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18 de maio de 2012

Acabou a devoção ao Coração de Jesus?


Desde o Concílio esta piedade católica parece ter entrado em penumbra.
Os Padres Conciliares falaram muito, mas muito mesmo, de Jesus. Mas não entraram na linguagem devocional e mística, que dominou vários séculos.
Essa devoção cresceu por influência de santos místicos como Santa Gertrudes, e os contemplativos da escola francesa.
A expressão “Sagrado Coração”, no entanto, está ausente dos documentos conciliares e também do Catecismo da Igreja Católica.
Estaria extinta a piedade que nos trouxe tantos santos e santas?
Ficaram sem chão o Apostolado da Oração, que dá uma base de espiritualidade a inúmeras pessoas das nossas Paróquias?
Ficaram sem essência motivadora tantas Congregações, cujo carisma tem vínculo estreito com o “Coração de Jesus”?
O que teria levado o Concílio a não fazer uso dessa rica linguagem contemplativa?
Quer nos parecer que o Concílio evitou entrar em terrenos de quaisquer devoções, desenvolvidas por certas escolas de piedade, por mais ricas que fossem.
Era preciso usar um linguajar que fosse entendido pelos outros cristãos, não católicos. Convinha evitar equívocos sobre a identidade de Jesus que, nas mentes confusas, já correspondia a duas pessoas quando se falava de Jesus e de seu Coração.
Também era necessário retomar um vocabulário estritamente bíblico, que propiciasse o entendimento entre os seguidores de todas as escolas de piedade. Mas ninguém pense que a devoção ao Coração de Jesus não tenha raízes bíblicas.
Ela está profundamente arraigada no cerne das Escrituras. Essa devoção quer dizer que Jesus se distingue pela sua misericórdia, e não pela severidade.

“Tenho compaixão desse povo, porque há três dias me acompanha” (Mc 8, 2). Contemplando esse Coração, aprendemos a amar o semelhante, e adorar o Pai Celeste.

A devoção é imorredoura, exatamente porque está visceralmente radicada nas Escrituras, e acerta em cheio a essência de Jesus. Talvez vamos diminuir o uso da palavra Coração, mas não deixaremos de sentir que Jesus é um Ser amoroso.

É impossível deixar de sentir a bondade divina quando na Eucaristia repetimos as suas santas palavras:

“Isto é o meu Corpo, entregue por vós” (Lc 22, 19).

Essa devoção é como o Espírito Divino: está suposto, embora dele não falemos.


 Fonte:DOM ALOÍSIO ROQUE OPPERMANN SCJ ARCEBISPO DE UBERABA, MG

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