homossexuais foram os mais controversos e impugnados do relatório intermediário, os parágrafos sobre esses temas, no relatório final, foram ligeiramente modificados, embora ainda assim não tenham conseguido um amplo consenso.

No que se refere aos divorciados em nova união, quase todos os Padres Sinodais estiveram de acordo em que “a pastoral da caridade e misericórdia tende à recuperação das pessoas e da relação” e que cada família deve ser escutada com respeito e amor.

O consenso é ligeiramente menor quando o documento assinala que “os Padres Sinodais recomendam novos caminhos pastorais, que podem começar pela realidade efetiva da fragilidade das famílias, sendo conscientes de que estas fragilidades são suportadas com sofrimento e não escolhidas com completa liberdade”.

Houve ainda menos consenso quando o relatório final falou sobre acelerar os procedimentos para a declaração de nulidade de matrimônios. Enquanto que teve um muito amplo consenso o parágrafo que assinala que “as pessoas divorciadas, mas não em nova união, que frequentemente dão testemunho de fidelidade matrimonial, devem ser alentadas a encontrar na Eucaristia o alimento que pode sustentá-los em sua condição”.

O relatório, entretanto, assinala que “um discernimento peculiar” deve ser colocado em ação para o acompanhamento pastoral dos separados, divorciados, abandonados; enfocando-se sobre a situação peculiar daqueles que devem romper a convivência por que são vítimas de violência; e destaca que os divorciados em nova união não devem se sentir “discriminados”, e que sua participação na vida da comunidade “deve ser promovida”, já que “cuidar deles não é para a comunidade cristã uma debilitação na fé e no testemunho da indissolubilidade do matrimônio”.

O parágrafo sobre o acesso à comunhão para os divorciados em nova união não alcançou o consenso dos dois terços dos Padres Sinodais, embora tenha conseguido a maioria dos votos.

O parágrafo que descreve as duas linhas do Sínodo sobre o acesso à Comunhão para os divorciados em nova união –um para a atual disciplina para o acesso aos Sacramentos para os divorciados em nova união; o outro para uma abertura, segundo determinadas condições- obteve 104 “sim” e 74 “não”.

O relatório pressiona por um “estudo mais profundo” das diferenças entre a Comunhão espiritual e sacramental, deixando assim o tema suspenso. O parágrafo obteve 112 sim e 64 não.

Também um parágrafo em relação aos casais homossexuais não obteve a maioria qualificada necessária.

O parágrafo 55 descreve a situação sobre as famílias com filhos homossexuais, e perguntou qual cuidado pastoral deve ser feito, citando também um documento da Congregação para a Doutrina da Fé sobre o projeto de reconhecimento legal das uniões homossexuais. O parágrafo foi, entretanto, considerado vago, e obteve apenas 118 sim e 62 não.

No que todos os Padres Sinodais estão de acordo: necessita-se mais educação

Há entretanto um só parágrafo que obteve o consenso por unanimidade dos Padres Sinodais, e é o parágrafo 2.

Neste, destaca-se que “apesar dos muitos sinais de crise da instituição da família nos contextos diversos da ‘aldeia global’, o desejo de uma família ainda está vivo, especialmente entre os jovens, e motiva a Igreja, perita em humanidade e fiel a sua missão, a anunciar incansavelmente e com profunda convicção, o Evangelho da Família”.

O relatório final tem uma visão bastante parecida a do relatório intermediário sobre a situação da família, mas também fixou o olhar nos testemunhos positivos de famílias, e também menciona os avós.

O relatório final também faz referência à importância da vida afetiva.

“O perigo individual e o risco de viver de forma egoísta são relevantes. O desafio da Igreja é ajudar os casais no amadurecimento de sua dimensão espiritual, e no desenvolvimento afetivo, através da promoção do diálogo, da virtude e da confiança no amor misericordioso de Deus”, lê-se no relatório final.

Em geral, os parágrafos baseados nas Sagradas Escrituras e que têm passagens de documentos do magistério tiveram amplo consenso entre os Padres.

O relatório final também enfatiza a necessidade de uma recepção positiva da “Humanae Vitae”, a encíclica de Paulo VI sobre o controle da natalidade, que ressaltou muitos aspectos positivos da vida familiar, e reafirmou a doutrina da Igreja.

A educação sempre foi um desafio prioritário, e foi destacada desde a publicação do documento de trabalho do Sínodo, e esta é a razão pela qual os dois últimos parágrafos das declarações finais se enfocam no tema.

O “desafio educativo” é um dos “desafios fundamentais das famílias”, e a Igreja “apoia as famílias, começando na iniciação cristã, através de comunidades de acolhida”.

“Hoje mais que antes, requer-se que a Igreja apoie os pais em seu compromisso educativo, acompanhando as crianças, adolescentes e jovens em seu crescimento, através de caminhos personalizados capazes de introduzi-los ao completo sentido da vida, e inspirando opções e responsabilidade, vividas à luz do Evangelho”, diz o relatório final.

Rumo a 2015

O relatório final mantém alguns pontos críticos do relatório intermediário, mas valoriza mais a experiência das famílias cristãs, e coloca em ação muitas mudanças acolhedoras.

Ainda assim, não pode ser considerado um documento definitivo. O Relatório final funcionará como “documento de trabalho” para o Sínodo dos Bispos de 2015, que é considerado a segunda parte de um único caminho sinodal sobre a família.

Só depois disso, o Papa emitirá a exortação post-sinodal, que iluminará sobre como a Igreja está chamada a enfrentar os desafios sobre a família hoje.




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