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31 de outubro de 2013

Evangelho do dia: Refletindo Evangelho de São Lucas 13,31-35

Não convém que um profeta morra fora de Jerusalém.

Naquela hora, alguns fariseus aproximaram-se e disseram a Jesus: 
'Tu deves ir embora daqui, porque Herodes quer te matar.' Jesus disse: 'Ide dizer a essa raposa: eu expulso demônios e faço curas hoje e amanhã; e no terceiro dia terminarei o meu trabalho. Entretanto, preciso caminhar hoje, amanhã e depois de amanhã, 
porque não convém que um profeta morra fora de Jerusalém. 
Jerusalém, Jerusalém! Tu que matas os profetas e apedrejas os que te foram enviados! Quantas vezes eu quis reunir teus filhos, 
como a galinha reúne os pintainhos debaixo das asas, mas tu não quiseste! Eis que vossa casa ficará abandonada. Eu vos digo: não me vereis mais, até que chegue o tempo em que vós mesmos direis: Bendito aquele que vem em nome do Senhor.' Palavra da Salvação. 

Reflexão

A ameaça de morte não faz com que Jesus se acovarde, a sua resposta é bem clara: "devo prosseguir o meu caminho, pois não convém que um profeta perece fora de Jerusalém". 
Jesus vai seguir o seu caminho até o fim porque a sua fidelidade ao Pai está acima de todas as coisas, inclusive da sua própria vida, que ele vai entregar livremente em Jerusalém para que o homem seja resgatado do reino da morte. 
O mundo não quer a vida do profeta, não quer que ele chegue a realizar a sua missão e todos os que são do mundo, religiosos ou não, não toleram a presença do profeta, embora a sua morte contribua para a salvação de todos.

30 de outubro de 2013

Evangelho do dia: Refletindo Evangelho de São Lucas 13,22-30

Virão do oriente e do ocidente, e tomarão lugar à mesa no Reino de Deus.

Naquele tempo: Jesus atravessava cidades e povoados, ensinando e prosseguindo o caminho para Jerusalém. Alguém lhe perguntou: 'Senhor, é verdade que são poucos os que se salvam?'
Jesus respondeu: 'Fazei todo esforço possível para entrar pela porta estreita. Porque eu vos digo que muitos tentarão entrar e não conseguirão. Uma vez que o dono da casa se levantar e fechar a porta, vós, do lado de fora, começareis a bater, dizendo: `Senhor, abre-nos a porta!' Ele responderá: `Não sei de onde sois.' Então começareis a dizer:
`Nós comemos e bebemos diante de ti,e tu ensinaste em nossas praças!' Ele, porém, responderá: `Não sei de onde sois. Afastai-vos de mim todos vós que praticais a injustiça!'
Ali haverá choro e ranger de dentes, quando virdes Abraão, Isaac e Jacó, junto com todos os profetas no Reino de Deus, e vós, porém, sendo lançados fora. Virão homens do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e tomarão lugar à mesa no Reino de Deus. E assim há últimos que serão primeiros, e primeiros que serão últimos.' Palavra da Salvação.

Reflexão

A porta larga que o mundo oferece para as pessoas é a busca da felicidade a partir do acúmulo de bens e de riquezas. A porta estreita é aquela dos que colocam somente em Deus a causa da própria felicidade e procuram encontrar em Deus o sentido para a sua vida. De fato, muitas pessoas falam de Deus e praticam atos religiosos, porém suas vidas são marcadas pelo interesse material, sendo que até mesmo a religião se torna um meio para o maior crescimento material, seja através da busca da projeção da própria pessoa através da instituição religiosa, seja por meio de orações que são muito mais petições relacionadas com o mundo da matéria do que um encontro pessoal com o Deus vivo e verdadeiro. Passar pela porta estreita significa assumir que Deus é o centro da nossa vida.

Halloween é condenado pelo Vaticano


Em declaração feita no ano de 2009, o Vaticano condenou o Halloween como uma festa perigosa carregada por vários elementos anticristãos.

No Brasil, observamos que algumas pessoas torcem o nariz para a comemoração do evento por entendê-lo como uma manifestação distante da nossa cultura. No fim das contas, muito se diz a respeito, mas poucos são aqueles que examinam minuciosamente os significados e origens de tal festividade.

Desde a Antiguidade, observamos que várias festividades populares eram cercadas pela valorização dos opostos que regem o mundo. Um dos mais claros exemplos disso ocorre com relação ao carnaval, que antecede toda a resignação da quaresma.
No caso do Halloween, desde muito tempo, a festividade acontece um dia antes da “festa de todos os santos” e, por isso, tem seu nome inspirado na expressão "All hallow's eve", que significa a “véspera de todos os santos”.

Pelo fato do 1° de novembro estar cercado de um valor sagrado e extremamente positivo, os celtas, antigo povo que habitava as Ilhas Britânicas, acreditavam que o mundo seria ameaçado na véspera do evento pela ação de terríveis demônios e fantasmas. Dessa forma, o “halloween” nasce como uma preocupação simbólica onde a festa cercada por figuras estranhas e bizarras teria o objetivo de afastar a influência dos maus espíritos que ameaçariam suas colheitas.

No processo de ocupação das terras europeias, os povos pagãos trouxeram esta influencia cultural em pleno processo de disseminação do cristianismo. Inicialmente, os cristãos celebravam a todos os santos no mês de maio. Contudo, por volta do século IX, a Igreja promoveu uma adaptação em que a festa sagrada fora deslocada para o 1° de novembro. Dessa forma, os bárbaros convertidos se lembrariam da festa cristã que sucederia a antiga e já costumeira celebração do halloween.

Por ter essa relação intrínseca ao mundo dos espíritos, o halloween foi logo associado à figura das bruxas e feiticeiras. Na Idade Média, elas se tornaram ainda mais recorrentes na medida em que a Inquisição perseguiu e acusou várias pessoas de exercerem a bruxaria. Da mesma forma, os mortos também se tornaram comuns nesta celebração, por não mais pertencerem a essa mesma realidade etérea.

Entre todos os desalmados, destaca-se a antiga lenda de Stingy Jack. Segundo o mito irlandês, ele teria convidado o Diabo para beber com ele no dia do Halloween.
Após se fartarem em bebida, o astuto Jack convenceu o Diabo a se transformar em uma moeda para que a conta do bar fosse paga. Contudo, ao invés de saldar a dívida, Jack pregou a moeda em um crucifixo.

Para se livrar da prisão, o Diabo aceitou um acordo em que prometia nunca importunar Jack. Dessa forma, ele foi libertado e nunca mais importunou o homem. Entretanto, Jack morreu e não foi aceito nas portas do céu por ter realizado um trato com o demônio. Ao descer para os infernos, também foi rejeitado pelo Diabo por conta do trato que possuíam. Vendo que Jack estava solitário e perdido, o demônio lhe entregou um nabo com carvão que lhe serviu de lanterna.

Ao chegarem à América do Norte, os irlandeses trouxeram a festa do Halloween para as Américas e transformaram a lanterna de Jack em uma abóbora iluminada com feições humanas. Os disfarces e máscaras, tão usadas pelos participantes da festa, seriam uma forma de evitar que fossem reconhecidos pelos espíritos que vagam neste dia.
Atualmente, as fantasias são utilizadas por crianças que batem às portas exigindo guloseimas no lugar de alguma travessura contra o proprietário da casa.

De fato, a celebração do Halloween remete a uma série de antigos valores da cultura bárbaro-cristã que se forma na Europa Medieval.
Se a celebração limitar-se a brincadeira dá para deixar passar. O fato é que pode implicitamente confirmar crendices e superstições sem as devidas explicações.

29 de outubro de 2013

Evangelho do dia: Refletindo Evangelho Lucas 13,18-21

A semente cresce, torna-se uma grande árvore.

Naquele tempo: Jesus dizia: 'A que é semelhante o Reino de Deus, e com que poderei compará-lo? Ele é como a semente de mostarda, que um homem pega e atira no seu jardim. A semente cresce, torna-se uma grande árvore, e as aves do céu fazem ninhos nos seus ramos.' Jesus disse ainda: 'Com que poderei ainda comparar o Reino de Deus? Ele é como o fermento que uma mulher pega e mistura com três porções de farinha, até que tudo fique fermentado.' Palavra da Salvação.

Reflexão

Muitas vezes falamos que o Reino de Deus é sobrenatural, mas queremos que ele se manifeste em coisas naturais grandiosas. Isto demonstra que na verdade vemos a sua grandiosidade, mas não percebemos a sua natureza, o que faz com que a grandiosidade seja vista a partir da materialidade, o que é um erro, e não a partir da grandiosidade que Deus faz a partir do pequeno, do grão de mostarda ou da levedura do fermento, ou seja, das pequenas coisas que surpreendem os que olham com o olhar da fé a realidade. Deus escolhe as coisas pequenas do mundo para revelar o Reino, e nos mostra a força do seu braço a partir das transformações que os pequenos realizam no dia a dia.

28 de outubro de 2013

Dia Nacional da Juventude

Todos os anos, a Igreja Católica dedica um dia para lembrar o papel e a importância dos jovens na continuidade da missão religiosa: o Dia Nacional da Juventude (DNJ).

Com o tema “Juventude e missão” e o lema, “Jovem: levante-se, seja fermento!”, o DNJ e lembrado em muitas dioceses do país no último domingo de outubro, portanto foi comemorando em muitos lugares ontem, domingo; em outras dioceses será no próximo domingo, dia 3 de novembro.

De acordo com o Assessor da Comissão Episcopal de Pastoral para a Juventude, Padre Antônio Ramos do Prado, SDB, conhecido pelos jovens como Padre Toninho, o DNJ deste ano tem a intenção de fazer com que a juventude reflita sobre o tema da Campanha da Fraternidade 2013 e a realidade em que vivem.

“A proposta do DNJ é celebrar a caminhada da vida e ações de evangelização que os jovens realizaram ao longo do ano. O segundo enfoque é que durante os meses de setembro, outubro e novembro os jovens se reúnam em torno do subsídio para aprofundar uma temática (a maioria das temáticas estão ligadas a Campanha da Fraternidade)”, afirmou.

O Assessor da Comissão Pastoral para Juventude acrescentou, ainda, que nesse ano a temática está mais ligada a dimensão missionária: “Os jovens são convidados a realizar missões populares nas paróquias, presídios, escolas, hospitais, etc.”.

No Rio de Janeiro, seu foi sede da JMJ no último mês de julho a DNJ será comemorado no próximo fim de semana. Na cidade maravilhosa o dia contará com momentos de oração, celebração eucarística presidida por Dom Orani Tempesta, muita música, Adoração Eucarística, pregação e testemunhos de jovens missionários. Este ano uma Feira Missionária será montada durante o evento, movimentos, novas comunidades e pastorais divulgarão seus trabalhos missionários para a juventude, para que cada jovem possa conhecer as distintas realidades. A juventude também encontrará espaços para aconselhamento e confissões.

Sobre as atividades que envolvem a juventude no Rio, após a JMJ, eis o que nos disse o Arcebispo do Rio, Dom Orani João Tempesta. (SP)

Angelus: Papa confia famílias do mundo inteiro a Maria, sobretudo as que se encontram em dificuldades

Pouco antes do término da missa celebrada na manhã deste domingo no adro da Basílica Vaticana, Francisco fez uma oração diante do ícone da Sagrada Família:

"Sagrada Família de Nazaré, dai-nos o olhar límpido que sabe reconhecer a obra da Providência nas realidades cotidianas da vida (...), transformai as nossas famílias em pequenas Igrejas domésticas, renovai o desejo da santidade, sustentai a nobre fadiga do trabalho, da educação, da escuta, da recíproca compreensão e do perdão"...

"Santa Família de Nazaré, despertai em nossa sociedade a consciência do caráter sagrado e inviolável da família, bem inestimável e insubstituível. Que toda família seja morada acolhedora de bondade e de paz."

E antes da oração mariana do Angelus, recitada no adro da Basílica, o Santo Padre saudou e agradeceu a todos os peregrinos e às famílias provenientes de vários países. Para elas e, de modo particular, para as famílias que vivem situações de maiores dificuldades, invocou a proteção de Maria.

Enfim, saudou os bispos e fiéis da República da Guiné Equatorial, presentes por ocasião da ratificação do Acordo entre o Estado africano e a Santa Sé.

"Que a Virgem Imaculada proteja o vosso amado povo e obtenha para vós progredir no caminho da concórdia e da justiça."

Ao concluir, antes de desejar a todos um bom domingo e bom almoço, agradeceu pela festa de sábado à tarde e pela missa desta manhã no adro da Basílica de São Pedro. (RL)

Jesus continua intercedendo por nós, mostrando ao Pai as suas chagas. Papa Francisco na homilia da missa da manhã.

Jesus continua a rezar e a interceder por nós, mostrando ao Pai o preço da nossa salvação, ou seja, as suas chagas. Foi o que disse o Papa Francisco na homilia da Missa que ele celebra todas as manhãs na sua residência.

O centro da homilia foi o trecho em que Jesus passa toda a noite rezando ao Pai antes de escolher os doze Apóstolos. “Jesus organiza o seu time – destacou o Papa – e logo depois é cercado por uma grande multidão que veio para ouvi-lo e ser curada. São as três relações de Jesus, observa o Pontífice: com o Pai, com os seus Apóstolos e com as pessoas. E Cristo reza ainda hoje:

Ele é o intercessor, aquele que reza e pede a Deus conosco e diante de nós. Jesus nos salvou, somos justos graças a Ele. Agora Ele se foi, mas reza. Jesus não é um espírito! Jesus é uma pessoa, é um homem, com carne como a nossa, mas na glória. Jesus tem suas chagas nas mãos, nos pés, e quando reza mostra ao Pai o preço da salvação.

Num primeiro momento, explicou Francisco, Cristo fez a redenção, nos salvou. Agora, Jesus intercede e reza por nós. “Penso no que Pedro sentiu quando o renegou e depois Jesus olhou para ele e chorou. Ele sentiu que Jesus tinha rezado por ele e por isso se arrependeu. “Nós, irmãos, devemos rezar uns pelos outros”, disse o Papa, exortando todos nós a pedirmos a intercessão de Cristo:

Ele reza por mim; Ele reza por todos nós e reza corajosamente porque mostra ao Pai o preço da nossa salvação: as suas chagas. Pensemos nisso e agradeçamos ao Senhor. Agradeçamos por ter um irmão que reza conosco, por nós, que intercede por nós. E falemos com Jesus, dizendo:
‘Senhor, Tu és o intercessor, me salvastes, me justificastes. Mas agora, reza por mim’. E confiemos os nossos problemas, a nossa vida, tantas coisas, para que Ele os leve ao Pai.

Rezar juntos, em família, é muito bonito e dá muita força! Papa Francisco


Mais de cem mil pessoas participaram da missa presidida pelo Santo Padre na Jornada da Família, iniciativa que se insere no âmbito do Ano da Fé.

Em sua homilia, o Pontífice ressaltou que as Leituras deste XXX Domingo do Tempo Comum "nos convidam a meditar sobre algumas características fundamentais da família cristã".

O Papa Francisco fez a sua reflexão em três pontos, desenvolvendo-a justamente a partir destas características fundamentais: a família que reza; a família conserva a fé; e a família que vive a alegria.

Na primeira (a família que reza), frisou que o trecho do Evangelho evidencia dois modos de rezar, um falso – o do fariseu – e outro autêntico – o do publicano.

"O fariseu encarna uma atitude que não expressa o rendimento de graças a Deus por seus benefícios e a sua misericórdia, mas a satisfação de si próprio", observou o Pontífice. O fariseu se sente justo, se orgulha disso "e julga os outros do alto de seu pedestal".

O publicano, pelo contrário, não multiplica as palavras. "A sua oração é humilde, sóbria, permeada pela consciência da própria indignidade, da própria miséria: este homem – observou o Papa – realmente se reconhece necessitado do perdão de Deus, da misericórdia de Deus."

A oração do publicano, acrescentou, "é a oração do pobre, é a oração que agrada a Deus que, como diz a primeira Leitura, 'chega às nuvens'", enquanto a do fariseu é ofuscada pela vaidade.

O Papa prosseguiu perguntando às famílias se elas rezam em família, aconselhando-as a fazerem-no, com humildade, deixando-se olhar pelo Senhor e pedindo a sua bondade, que venha a nós.

"É também questão de humildade, disse, reconhecer que precisamos de Deus, como o publicano!"

"E todas as famílias precisamos de Deus: todas, todas! Necessidade de sua ajuda, de sua força, de sua bênção, de sua misericórdia, de seu perdão. É preciso simplicidade: para rezar em família é preciso simplicidade! Rezar juntos o "Pai-Nosso", em torno da mesa, não é uma coisa extraordinária: é fácil. E rezar junto o Terço, em família, é muito bonito, dá muita força!"

Da segunda Leitura o Santo Padre extraiu a segunda característica fundamental da família cristã: a família conserva a fé. O Apóstolo Paulo, frisou o Papa, no fim de sua vida, faz um balanço fundamental, e diz: "Conservei a fé" (2 Tm 4,7). Mas como a conservou? – perguntou Francisco.

"Não numa caixa-forte! Não a escondeu debaixo da terra, como aquele servo um pouco preguiçoso. São Paulo compara a sua vida a uma batalha e a uma corrida. Conservou a fé porque não se limitou a defendê-la, mas a anunciou, irradiou, levou-a para longe".

Opôs-se decididamente àqueles que queriam conservar, "embalsamar" a mensagem de Cristo nos confins da Palestina, acrescentou.

"Por isso fez escolhas corajosas, foi a territórios hostis, deixou-se provocar pelos distantes, por culturas diferentes, falou francamente sem medo. São Paulo conservou a fé porque, como a recebeu, a doou, embrenhando-se nas periferias, sem entrincheirar-se em posições defensivas."

Também neste ponto, disse o Papa, podemos perguntar-nos: de que modo nós, em família, conservamos a nossa fé?

"Conservamos para nós, em nossa família, como um bem privado, como uma conta no banco, ou sabemos partilhá-la com o testemunho, com o acolhimento, com a abertura aos outros?"

Francisco reconheceu que todos sabemos que as famílias, especialmente as famílias jovens, estão comumente "na correria", muito ocupadas; "mas algumas vezes já pensaram que essa "correria" pode ser também a corrida da fé? – perguntou. As famílias cristãs são famílias missionárias, disse, lembrando o encontro do dia anterior na Praça São Pedro em que se ouviu o testemunho de família missionárias.

"São missionárias também na vida de todos os dias, fazendo as coisas de todos os dias, colocando em tudo o sal e o fermento da fé! Conservar a fé em famílias e colocar o sal e o fermento da fé nas coisas de todos os dias", reiterou.

Por fim, o Papa falou sobre o último aspecto: a família que vive a alegria. A esse ponto, Francisco dirigiu a todos uma pergunta, pedindo que cada um respondesse a si mesmo. "Como vai a alegria em sua casa? Como vai a alegria em sua família?"

"Caras famílias, vocês bem o sabem: a alegria verdadeira que se tem na família não é algo de superficial, não vem das coisas, das circunstâncias favoráveis... a alegria verdadeira vem de uma harmonia profunda entre as pessoas, que todos sentem no coração, e que nos faz sentir a beleza de estar juntos, de suster-nos reciprocamente no caminho da vida. Mas na base desse sentimento de alegria profunda está a presença de Deus, a presença de Deus na família, do seu amor acolhedor, misericordioso, respeitoso para com todos. E, sobretudo, um amor paciente: a paciência é uma virtude de Deus e nos ensina, em família, a ter esse amor paciente, um com o outro. Ter paciência entre nós. Amor paciente."

Somente Deus sabe criar a harmonia das diferenças. Se falta o amor de Deus, também a família perde a harmonia, prevalecem os individualismos, e a alegria se esvai. Ao invés, "a família que vive a alegria da fé, a comunica espontaneamente, é sal da terra e luz do mundo, é fermento para toda a sociedade", observou o Papa.

O Santo Padre concluiu com uma premente exortação:
"Caras famílias, vivam sempre com fé e simplicidade, como a santa Família de Nazaré. A alegria e a paz do Senhor estejam sempre com vocês!" (RL)

Refletindo o Evangelho São Lucas 6,12-19

Passou a noite toda em oração. Escolheu doze dentre os discípulos, aos quais deu o nome de apóstolos.

Naqueles dias, Jesus foi à montanha para rezar. E passou a noite toda em oração a Deus. Ao amanhecer, chamou seus discípulos e escolheu doze dentre eles, aos quais deu o nome de apóstolos: Simão, a quem impôs o nome de Pedro, e seu irmão André; Tiago e João; Filipe e Bartolomeu; Mateus e Tomé; Tiago, filho de Alfeu, e Simão, chamado Zelota; Judas, filho de Tiago, e Judas Iscariotes, aquele que se tornou traidor. Jesus desceu da montanha com eles e parou num lugar plano. Ali estavam muitos dos seus discípulos e grande multidão de gente de toda a Judéia e de Jerusalém, do litoral de Tiro e Sidônia. Vieram para ouvir Jesus e serem curados de suas doenças. E aqueles que estavam atormentados por espíritos maus também foram curados. A multidão toda procurava tocar em Jesus, porque uma força saía dele, e curava a todos. Palavra da Salvação. 

Refletindo

Jesus não quis realizar sozinho a obra do Reino, mas chamou apóstolos e discípulos para serem seus colaboradores. Nós, ao contrário, muitas vezes queremos fazer tudo sozinhos e afirmamos que os outros mais atrapalham que ajudam. 
Com isso, negamos a principal característica da obra evangelizadora que é a sua dimensão comunitário-participativa, além de nos fazermos auto-suficientes, perfeccionistas e maquiavélicos, pois em nome do resultado do trabalho evangelizador, excluímos os próprios evangelizadores, fazendo com que os fins justifiquem os meios e vivendo a mentalidade do mundo moderno da política de resultados, isto porque muitas vezes não somos evangelizadores, mas adoradores de nós mesmos.

25 de outubro de 2013

História de Frei Galvão

Frei Galvão, o padroeiro dos engenheiros, arquitetos e construtores, nasceu no dia 10 de maio de 1739 na vila de Santo Antônio de Guaratinguetá, atual Guaratinguetá, no vale do Paraíba. A vila estava na região chamada Capitania de São Paulo, hoje, Estado de São Paulo. Galvão era o quarto de dez filhos de uma família muito religiosa, rica e nobre.  Seu pai, Antônio Galvão de França, português, era o capitão-mor (prefeito) da vila, comerciante, pertencia à Ordem Terceira Franciscana e era famoso por sua generosidade. A mãe de Antônio Galvão era Isabel Leite de Barros, mulher generosa, filha de fazendeiros e descendente da família do bandeirante Fernão Dias.
Frei Galvão, uma infância de estudos

Galvão viveu até os 13 anos na casa de sua família em Guaratinguetá, SP. Quando atingiu está idade foi enviado pelos pais ao seminário jesuíta Colégio de Belém, em Cachoeira, na Bahia, para estudar ciências humanas. No mesmo seminário já estava o irmão de Frei Galvão, José, de 19 anos. Galvão estudou no seminário de 1752 a 1756. Onde, progrediu nos estudos, especialmente na construção civil e na prática cristã.

A perda da mãe

Em 1755, recebeu a notícia da morte prematura de sua mãe. Este fato fez com ele assumisse Santa Ana (Santana), de quem era devoto, como mãe espiritual. Tanto que seu futuro nome de religioso será “Frei Antônio de Santana Galvão”. Ele queria ser jesuíta, mas as perseguições contra os jesuítas instaurada pelo Marquês de Pombal,  obrigaram-no a seguir o conselho do pai e se tornar franciscano, no convento de Macacu, em Itaboraí, Rio de Janeiro.
Ordenação e transferência

Em 11 de julho de 1762, frei Galvão foi ordenado sacerdote e transferido para o Convento de São Francisco na cidade de São Paulo. Lá, ele continuou os estudos de filosofia e teologia. Em 1768, foi nomeado confessor, pregador e porteiro do convento. Era um cargo importante na época. Frei Galvão se destacou nesse cargo de tal forma que a Câmara Municipal lhe deu o título de o "novo esplendor do Convento".

Capacidade artística e intelectual

Em 1770, foi convidado para ser membro da Academia Paulistana de Letras. Isso porque ele compunha peças poéticas em latim, odes, ritmos e epigramas. Suas composições foram sempre bem metrificadas e cheias de profundo sentimento religioso e patriótico.
Um pedido que mudou a vida de Frei Galvão

Entre 1769 e 1770, Frei Galvão recebeu a missão de ser confessor no Recolhimento de Santa Teresa, um tipo de convento que abrigava devotas de Santa Teresa de Ávila, em São Paulo. Lá, ele conheceu a Irmã Helena Maria do Espírito Santo, uma freira penitente que dizia receber um pedido de Jesus: a fundação de um novo Recolhimento. Galvão estudou essas mensagens, consultou outros teólogos que as reconheceram como verdadeiras e sobrenaturais.

A grande obra da vida de Frei Galvão

Num tempo em que construções de conventos de ordens religiosas e até de igrejas estavam proibidas em todo o império pelo marquês de Pombal, Frei Galvão assumiu as consequências e fundou o novo Recolhimento, chamado Recolhimento Nossa Senhora da Luz. A fundação foi em 2 de fevereiro de 1774. A identidade espiritual da nova fundação era baseada na Ordem da Imaculada Conceição.  Frei Galvão escreveu os estatutos, as regras e deu todo o amparo necessário para que o pequeno recolhimento se tornasse, de fato, uma congregação religiosa.
Um casebre dá origem ao bairro da Luz

Irmã Helena e mais duas jovens vocacionadas foram morar no recolhimento. O Recolhimento, porém, nada mais era do que um casebre afastado da cidade, no meio do mato. Este local é, hoje, o mesmo onde hoje está o Mosteiro da Luz, construído por Frei Galvão. Ali, por causa da construção, iniciou-se o Bairro da Luz na cidade de São Paulo.

Reviravolta na história

Aos poucos, outras jovens vocacionadas foram entrando no Recolhimento, confirmando a profecia de Irmã Helena. Quando o Recolhimento tinha pouco mais de um ano, um fato surpreendente mudaria todo o rumo da história: Irmã Helena faleceu repentinamente em 23 de fevereiro de 1775. Por isso, Frei Galvão se viu obrigado a se tornar o novo diretor do instituto, e novo líder espiritual das irmãs. Nisso, um grande número de moças vocacionadas começaram a vir para o Recolhimento.
Frei Galvão, padroeiro dos construtores, engenheiros e arquitetos

Aos poucos, não havia mais lugar para acomodá-las com dignidade no casebre. Por isso, Frei Galvão, usando das habilidades que aprendera com os Jesuítas, projetou e começou a construir o Mosteiro da Luz. No começo, ele e as irmãs trabalhavam na obra. Depois, os pais das irmãs do recolhimento começaram a enviar escravos e dinheiro para ajudarem na construção. O povo, vendo a grandeza da obra, começou a ajudar com mantimentos, alimentos para todos e materiais de construção.

Perseguição

Um governador novo, porém, chegou a São Paulo e quis por a ordem do Marquês de Pombal em prática mandando fechar o recolhimento. Frei Galvão obedeceu, mas as irmãs se recusaram a sair do Recolhimento. O governador, então, começou a agir com violência enviando tropas e ameaçando destruir tudo. Mas o povo se revoltou e o governador teve que ceder. Assim, Frei Galvão voltou a liderar a construção e o Recolhimento. O povo queria o Mosteiro da Luz. A construção demorou 28 anos e, como foi dito, deu origem ao Bairro da Luz em São Paulo.
Prisioneiro da cidade de São Paulo

Mais tarde, o Capitão-Mor de São Paulo sentenciou um soldado à morte pelo fato de este ter ofendido levemente a seu filho. Frei Galvão não aceitando a punição, defendeu o soldado e por consequência foi preso. Mas o povo, as irmãs e o Bispo de São Paulo, Dom Manuel da Ressurreição, recorreram ao superior provincial, escrevendo-lhe que "nenhum dos habitantes desta cidade será capaz de suportar a ausência deste religioso por um único momento". Depois, em 1781, Frei Galvão foi nomeado mestre de noviços em Macacu e em 1798 assume o cargo de guardião do Convento de São Francisco.

Pílulas de Frei Galvão e sua origem

Certa ocasião Frei Galvão foi a Guaratinguetá para pedir recursos para a construção do Mosteiro da Luz. Terminada sua missão, tinha que regressar por causa de compromissos no convento. Nisso, alguns homens vieram pedir que ele fosse até uma fazenda distante rezar por um amigo deles que estava padecendo com uma pedra no rim há dias. O homem estava quase para morrer de dor. Impossibilitado de ir até lá, Frei Galvão teve uma inspiração: escreveu num pedacinho de papel uma frase do ofício de Nossa Senhora: “Depois do parto, ó Virgem, permaneceste intacta: Mãe de Deus, intercedei por nós”. Frei Galvão embrulhou o papelzinho em forma de pílula e deu aos amigos do doente dizendo que ele tomasse aquilo em clima de oração, rezando o terço de Nossa Senhora. Mais tarde, espalhou-se a notícia da cura daquele doente.

Tempos depois, o Frei foi procurado por um homem aflito. Sua esposa estava em trabalho de parto há quase um dia e corria risco de morte. O religioso fez três pílulas e deu ao homem com as mesmas recomendações. O homem levou as pílulas para a esposa, que as tomou e conseguiu dar à luz um filho com saúde. Daí em diante, a fama das pílulas de Frei Galvão se espalhou. O povo começou a procurá-las de tal maneira, que ele teve que pedir às irmãs do Recolhimento que produzissem as pílulas. Depois, ele as abençoava e as irmãs distribuíam para o povo. Desde esse tempo, há inúmeros relatos de graças alcançadas através das Pílulas de Frei Galvão.

Outras fundações de Frei Galvão

Em 1811, Frei Galvão fundou o Convento de Santa Clara em Sorocaba. Onze meses depois, voltou para o Convento de São Francisco, em São Paulo. Nos últimos anos de sua vida, já sentindo dificuldade de caminhar do convento franciscano onde morava até o Mosteiro da Luz para orientar as irmãs e atender o povo, Frei Galvão conseguiu permissão do Bispo Mateus de Abreu Pereira e de seu tutor para ficar no Mosteiro que ajudara a criar e que era sua vida. Ali, Frei Galvão atendia o povo, orientava, aconselhava, rezava pelas pessoas e ensinava as irmãs.

Milagres de Frei Galvão em vida

Frei Galvão era um homem de muita e intensa oração. Por isso, alguns fenômenos místicos em sua vida foram presenciados por testemunhas. Fenômenos como o dom da cura, dom de ciência, bi-locação, levitação foram famosos durante sua vida, sempre em vista do bem de doentes, moribundos e necessitados.

Frei Galvão e as caridades

Embora ele sempre escondesse seus atos de caridade, quase todos eram anunciados pelas pessoas que eram beneficiadas por ele. Com muitas esmolas que ele recebia de pessoas ricas, ele pagava dívidas de pessoas presas nas mãos de agiotas e se mantinha oculto. Só depois de muito tempo os beneficiados ficavam sabendo que Frei Galvão é quem tinha ajudado.

Frei Galvão vai ao céu

Frei Galvão veio a falecer no Mosteiro da Luz em 23 de dezembro de 1822, poucos meses depois da independência do Brasil. Faleceu na graça de Deus, com fama de santidade. Uma multidão de luto veio se despedir do santo que encantou a cidade de São Paulo. Ele foi sepultado na igreja do Mosteiro da Luz. Até hoje o seu túmulo é destino de peregrinação de fiéis que vêm pedir e agradecer graças recebidas pela sua intercessão.

Reconhecimento

O Mosteiro da Luz foi declarado Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO. No local também está localizado o Museu de Arte Sacra de São Paulo, que guarda um dos mais representativos acervos do patrimônio sacro brasileiro, originalmente reunido por Dom Duarte Leopoldo e Silva, primeiro arcebispo de São Paulo.

Primeiro Santo brasileiro

Em 25 de outubro de 1998, Galvão se tornou o primeiro religioso nascido no Brasil a ser beatificado pelo Vaticano. Em 11 de maio de 2007, o Papa Bento XVI celebrou a missa de canonização de Frei Galvão em São Paulo, acompanhado por uma multidão de mais de um milhão de fiéis.

Milagres de Frei Galvão

Para ser canonizado, a Igreja exige a comprovação de dois milagres (fatos inexplicáveis pela ciência) acontecidos pela intercessão do santo. Assim, as curas de Sandra Grossi de Almeida e Daniella Cristina da Silva, acontecidas pela intercessão de Frei Galvão, são verdadeiros milagres inexplicáveis cientificamente.  Sandra Grossi possuía uma malformação uterina que impossibilita qualquer mulher de manter um feto por mais de quatro meses. Pois, em 1999, após tomar as pílulas e pedir a Frei Galvão, ela prosseguiu com a gravidez e deu à luz ao menino Enzo. Daniella Cristina da Silva, então com quatro anos de idade, sofria de uma hepatite considerada incurável pelos médicos. Após tomar as pílulas e rezar fervorosamente, ficou curada inexplicavelmente.

Como adquirir as Pílulas de frei Galvão

As pílulas podem ser adquiridas no Museu Frei Galvão em Guaratinguetá e no Mosteiro da Luz em São Paulo, cujo endereço é: AV Tiradentes, 676, Bairro Luz. CEP 01102-000 – São Paulo – SP.

Oração a Frei Galvão

Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, eu Vos adoro, louvo e Vos dou graças pelos benefícios que me fizestes. Peço-Vos, por tudo que fez e sofreu o Santo Antônio de Sant'Ana Galvão, que aumenteis em mim a fé, a esperança e a caridade, e Vos digneis conceder-me a graça que ardentemente almejo. Amém.

Oração para todos os dias da novena de Frei Galvão

A novena inicia-se sempre com o sinal da cruz e logo em seguida faz-se a intenção,o pedido ou o agradecimento. Faz-se depois a invocação: São Frei Galvão, rogai por nós!
No final de cada dia da novena, faz-se a oração a Frei Galvão, como segue:
São Frei Galvão, Deus fez em ti maravilhas e através de ti anunciou o Evangelho do amor, do acolhimento e da misericórdia para com os mais fracos e sofredores. 
Com o coração agradecido por tão grande Dom à nação brasileira, nós te pedimos: intercede por nós junto a Deus para que possamos vivenciar na comunidade eclesial, os valores evangélicos que de modo tão heróico viveste.Dá-nos a coragem e perseverança na fé e abertura ao Espírito Santo Deus, para que possamos ser sal da terra e luz do mundo. Amém.
(Pai Nosso, Ave Maria e Glória ao Pai)

Papa prestes a alcançar 10 milhões de seguidores no Twitter

Papa Francisco, com seus perfis no Twitter @Pontifex em nove idiomas deve alcançar os 10 milhões de seguidores neste fim de semana. Quantia impulsionada pela chegada de milhares de famílias que, neste sábado e domingo, em peregrinação à Tomba de São Pedro, terão dois dias de encontro com o Papa.

Até esta sexta-feira, os perfis reuniam 9 milhões e 980 mil seguidores. O perfil em espanhol, @Pontifex_es é o que tinha o maior número de seguidores, com mais de 4 milhões, seguido daquele em inglês, @Pontifex, com mais de 3 milhões. O perfil em língua portuguesa, @Pontifex_pt, reunia mais de 830 mil seguidores.

O presidente do Pontíficio Conselho das Comunicações Sociais, Arcebispo Claudio Maria Celli, disse à RV que a coisa mais importante disso tudo "é o Papa que quer falar aos homens e às mulheres de hoje com uma linguagem que é compreensível e muito utilizada, aquela do Twitter, com 140 caracteres”.

Dom Celli citou ainda uma proporção que mostra que quando uma mensagem do Papa é retuítada, esta alcança um público possível de 60 milhões de pessoas. Sobre as limitações das mensagem em 140 caracteres, Dom Celli argumentou: “É uma linguagem muito imediata, com limitações. Mas Jesus também, no seus dizeres, usava um 'mini-tuíte'. Para entender isso podemos citar o exemplos das bem-aventuranças evangélicas: 'Bem-aventurados os pobres de espírito' contém todo o Evangelho e, ao mesmo tempo, tem menos de 140 caracteres". 

Audiência pontifícia na conclusão da Plenária da Família

Papa Francisco recebeu, na manhã desta sexta-feira, na Sala Clementina, no Vaticano, cerca de 150 participantes na XXI Assembleia Plenária do Pontifício Conselho para a Família, que se conclui, hoje, com a audiência pontifícia.

No discurso que pronunciou aos presentes, o Santo Padre se deteve sobre três pontos principais: “família, comunidade de vida, com consistência autônoma”; “família fundada no matrimônio” e “fases da vida familiar: infância e velhice”.

Falando sobre o primeiro ponto “a família é uma comunidade de vida, que tem uma sua consistência autônoma”, o Papa recordou a exortação apostólica Familiaris Consortio de JPII: “A família não é a soma de pessoas que a constituem, mas uma comunidade de pessoas”. E definiu a família:

“A família è o lugar onde se aprende a amar; é o centro natural da vida humana. Ela é composta de rostos e de pessoas que amam, dialogam, se sacrificam e defendem a vida, sobretudo a mais frágil e fraca... a família é o motor do mundo e da história”.

Na família, esclareceu o Bispo de Roma, cada um constrói a própria personalidade, cresce, respira o calor da casa; é o lugar dos nossos afetos, da nossa intimidade, de aprendizagem; nela, a pessoa toma consciência da própria dignidade, da educação cristã e dos respeito aos outros, sobretudo os enfermos e marginalizados.

Depois, o Papa Francisco apresentou o segundo ponto da sua reflexão: “a família se funda no matrimônio”. Mediante um ato de amor livre e fiel, os esposos cristãos testemunham que o matrimônio, como Sacramento, é a base sobre a qual se funda a família e torna mais sólida a união dos cônjuges e a doação recíproca.

O amor esponsal e familiar revela claramente a vocação da pessoa a amar, de modo único e constante; as provações e os sacrifícios representam uma fase de crescimento no bem, na verdade e na beleza. E o Santo Padre completou:

“No matrimônio, os esposos fazem uma doação completa de si, sem cálculos e nem reservas, compartilhando tudo, dons e renúncias, confiando na Providência divina. Eis a experiência que os jovens devem aprender de seus pais e avós: experiência de fé em Deus, de confiança recíproca, de profunda liberdade e de santidade”.

Por fim, o Pontífice expôs seu terceiro ponto de vista sobre a família: as duas fases da vida familiar: “a infância e a velhice”. As crianças e os idosos representam os dois pólos da vida, os mais vulneráveis e até esquecidos. Uma sociedade que marginaliza as pessoas idosas renega as suas raízes e obscura o seu futuro.

De fato, explicou o Papa, todas as vezes que uma sociedade abandona uma criança e exclui um idoso, comete, não apenas um ato de injustiça, mas proclama a própria falência. E acrescentou:

“A Igreja que cuida das crianças e dos anciãos se torna a mãe das gerações de fiéis e, ao mesmo tempo, presta serviço à sociedade humana. Somente assim, mediante o espírito de amor, a familiaridade e a solidariedade, pode-se ajudar todos a redescobrir a paternidade e a maternidade de Deus”.

A família, concluiu o Santo Padre, é parte importante da evangelização: os cristãos comunicam a todos a Boa Nova através do testemunho da família. E seu segredo é a presença de Jesus no seio da família humana.

Papa Francisco exortou os participantes, que concluem a Plenária do Pontifício Conselho para a Família, dizendo: “Sejamos solidários, atenciosos e afetuosos, com as famílias em dificuldade e em crise; com as obrigadas a deixar suas terras, as que estão divididas, que não têm casa ou trabalho e as sofredoras.

Enfim, o Santo Padre fez votos de que os trabalhos da Assembléia, que hoje se concluem, no Vaticano, possam contribuir para a realização do próximo Sínodo extraordinário dos Bispos, que será dedicado precisamente às famílias. (Sedoc-MT)

Homilia do Papa em Santa Marta: "Reconhecer-se pecador é uma graça"

O Santo Padre celebrou, na manhã desta sexta-feira, na Capela da Casa Santa Marta, no Vaticano, uma Santa Missa, durante a qual fez uma breve homilia.

Em sua reflexão matutina, o Papa falou sobre o Sacramento da Reconciliação, onde “o cristão luta contra o mal, mediante a confissão sincera de seus pecados”. De fato, confessar-se é ir ao encontro do amor de Jesus, com sinceridade de coração e com transparência.

Para muitos fiéis adultos, explicou o Pontífice, confessar-se diante de um sacerdote é um grande esforço, que, às vezes, pode levar à exclusão da prática do Sacramento. E acrescentou:

“Esta é a luta do cristão; é a nossa luta de todos os dias. E nós, nem sempre temos a coragem de falar como São Paulo sobre esta luta, Sempre buscamos um meio para justificar-nos. Mas, se nós não reconhecermos que somos pecadores, não podemos obter o perdão de Deus. Esta é uma realidade que nos torna escravos, necessitados da força de libertação do Senhor”.

A confissão dos pecados, feita com humildade, disse o Pontífice, é o que a Igreja nos pede. Confessar os pecados não é ir a uma sessão de psiquiatria e nem ir a um encontro de tortura. É simplesmente reconhecer-se pecador diante do Senhor e diante dos irmãos; é confessar as próprias faltas concretamente, com a simplicidade de uma criança. Reconhecer-se pecador, concluiu Papa Francisco, é uma graça! (Sic-MT)

Ser Bispo é um serviço e não uma honra, diz o Papa na sua primeira ordenação episcopal

Na primeira ordenação episcopal que presidiu em seus pouco mais de sete meses de pontificado, o Papa Francisco explicou que o Episcopado, o ser Bispo, é um serviço e não uma honra.

Assim o indicou na tarde de ontem na homilia da Missa de ordenação episcopal de Dom Jean-Marie Speich, Núncio Apostólico na República da Gana, e de Dom Giampiero Gloder, Presidente da Pontifícia Academia Eclesiástica.

O Santo Padre leu a homilia ritual prevista para estas missas e acrescentou algumas de suas reflexões: "quanto a vocês, Jean-Marie e Giampiero, escolhidos pelo Senhor, meditem sobre o fato de que foram escolhidos entre os homens e para os homens, foram constituídos nas coisas que têm a ver com Deus. ‘Episcopado’, de fato, é o nome de um serviço, não de uma honra".

Ao Bispo, explicou o Papa, "compete-lhe mais servir que dominar, segundo o mandamento do Mestre ‘que o maior entre vós, faça-se o menor. E quem governa seja como aquele que serve’". "Sempre em serviço, sempre a serviço", adicionou o Santo Padre.

O Pontífice retomou logo a homilia ritual e disse: "anunciem a Palavra em toda ocasião: oportuna e inoportuna. Repreendam, alentem e exortem com toda magnanimidade e doutrina. E mediante a oração e o oferecimento do sacrifício por seu povo, obtenham da plenitude da santidade de Cristo a multiforme riqueza da divina graça".

Francisco, retornou logo a sua própria reflexão e ressaltou a importância da oração: "recordem que o primeiro conflito na Igreja de Jerusalém, quando os bispos tinham muito trabalho para proteger as viúvas e os órfãos, decidiram nomear os diáconos. Para que? Para rezar e pregar a Palavra. Um Bispo que não reza é um Bispo na metade do caminho. E se não reza ao Senhor acaba no mundanismo".

Retomando a homilia ritual o Papa alentou a que sejam fiéis custódios e dispensadores do mistério de Cristo, a que conheçam as suas ovelhas e estejam próximos dos sacerdotes e diáconos que são seus colaboradores "com amor de pai e irmão".

O Santo Padre animou a "amar os pobres, os indefesos e aqueles que necessitam de acolhimento e ajuda. Exortem os fiéis a cooperar no esforço apostólico (…) e tenham grande atenção por aqueles que não pertencem ao único rebanho de Cristo, porque também estes lhes foram confiados no Senhor".

O Papa pediu que "rezem muito por eles" e animou a "lembrarem que na Igreja Católica, pelo vínculo da caridade estão unidos ao Colégio dos bispos e devem levar em vocês a solicitude de todas as Igrejas, socorrendo generosamente àquelas que precisam de mais ajuda. E vigiem com amor sobre todo o rebanho no qual o Espírito Santo os põe a reger a Igreja de Deus".

"Velem em nome do Pai, de quem vocês fazem presente a imagem; em nome de Jesus Cristo, seu Filho, por quem são constituídos mestres, sacerdotes e pastores. Em nome do Espírito Santo que dá vida à Igreja e com sua potência sustenta nossa debilidade. Assim seja!", concluiu.

23 de outubro de 2013

Maria imagem e modelo da Igreja - Audiência Geral


 O Santo Padre recebeu, na manhã desta quarta-feira, na Praça de São Pedro, no Vaticano, os peregrinos e fiéis de diversas partes do mundo, no âmbito da tradicional audiência geral.

Em sua catequese semanal, Papa Francisco continuou a refletir sobre a Igreja e, hoje, de modo particular, ressaltou a figura de Maria como imagem e modelo da Igreja. Seu ponto de partida foi o documento conciliar Lumen Gentium, que diz: “Como Santo Ambrósio ensinava, a Mãe de Deus é a figura da Igreja na ordem da fé, da caridade e da perfeita união com Cristo”.

Assim, o Papa apresentou três aspectos de Nossa Senhora, em âmbito eclesial: Maria como “modelo de fé”, “modelo de caridade” e “modelo de união com Cristo”. Em relação ao primeiro aspecto, ele perguntou: “Em que sentido Maria representa um modelo de fé para a Igreja? E respondeu:

“A fé de Maria é o cumprimento da fé de Israel e, neste sentido, ela é modelo de fé da Igreja, que tem como centro Cristo, encarnação do amor infinito de Deus. A sua fé, porém, recebe uma luz nova quando o anjo Lhe anuncia: “Tu serás a Mãe do Redentor”. Nela se cumpre a fé de Israel”.

Na verdade, a principal ajuda que Igreja é enviada a levar aos homens é Cristo e o seu Evangelho: ela não anuncia a si mesma, mas anuncia o amor de Cristo, que renova o mundo. A Igreja aprende isto, pelo exemplo do amor de Maria.

A seguir, o Papa apresentou o segundo aspecto da vida de Maria, no seio da Igreja: “Maria, modelo de Caridade”. Em que modo a Virgem Maria é exemplo vivo de amor? Pensemos à sua disponibilidade na visita à sua prima Santa Isabel: ela levava em seio o Filho de Deus:

“Nossa Senhora quer levar, também a todos nós, o grande dom que é Jesus e, com ele, nos porta o seu amor, a sua paz, a sua alegria. Assim, também a Igreja é enviada a levar Cristo e o seu Evangelho a todos”.

Por fim, o Santo Padre falou sobre o terceiro aspecto de Maria: “modelo de união com Cristo”. Ela vive imersa no mistério de Deus feito homem, como sua primeira e perfeita discípula, meditando tudo no seu coração, à luz do Espírito Santo, para compreender e pôr em prática toda a vontade de Deus.

Maria nos ensina a estar sempre unidos a Jesus! Ela sempre foi uma mulher comum no meio do seu povo: rezava, trabalhava, ia à sinagoga. Porém, toda a sua ação era realizada sempre em união perfeita com Jesus e com a vontade do Pai.

Ao término da sua catequese, o Santo Padre cumprimentou os presentes na Praça de São Pedro, em diversas línguas. Eis a sua saudação em língua portuguesa:

“Queridos peregrinos de língua portuguesa, dirijo uma cordial saudação a todos, particularmente aos grupos brasileiros de Belo Horizonte, Braço do Norte e Jundiaí. Este mês de Outubro encoraja-nos a perseverar na oração diária do terço, possivelmente em família, para que se reflita também na Igreja doméstica o modelo de Maria. O segredo da sua paz e confiança consiste nesta certeza: “A Deus, nada é impossível”. Desça, pois, sobre vocês e suas famílias a Bênção do Senhor". (Sedoc-MT)

Artigo de Dom Müller sobre matrimônio, família e cuidado pastoral dos divorciados


Eis o artigo do Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Dom Gerhard Ludwig Müller, sobre matrimônio, família e cuidado pastoral dos divorciados, publicado no jornal da Santa Sé, L'Osservatore Romano.

Um testemunho sobre o poder da graça
Acerca da indissolubilidade do matrimônio e do debate sobre os divorciados recasados e os sacramentos

O estudo da problemática dos fiéis que contraíram um novo vínculo civil depois de um divórcio não é novo e foi sempre guiado com grande seriedade pela Igreja com o propósito de ajudar as pessoas concernidas, dado que o matrimônio é um sacramento que abrange de modo particularmente profundo a realidade pessoal, social e histórica do homem. Considerando o número crescente de pessoas concernidas nos países de antiga tradição cristã trata-se de um problema pastoral de vasto alcance. Hoje os crentes questionam-se muito seriamente: não pode a Igreja permitir, em determinadas condições, o acesso aos sacramentos aos fiéis divorciados recasados? Em relação a tal questão tem a Igreja as mãos amarradas para sempre? Os teólogos consideraram deveras todas as implicações e consequências em relação a esta matéria?

Questões como estas devem ser tratadas em conformidade com a doutrina católica sobre o matrimônio. Uma pastoral plenamente responsável pressupõe uma teologia que se abandone a Deus que se revela «prestando-lhe o total obséquio do intelecto e da vontade e assentindo voluntariamente à Revelação que ele faz» (Concílio Vaticano II, Constituição dogmática Dei Verbum, 5). Para tornar compreensível o ensinamento autêntico da Igreja devemos proceder a partir da Palavra de Deus que está contida na Sagrada Escritura, ilustrada na Tradição da Igreja e interpretada de modo vinculador pelo Magistério.

O testemunho da Escritura

Não está isento de problemáticas o facto de apresentar imediatamente a nossa questão no âmbito do Antigo Testamento, porque naquela época o matrimônio ainda não era considerado um sacramento. A Palavra de Deus no Antigo Testamento é contudo significativa em relação a isto também para nós, a partir do momento que Jesus se coloca nesta tradição e argumenta a partir dela.
Encontra-se no Decálogo o mandamento «Não cometer adultério» (Êx 20, 14), mas noutras partes o divórcio é considerado possível. Segundo Dt 24, 1-4, Moisés estabelece que um homem pode dar à esposa um libelo de repúdio e pode mandá-la embora da sua casa se ela não achar mais graça diante dos seus olhos. Como consequência disto, o homem e a mulher podem voltar a casar.
Contudo, em paralelo com a concessão do divórcio no Antigo Testamento encontra-se também um certo constrangimento em relação a esta prática. Assim como o ideal da monogamia, também o ideal da indissolubilidade é entendido no confronto que os profetas instituem entre a aliança de Javé com Israel e o vínculo matrimonial. O profeta Malaquias expressa com clareza tudo isto: «Ninguém atraiçoe a mulher da sua juventude... a mulher a ti vinculada por um pacto» (Ml 2, 14-15).

Foram sobretudo as controvérsias com os fariseus que deram a Jesus a ocasião para se ocupar do tema. Ele distanciou-se expressamente da prática veterotestamentária do divórcio, que Moisés tinha permitido por causa da «dureza do coração» dos homens, e ao contrário indicou a vontade originária de Deus:
«Mas no início da criação varão e mulher os criou; por isto o homem deixará seu pai e sua mãe e unir-se-á à sua mulher e os dois serão uma só carne […] Por conseguinte, não separe o homem o que Deus uniu» (Mc 10, 5-9; cf. Mt 19, 4-9; Lc 16, 18).

A Igreja católica, no seu ensinamento e na sua prática, referiu-se constantemente às palavras de Jesus sobre a indissolubilidade do matrimônio. O Pacto que une íntima e reciprocamente os dois cônjuges é instituído pelo próprio Deus. Trata-se por conseguinte de uma realidade que vem de Deus e já não está na disponibilidade dos homens.

Hoje, alguns exegetas afirmam que estas expressões do Senhor já teriam encontrado nos tempos apostólicos uma certa flexibilidade na aplicação: e precisamente, no caso da porneia/fornicação (cf. Mt 5,32; 19, 9) e no caso da separação entre um cônjuge cristão e outro não cristão (cf. 1 Cor 7, 12-15). As cláusulas sobre a fornicação foram objecto de debate controverso desde o início no campo exegético. Muitos estão convictos de que não se trata de excepções em relação à indissolubilidade do matrimônio, mas antes de vínculos matrimoniais não válidos. Contudo, a Igreja não pode basear a sua doutrina e a sua prática em hipóteses exegéticas controversas. Ela deve ater-se ao ensinamento claro de Cristo.

Paulo estabelece que a proibição de divórcio é uma vontade expressa de Cristo:

«Mando aos casados, não eu mas o Senhor, que a mulher se não separe do marido. Se, porém, se separar, que não torne a casar, ou que se reconcilie com o marido; e que o marido não repudie a mulher» (1 Cor 7, 10-11). Ao mesmo tempo, baseando-se na própria autoridade, Paulo concede que um não cristão possa separar-se do seu cônjuge que se tornou cristão. Neste caso o cristão já não está «submetido à escravidão», isto é, já não está obrigado a permanecer não-casado (1 Cor 7, 12-16).

A partir desta posição, a Igreja reconheceu que só o matrimônio entre um homem e uma mulher baptizados é sacramento em sentido próprio e só para estes é válida a indissolubilidade incondicional. De facto, o matrimônio dos não-batizados está subordinado à indissolubilidade, mas pode contudo ser dissolvido em determinadas circunstâncias – devido a um bem maior (Privilegium Paulinum). Não se trata portanto de uma excepção ao ensinamento do Senhor: a indissolubilidade do matrimônio sacramental, do matrimônio no âmbito do Mistério de Cristo, permanece.

De grande significado para o fundamento bíblico da compreensão sacramental do matrimônio é a Carta aos Efésios, na qual se afirma: «Maridos, amai as vossas mulheres como também Cristo amou a Igreja e por ela se entregou» (Ef 5, 25). E mais adiante o apóstolo escreve: «Por isso, o homem deixará pai e mãe, ligar-se-á à mulher e passarão os dois a ser uma só carne. É grande este mistério; digo-o porém, em relação a Cristo e à Igreja» (Ef 5, 31-32). O matrimônio cristão é um sinal eficaz da aliança de Cristo e da Igreja. O matrimônio entre baptizados é um sacramento porque distingue e age como mediador da graça deste pacto.

O testemunho da tradição da Igreja

Os Padres da Igreja e os Concílios constituem sucessivamente um importante testemunho para o desenvolvimento da posição eclesiástica. Segundo os Padres as instruções bíblicas são vinculadoras. Eles não admitem as leis civis sobre o divórcio considerando-as incompatíveis com o pedido de Jesus. A Igreja dos Padres, em obediência ao Evangelho, rejeitam o divórcio e o segundo matrimônio, em relação a esta questão o testemunho dos Padres é inequívoco.

Na época patrística os crentes separados que se tinham voltado a casar civilmente não eram readmitidos aos sacramentos nem sequer depois de um período de penitência. Alguns textos patrísticos deixam entender que os abusos nem sempre eram rigorosamente rejeitados e que por vezes foram procuradas soluções pastorais para raríssimos casos-limite.

Mais tarde nalgumas zonas, sobretudo por causa da crescente interdependência entre Igreja e Estado, chegou-se a compromissos maiores. No Oriente este desenvolvimento prosseguiu o seu curso e levou, sobretudo depois da separação da Cátedra de Pedro, a uma prática cada vez mais liberal. Hoje nas Igrejas ortodoxas existe uma variedade de causas para o divórcio, que normalmente são justificadas com referência à oikonomia, a clemência pastoral para cada um dos casos difíceis, e abrem o caminho a um segundo ou terceiro matrimônio com carácter penitencial.

Esta prática não é coerente com a vontade de Deus, claramente expressa pelas palavras de Jesus acerca da indissolubilidade do matrimônio, e isto representa certamente uma questão ecumênica que não deve ser subestimada.

No Ocidente, a reforma gregoriana contrastou as tendências de liberalização e voltou a propor o conceito originário das Escrituras e dos Padres. A Igreja católica defendeu a absoluta indissolubilidade do matrimônio até à custa de grandes sacrifícios e sofrimentos. O cisma da «Igreja da Inglaterra», que se separou do Sucessor de Pedro, aconteceu não por causa de diferenças doutrinais, mas porque o Papa, em obediência à palavra de Jesus, não podia favorecer o pedido do rei Henrique VIII para a dissolução do seu matrimônio.

O Concílio de Trento confirmou a doutrina da indissolubilidade do matrimônio sacramental e esclareceu que ela corresponde ao ensinamento do Evangelho (cf. DH 1807). Por vezes afirma-se que a Igreja tolerou de facto a prática oriental, mas isto não corresponde à verdade. Os canonistas sempre falaram de uma prática abusiva, e há testemunhos acerca de alguns grupos de cristãos ortodoxos que, tendo-se tornado católicos, tiveram que assinar uma confissão de fé na qual era feita referência explícita à impossibilidade da celebração de segundas ou terceiras núpcias.

O Concílio Vaticano II propôs de novo uma doutrina teológica e espiritualmente profunda do matrimônio na Constituição pastoral Gaudium et spes sobre a Igreja no mundo contemporâneo, expondo com clareza também o princípio da sua indissolubilidade. O matrimônio é entendido como uma completa comunhão corporal e espiritual de vida e de amor entre homem e mulher, que se doam e se acolhem um ao outro enquanto pessoas.

Através do ato pessoal e livre do consentimento recíproco é fundada por direito divino uma instituição estável, orientada para o bem dos cônjuges e da prole, e não dependente do arbítrio do homem:
«Esta união íntima, enquanto mútua doação de duas pessoas, assim como o bem dos filhos, exigem a plena fidelidade dos cônjuges e reclamam a sua unidade indissolúvel» (n. 48). Por meio do sacramento Deus concede aos cônjuges uma graça especial: «Com efeito, como outrora Deus tomou a iniciativa de uma aliança de amor e fidelidade com o seu povo assim agora o Salvador dos homens e esposo da Igreja vem ao encontro dos cônjuges cristãos através do sacramento do matrimônio.

Além disso, permanece com eles para que, assim como ele amou a Igreja e se entregou por ela, também os cônjuges possam amar-se um ao outro fielmente, para sempre, com dedicação mútua» (ibid.). Mediante o sacramento a indissolubilidade do matrimônio encerra um significado novo e mais profundo: ela torna-se imagem do amor de Deus pelo seu povo e da fidelidade irrevogável de Cristo à sua Igreja.

Só é possível compreender e viver o matrimônio como sacramento no âmbito do Mistério de Cristo. Se se seculariza o matrimônio ou se for considerado uma realidade meramente natural permanece como que impedido o acesso à sua sacramentalidade.
O matrimônio sacramental pertence à ordem da graça e é inserido na comunhão definitiva de amor de Cristo com a sua Igreja. Os cristãos estão chamados a viver o seu matrimônio no horizonte escatológico da vinda do Reino de Deus em Jesus Cristo, Verbo de Deus encarnado.

O testemunho do Magistério em época recente

Com o texto ainda hoje fundamental da Exortação apostólica Familiaris consortio, publicada por João Paulo II a 22 de Novembro de 1981 depois do Sínodo dos Bispos sobre a família cristã no mundo contemporâneo, foi expressamente confirmado o ensinamento dogmático da Igreja acerca do matrimônio. Sob o ponto de vista pastoral a Exortação pós-sinodal ocupou-se também da cura dos fiéis recasados com rito civil, mas que ainda estão vinculados por um matrimônio válido para a Igreja. O Papa demonstrou uma medida alta de solicitude e atenção.

No n. 84 («Os divorciados recasados») são expostos os seguintes princípios:

1. Os pastores que cuidam das almas são obrigados por amor à verdade «a discernir bem as diversas situações». Não é possível avaliar tudo e todos do mesmo modo.

2. Os pastores e as comunidades são obrigados a ajudar «com caridade solícita» os fiéis concernidos; com efeito também eles pertencem à Igreja, têm direito à cura pastoral e devem poder participar da vida da Igreja.

3. A admissão à Eucaristia não lhes pode contudo ser concedida. Em relação a isto é aduzido um duplo motivo:
a) «o seu estado e condição de vida estão em contraste objectivo com aquela união de amor entre Cristo e a Igreja, significada e realizada pela Eucaristia»;
b) «se se admitissem estas pessoas à Eucaristia, os fiéis seriam induzidos em erro e confusão acerca da doutrina da Igreja sobre a indissolubilidade do matrimônio». Uma reconciliação mediante o sacramento da penitência – que abriria o caminho ao sacramento eucarístico – só pode ser concedida com base no arrependimento em relação a quanto aconteceu, e com a disponibilidade «a uma forma de vida já não em contradição com a indissolubilidade do matrimônio».
Isto comporta, em concreto, que quando a nova união não pode ser dissolvida por motivos sérios – como, por exemplo, a educação dos filhos – ambos os cônjuges «assumem o compromisso de viver em continência total».

4. Por motivos teológico-sacramentais, e não por uma constrição legal, ao clero é expressamente feita a proibição, enquanto subsiste a validade do primeiro matrimônio, de concretizar «cerimonias de qualquer gênero» a favor de divorciados que se recasam civilmente.

A Carta da Congregação para a Doutrina da Fé sobre a recepção da Comunhão eucarística por parte de fiéis divorciados recasados de 14 de Setembro de 1994 confirmou que a prática da Igreja sobre este tema «não pode ser modificada com base nas diferentes situações» (n. 5). Além disso, é esclarecido que os crentes concernidos não devem receber a sagrada Comunhão com base no seu juízo de consciência: «Caso o julgasse possível, os pastores e os confessores […] têm o grave dever de o repreender porque tal juízo de consciência está em aberto contraste com a doutrina da Igreja» (n. 6).

No caso de dúvidas acerca da validade de um matrimônio fracassado, elas devem ser verificadas pelos órgãos judiciários competentes em matéria matrimonial (cf. n. 9). Permanece de importância fundamental fazer «com caridade solícita tudo o que pode fortalecer no amor de Cristo e da Igreja os fiéis que se encontram em situação matrimonial irregular. Só assim será possível para eles acolher plenamente a mensagem do matrimônio cristão e suportar na fé o sofrimento da sua situação. Na ação pastoral dever-se-á fazer todos os esforços para que seja bem compreendido que não se trata de discriminação alguma, mas unicamente de fidelidade absoluta à vontade de Cristo que nos voltou a dar e confiou de novo a indissolubilidade do matrimônio como dom do Criador» (n. 10).

Na Exortação pós-sinodal Sacramentum caritatis de 22 de Fevereiro de 2007 Bento XVI retoma e relança o trabalho do precedente Sínodo dos Bispos sobre a Eucaristia. Ele chega a falar da situação dos fiéis divorciados recasados no n. 29, onde não hesita defini-la «um problema pastoral delicado e complexo». Bento XVI reafirma «a prática da Igreja, fundada na Sagrada Escritura (cf. Mc 10, 2-12), de não admitir aos Sacramentos os divorciados recasados», mas chega até a esconjurar os pastores a dedicar «especial atenção» em relação às pessoas concernidas «no desejo de que cultivem, na medida do possível, um estilo cristão de vida através da participação na Santa Missa, mesmo sem receber a Comunhão, da escuta da Palavra de Deus, ad adoração eucarística, da oração, da participação na vida comunitária, do diálogo confidente com um sacerdote ou um mestre de vida espiritual, da dedicação à caridade vivida, das obras de penitência, do compromisso educativo dos filhos».
É reafirmado que, em caso de dúvidas acerca da validade da comunhão de vida matrimonial que foi interrompida, elas devem ser examinadas atentamente pelos tribunais competentes em matéria matrimonial.

A mentalidade contemporânea está bastante em contraste com a compreensão cristã do matrimônio, sobretudo em relação à sua indissolubilidade e à abertura à vida. Considerando que muitos cristãos são influenciados por tal contexto cultural, os matrimônios são provavelmente com mais frequência não válidos nos nossos dias de quanto o eram no passado, porque é deficitária a vontade de se casar segundo o sentido da doutrina matrimonial católica e também a pertença a um contexto vital de fé é muito limitada. Portanto, uma verificação da validade do matrimônio é importante e pode levar a uma solução dos problemas. Quando não é possível comprovar uma nulidade do matrimônio, é possível a absolvição e a Comunhão eucarística se for seguida a aprovada prática eclesial que estabelece que se viva juntos «como amigos, como irmão e irmã». As bênçãos de vínculos irregulares devem «ser evitadas em qualquer caso […] para que não surjam entre os fiéis confusões acerca do valor do Matrimônio». A bênção (bene-dictio: aprovação por parte de Deus) de uma relação que se contrapõe à vontade divina deve ser considerada em si uma contradição.

Na homilia pronunciada em Milão a 3 de Junho de 2012, por ocasião do VII Encontro mundial das famílias, Bento XVI voltou a falar deste doloroso problema: «Gostaria de dedicar uma palavra também aos fiéis que, mesmo partilhando os ensinamentos da Igreja sobre a família, estão marcados por experiências dolorosas de fracasso ou de separação. Sabei que o Papa e a Igreja vos amparam na vossa fadiga. Encorajo-vos a permanecer unidos às vossas comunidades, enquanto faço votos por que as dioceses realizem iniciativas adequadas de acolhimento e proximidade».

O último Sínodo dos Bispos sobre o tema «A nova Evangelização para a transmissão da fé cristã» (7-28 de Outubro de 2012) ocupou-se de novo da situação dos fiéis que, a seguir ao fracasso da comunhão de vida matrimonial (não a falência do matrimônio, que subsiste enquanto sacramento) iniciou uma nova união e convivem sem o vínculo sacramental do matrimônio. Na mensagem final os Padres sinodais dirigiram-se com estas palavras aos fiéis concernidos: «A todos eles desejamos dizer que o amor do Senhor não abandona ninguém, que também a Igreja os ama e é casa acolhedora para todos, que eles permanecem membros da Igreja mesmo se não podem receber a absolvição sacramental e a Eucaristia. As comunidades católicas sejam acolhedoras em relação a quantos vivem em tais situações e apoiem caminhos de conversão e de reconciliação».

Considerações antropológicas e teológico-sacramentais

A doutrina sobre a indissolubilidade do matrimônio encontra com frequência incompreensão num ambiente secularizado. Onde se perderam as razões fundamentais da fé cristã, uma mera pertença convencional à Igreja já não é capaz de guiar as escolhas de vida importantes e de oferecer apoio algum nas crises do estado matrimonial – como também do sacerdócio e da vida consagrada. Muitos se questionam: como posso vincular-me por toda a vida a uma só mulher/a um só homem? Quem me pode dizer como será daqui a dez, vinte, trinta, quarenta anos de matrimônio?
É efetivamente possível um vínculo definitivo com uma só pessoa? As muitas experiências de comunhão matrimonial que hoje se interrompem reforçam o cepticismo dos jovens em relação às decisões definitivas da vida.

Por outro lado, o ideal da fidelidade entre um homem e uma mulher, fundado na ordem da criação, nada perdeu do seu fascínio, como evidenciam os recentes inquéritos entre os jovens. A maior parte deles deseja uma relação estável e duradoura, enquanto isso corresponderia também à natureza espiritual e moral do homem.

Além disso, deve recordar-se o valor antropológico do matrimônio indissolúvel: ele subtrai os cônjuges do arbítrio e da tirania dos sentimentos e dos estados de ânimo; ajuda-os a enfrentar as dificuldades pessoais e a superar as experiências dolorosas; protege sobretudo os filhos, que são vítimas do maior sofrimento da interrupção dos matrimônios.

O amor é algo mais do que o sentimento e o instinto; na sua essência é dedicação. No amor conjugal duas pessoas dizem um ao outro consciente e voluntariamente: só tu – e tu para sempre.
A palavra do Senhor: «O que Deus uniu...» corresponde à promessa do casal: «Recebo-te como meu esposo... recebo-te como minha esposa... Quero amar-te e honrar-te toda a minha vida, enquanto a morte não nos separar».

O sacerdote abençoa o pacto que os cônjuges estabeleceram entre si diante de Deus. Quem tiver dúvidas sobre o facto de que o vínculo matrimonial tenha qualidade ontológica, pode deixar-se instruir pela Palavra de Deus: «No princípio Deus criou o homem e a mulher. Por isso o homem deixará seu pai e sua mãe e unir-se-á à sua esposa e os dois serão uma só carne. De modo que já não são dois, mas uma só carne» (Mt 19, 4-6).

Para os cristãos é válido o facto de que o matrimônio dos baptizados, incorporados no Corpo de Cristo, tem um carácter sacramental e representa, por conseguinte, uma realidade sobrenatural. Um dos problemas pastorais mais graves consiste no facto de que muitos, hoje, julgam o matrimônio exclusivamente segundo critérios mundanos e pragmáticos. Quem pensa segundo o «espírito do mundo» (1 Cor 2, 12) não pode compreender a sacramentalidade do matrimônio.

À crescente falta de compreensão acerca da santidade do matrimônio, a Igreja não pode responder com uma adequação pragmática ao que parece inevitável, mas só com a confiança no «Espírito de Deus, para que possamos conhecer o que Deus nos doou» (1 Cor 2, 12). O matrimônio sacramental é um testemunho do poder da graça que transforma o homem e prepara toda a Igreja para a cidade santa, a nova Jerusalém, a própria Igreja, pronta «como uma esposa adornada para o seu esposo» (Ap 21, 2). O Evangelho da santidade do matrimônio deve ser anunciado com audácia profética. Um profeta tíbio procura na adequação ao espírito dos tempos a sua própria salvação, mas não a salvação do mundo em Jesus Cristo.

A fidelidade às promessas do matrimônio é um sinal profético da salvação que Deus doa ao mundo: «quem pode compreender, compreenda» (Mt 19, 12). O amor conjugal é purificado, fortalecido e aumentado pela graça sacramental:

«Este amor, ratificado por um compromisso comum e sobretudo consagrado por um sacramento de Cristo, permanece indissoluvelmente fiel na boa e na má sorte, a nível do corpo e do espírito; por conseguinte exclui qualquer adultério e divórcio» (Gaudium et spes, 49). Por conseguinte, os esposos, participando em virtude do sacramento do matrimônio do amor definitivo e irrevogável de Deus, podem em virtude disto ser testemunhas do amor fiel de Deus, nutrindo constantemente o seu amor através de uma vida de fé e de caridade.

Certamente, há situações – cada pastor o sabe – nas quais a convivência matrimonial se torna praticamente impossível por causa de graves motivos, como por exemplo em caso de violência física ou psíquica. Nestas dolorosas situações a Igreja sempre permitiu que os cônjuges se pudessem separar e não vivessem mais juntos. Contudo, deve ser esclarecido que o vínculo conjugal de um matrimônio validamente celebrado permanece estável diante de Deus e ambas as partes não são livres de contrair um novo matrimônio enquanto o outro cônjuge for vivo. Os pastores e as comunidades cristãs devem portanto comprometer-se em promover de todas as formas a reconciliação também nestes casos ou, quando isto não for possível, em ajudar as pessoas concernidas a enfrentar na fé a própria difícil situação.

Anotações teológico-morais

Com sempre maior frequência é sugerido que a decisão de receber ou não a Comunhão eucarística deveria ser deixada à consciência pessoal dos divorciados recasados. Este assunto, que se baseia num conceito problemático de «consciência», já foi rejeitado na carta da Congregação de 1994. Certamente, em cada celebração da Missa os fiéis são obrigados a respeitar na sua consciência se é possível receber a Comunhão, possibilidade à qual a existência de um pecado grave não confessado se opõe sempre.

Por conseguinte, eles têm a obrigação de formar a própria consciência e de tender para a verdade; para esta finalidade podem ouvir na obediência o magistério da Igreja, que os ajuda «a não se desviarem da verdade acerca do bem do homem, mas, sobretudo nas questões mais difíceis, a alcançar com segurança a verdade e a permanecer nela» (João Paulo II, Carta encíclica Veritatis splendor, 64).

Se os divorciados recasados estão subjetivamente na convicção de consciência que o precedente matrimônio não era válido, isto deve ser objetivamente demonstrado pela competente autoridade judiciária em matéria matrimonial.

O matrimônio não diz respeito só à relação entre duas pessoas e Deus, mas é também uma realidade da Igreja, um sacramento, sobre cuja validade não só o indivíduo para si mesmo, mas a Igreja, na qual ele mediante a fé e o Batismo está incorporado, deve decidir. «Se o matrimônio precedente de fiéis divorciados recasados era válido, a sua nova união não pode ser considerada de modo algum lícita, pelo facto de que a recepção dos Sacramentos não pode estar baseada em razões interiores.

A consciência do indivíduo está vinculada sem excepções a esta norma» (Card. Joseph Ratzinger, A pastoral do matrimônio deve fundar-se na verdade, L'Osservatore Romano, edição italiana de 30 de Novembro de 2011, pp. 4-5).

Também a doutrina da «epiqueia», segundo a qual uma lei é válida em termos gerais, mas nem sempre a ação humana lhe pode corresponder totalmente, não pode ser aplicada neste caso, porque a indissolubilidade do matrimônio sacramental é uma norma de direito divino, que por conseguinte não está na disponibilidade da autoridade da Igreja. Contudo, ela tem o pleno poder – na linha do privilégio paulino – de esclarecer quais condições devem ser satisfeitas antes de poder definir um matrimônio indissolúvel segundo o sentido que Jesus lhe atribuiu. Sobre esta base, a Igreja estabeleceu os impedimentos para o matrimônio que são motivo de nulidade matrimonial e preparou um pormenorizado procedimento processual.

Uma ulterior tendência a favor da admissão dos divorciados recasados aos sacramentos é a que invoca o argumento da misericórdia. Dado que o próprio Jesus solidarizou com os sofredores doando-lhes o seu amor misericordioso, a misericórdia seria por conseguinte um sinal especial da autêntica sequela. Isto é verdade, mas é um argumento débil em matéria teológico-sacramentária, também porque toda a ordem sacramental é precisamente obra da misericórdia divina e não pode ser revogada invocando o mesmo princípio que a sustém.

Através daquela que objetivamente ressoa como uma falsa invocação da misericórdia incorre-se no risco da banalização da própria imagem de Deus, segundo a qual Deus mais não poderia fazer do que perdoar. Pertencem ao mistério de Deus, além da misericórdia, também a santidade e a justiça; se se escondem estes atributos de Deus e não se leva seriamente a realidade do pecado, não se pode nem sequer mediar às pessoas a sua misericórdia. Jesus encontrou a mulher adúltera com grande compaixão, mas também lhe disse: «Vai, e doravante não voltes a pecar» (Jo 8, 11).

A misericórdia de Deus não é uma dispensa dos mandamentos de Deus e das instruções da Igreja; aliás, ela concede a força da graça para a sua plena realização, para se levantar depois de uma queda e para uma vida de perfeição à imagem do Pai celeste.

A cura pastoral

Mesmo se, por natureza íntima dos sacramentos, a admissão a eles por parte dos divorciados recasados não for possível, os esforços pastorais devem dirigir-se ainda mais a favor destes fiéis, mesmo se eles devem permanecer na dependência das normas derivantes da Revelação e da doutrina da Igreja. O percurso indicado pela Igreja para as pessoas diretamente concernidas não é simples, mas elas devem saber e sentir que a Igreja acompanha o seu caminho como uma comunidade de cura e de salvação. Com o seu compromisso a compreender a prática eclesial e a não receber a Comunhão, os cônjuges apresentam-se à sua maneira como testemunhas da indissolubilidade do matrimônio.

A cura para os divorciados recasados certamente não deveria limitar-se à questão da recepção da Eucaristia. Trata-se de uma pastoral global que procura satisfazer o mais possível as exigências das diversas situações. É importante recordar, a este propósito, que além da Comunhão sacramental há outros modos para entrar em comunhão com Deus.

A união com Deus alcança-se quando nos dirigimos a ele na fé, na esperança e na caridade, no arrependimento e na oração. Deus pode conceder a sua proximidade e a sua salvação às pessoas por diversos caminhos, mesmo se elas vivem em situações contraditórias.

Como frisam constantemente os recentes documentos do Magistério, os pastores e as comunidades cristãs estão chamados a acolher com abertura e cordialidade as pessoas que vivem em situações irregulares, para estar ao seu lado com empatia, com a ajuda concreta e para lhes fazer sentir o amor do Bom Pastor.
Uma cura pastoral fundada na verdade e no amor encontrará sempre e novamente neste campo os caminhos a percorrer e as formas mais justas.

22 de outubro de 2013

Evangelho do dia: Refletindo Evangelho de São Lucas 12,35-38

Felizes os empregados que o senhor encontrar acordados quando chegar.

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 

Que vossos rins estejam cingidos e as lâmpadas acesas. Sede como homens que estão esperando seu senhor voltar de uma festa de casamento, para lhe abrir em, imediatamente, a porta, logo que ele chegar e bater. Felizes os empregados que o senhor 
encontrar acordados quando chegar. Em verdade eu vos digo: Ele mesmo vai cingir-se, fazê-los sentar-se à mesa e, passando, os servirá. E caso ele chegue à meia-noite ou às três da madrugada, felizes serão, se assim os encontrar! Palavra da Salvação. 

Reflexão

O verdadeiro discípulo de Jesus procura viver sempre um dos valores mais importantes que aparecem no Evangelho: o serviço. Ele sempre está pronto para servir o seu senhor que chega, pois vê o próprio Jesus que vem até ele na pessoa do pobre, do nu, do faminto, do injustiçado, do doente, do abandonado, do carente, enfim, de todos os que precisam de amor, de ajuda material, psicológica, afetiva ou espiritual. Esse discípulo não fala muito de amor e de Evangelho, porque sua vida é o grande discurso da vivência do amor evangélico. Este é o que está de rins cingidos e abre a porta do seu coração sempre que o Senhor chega e este é o feliz que será eternamente servido pelo Senhor.

20 de outubro de 2013

MISSA INCULTURADA OU PALHAÇADA?

De umas décadas para cá, vem se perdendo a noção de que a missa é feita para exaltar e agradar a Deus, e não aos homens. Fazem missa para celebrar a negritude, a cultura gauchesca, a vida sertaneja, o amor ao time de futebol… E Jesus, que pediu “Fazei isto em memória de mim”, vai ficando pra escanteio.

A partir do Concílio Vaticano II, a Igreja entendeu que seria benéfico admitir a diversidade na forma de celebrar a liturgia, abraçando o princípio da inculturação do Evangelho, como explica o Padre Paulo Ricardo:

“…é necessário, que para que o Evangelho chegue até o os povos, que a Igreja assuma a forma de falar daquele povo, e assim a mensagem do Evangelho, que é sempre a mesma, a mesma fé de dois mil anos, vai ser compreendida pelos povos neste esforço de adaptação.

“Um exemplo extraordinário de inculturação nós tivemos (…) no padre bem-aventurado José de Anchieta, o grande apóstolo do Brasil, que veio ao nosso país e aqui aprendeu a língua indígena, escreveu uma gramática tupi, fez peças de teatro em língua tupi, português e espanhol, (…) e assim ele pôde transmitir a fé.” (1)

Esse é um esforço de inculturação positivo, autêntico. Porém, o que vemos prevalecer em nosso país é avacalhação da santa missa, sob a desculpa de promover a inculturação. O rito romano é desrespeitado pelo uso de paramentos, músicas, gestos e outros elementos mundanos e estranhos à sua sacralidade, ou até mesmo profundamente relacionados a outras religiões (sincretismo). Sobre isso, continua a nos esclarecer o Padre. Paulo Ricardo:

“Nós não estamos lidando com pessoas bem-intencionadas que querem levar o Evangelho para uma cultura diferente. (…)
A maior parte das pessoas que fala de inculturação está querendo (…) não levar o Evangelho para os povos, para o mundo, mas trazer o mundo para dentro da Igreja.” (1)

A Instrução Geral do Missal Romano (IGMR nº 395) deixa claro que qualquer adaptação na liturgia, por menor que seja, não pode ser realizada sem a prévia autorização da Santa Sé. Nem a CNBB possui autonomia para deliberar sobre estas questões. Apesar dessa orientação, muitos sacerdotes violam descaradamente a Constituição Sacrosantcum Concilium (2), que estabelece:

“…jamais algum outro, ainda que sacerdote, acrescente, tire ou mude por própria conta qualquer coisa à Liturgia.” (SC., 22 § 3)

É válido ressaltar que as adaptações na liturgia da missa são admitidas pela IGMR especialmente para os povos recém-cristianizados, o que está longe de ser o caso do Brasil. Falar em missa inculturada aqui, depois de mais de 500 anos de catolicismo na veia é, no mínimo, muito estranho.

A celebração zumbi ou missa afro

Tem destaque, ATABAQUES, instrumentos de percussão típicos da umbanda e do candomblé. Pra quem curte sincretismo, é um prato cheio... de pipoca!
Mas os padres tupiniquins que promovem missas inculturadas veem os povos das diversas regiões do Brasil como caricaturas étnicas e regionalistas. Suas mentes funcionam mais ou menos assim:

“Você é negro? Muito axé! Vamos fazer uma missa com muita cor, muito rebolado, muita cocada e atabaques. Sem isso, você não poderá se identificar com o rito, né, meu rei?”

“Você é do interior? Então o padre tem que usar chapéu de cowboy na missa e cantar que nem o Zezé Di Camargo.”

“És gaúcho? Bah, tchê, certamente só se sentirá bem em uma missa em que o padre vista bombacha, tenha um lenço no pescoço e use a cuia do chimarrão no lugar do cálice do vinho!”

As missas inculturadas em geral se assemelham mais a festejos folclóricos – que são muito interessantes, mas não diante do altar do Cordeiro Imolado – do que a ritos sagrados.

E assim, vai sendo sufocada verdadeira liturgia, aquela que eleva os corações a Deus e faz resplandecer o rosto de Cristo. Sobre isso, foi bem claro o Papa Bento XVI, falando aos bispos do Brasil:

“Uma menor atenção que por vezes é prestada ao culto do Santíssimo Sacramento é indício e causa de escurecimento do sentido cristão do mistério, como sucede quando na Santa Missa já não aparece como proeminente e operante Jesus, mas uma comunidade atarefada com muitas coisas em vez de estar recolhida e deixar-se atrair para o Único necessário: o seu Senhor. (…)

“Como estão distantes de tudo isto quantos, em nome da inculturação, decaem no sincretismo introduzindo ritos tomados de outras religiões ou particularismos culturais na celebração da Santa Missa.


"Isto nada mais é, do que a banalização  do extremo sofrimento de Jesus Cristo, por cada um de nós."

Primeira mensagem do Secretário de Estado Dom Pietro Parolin

O Secretário de Estado Dom Pietro Parolim assinou sua primeira mensagem pública, manifestando em nome do Papa Francisco solidariedade e proximidade às populações da Austrália atingidas pelos graves incêndios que atingem a região perto do Sydney.

“O Santo Padre - escreve Dom Parolin -, reza por aqueles que perderam a vida, suas casas e o trabalho”, bem como “por aqueles que lutam e trabalham para apagar esses incêndios”. O Secretário de Estado transmite, ainda, àquelass populações uma especial Bênção Apostólica do Papa.

Na região sudeste da Austrália voltou, nesses dias, “íncubo dos incêndios” que destruíram algumas dezenas de casas na região dos Blue Mountains e no Estado do Novo Gales do Sul, cobrindo com a fumaça dos incêndios até a própria capital Sydney.

O balanço das casas destruídas ainda não é completo, mas – disse o Vice-primeiro-ministro do Estado, Barry O’Farrell - “poderão chegar a uma centena”.

O ministro explicou ainda que serão necessários vários dias para deter o avanço das chamas e alertou que “se não houver outras vítimas, será um milagre”. (SP)

Reflexão dominical: Pedir insistentemente!

A primeira leitura extraída do livro do Êxodo, nos fala da necessidade da oração insistente. O povo luta contra seus inimigos e, apesar de sua bravura e do grande conhecimento de batalhas de seu comandante Josué, o líder religioso Moisés rezava. Contudo, quando o líder,cansado, parava de orar, o povo ficava em situação desfavorável e pedras foram colocadas sob os braços de Moisés para que suas mãos permanecessem estendidas em direção a Deus e, assim, o povo obtivesse a vitória.

A grande lição dessa cena é mostrar para todos nós que a sabedoria humana é muito importante, mas acima dela está o poder de Deus, seu amor por seus filhos. O homem deve ser humilde e confiar apenas em Deus. Fazer tudo, como se tudo dele dependesse, mas entregar e confiar em Deus, sabendo que d’Ele emana toda força, poder e amor.

No Evangelho, Lucas nos fala de Jesus contando a parábola da viúva e do juiz iníquo. Apesar desse juiz ser um mau caráter, a viúva não cessa de insistir e o vence exatamente por ser inoportuna. Do mesmo modo, devemos ser insistentes com o Pai, nos diz Jesus. Se a viúva foi insistente com um homem que não era bom e conseguiu, quanto mais nós com o Deus de bondade, de amor, que é nosso Pai, que nos criou por amor e por amor enviou Seu Filho para nos salvar!

Orar sem cessar! Mais que ser insistente, orar sem cessar significa levar uma vida de oração, de estar permanentemente em atitude de escuta, de discernimento.
Inácio de Loyola nos ensina à luz de Deus, todo dia passar os principais acontecimentos do dia, aqueles que nos chamaram atenção porque nos disseram algo. Ver aí o que o Senhor nos falou neles. Isso é orar sem cessar, é uma atitude de vida orante. (CA)

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