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25 de agosto de 2013

A pobreza do homem de hoje

Estamos vivendo os últimos suspiros do verão no hemisfério norte do nosso planeta, apesar do calor que ainda está presente, verão aqui na Itália, que como no Brasil, é sinônimo de férias, um período tão esperado, diria agoniado, por quem trabalha o ano inteiro. Diferentemente do que ocorre no Brasil, onde nossas férias, em geral, são no início do ano ou durante o carnaval, aqui na Europa, nos meses de julho e agosto, o “homem urbano” se transfere para a praia ou para a montanha. Como dizia João Paulo II é o momento de retemperar o corpo, sem esquecer o espírito.

Neste período aqui na Itália, onde tudo pára, até a política dá um tempo, - menos a chegada de imigrantes através do Mar Mediterrâneo - a cidade de Rimini, uma cidade de mar, uma espécie de Rio ao diminutivo, hospeda o “Encontro da Amizade entre os Povos”, promovido pelo movimento Comunhão e Libertação.

Todos os anos discute-se sobre um tema, este ano – o encontro se realizou nesta semana – foi dedicado ao tema “Emergência-homem”. Para a ocasião, o Papa Francisco enviou uma mensagem na qual refletiu sobre a grande urgência da evangelização. O Santo Padre recordou que o homem permanece um mistério, irredutível a qualquer imagem que a sociedade possa formar a respeito. Chama a atenção ainda para o fato de que Cristo é a porta, é o caminho e, assim sendo, sem colocá-lo no centro da vida não será possível entender o mistério do homem.

O Papa Francisco faz uma afirmação importante e ampla: “o poder econômico, político, midiático precisa do homem para perpetuar a si mesmo”. É por isto que muitas vezes procura manipular as massas, induzir desejos, apagar aquilo que de mais precioso o homem possui: o relacionamento com Deus. Aí uma constatação do Pontífice de que o poder teme os homens que estão em diálogo com Deus porque isso os torna livres. Eis, então a emergência-homem que o Encontro de Rimini procurou refletir.

Trata-se, segundo Francisco, de restituir o homem a si mesmo, à sua altíssima dignidade, à singularidade e preciosidade de toda a existência humana, desde a concepção até o fim natural. “É preciso voltar a considerar a sacralidade do homem e ao mesmo tempo dizer com força que é somente no relacionamento com Deus, isso é, na descoberta e adesão à própria vocação, que o homem pode alcançar a sua verdadeira estatura”.

E nesse processo, a mensagem lembra que a Igreja tem uma grande responsabilidade. O Santo Padre volta a falar da necessidade de se cultivar uma cultura do encontro, uma cultura que cada vez mais, apesar de toda a facilidade de comunicação do mundo moderno, está cada vez mais difícil de ser atuada, vivida. E o apelo de Francisco, “vamos com coragem ao encontro dos homens e mulheres do nosso tempo, das crianças e dos idosos, dos cultos e das pessoas sem instrução, dos jovens e das famílias. Vamos ao encontro de todos, sem esperar que sejam os outros a nos procurar!”. Em síntese, devemos levar o perfume do amor de Cristo para fora das nossas realidades, para cada ambiente. Essa a tarefa da Igreja, de todos nós, servir o homem indo buscá-lo nos labirintos sociais e espirituais mais escondidos.

O mundo de hoje vive cada vez mais a angústia do nada, da falta de horizontes, de um vazio que se amplia com a violência do forte sobre o fraco, do poderoso sobre o indefeso. Perdido neste início de século o homem grita por socorro, socorro que só pode vir de um amor sem fim que se consumou numa Cruz. A emergência do homem de hoje e a sua pobreza é a falta de Cristo. (Silvonei José)

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