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10 de dezembro de 2012

RAZÕES DA NECESSIDADE DOS SACRAMENTOS

- Razão Antropológica. Os sacramentos são uma necessidade coerente com a natureza encarnada do homem, com o seu ser num corpo, com os outros e no mundo. O homem precisa de sinais e símbolos porque é simbolicamente; precisa de sacramentos porque é sacramentalmente. Para significar e concretizar o encontro com Deus, uma expressão e comunicação da graça adaptada à sua condição corporal-sensível exige os sacramentos.

- Razão Encarnatória. A Igreja é, de algum modo, o prolongamento histórico da encarnação. E esse prolongamento tem as suas concretizações mais evidentes e imediatas nos sacramentos. Toda a tradição da Igreja explicou os sacramentos como a continuidade mediadora da encarnação, como o prolongamento da humanidade de Cristo para a doação da graça. Se na encarnação a divindade apareceu de modo visível, era necessária que por outro meio encarnado aparecesse para os homens a salvação de Cristo. Esses meio são os sacramentos.

- Razão Soteriologica. A Igreja como comunidade e povo de Deus, garante fiel e objetivamente a continuidade histórica da salvação eternamente atual de Cristo. Mas a Igreja é composta de membros particulares e a salvação deve chegar e tornar-se acessível a cada um desses membros de formas visíveis e concretas. Essas formas são os sacramentos pelos quais a graça salvadora se individualiza, santificando as diversas situações da vida humana. Mais que necessários para a salvação eles o são para que essa salvação apareça e aconteça como realidade que é oferecida à própria pessoa individual. Pelo sacramento reconhecemos a permanente vontade de salvação por parte de Deus e a atualidade da sua salvação.

- Razão Pneumatológica. A salvação realiza-se na história concreta pela força do dom escatológico do Espírito. O Espírito leva a efeito em nós o encontro, misterioso sem dúvida, mas real, com o Kyrios vivo, ritual ou pneumatológico. Mas em função da sua própria missão, esse encontro deve manifestar-se histórica, sacramentalmente. Isso ocorre em primeiro lugar com a Igreja, como sacramentalização fundamental do dom escatológico do Espírito. Mas se é verdade que o Espírito constrói a Igreja a partir de cada um de seus membros, e seus e seus membros a partir da Igreja total, não se podem prescindir de uma concretização sacramental e pessoal dessa ação do Espírito. E essa concretização, a mais adequada, são os sacramentos da Igreja e do Espírito.

- Razão Eclesiológica. A Igreja sacramento de salvação precisa dos sacramentos para ser ela mesma e para cumprir a missão que Cristo lhe atribui. Os sacramentos são a concretização, característica das diversas situações da vida humana e cristã da sacramentalidade da Igreja. Por isso são chamados de explicitações e auto-realizações da sacramentalidade da Igreja. Os sacramentos sendo acontecimentos eclesiásticos exprimem e realizam o ser e a identidade da própria Igreja. Os sacramentos são a Igreja da Igreja e para a Igreja especialmente a eucaristia. Não existe Igreja sem sacramentos nem há sacramentos sem Igreja. Por isso, eles são necessários.

- Razão Criatural-cósmica. É necessário que a realidade material-cósmica, também ferida pelo pecado e carente de salvação, se incorpore à obra atualizadora dessa salvação através dos sacramentos. A especificidade dos sacramentos com referencia à palavra é a sua qualidade signal sensível. E um elemento principal, embora não absolutamente necessário, dessa significatividade sensível são as realidades criaturais e materiais. Também isso é conveniente para que, na totalidade dos sacramentos, mostre-se com mais clareza o fato de a ordem da criação e da aliança se unirem de novo no ponto ou momento em que na atual economia surgem com maior expressividades, realizando-se a salvação. Os sacramentos continuam a ser, em nossa história, a sacramentalidade encarnacional e criatural.

* Estrutura e Essência da Sacramentalidade

A essência da sacramentalidade corresponde a unidade tensional entre o divino e o humano, tal como se manifesta nos principais acontecimentos da historia da salvação. A mútua implicação referente, a unidade distante do divino e do humano, é elemento integrante de sacramentalidade cristã.

Também pertence a essa essência a dupla polaridade imanência-transcendencia. O aparecimento do transcendente no imanente, a referencia do imanente ao transcendente são elementos de uma polaridade que aproxima e distancia que assemelha e deferência. A sacramentalidade consiste na capacidade de comunicação, de trans-parentação da imanência à transcendência e vice-versa.

É igualmente da essência sacramental a tensão entre o visível e o invisível. O aparecimento do invisível no visível e a capacidade de visibilizar o invisível através de certos elementos externos perceptíveis e concretos são características fundamentais de toda sacramentalidade.

Do mesmo modo, é possível dizer que pertencem também a essa essência as indeterminações, a ambivalência, o claro-escuro, a totalidade não-plena, o desvelamento velado... Sempre resta uma zona de mistério, ao qual ela introduz, mas que não esgota. O mistério não é dissolvido pelo sacramento, permanecendo mistério. Mas, para o cristão isso não pode ser causa de frustração. Há uma promessa e uma esperança: o que agora aparece por trás dos véus em forma de imagem, de enigma, surgirá depois em plenitude e, no final dos tempos, poderá ser visto por nós de modo direto.

A Essência dos Sacramentos responde a estes três princípios:

- Ontologicamente, o conceito de sacramentalidade deriva da constatação de que imanência e transcendência não são de maneira alguma díspares tendendo, a partir da sua alteridade, a unir-se e encontra-se.

- Antropologicamente, o conceito de sacramentalidade deriva da necessidade de Deus no sentido de fazer-se compreender pelo homem e da necessidade do homem de comunicar-se com Deus: comunicação simbólica.

- Teologicamente, o conceito de sacramentalidade deriva da necessidade verdade e eficácia comunicativas, através de linguagem e símbolo performativo que realiza o que anuncia que constitui a realidade no próprio ato de dize-la.


Fonte de pesquisa: Padre Crystian Shankar

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