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27 de maio de 2012

Desejei ardentemente comer convosco esta Páscoa

 A Eucaristia é o maior e o mais sublime de todos os Sacramentos. Embora o Batismo, sob certo ponto de vista, mereça o primeiro lugar por nos introduzir na vida divina, tornando- nos filhos de Deus e participantes de Sua natureza, a Eucaristia supera- o quanto à substância, pois tratase do verdadeiro Corpo, Sangue Alma e Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo. 
O próprio momento e as circunstâncias solenes em que foi instituído indicam sua importância e a veneração que Cristo queria infundir nas almas de seus discípulos por este admirável Sacramento.
Para isto reservou Ele as últimas horas que Lhe restavam de convívio com os Apóstolos antes de caminhar para a morte, pois "as últimas ações e palavras que fazem e dizem os amigos no momento de se separar, gravam- se mais profundamente na memória e imprimem-se mais fortemente na alma".3
Naqueles instantes - poder-se-ia afirmar - Seu adorável Coração pulsava com santa pressa de realizar, no tempo, aquilo que desde toda a eternidade contemplara em Sua ciência divina. Suas palavras "desejei ardentemente comer convosco esta Páscoa, antes de sofrer" (Lc 22, 15), deixam transparecer claramente os inefáveis anseios de amor do Deus Encarnado por todos os homens, a "multidão de irmãos" (Rm 8, 29), pelos quais iria oferecer-Se naquela mesma noite.
O desejo do Divino Mestre era de que o mistério de Seu Corpo e Sangue se perpetuasse pelos séculos futuros: "Fazei isto em memória de Mim" (Lc 22, 19). Entretanto, devemos considerar que já bem antes da Encarnação havia a Divina Providência multiplicado os símbolos e as figuras que permitiriam aos homens melhor compreender e amar este Sacramento.
A este respeito, diz São Tomás de Aquino:
"Este Sacramento é especialmente um memorial da Paixão de Cristo; e convinha que a Paixão de Cristo, pela qual Ele nos redimiu, fosse préfigurada para que a Fé dos antigos se encaminhasse ao Redentor".4

 Melquisedec: símbolo e prenúncio do Supremo Sacerdote

Um dos sinais mais remotos da Eucaristia aparece no capítulo 14 do Gênesis, naquele personagem fascinante e misterioso que saiu ao encontro de Abraão quando este voltava de sua vitória contra os reis, e o abençoou, oferecendo pão e vinho. Melquisedec, "rei de Salém e sacerdote do Deus Altíssimo" (Gn 14, 18), reunia em si as glórias da realeza, a santidade sacerdotal e o carisma profético.
A Eucaristia é o mais alto ícone da Beleza de Deus revelada em Cristo, porque é a presença real do "mais belo entre os filhos dos homens", a verdadeira beleza em pessoa.
(D. Antonio Augusto dos Santos Marto, Bispo Leiria-Fátima) Ele é bem o símbolo dAquele que mais tarde proclamaria diante de Pilatos:
"Eu sou Rei" (Jo 18, 37) e a propósito do qual todos comentavam: "um grande profeta surgiu entre nós" (Lc 7, 16). Mas naquilo em que Melquisedec mostrou-se mais plenamente imagem de Cristo, foi na posse de um sacerdócio superior ao de Aarão, como está escrito na Carta aos Hebreus:
"Se a perfeição tivesse sido realizada pelo sacerdócio levítico, [...] que necessidade havia ainda de que surgisse outro sacerdote segundo a ordem de Melquisedec, e não segundo a ordem de Aarão?
Isto se torna ainda mais evidente se se tem em conta que este outro sacerdote, que surge à semelhança de Melquisedec, foi constituído não por prescrição de uma lei humana, mas pela sua imortalidade.
Porque está escrito:
‘Tu és sacerdote eternamente segundo a ordem de Melquisedec'" (Hb 7, 11. 15-17). Jesus Cristo, porém, ao descer à terra, não mais oferece pão e vinho, como outrora Melquisedec, mas sim a oblação pura de Seu Corpo e Sangue:
"Não Vos comprazeis em nenhum sacrifício, em nenhuma oferenda, mas formastes-Me um corpo: não desejais holocausto nem vítima de expiação.
Então Eu disse: ‘Eis que venho'" (Sl 39, 7-8).
Assim Ele levou à plenitude aquilo que Melquisedec apenas prenunciara.

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