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30 de agosto de 2011

Arcebispo Dom Bruno Gamberini morre aos 61 anos em São Paulo

Corpo será sepultado em cerimônia aberta ao público na Catedral Metropolitana. velório começou às 9h desta segunda (29)
O Arcebispo Metropolitano de Campinas, D. Bruno Gamberini, morreu neste domingo, 28, aos 61 anos, por volta das 15h, em decorrência da falência múltipla de órgãos. O líder católico estava internado desde sexta-feira na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Bandeirantes, em São Paulo, com complicações hepáticas. O corpo será sepultado em cerimônia aberta ao público na Catedral Metropolitana de Campinas, na terça-feira, às 10h. Conforme a tradição, o arcebispo será enterrado na cripta localizada embaixo do altar.


O corpo de Dom Bruno Gamberini chega à Catedral às 9h desta segunda-feira (29), onde será velado. Ainda nesta segunda. estão programadas missas às 10h, 12h15, 15h e 18h15.

De acordo com o médico patologista Tércio Genzini, d. Bruno sofria de síndrome metabólica, quadro que contempla características como sobrepeso e diabetes. “O que culminou na morte de d. Bruno foi a evolução da própria doença. Ele já tinha um quadro de fibrose hepática, teve cirrose e pegou infecção sanguínea”, diz. Ainda segundo o médico, a hemorragia foi tratada, mas a infecção no sangue, chamada translocação bacteriana, generalizou-se quando houve queda brusca de pressão.

Por volta das 13h30 deste domingo, d. Bruno permanecia internado na UTI, sedado e sob ventilação mecânica.
Com o agravamento da função renal e diante da falta de respostas aos medicamentos, foi necessária uma tentativa de hemodiálise, que não foi concluída.
“Interrompemos porque D. Bruno estava muito instável”, explica Genzini. Segundo o médico, D. Bruno não sentiu dor em nenhum momento, já que estava sedado.

D. Bruno Gamberini foi transferido na madrugada da sexta-feira para o Hospital Bandeirantes. Ele estava internado desde a terça-feira, dia 23, na Unidade Coronária (UCO) do Hospital Celso Pierro, em Campinas. A transferência foi decidida por causa da gravidade de seu quadro.

A saúde do arcebispo estava delicada desde que sofreu complicações no fígado e no rim devido ao diabete, em junho. No mês passado, o religiosos voltou ao hospital e passou dois dias na UTI, onde fez uma série de exames. Desde que deixou o hospital, no mês passado, o arcebispo permaneceu em casa, em repouso. Na noite de terça-feira, passou mal na casa em que morava com a sobrinha.

O prefeito Demétrio Vilagra (PT) decretou sete dias de luto oficial. A PUC-Campinas e o Colégio de Aplicação Pio XII suspenderam as atividades acadêmicas nesta segunda-feira. Várias paróquias planejam missas em homenagem ao religioso.

Eleição de novo bispo será realizada por Bento XVI

Sete padres que compõem o Colégio de Consultores de Campinas, presidido pelo monsenhor Fernando de Godoy Moreira, irão nomear um administrador diocesano em até sete dias. Este assumirá provisoriamente o cargo de arcebispo até que o papa Bento XVI nomeie o substituto de d. Bruno. A eleição de um novo bispo é um processo meticuloso, que leva certo tempo e pode demorar até um ano. No entanto, acredita-se que, devido ao tamanho da comunidade cristã da região, será acelerado.

O Núncio Apostólico (representante do papa, presidido por D. Lorenzo Bladisseri) faz uma série de consultas com bispos, padres, religiosos e religiosas, leigos e leigas, para que tracem um perfil da Diocese e indiquem alguns nomes para o futuro bispo, justificando o motivo da escolha. Esse processo é feito com reservas, no chamado “Segredo Pontifício” (que diz respeito somente ao papa). No final, o Núncio apresenta três nomes ao Santo Padre, que elege o candidato mais adequado, de acordo com as necessidades da Diocese.
O escolhido tem toda a liberdade de aceitar ou não, mas tem que apresentar uma carta justificando a não-aceitação.

Eu em particular fiz parte da Comunidade Madre Cabrini - Vila Rosina - Caieiras, quando Dom Bruno era bispo da Diocese de Bragança Paulista, com certeza todos da região devem estar muito tristes com essa notícia!
Descanse em paz Dom Bruno, e aí ao lado de Deus rogue por todos nós que aqui ficamos!

27 de agosto de 2011

Reunião de Satanás " Para Refletir Muito!!!! "

O titulo é pesado, mas vale a pena ler, pois em alguns momentos ele se torna muito verdadeiro!

A Reunião de Satanás

Satanás convocou uma Convenção Mundial de demônios.

Em seu discurso de abertura, ele disse:

"Não podemos impedir os cristãos de irem à igreja"
"Não podemos impedi-los de ler as suas Bíblias e conhecerem a Verdade"
"Nem mesmo podemos impedi-los de formar um relacionamento íntimo com o seu Salvador“.

E, uma vez que eles ganham essa conexão com Jesus, o nosso poder sobre eles está quebrado.

"Então vamos deixá-los ir para suas igrejas, vamos deixá-los com os almoços e jantares que nelas organizam, MAS, vamos roubar-lhes o TEMPO que têm, de maneira que não sobre tempo algum para desenvolver um relacionamento com Jesus Cristo". "O que quero que vocês façam é o seguinte", disse o diabo:

"Distraia-os a ponto de que não consigam aproximar-se do seu Senhor"

Como vamos fazer isto? Gritaram os seus demônios.

Respondeu-lhes:

"Mantenham-nos ocupados nas coisas não essenciais da vida, e inventem inumeráveis assuntos e situações que ocupem as suas mentes"
"Tentem-nos a gastarem, gastarem, gastarem, e tomar emprestado, tomar emprestado"

"Persuadam as suas esposas a irem trabalhar durante longas horas, e os maridos a trabalharem de 6 à 7 dias por semana, durante 10 à 12 horas por dia, a fim de que eles tenham capacidade financeira para manter os seus estilos de vida fúteis e vazios."
"Criem situações que os impeçam de passar algum tempo com os filhos"

"À medida que suas famílias forem se fragmentando, muito em breve seus lares já não mais oferecerão um lugar de paz para se refugiarem das pressões do trabalho".
"Estimulem suas mentes com tanta intensidade, que eles não possam mais escutar aquela voz suave e tranqüila que orienta seus espíritos".
"Encham as mesinhas de centro de todos os lugares com revistas e jornais".

"Bombardeiem as suas mentes com noticias, 24 horas por dia".
"Invadam os momentos em que estão dirigindo, fazendo-os prestar atenção a cartazes chamativos".
"Inundem as caixas de correio deles com papéis totalmente inúteis, catálogos de lojas que oferecem vendas pelo correio, loterias, bolos de apostas, ofertas de produtos gratuitos, serviços, e falsas esperanças".

"Mantenham lindas e delgadas modelos nas revistas e na TV, para que seus maridos acreditem que a beleza externa é o que é importante, e eles se tornarão mal satisfeitos com suas próprias esposas".
"Mantenham as esposas demasiadamente cansadas para amarem seus maridos à noite, e dê-lhes dor de cabeça também. Se elas não dão a seus maridos o amor que eles necessitam, eles então começam a procurá-lo em outro lugar e isto, sem dúvida, fragmentará as suas famílias rapidamente."

"Dê-lhes Papai Noel, para que esqueçam da necessidade de ensinarem aos seus filhos, o significado real do Natal."
"Dê-lhes o Coelho da Páscoa, para que eles não falem sobre a Ressurreição de Jesus Cristo, e o Seu poder sobre o pecado e a morte."
"Até mesmo quando estiverem se divertindo, se distraindo, que seja tudo feito com excessos, para que ao voltarem dali estejam exaustos!".

"Mantenha-os de tal modo ocupados que nem pensem em andar ou ficar na natureza, para refletirem na criação de Deus. Ao invés disso, mande-os para Parques de Diversão, acontecimentos esportivos, peças de teatro, concertos e ao cinema. Mantenha-os ocupados, ocupados."
"E, quando se reunirem para um encontro, ou uma reunião espiritual, envolva-os em mexericos e conversas sem importância, para que, ao saírem, o façam com as consciências pesadas".

"Encham as vidas de todos eles com tantas causas nobres e importantes a serem defendidas

que não tenham nenhum tempo para buscarem o poder de Jesus".

Muito em breve, eles estarão buscando em suas próprias forças, as soluções para seus problemas e causas que defendem, sacrificando sua saúde e suas famílias pelo bem da causa."

"Isto vai funcionar!! Vai funcionar !!"

Os demônios ansiosamente partiram para cumprirem as determinações do chefe, fazendo com que os cristãos, em todo o mundo, ficassem mais ocupados, e mais apressados, indo daqui para ali e vice-versa, tendo pouco tempo para Deus e para suas famílias.

Não tendo nenhum tempo para contar
à outros sobre o poder de Jesus para transformar vidas.

Creio que a pergunta é:

Teve o diabo sucesso nas suas maquinações?

Se você não estiver muito OCUPADO, passe adiante.




23 de agosto de 2011

A importância da concentração antes de se iniciar qualquer celebração litúrgica.

Concentrar-se é uma atitude natural e indispensável antes de qualquer atividade humana importante. Indispensável para que a ação se realize da maneira mais perfeita e equilibrada possível. E quanto mais importante e exigente é, mais concentração exige. Antes de atuarem no palco, os atores de teatro se recolhem e se concentram. Os atletas, antes de entrarem em ação, mergulham em rigorosa concentração. O médico, antes de realizar uma delicada cirurgia, tem que se concentrar muito. Um músico, antes de iniciar um importante concerto, tem que se concentrar.

Concentrar-se significa “entrar em sintonia com o centro” (com aquilo que é central, essencial). Aquietar e silenciar a mente e o corpo e, libertando-se de todo “ruído” que distrai, mergulhar fundo no único foco de atenção, a saber: a beleza da ação que se vai realizar.

E na liturgia cristã? Sabemos que ela é ação por excelência. Por ela se estabelece um diálogo amoroso e comprometido (pascal) entre Deus e seu povo e vice-versa. Eis o seu centro, seu essencial. E quem são os atores dessa ação? Toda a assembléia, composta de muitos ministérios, desde quem preside até a pessoa que atua simplesmente somando com os outros pela sua presença e participação. Todos e todas, cada qual com seu papel, atuam no “teatro” da ação ritual da divina Liturgia. Supondo-se, é claro, que o ator principal é o próprio mistério de Deus.

Se a liturgia é isso, trata-se de uma atividade humana e divina de altíssima importância, a mais importante. O Concílio Vaticano II a chama de “cume e fonte para o qual tende toda a ação da Igreja e, ao mesmo tempo, fonte donde emana toda a sua força” (Constituição sobre a Liturgia, n. 10). E, portanto, se assim é, não exigiria ela (sobretudo ela!) dos seus atores uma concentração prévia muito mais intensa? Com certeza que sim! Para que todos participem de fato da liturgia de maneira plena, consciente, ativa, externa e interna (exterior e interior), fácil, piedosa e frutuosa, como é desejo da Igreja (cf. idem, n. 11, 14, 18, 19, 21, 27, 30, 41, 48, 50, 53, 55, 79, 100, 114, 118, 121, 124 etc.), é mais que natural que haja por parte de todos os atores da celebração um momento de cuidadosa concentração prévia.

A Instrução Geral sobre o Missal Romano alude a isso, usando a palavra “silêncio”: “Convém que já antes da própria celebração se conserve o silêncio na igreja, na sacristia, na secretaria e mesmo nos lugares mais próximos, para que todos se disponham devota e devidamente para realizarem os sagrados mistérios” (n. 45).

Em muitas comunidades já está se adotando o costume de um momento de concentração antes de iniciar a celebração litúrgica. O sacerdote se recolhe em oração pessoal; diante de Deus aquieta o seu coração. Há sacerdotes que costumam se juntar aos demais ministros, na sacristia ou à porta de entrada da igreja, para um momento silencioso de oração, pedindo ao Espírito Santo a sabedoria para o exercício de cada ministério... Na própria assembléia se canta um refrão meditativo... Tudo vai criando um clima de compenetração para a grande ação humana e divina, a celebração da divina Liturgia.

A qualidade orante da participação litúrgica, então, só tem a ganhar e o povo com certeza agradece...

Perguntas para reflexão pessoal e em grupos:

1. Em sua comunidade, tanto os ministros como os demais membros da assembléia costumam realizar um momento de concentração (oração silenciosa, silêncio orante) antes de iniciar a celebração litúrgica?
2. Por que é importante e indispensável concentrar-se antes atuar na celebração da divina Liturgia?
3. A prática da concentração prévia à celebração tem ajudado sua comunidade a celebrar bem? Em que sentido?

Fonte: Frei José Ariovaldo

Hóstia - O que esta palavra sugere?


Certa vez, pensando sobre o “Sacramento da Caridade”, me fiz a seguinte pergunta: Por que será que costumamos associar “eucaristia” com “hóstia”. Fala-se em adorar a hóstia, ajoelhar-se diante da hóstia, levar a hóstia em procissão (na festa de Corpus Christi), guardar a hóstia... Uma criança chegou certa vez para a catequista e perguntou: “Tia, quanto tempo falta para eu tomar a hóstia?” (Referia-se à primeira comunhão).

Tive então a idéia de ir atrás da origem da palavra “hóstia”. Corri para um dicionário (aliás, vários), e me dei conta que esta palavra vem do latim. Descobri que, em latim, “hóstia” é praticamente sinônimo de “vítima”. Ao animal sacrificado em honra dos deuses, à vítima oferecida em sacrifício à divindade, os romanos (que falavam latim) chamavam de “hóstia”. Ao soldado tombado na guerra vítima da agressão inimiga, defendendo o imperador e a pátria, chamavam de “hóstia”. Ligada à palavra “hóstia” está a palavra latina “hóstis”, que significa: “o inimigo”. Daí vem a palavra “hostil” (agressivo, ameaçador, inimigo), “hostilizar” (agredir, provocar, ameaçar). E a vítima fatal de uma agressão, por conseguinte, é uma “hóstia”.

Então, aconteceu o seguinte: O cristianismo, ao entrar em contato com a cultura latina, agregou no seu linguajar teológico e litúrgico a palavra “hóstia”, exatamente para referir-se à maior “vítima” fatal da agressão humana: Cristo morto e ressuscitado.

Os cristãos adotaram a palavra “hóstia” para referir-se ao Cordeiro imolado (vitimado) e, ao mesmo tempo ressuscitado, presente no memorial eucarístico.

A palavra “hóstia” passa, pois, a significar a realidade que Cristo mesmo mostrou naquela ceia derradeira: “Isto é o meu corpo entregue... o meu sangue derramado”. O pão consagrado, portanto, é uma “hóstia”, aliás, a “hóstia” verdadeira, isto é, o próprio Corpo do ressuscitado, uma vez mortalmente agredido pela maldade humana, e agora vivo entre nós feito pão e vinho, entregue para ser comida e bebida: Tomai e comei..., tomai e bebei...

Infelizmente, com o correr dos tempos, perdeu-se muito este sentido profundamente teológico e espiritual que assumiu a palavra “hóstia” na liturgia do cristianismo romano primitivo, e se fixou quase que só na materialidade da “partícula circular de massa de pão ázimo que é consagrada na missa”. A tal ponto de acabamos por chamar de “hóstia” até mesmo as partículas ainda não consagradas!

Hoje, quando falo em “hóstia”, penso na “vítima pascal”, penso na morte de Cristo e sua ressurreição, penso no mistério pascal. Hóstia para mim é isto: a morte do Senhor e sua ressurreição, sua total entrega por nós, presente no pão e no vinho consagrados. Por isso que, após a invocação do Espírito Santo sobre o pão e o vinho e a narração da última ceia do Senhor, na missa, toda a assembléia canta: “Anunciamos, Senhor, a vossa morte, proclamamos a vossa ressurreição. Vinde, Senhor Jesus”.

Diante desta “hóstia”, isto é, diante deste mistério, a gente se inclina em profunda reverência, se ajoelha e mergulha em profunda contemplação, assumindo o compromisso de ser também assim: corpo oferecido “como hóstia viva, santa, agradável a Deus” (Rm 12,1). Adorar a “hóstia” significa render-se ao seu mistério para vivê-lo no dia-a-dia. E comungar a “hóstia” significa assimilar o seu mistério na totalidade do nosso ser para se tornar o que Cristo é: entrega de si a serviço dos irmãos, hóstia.

E agora entendo melhor quando o Concílio Vaticano II, ao exortar para a participação consciente, piedosa e ativa no “sacrossanto mistério da eucaristia”, completa: “E aprendam a oferecer-se a si próprios (grifo nosso) oferecendo a hóstia imaculada, não só pelas mãos do sacerdote, mas também juntamente com ele e, assim, tendo a Cristo como Mediador, dia a dia se aperfeiçoem na união com Deus e entre si, para que, finalmente, Deus seja tudo em todos” (SC 48).

Perguntas para reflexão pessoal ou em grupos:

Quando você pronuncia a palavra “hóstia”, o que é que lhe vem de imediato na sua cabeça?
O que significa a palavra “hóstia”, vinda do latim?
Na nossa linguagem cristã, a palavra “hóstia” significa então o quê?
O que significa comungar a “hóstia”?
O que significa adorar a “hóstia”?

Oração como diálogo em São Francisco



1. Já ouvi muitas vezes falar em Oração como Encontro. Anselm Grün tem um livro como este título nas Vozes que recomendo sempre. Mas receber de nossa Ministra Regional da Ordem Franciscana Secular um pedido para escrever sobre Oração como Diálogo me encantou.

Realmente, qualquer oração razoável deveria ser fruto de um autêntico encontro entre o orante e Deus. Acontece que encontro para ser algo decente precisa ser livre e conscientemente desejado pelas duas partes. Melhor é quando foi previamente combinado pelos dois. Oração com hora marcada pode ser preparada: procure local apropriado; interrompa toda atividade; elimine tudo que puder interromper ou distrair (sem telefones, tevê, som, jornais, revistas); ponha-se em clima de oração, invoque o Divino Espírito.

2. PESSOAS FALAM E SÃO OUVIDAS no encontro. O modelo mais simples e feliz da Oração como Encontro é assim descrito. Depois dos preâmbulos acima enumerados, como Deus é a outra Pessoa infinitamente mais importante, preciso dispor-me a ouvi-lo. Por isso leio, ou ouço a palavra Divina. A seguir medito sobre ela. Só depois rezo. De preferência faço orações espontâneas que texto e meditação me inspiram. É, claro que em muitas meditações minha realidade pessoal, aspectos de minha vida, vivências, sentimentos, afetos, emoções positivas ou negativas afloram à consciência. Coloque tudo diante de Deus. Ele é seu confidente único, incomparável. Tudo é natural para sua oração. Até nossos pecados são ótimos motivos de oração.

3. É ORAÇÃO-DIÁLOGO? Ou seria DIÁLOGO-ORAÇÃO? Em primeiro lugar preciso dizer que Diálogo tem tudo a ver com ENCONTRO de qualidade. Os melhores encontros entre duas pessoas são os de amor. E duas pessoas não conseguem amar-se de verdade sem dialogar. Por quê?

Vamos ver quais são as coisas mais imprescindíveis para quem deseja o dialogar. Em primeiro lugar é necessário saber que o Diálogo tem um único objetivo fundamental: compreender a outra e por ela ser compreendido. Sem compreender, o amor não se aprofunda e não se fortalece. A compreensão é o oxigênio do amor.

Em segundo lugar o Diálogo depende da capacidade de cada um saber fazer silêncio no seu interior e ouvir com atenção total o outro. Este silêncio interior é facilitado pelo desapego, desapego também de si próprio, de suas coisas, cortadas e desejos pessoais. Isso faz parte da pobreza e do ser menor de São Francisco.

4. FRANCISCO É MESTRE COMPLETO NA ORAÇÃO-DIÁLOGO. Como ninguém ele sabia procurar e ouvir a voz de Deus. Em alguns de seus escritos as citações e referências a textos da Bíblia são tão abundantes que chegam a ocupar metade do espaço. Acreditava de toda a alma que Deus falava diretamente com ele através de sonhos-visões, leituras e explicações do Evangelho. Foi assim que durante o tempo de sua conversão, tendo na missa ouvido a narração dos discípulos enviados a pregar, Francisco procurou depois o padre e quis saber mais. Diante do exemplo da total pobreza e precariedade dos enviados exclamou extasiado: “ É isso que eu quero, é isso que procuro, é isso que eu desejo de todo o coração”. Este pode ser considerado o momento do nascimento da Ordem de São Francisco.

Suas orações são o fruto imediato de longas meditações, contemplações arrebatadoras e êxtases. Esquecido de si, Francisco estava totalmente encantado e arrebatado pelo Deus-Paixão. “ Grande e magnífico Deus, meu Senhor Jesus Cristo...”.

Fonte: Frei Hipólito Martendal

Santa Clara de Assis

A realização feminina do franciscanismo

Dia 11 de agosto celebra-se a festa de Santa Clara de Assis. Em total comunhão com São Francisco fundou a Ordem das Damas Pobres, mais conhecidas como Irmãs Clarissas. Até aí, aparentemente, nada de especial. Afinal existem tantas congregações femininas... e boa parte do povo católico nunca viu uma irmã clarissa. Alguns até sabem que Santa Clara é padroeira da televisão. Mas isso tudo parece tão simples, tão pouco significativo. E ainda para piorar, muita gente fica a imaginar um romance adocicado, cheio de renúncia entre Francisco e Clara, coisa tão pequena, tão trivial.

A verdade é bem outra. Depois de Maria, Clara é talvez a figura feminina mais extraordinária que o Cristianismo produziu. Vamos tentar ver por que podemos fazer esta afirmação tão ousada. Alguns trechos virão apresentados entre aspas. São extraídos de artigos escritos por nosso confrade franciscanólogo, apaixonado por Clara e Francisco. Ele gentilmente cedeu seus escritos para citações, sem fazer ressalvas. Trata-se de Frei Vitório Mazzuco Filho.

Seu nome é Clara
A família de Clara era nobre. Seu pai, o sr. Favarone, filho de Offreduccio. Sua mãe, D. Hortolana, era muito piedosa e participou de diversas peregrinações à Terra Santa e ao Sinai. Dizem que o parto de Clara foi muito difícil, o que levou sua mãe a recorrer às orações, entregando o caso aos cuidados de Deus. Tendo alcançado grande paz, teve uma espécie de iluminação de que sua filha seria uma luz a iluminar o mundo. Não teve dúvidas. Decidiu que a filha chamar-se-ia CLARA.

Vamos ler agora o que Frei Vitório nos escreve:
"Para o mundo bíblico dar nome é trazer para a vida e para o sentido desta vida. Ter nome é ter um papel a cumprir, uma missão a concretizar. O que não tem nome não existe. Clara é seu nome!

A história da espiritualidade é a história da luz, quem nasceu para iluminar caminhos só poderia ter um nome como este. Esta menina nasceu para incendiar a vida com a chama do Amor. É profética a conhecida afirmação de Tomas de Celano: "Foi nobre de nascimento e muito mais pela graça. Foi virgem no corpo e puríssima no coração; jovem em idade mas amadurecida no espírito. Firme na decisão e ardentíssima no amor de Deus. Rica em sabedoria sobressaiu na humildade. Foi Clara de nome, mais clara por sua vida e claríssima em suas virtudes. Sobre ela foi edificada uma estrutura das mais preciosas pérolas, cujo louvor não vem dos homens mas de Deus. É impossível compreendê-la com nossa estreita inteligência e apresentá-la em poucas palavras". (1 Cel 8, 18-19)

Clara nasce em Assis no dia 16 de julho de 1193. É batizada na catedral de São Rufino com o nome escolhido pela mãe iniciando aí uma clara história. Seu pai é o Conde Favarone, nobre e cavaleiro, personalidade forte mas muito terno e afetuoso com seu filho e filhas. É descendente dos Offreduccio Favarone di Bernardino, uma família da melhor estirpe. Sua mãe, Hortolana, Condessa de Sasso Rosso, é uma mulher com o "esprit du finesse", característico das grandes damas medievais. É devota, sábia e segura. Após a morte do marido junta-se às filhas em São Damião.

Clara tem um irmão chamando Boso e três irmãs: Pessenda, Inês e Beatriz. As duas últimas seguiram Clara na experiência contemplativa das Senhoras Damas Pobres.

Família rica e influente em Assis, os Offreduccio Favarone poderiam oferecer à filha um matrimônio de bens e de dotes e um sonhado futuro de riquezas. Contudo Clara nasceu para conduzir vidas para Deus e seu matrimônio foi escolher o Esposo, o Rei dos Reis, num esponsal místico.

Na beleza deste nome um modo de ser. Na grandeza deste nome a dignidade de ser mulher e santa. Na força deste nome um programa de vida. Clara Mãe, Clara Irmã, rogai por nós!".

A primeira mulher comum a ser canonizada
Hoje é clássico entre os estudiosos do franciscanismo afirmar que para compreender bem São Francisco é necessário conhecer Santa Clara.

Todos sabem que São Francisco é o cristão mais admirado e mundialmente conhecido, inclusive no mundo não-cristão. Ele e Clara são a prova quase laboratorial de que Cristo pode ser realmente imitado e vivido, eu diria, quase "reencarnado" por seus discípulos. São Francisco provou isso aos homens e Santa Clara às mulheres.

Até Clara a Igreja tinha santas mulheres mártires e algumas santas providas da realeza, em geral admiradas por grandes obras de caridade. Clara foi a primeira mulher comum a ser canonizada, segundo um de seus biógrafos, Luciano Radi. Sofreu uma longa doença de 29 anos. Isso em nada diminuiu o rigor de sua penitência pessoal e pobreza, nem sua bondade verdadeiramente maternal para com suas irmãs. Foram suas qualidades pessoais que atraíram suas duas irmãs de sangue, Inês e Beatriz e, mais tarde, sua própria mãe viúva para viverem com ela no mosteiro!

Em Clara, a realização do franciscanismo
Outro caso único na Igreja foi o número de prelados, bispos e papas que foram visitá-la para confortá-la em sua doença e receber um pouco da energia sobrenatural que dela emanava. E pensar que em seu tempo a mulher era vista como um ser humano inferior em inteligência, menos dotada de capacidade moral e espiritual, causa de queda do homem. Clara não só não foi causa de tentação para Francisco. Abaixo de Deus foi a maior fonte inspiradora para seu ideal de viver o Evangelho. Em Clara, o Franciscanismo deu mais certo que na fraternidade dirigida pelo próprio São Francisco.

Santa Clara inaugurou a vida religiosa feminina independente da tutela de um homem, totalmente entregue à direção de uma mulher. Se Jesus e Maria são os novos protótipos do homem e da mulher dos tempos messiânicos, Francisco e Clara são a prova de que a nova humanidade pode concretizar-se em quem decide realmente ser discípulo de Jesus.

O papa encontrava-se em Assis quando Clara faleceu a 11 de agosto de 1253. Ele participou das exéquias e ordenou que não se celebrasse o Ofício Divino próprio de defuntos, mas o das Santas Virgens. Já era uma espécie de antecipação da canonização que se tornaria oficial apenas dois anos depois.

Fonte: Frei Hipólito Martendal

Os dons espirituais fortalecendo o talento humano

Deixe os dons do alto invadirem sua humanidade

Nascemos com capacidades e talentos naturais. Estes são responsáveis pela facilidade ou prazer que encontramos para realizar certos trabalhos, é uma inclinação, predileção por tais afazeres. Temos como exemplo: as habilidades manuais, de raciocínio lógico, o talento musical, a capacidade espacial, interpessoal, entre outras. Eles nos vêm como dons de Deus, infundidos na pessoa, geralmente transmitidos pela genética ou ao se desenvolver uma prática. São os chamados dons naturais.

Existem também os dons do Espírito Santo. A respeito deles São Paulo recomenda “Aspirai aos dons mais elevados” (cf. At 12, 31). São, de fato, mais elevados, pois vêm de uma realidade sobrenatural, que está acima das realidades terrenas. Trata-se dos dons de Sabedoria, Entendimento, Conselho, Fortaleza, Ciência, Piedade, Temor de Deus – e ainda: Línguas, Discernimento, Fé, Cura e Milagres.

Sobre os dons do Espírito, a Bíblia TEB (Tradução Ecumênica Bíblica – edição para estudo) especifica: “Deus é fonte dos dons espirituais que transcendem toda maneira de ser das coisas” (nota roda pé – Jo 4, 24).

Contudo, estes dons espirituais “mais elevados” manifestam-se por meio de nossas características humanas, ou seja, em nossas capacidades naturais. “As perfeições invisíveis de Deus – não somente seu eterno poder, mas também a sua eterna divindade – são percebidas pelo intelecto” (Rm 1, 20). E quando pedimos a intervenção dos dons do Espírito, estes perpassam nossas capacidades humanas de duas formas.

A primeira é percebida mais facilmente. Uma vez que nos colocamos disponíveis à ação sobrenatural do Espírito Santo e pedimos Sua comunicação conosco, Ele age nas faculdades humanas, geralmente na memória e nos sentidos, inspirando-nos com imagens, lembranças, trechos bíblicos, com uma palavra específica de exortação ou revelação, por uma sensação física ou a impressão-intuição acerca de algo até então desconhecido.

Tudo isso para revelar o que ocorre de sobrenatural e terreno, que está oculto aos olhos humanos, mas, que nos ronda e nos cerca.

É assim que aprendemos nos Seminários de Dons e suas oficinas, desenvolvemos o modo de Deus falar em nós, a linguagem d'Ele conosco, para edificação da comunidade e própria.

E a segunda forma, que talvez poucas pessoas tenham percebido, é o modo como os dons espirituais ampliam os horizontes das nossas capacidades humanas. Os dons sobrenaturais depositam algo em nossos dons naturais que os capacitam ainda mais. A Sabedoria do alto potencializará o saber humano, o discernimento dos espíritos aperfeiçoará a sensibilidade de discernir humanamente, o dom da Fé, vindo da escolha de Deus por cada um, alça a pessoa a querer conhecer mais do Senhor, fazendo de sua fé um príncipio de vida, embasado também em conhecimento teológico, e assim por diante.

Apesar de alguns nomes entre estas manifestações do Espírito e o talento humano serem os mesmos, não são iguais, nem uma "forma mais elevada" de nossas capacidades naturais. Exemplificando: a Ciência vinda de Deus é conseguir ver as coisas como o Senhor as vê, conhecimento da total realidade, das forças terrenas e angélicas, enquanto, ciência humana, se resume ao estudo de aspectos do cosmos, sobretudo do ser humano. Um cientista pode ter autoridade em tudo o que estuda e pesquisa, mas a Ciência de Deus lhe virá pela fé, numa revelação daquilo que ele não pode alcançar por esforço próprio.

Antes mesmo de ser visitado pelo Senhor e compor a famosa oração em que pediu o dom da Sabedoria, Salomão já era tido como sábio. A Sagrada Escritura cita seu pai, Davi, o aconselhando a agir com sua inteligência nata (cf. I Rs 2, 6). Somente mais tarde, é que, em sonho, Deus lhe aparece e lhe concede direito a um desejo (cf. I Rs 3, 5-15), e então, ele, que poderia ter pedido qualquer coisa ao Altíssimo, explicitou o desejo pela Sabedoria, dom do Céu (cf. I Rs 3, 5-15). Também o livro da Sabedoria mostra o rei Salomão testemunhando a procura e o amor a esse dom (cf. Sb 8, 2) antes de manifestar seu pedido ao Senhor (cf. Sb 9).

Após estar ungido com o dom divino, já no primeiro caso de julgamento em que presidiu, manifestou uma sabedoria fora do comum (cf. I Rs 3, 16-28), num ofício que era comum a um rei, em situação típica deste mundo, não o foi num momento de oração ou em motivações fora da esfera dos homens. Isso mostra que, atingido pela força de Deus, sua capacidade humana de inteligência foi multiplicada. Ele era capaz de esclarecer a verdade, mesmo quando não lhe traziam todas as provas e argumentos possíveis.

A capacidade pessoal passa a ser uma predisposição para, em conjunto com o Espírito Santo, manifestar ambos: o dom natural e o sobrenatural. Faz parte da identidade do indivíduo, e em algum momento da sua vida, quando aprouver ao Senhor, Ele providenciará uma situação em que a pessoa possa dar abertura a esse Espírito de Deus, e então o dom natural vai ser potencializado, conforme o exemplo acima.

Quanto mais usamos os dons espirituais, tanto mais entramos em sintonia com Deus e com nós mesmos, e, dessa forma, tanto mais nos tornamos homens e mulheres com apurada sensibilidade aos dons naturais que temos.

Será que Jesus usava, em todos os momentos, somente Sua divindade? Quando penetrava os pensamentos dos que Lhe armavam ciladas (cf. Lc 20, 23; Mt 9,3-4), seria impossível vir este discernimento por meio de Sua inteligência e da percepção humana? Se assim fosse, não haveria sentido em Jesus ter assumido em tudo a nossa humanidade, exceto o pecado. (cf. Hb 4, 15b).

Assim como a pessoa humana do Cristo pertence “in proprio” à pessoa divina do Filho de Deus, Sua vontade e inteligência têm como primazia a revelação do ser espiritual da Trindade (cf. Catecismo da Igreja Católica, art. nº 470), nossa humanidade nos é dada para revelar uma identidade espiritual – quem somos no coração de Deus.

Tudo o que somos deve ser alcançado pelo Espírito para conseguirmos transfigurar um dia o que será nossa natureza celeste.
Deixe os dons do alto invadirem sua humanidade, todos os seus talentos, essa é apenas uma forma de descobrirmos como somos e seremos verdadeiramente na eternidade, diante do Senhor.

Deus abençoe!

Fonte: Sandro Ap. Arquejada - Missionário Canção Nova

A vontade de Deus e a vontade humana

Muitos cristãos, decepcionados, se revoltam contra Deus

Jesus afirmou: “Não busco a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou” (Jo 5,30). Aliás, na Agonia no Horto das Oliveiras, Ele assim orou: “Meu Pai, se é possível, passe de mim este cálice; contudo, não se faça como que quero, mas como tu queres” (Mt 16, 39). Deixou magnífico exemplo para Seus seguidores. Santo Agostinho, sabiamente, ensinou que “a vontade é a potência pela qual se erra e se vive com retidão”. Daí a necessidade da atenção para com essa faculdade da alma que pode ser prejudicada pela indecisão ou falta de resolução firme para aderir às inspirações divinas.

Todo progresso espiritual consiste em desejar firmemente seguir os ditames celestes. A egolatria pode sutilmente levar o cristão a não querer se sujeitar à voz de sua consciência. Daí a necessidade da maleabilidade nas mãos do Divino Espírito Santo, para que todas as intenções sejam verdadeiramente retas e não meros caprichos humanos. Eis porque advertia São Paulo aos Filipenses sobre aqueles que buscam os seus próprios interesses e não os de Jesus Cristo (cf. Fl 2,21). Donde ser preciso solicitar sempre a graça da constância para que se fuja da precipitação, da volubilidade, não sendo nunca o discípulo de Cristo irresoluto e instável, conforme advertiu de São Tiago (cf. Tg 1,8).

Para isso mister se faz equilibrar o coração com a inteligência. Estando esta iluminada, cabe à vontade executar com sumo amor e total disposição o que deve ser realizado em cada momento. Aliás, a finalidade última de toda oração deve a total conformidade com os desígnios do Ser Supremo.

Esta imolação da vontade própria é sumamente agradável a Deus. Tudo depende do domínio de si mesmo, o qual torna o cristão imune aos desvios que impedem sua adesão ao bem a ser praticado. Nunca se pode esquecer que a fidelidade, mesmo nas pequenas atitudes, cerra a porta a quase todos os males das potências superiores da alma, pois treina a vontade para o total autodomínio, levando a uma tranquilidade absoluta no falar e no agir, graças ao valor das virtudes internas do espírito. Chega-se então àquela moderação de que fala São Paulo a Timóteo, levando cada um “uma vida calma e tranquila, com toda a piedade e decoro” (1Tm 2,2). É que aceitar a vontade de Deus em todas as circunstâncias, durante todo o dia, é uma grande prova de amor.

Convém, porém, notar que, sendo Deus luz e amor, Ele se comunica com a pessoa humana de vários modos. São João da Cruz, sem querer, evidentemente, fazer um jogo de palavras diz que “às vezes percebe-se mais conhecimento do que amor; outras, mais amor do que inteligência ..., ou só conhecimento e nada de amor ..., ou só amor sem nenhuma informação do Espírito Santo”. O que vale, contudo, na prática, é a reta intenção de fazer o que Ele quer e não o que cada um desejaria fazer. É que um ato de vontade constante, feito com total dileção para com Deus, vale muito mais do que os grandes heroísmos passageiros, esporádicos. É desse modo que a vontade humana vai se tornando livre e generosa, como era a de Cristo, o qual pode dizer ser Seu alimento fazer a vontade do Pai (cf. Jo 4,34). É lógico que esta conformidade absoluta com os desígnios de Deus leva o cristão a suportar com paciência todas as incongruências de uma passagem por este "vale de lágrimas" como é o presente exílio nesta terra. Estas provações então purificam o coração como o ouro no crisol.

Quantos cristãos, infelizmente, quando Deus permite qualquer desgosto, por pequenino que este seja, chegam até a se revoltar contra Ele. Ainda bem que o Onipotente é paciente, pois poderia punir imediatamente estes insurgentes. Por tudo isso, o acatamento de tudo que Deus permite se torna fonte maravilhosa de merecimentos. A dependência filial em todas as circunstâncias da vida, este abandono amoroso nas mãos da Divina Providência, este oferecimento habitual nas dificuldades que surgem, esta paciência inalterável atraem o beneplácito do Todo-Poderoso Senhor. É quando o cristão deve se lembrar das palavras de São Paulo aos Coríntios: “Realmente, o leve peso de nossa tribulação no momento presente, prepara-nos, além de toda e qualquer medida, um peso eterno de glória; não que nós olhemos as coisas visíveis, mas para as invisíveis; é que as coisas visíveis são transitórias, ao passo que as invisíveis são eternas” (I Cor 5,417-18). Além do mais, a imperturbabilidade é o venturoso resultado da aceitação de tudo como vindo da mão de Deus. Tudo é, deste modo, contemplado pelo prisma da Divina Sabedoria.

É dessa maneira que o querer humano vai se transformando no querer divino. Pensar, desejar, aspirar, sentir em tudo conforme a adorável Vontade Divina deve ser sempre o grande intuito do verdadeiro imitador de Jesus Cristo.

Fonte: Cônego José Geraldo Vidigal de Carvalho

22 de agosto de 2011

A diferença entre provação e tentação

A 'receita' para identificar os objetivos desses sentimentos
Precisamos entender que a provação é uma situação de aflição e sofrimento.
Esse aspecto é tratato em Tiago 1, 3. Quando falamos desse assunto [provação], estamos tocando na origem, falando daquele de quem vem a ação. Somente Deus nos prova na intenção de nos fazer alcançar uma fé madura e, diante dessa dimensão, vamos perceber que a provação contempla fins que nos leva à perfeição. Entretanto, podemos correr o risco de, diante de uma provação, cair num sentimento de revolta contra Deus. Há necessidade de aproveitar desse momento [de provação].

Enquanto que a tentação tem origem no demônio. É uma atração para fazer o mal no intuito de buscar o prazer, egoísmo ou o lucro. Há situações de tentação que são culpa de nossa própria concupisciência. São as nossas tendências que nos levam à decadência que o tentador deseja: o afastamento de Deus.

Como instrumento contra a tentação precisamos rezar, estar vigilantes para que a graça venha em favor daqueles que são tentados. É tambem nosso dever socorrer aqueles que caem envolvidos pelas armadilhas do tentador. Ainda assim, na tentação podemos aprender a partir de nossos limites, das nossas fraquezas e assumir cada vez mais nossa dependência de Deus.

Padre Eliano Luiz - SJS

17 de agosto de 2011

Missão Cristã sem Cristo!

“Sem mim nada podeis fazer” e “Fazei tudo o que Ele vos disser” são palavras de Jesus Cristo e de Sua Mãe e Nossa Senhora, Maria. Indicam-nos quão enraizados em Cristo devemos ser; quanto a obediência e conhecimento de Sua palavra deve nortear quem somos e transbordar no que fazemos.

É João Paulo II, o papa da comunicação, quem como num testamento, convidando-nos a águas mais profundas, alerta-nos sobre o imenso perigo que corremos de seguirmos em missão sem Cristo ou, pior, perdermos a correta visão da vida cristã e seu testemunho mais profundo.

João Paulo II explica assim, com clareza, o crucial desempenho da graça obtida, acima de tudo, pela vida de oração. Enfoca a existência de uma contínua tentação na vida e nas atividades cristãs que é um pensar que os resultados da vida e trabalhos pastorais são a soma de nossa capacidade de agir e planejar. Explica-nos que é justo pensar que Cristo conta com todos os nossos esforços e conhecimentos para o crescimento de Seu Reino. Entretanto, torna-se um erro fatal esquecer que sem Cristo nada podemos. Daí João Paulo II presenteia-nos com o conhecimento da Primazia da Graça, da necessidade de profunda união a Cristo através da vida de oração e santidade. Alerta-nos, mais fortemente ainda, que nossas frustrações resultam do desrespeito a este princípio de vida e ação na Igreja. Aponta-nos que negligenciar este princípio e não colocar em primeiro lugar a graça e o poder de Jesus Cristo, destaca-se como intensa e constante tentação na vida e ação de toda a igreja que somos cada um de nós. Mostra-nos ser impossível viver vida cristã apartados de Cristo e convida-nos à vida intensa e contínua vida de oração e santidade.

Longe de Cristo somos espiritualmente mortos, escravos do pecado.

Bendito seja Deus que por Maria indica-nos o jejum, o rosário, a confissão mensal, a Eucaristia e a Sagrada Escritura – as cinco pedrinhas. Lembra?
Que elas, portanto, alicercem nossa vida cristã a partir de quem somos, e que resultem neste transbordar de Cristo em nós para cada pessoa, em todas as nossas ações de modo que nossos esforços reflitam Jesus Cristo sempre!

Se é preciso reconstruir sua vida e modo de agir, agora sabemos melhor por onde começar!

Fonte: Ricardo Sá

Vale tudo?

Vale beijar quantas pessoas possível for e relacionar-se sexualmente com quem quiser, a qualquer lugar ou momento! Vale sair de casa uma semana antes da festa e retornar outra semana ou quinze dias depois de seu término sem ter a obrigação de explicar o que fez, com quem esteve, onde dormiu… Simplesmente só é preciso um dia voltar; e se voltar doente, trate-se você mesmo!
Vale beber, dirigir embriagado, perder o controle do automóvel, pôr a vida das pessoas em risco, assustar famílias, atropelas pessoas e servir de péssimo exemplo para os jovens. Se puder, vale usar o carro dos outros, sem pedir emprestado, devolvê-lo quebrado ou sujo.
Vale também esquecer dos filhos, deixá-los com quem nem temos a certeza de que serão séria e amorosamente cuidados, – pois vale também, é claro, faltar no emprego -; vale dar bebida e carro para menores, mostrar-lhes que a vida é curta e importa aproveitar cada momento até a morte, a bebedeira, o uso das drogas e do sexo sem freios, e vale também explicar-lhes que hombridade e feminilidade são instrumentos de conquista e prazer profundo e momentâneo, pois assim é a vida.
Vale não dar satisfações a ninguém, dar conta da própria vida, oferecer-lhe seu sentido, valor. Que ninguém mande em ninguém sob pena de obstacular o prazer da liberdade assim tão imperiosa e cruel.
Vale segredar tudo a um desconhecido, chorar mágoas nos ombros de um aproveitador, abandonar marido e esposa para se encontrarem depois da festa, oferecendo um ao outro o resto da vergonha e do medo dos atos impensados, inconseqüentes. Vale beber até cair!
Vale tudo e – ao que parece – ninguém reclama, discorda, põe a boca no trombone, defende as famílias, as crianças assustadas de tanta desorientação e vovôs e vovós atônitos. Ninguém quer fazer diferente… Dá medo de ficar só!
Onde será esta festa?
Qual país e quais cidades abrigam tal desordem e vandalismo fingindo progresso e ausência de repressão? Que famílias são estas que permitem perder seus filhos por alguns dias sem saberem se um dia retornarão?
Se você souber, será bem possível ter chegado a hora de fazer algo diferente!

Vale beijar quantas pessoas possível for e relacionar-se sexualmente com quem quiser, a qualquer lugar ou momento! Vale sair de casa uma semana antes da festa e retornar outra semana ou quinze dias depois de seu término sem ter a obrigação de explicar o que fez, com quem esteve, onde dormiu… Simplesmente só é preciso um dia voltar; e se voltar doente, trate-se você mesmo!
Vale beber, dirigir embriagado, perder o controle do automóvel, pôr a vida das pessoas em risco, assustar famílias, atropelas pessoas e servir de péssimo exemplo para os jovens. Se puder, vale usar o carro dos outros, sem pedir emprestado, devolvê-lo quebrado ou sujo.
Vale também esquecer dos filhos, deixá-los com quem nem temos a certeza de que serão séria e amorosamente cuidados, – pois vale também, é claro, faltar no emprego -; vale dar bebida e carro para menores, mostrar-lhes que a vida é curta e importa aproveitar cada momento até a morte, a bebedeira, o uso das drogas e do sexo sem freios, e vale também explicar-lhes que hombridade e feminilidade são instrumentos de conquista e prazer profundo e momentâneo, pois assim é a vida.
Vale não dar satisfações a ninguém, dar conta da própria vida, oferecer-lhe seu sentido, valor. Que ninguém mande em ninguém sob pena de obstacular o prazer da liberdade assim tão imperiosa e cruel.
Vale segredar tudo a um desconhecido, chorar mágoas nos ombros de um aproveitador, abandonar marido e esposa para se encontrarem depois da festa, oferecendo um ao outro o resto da vergonha e do medo dos atos impensados, inconseqüentes. Vale beber até cair!
Vale tudo e – ao que parece – ninguém reclama, discorda, põe a boca no trombone, defende as famílias, as crianças assustadas de tanta desorientação e vovôs e vovós atônitos. Ninguém quer fazer diferente… Dá medo de ficar só!
Onde será esta festa?
 Qual país e quais cidades abrigam tal desordem e vandalismo fingindo progresso e ausência de repressão? Que famílias são estas que permitem perder seus filhos por alguns dias sem saberem se um dia retornarão?
Se você souber, será bem possível ter chegado a hora de fazer algo diferente!

Fonte: Ricardo Sá

A última tábua da Salvação!

Parece o fim, mas não é!
O fato, é que Jesus Cristo, mesmo após sua vida entregue à morte de cruz; não obstante seus inúmeros feitos como O Filho de Deus que era; após caminhar sobre as águas, ressuscitar mortos, renascer após três dias, subir aos céus e assim dar início à maior e mais profunda revolução na história da humanidade… Após ter seu corpo exposto à vergonha e chagas, ter seu peito aberto, sua fronte coroada de espinhos e a vergonha, a humilhação e o desprezo… É este o homem que indica considerar seus feitos – por fraqueza nossa – ineficazes se neste tempo de urgência não recorrermos à Divina Misericórdia apresentada a Ir. Faustina Kowalska, na Polônia, em 1931.
Nesta oportunidade Jesus lhe diz que deseja que haja a Festa da Misericórdia; que Sua imagem “seja benta solenemente no primeiro domingo depois da Páscoa, e esse domingo deve ser a Festa da Misericórdia.” Diz que será concedido perdão total das faltas e dos castigos aquele que, nesse dia, se aproximar da Fonte da Vida. “Neste dia, estão abertas as entranhas da minha misericórdia. Que nenhuma alma tenha medo de se aproximar de mim, ainda que seus pecados sejam como o escarlate.”
Assim, ao escolher o primeiro domingo depois da Páscoa, Jesus deseja indicar a estreita união entre o mistério pascal da Redenção e o mistério da Misericórdia de Deus. “ As almas se perdem apesar da minha amarga paixão. Estou lhes dando a última tábua de salvação, isto é, a Festa da Misericórdia. Se não venerarem a Minha Misericórdia, perecerão por toda a eternidade.”
A Festa da Misericórdia destina-se aos pecadores, considerados por Jesus os mais dignos de Suas graças; Sua mensagem tem pressa, pois evoca a brevidade do tempo e a teimosia de quem não quer ou pouco consegue enxergar que a humanidade inteira afunda num mar de desencontros e mal. Suas palavras são repletas de esperança e salvação, concedendo uma intensa luz a quem já se sente cego por causa de seus próprios erros e desorientação. É a imagem de Jesus Ressuscitado que traz aos homens a paz pela remissão dos pecados!
Assim é Jesus Misericordioso!
Suas vestes são brancas, seu peito está aberto, de onde brotam sangue e água para a salvação de todos sem distinção. Seus olhos são os mesmos expostos em seu rosto na exata hora da crucificação; suas chagas são a mais perfeita identificação com os menores de Seu Reino e são plenas indicações de que o caminho é mesmo feito em meio a dores, perda de sangue e entrega.
Suas mãos abençoam! São bênçãos para todos, sob a condição de que saibam escolher que o tempo é agora!
As graças? São colhidas com o vaso da confiança!
Em poucas palavras, o tempo chegou!
É tempo de Misericórdia!

Fonte: Ricardo Sá

Porquê ainda não sei quem Deus é?

Deus ter tocar nossa realidade! Mais ainda… Porque é puro amor, ama-nos como somos e deseja, portanto, amar quem somos, o que vivemos, o que é tao fácil de ser visto e, para nosso bem maior, aquilo que talvez tenhamos medo de expor, deixar ser tocado e amado por Ele.
Deus é Amor. Este mundo tão confuso e distante de Sua misericórdia, tanto erro, injustiça e coisas que a primeira vista nos causa raiva ou repugnância, Deus ama. O mundo, do jeito que é, é amado por Deus.
Um dia, visitando um médico, precisei ter uma sonda enorme enfiada nariz a dentro para verificar minha garganta, pregas vocais, faringe, laringe…
Meus Deus, que medo! Com as pernas fracas, fui despencando cadeira abaixo, enguanto o médico tentava me explicar que era preciso me ver por dentro daquela forma. Suado, agradeci pelo exame tão eficaz, diagnóstico tão preciso e, é claro, um tratamento exatamente de acordo com o que eu precisava.
Penso que você ja entendeu! Se nos escondemos, Deus, em Seu Amor nos deixa livres para que não sejamos vistos como somos e, perdemos a chance de sermos profundamente e infinitamente amados, simplesmente como somos. Somente nós mesmos, portanto, somos capazes de fugir do amor de Deus, todas as vezes que “escorregamos da cadeira”, fugimos, nos mascaramos, inventamos ser quem não somos, o que, quanto se trata de nossas fraquezas, tudo piora.
Também não pensemos que Deus não seja, de antemão, capaz de nos conhecer como somos. A grande sacada está em deixar que Ele nos sonde para que façamos a experiência de Seu Amor que tudo ama e quer, pelos caminhos de nossa liberdade, amar a cada um de nós no mais profundo, talvez no lugar mais escondido por causa de nossos medos.
E tem mais! Detestamos a superficialidade e esta experiência de Amor é o remédio exato e vigoroso para que ninguém construa vida nova vestido de roupa velha, usando disfarse ou fugindo da verdade, escondendo misérias.
Deus não faz reformas!
À medida em que Deus me sonda, me ama, me salva, precipita-se de amor sobre minhas paixões e mortes; toma para ele quem sou para me amar, revelar-se a mim e assim realiza a salvação em minha vida inteira.
“Senhor, nao tenho mais medo! Sonda-me, ama-me… Assim… Como sou! Amém!”
Fonte: Ricardo Sá

16 de agosto de 2011

Vocação: A vida monástica

Os mosteiros foram e continuam a ser um sinal eloquente de comunhão

A Vida Monástica define-se pela escolha de um modo de vida que é ao mesmo tempo marginal e implicitamente crítico em relação à sociedade de consumo. Não é uma fuga, mas um despojar-se de si mesmo para tomar a cruz e seguir o Cristo. A comunidade, “Escola do serviço do Senhor”, reúne-se em torno de um pai, o Abade, sinal de Deus, que é Pai. Na vida comunitária, o monge aprende a arte de perdoar e amar e de permitir que sua personalidade gradualmente se complete com as riquezas dos outros. Este processo de crescimento alimenta-se no diálogo constante, pessoal e comunitário, com Deus , na oração – verdadeira respiração vital da presença do Espírito Santo de Deus. E à oração une-se, naturalmente, o trabalho manual ou intelectual, realizado por todos em espírito de oferenda e como serviço aos homens.
Sendo alguém que busca a Deus, o monge se dispõe a um contínuo e entusiasmado processo de conversão no dia a dia de sua vida comunitária. Ele não foge do mundo, nem o odeia, mas dele se afasta. Renuncia a si mesmo e aos bens que poderia obter para si no mundo, para seguir a Cristo no deserto, lugar de sofrimentos e tentações, mas também de autenticidade e encontro. Assim, colocando-se a certa distância da sociedade, livre de suas convenções e imperativos, o monge entrega-se totalmente ao Cristo. Assume uma caminhada em busca da sabedoria de uma tradição espiritual, que lhe é transmitida por um mestre e uma comunidade. Toda esta caminhada, conduz, pela graça, a uma transformação interior e a um aprofundamento da consciência e da percepção, chegando-se a uma experiência no mais profundo do ser.
A vida do monge é toda alicerçada na fé, por meio da qual ele experimenta constantemente a Morte e a Ressurreição em Cristo, com tudo o que isso implica: despojamento, humildade, paz, serviço, alegria, liberdade. Dentro do Mosteiro, o monge permanece aberto às necessidades dos homens e ao acolhimento. É livre para encontrar e amar a todos. E quer ser, segundo a vontade de Deus, um instrumento de seu Reino.

A Nossa função no Corpo Místico de Cristo - A Igreja

O monge faz sua e participa da missão de Cristo e da Igreja mediante sua doação pessoal a Deus e fidelidade à vida monástica. Seu apostolado está em seu coração orante e purificado, no qual se encontram as alegrias e tristezas de toda a família humana. O mosteiro é sinal silencioso da presença transcendente de Deus entre os homens. É uma profecia da comunhão com Deus a qual Cristo nos convida. “O Reino Deus está no meio de vós” (Lc 17,21). Com sua oração, sustenta, misteriosamente, a missão de toda a Igreja, permanecendo diante do Senhor dia e noite. Usando as célebres e sábias palavras de Paulo VI: "Os mosteiros são como que “os pulmões da Igreja”.

Não realizamos obras de apostolado fora dos muros do mosteiro. No entanto, nossas portas estão sempre abertas para o povo. Aqueles que vêm ao mosteiro são convidados a compartilhar conosco do clima de solidão e silêncio, no qual floresce a lembrança de Deus e a oração pura e contínua. Pela hospitalidade, o mosteiro compartilha o fruto de sua contemplação e trabalho. É uma hospitalidade aberta a todos, sem distinção. “Todos os hóspedes que chegarem ao mosteiro sejam recebidos como o Cristo, pois Ele próprio irá dizer: ‘Fui hóspede e me recebestes’” (rb.53,1).

“Os mosteiros foram e continuam a ser, no coração da Igreja e do mundo, um sinal eloquente de comunhão, lugares para acolher todas as pessoas que estão buscando Deus e as realidades espirituais, escolas de fé e verdadeiros centros de estudos, de diálogo e de cultura para a edificação da vida eclesial e da cidade terrena, à espera da cidade celeste. (...) O monaquismo ocidental, em sua forma atual, inspirado por São Bento, recolhe a herança de tantos homens e mulheres que, renunciando à vida levada no mundo, procuraram a Deus e a ele se dedicaram, ‘sem nada antepor ao amor de Cristo’ (rb.4,21)” (Vita Consecrata, 6). Esta maneira de viver é, para os hóspedes, um sinal profético e escatológico capaz de tocar seus corações e provocar um questionamento positivo, a ponto de gerar uma mudança de vida. A vida monástica é para os homens de hoje uma ‘água viva’ do Cristo, a única que poderá saciar a sede dos homens.

Num mundo no qual o “falar” se tornou algo muito cultivado e o “ouvir”, negligenciado, o mosteiro assume um importante papel no acolhimento das pessoas, que desejam partilhar suas dificuldades, anseios, alegrias e tristezas. Nós nos dispomos a recebê-las para o aconselhamento espiritual, atendimento de confissões ou, simplesmente, para ouvir aquele que precisa falar.


O Mosteiro da Transfiguração, pertencente à Congregação Beneditina de Subiaco, vive sob a Regra de São Bento e foi fundado na diocese de Santo Amaro-SP em 1996 pelo monge Dom Cristiano Collart, OSB (Mosteiro de Mosteiro São João Evangelista fundação de Maredsous - Bélgica), nosso atual Prior. No final de 1999, o mosteiro foi transferido para a diocese de Santo Ângelo na cidade de Santa Rosa.

Assunção de Nossa Senhora

Solenemente no dia 15 de agosto celebramos o fato ocorrido na vida de Maria de Nazaré, proclamado como dogma de fé, ou seja, uma verdade doutrinal, pois tem tudo a ver com o mistério da nossa salvação.
 Assim definiu pelo Papa Pio XII em 1950 através da Constituição Apostólica Munificentissimus Deus:

"A Imaculada Mãe de Deus, a sempre Virgem Maria, terminado o curso da vida terrestre foi assunta em corpo e alma à glória celestial."

Antes, esta celebração, tanto para a Igreja do Oriente como para o Ocidente, chamava-se "Dormição", porque foi sonho de amor. Até que se chegou ao de "Assunção de Nossa Senhora ao Céu", isto significa que o Senhor reconheceu e recompensou com antecipada glorificação todos os méritos da Mãe, principalmente alcançados em meio às aceitações e oferecimentos das dores.

Maria contava com 50 anos quando Jesus subiu ao Céu. Tinha sofrido muito: as dúvidas do seu esposo, o abandono e pobreza de Belém, o desterro do Egito, a perda prematura do Filho, a separação no princípio do ministério público de Jesus, o ódio e perseguição das autoridades, a Paixão, o Calvário, a morte do Filho e, embora tanto sofrimento, São Bernardo e São Francisco de Sales é quem nos aponta o amor pelo Filho que havia partido como motivo de sua morte.

É probabilíssima, e hoje bastante comum, a crença de a Santíssima Virgem ter morrido antes que se realizasse a dispersão dos Apóstolos e a perseguição de Herodes Agripa, no ano 42 ou 44.
Teria então uns 60 anos de idade. A tradição antiga, tanto escrita como arqueológica, localiza a sua morte no Monte Sião, na mesma casa em que seu Filho celebrara os mistérios da Eucaristia e, em seguida, tinha descido o Espírito Santo sobre os Apóstolos.

Esta a fé universal na Igreja desde tempos remotíssimos. A Virgem Maria ressuscitou, como Jesus, pois sua alma imortal uniu-se ao corpo antes da corrupção tocar naquela carne virginal, que nunca tinha experimentado o pecado. Ressuscitou, mas não ficou na terra e sim imediatamente foi levantada ou tomada pelos anjos e colocada no palácio real da glória. Não subiu ao Céu, como fez Jesus, com a sua própria virtude e poder, mas foi erguida por graça e privilégio, que Deus lhe concedeu como a Virgem antes do parto, no parto e depois do parto, como a Mãe de Deus.

Nossa Senhora da Assunção, rogai por nós!

11 de agosto de 2011

Sete Razões para Perdoar - Parte II

1. Deus proíbe o ódio. Por quê?

Simplesmente porque Deus é Amor, é Vida, é PAZ.
E o ódio é o contrário de tudo isso. No ódio encarna-se a morte.
O objetivo da encarnação que Deus nos propõe concretiza-se exatamente no ser humano que ama. Deus nos revela que Ele ama sempre o pecador, mesmo que este se volte contra Ele (= inimigo). Aqui vai bem a leitura do capítulo 15 de Lucas. Mas para haver salvação é necessário que o pecador volte a amar seu Deus. Sem a passagem do ódio a Deus para o amor a Ele (= conversão) não pode haver salvação. Não estou falando ou pensando em sentimentos. Mas em atitudes e posturas. Amar Deus é colocar-me a seu favor, é cooperar com a intensidade que levou Jesus a dizer: “Meu alimento e fazer a vontade de meu Pai”.

Surpreendentemente, Deus submete seu infinito poder de conseguir tudo o que quiser ao capricho do ser humano de livremente querer amá-lo ou não. Por natureza, toda relação de amor é necessariamente livre e, no mínimo, bilateral. Por sua vez, o rompimento com Deus é sempre unilateral. Só pode vir da parte do homem.

Assim, também, o reatamento só pode ocorrer com a iniciativa do ser humano. Não podemos esquecer que ao conhecermos a natureza do amor que Deus sempre mantem por nós, amor inalterado, incondicional, não dependente de qualquer circunstância, amor devotado de forma escandalosa (no entender de muitos) ao pecador, descobrimos a impossibilidade de Deus castigar. Entendemos que ele sempre oferece condições e oportunidades para o homem que odeia pare de odiar e dê o passo decisivo para o reatamento. Na parábola do filho pródigo, o Pai insiste que o filho mais velho entre para a festa (= vida eterna), mas essa entrada só pode concretizar-se pelas próprias pernas do filho! O ódio nasce como um desejo de eliminar o inimigo. A vida parece bem melhor sem inimigos a atrapalhar. Mas o ódio acaba voltando-se contra aquele que odeia, forçando-o ao suicídio. Deus não necessita condenar ninguém ao inferno, à morte. O inferno e a morte são opção, escolha do ser humano que odeia.

2. Ódio é oposto do ser cristão

A rigor, nenhum motivo a mais precisamos procurar para não odiar. Mas encarar os desdobramentos desta desgraça suprema que pode assaltar nosso coração pode-nos ser benéfico. Os sinais de perigo tornam-se mais claros e presentes. O perfil básico de qualquer seguidor de Jesus pode ser identificado em sua capacidade de viver constantemente o amor fraterno com todas as pessoas com as quais convive. O amor fraterno caracteriza-se por um contínuo cuidado e desvelo pelo outro; na disposição de ajudar, socorrer, amparar, consolar, confortar e mesmo no prestar pequenos serviços não necessários, por pura cortesia. Desavenças, rupturas, desejos ruins, nem pensar.

Por outro lado, uma coisa que nos pode fortalecer na determinação de viver envolvidos sempre no amor fraterno é descobrir quanto bem nos faz tal vida. Passar semanas, meses, até mesmo anos sem detectar um aborrecimento sequer entre as pessoas que formam grupos de base da vida cristã, seja uma família, uma fraternidade religiosa ou uma equipe de trabalho, é um bem inestimável. Tenho a graça de ter passado por tal vivência por bons e não curtos períodos. É muito gratificante, é muito saudável para a alma e para o corpo. Que gostosa satisfação e sadio orgulho vi nos olhos de um casal amigo ao revelar que por mais de 30 anos os dois são cumpridores do propósito de nunca dormir sem antes resolver algum aborrecimento ou desencontro ocorrido durante o dia. Nego-me a aceitar a falsidade expressa por pessoas que, para consolar-se, espalham a idéia de que brigas são inevitáveis e que necessariamente vão ocorrer sempre. Isso não é verdade!

3. Nosso Deus, nosso Mestre, Modelo e Senhor, perdoa

“Sete vezes setenta” (= sempre). Mesmo que Deus não desse mandamento algum sobre o amor, mesmo que Jesus não nos tivesse brindado com seu “novo mandamento” (isso não é um peso, é um presente de Páscoa), a simples revelação dessa característica do Pai seria suficiente. Isso porque a relação entre duas pessoas para ser perfeita é necessário que haja sintonia, harmonia de valores básicos e de vontades. Se Deus perdoa sempre e eu quero viver no seu amor, é metafisicamente impossível que eu não aprenda a também perdoar sempre. Neste terreno, nada é negociável, explicável ou aceitável que possa tornar a exigência menos radical.


4. Ódio leva à vingança

A vingança gera verdadeiras cadeias sem fim, ou se quiserem, círculos viciosos de violência e morte em que cada elo é causado pelo anterior. Esse processo diabólico pode durar muitas gerações, até que algum elemento muito forte intervém para interromper o ciclo.
Ainda assim a interrupção pode ser temporária. Não é fácil convencer uma população inteira das vantagens da paz com o inimigo.
Sementes de ódio podem ficar latentes e rebrotar por qualquer incidente, muitas vezes por meros mal entendidos, Os humanos tem infindáveis recursos para alimentar e ressuscitar ressentimentos e ódios.
E o quadro fica ainda mais diabólico quando motivos religiosos são invocados para justificar violências, acertos na justiça e mortes. Não podemos esquecer que para muita gente sentenças judiciais nada mais são que vinganças legalizadas.
Casos de violência gerada por evocação de razões religiosas constituem verdadeiros pecados contra o Espírito Santo. Eles envolvem trocas de sinais revelados por Deus de sua natureza por sinais diabólicos. Quando Jesus foi acusado de fazer o bem (livrar pessoas do poder do diabo) pelo recurso ao poder do mal, Ele qualificou essa acusação de pecado contra o Espírito de Deus. É exatamente o que ocorre sempre que alguém procura em Deus razões para fazer o mal. Satanás espertamente ajuda a quem odeia a acreditar que é bom o mal que ele pratica. A maioria das vezes, a vingança recebe etiqueta de justiça. Se o individuo for religioso, ele fixa em Deus, ou naquilo que ele imagina ser Deus, o rotulozinho onde se lê: “Deus é justo”.

5. Ódio destrói a paz

Instala a barbárie. Não me alongarei neste ponto, pois a história das guerras e revoluções que envolveram os povos em todos os tempos falam por si. Todo o esforço em entender a guerra palestino-israelense é muito difícil. As vendetas entre famílias longamente inimigas, entre gangues rivais são incontáveis. Por isso, o primeiro bom desejo que Jesus expressa ao aparecer ressuscitado no cenáculo é: “A paz esteja convosco...”.

6. O ódio destrói quem odeia

Literalmente destrói. Costumo dizer que a vingança perfeita seria levar alguém a odiar intensamente e, ao mesmo tempo, garantir que nunca conseguisse vingar-se de forma alguma do inimigo. O ódio tem o poder de penetrar e corroer tudo o que constitui a humanidade de quem odeia.

Todos os místicos acreditam em centelhas divinas que penetram e atuam no mais íntimo do ser humano. Elas levam o homem a superar seus limites, sua finitude e abrir-se ao infinito, ao divino. Estamos falando de nossa dimensão espiritual transcendente, da alma cristã. É aí que se enraíza toda vida religiosa e toda a espiritualidade autênticas. Como vimos acima, o ódio compromete nossa própria compreensão e percepção de Deus. As cabeceiras da ponte que transpõe o abismo que nos separa do criador são destruídas do nosso lado pelo ódio. Para nossa sorte, do lado de Deus a ponte é sempre a mesma, sólida, indestrutível. Para restabelecer o contato entre quem odeia e Deus é só parar de odiar. As cabeceiras da ponte do nosso lado se refazem como um passe de mágica. Vida religiosa com ódio é impensável. A verdadeira dimensão humana que nos eleva acima dos brutos, das bestas e dos primatas é destruída pelo ódio mortal. Do projeto humano restam ruínas.

7. O ódio fere também profundamente nosso psiquismo

Torna a pessoa que odeia mais cega e mais burra. Não consegue enxergar elementos positivos e qualidades óbvias para qualquer outro olhar. Os defeitos, sejam ele reais ou simples frutos de preconceitos, são amplificados. Qualquer avaliação torna-se inviável. A inteligência e a sabedoria parecem evaporar. A verdade a respeito da pessoa odiada? Mas que verdade? Para quem odeia só resta sua certeza, fruto de elementos distorcidos por sua mente ferida e atormentada de morte.

Uma de minhas experiências mais perturbadoras ocorreu quando fui procurado por uma pessoa que sofria muito e odiava alguém que profissionalmente a prejudicara severamente. Os encontros terapêuticos iam bem. Sua forma de educar uma criança adotada pra preencher a lacuna do bebê que morrera antes do parto, por displicência médica, apresentava erros psicopedagógicos gritantes. Ela precisava perdoar o médico para reparar distorções severas que aparentemente impediam até de engravidar novamente. Parou a terapia sem qualquer reclamação ou explicação. Aparentemente, ela intuíra que tinha necessidade daquele ódio e ressentimento amargo para tocar adiante aquele projeto de vida que montara para si. A compreensão do erro e a superação do ódio levaria a uma revisão de seus próprios erros e planos absurdos. Isso tudo apresentava-se muito perturbador. O ódio parece que se transformara num princípio vital para levar avante sua maldita existência. Temo que isso ocorra com mais freqüência que imaginamos.


8. Por fim, o ódio é a mais densa e corrosiva forma de estresse

Entramos aqui nos desdobramentos biológicos e orgânicos do ódio. Ele compromete a saúde física. Todas as emoções têm componentes biológicos. O espaço limitado obriga-me a poder dizer poucas palavras sobre o elemento mais conhecido e mais comprometedor que vem com o séquito de coisas ruins que o ódio nos traz. Trata-se do assim chamado hormônio do estresse, ou cortisol. Ele é essencial em circunstâncias de grande perigo e salvou a vida de nossos antepassados inúmeras vezes. Prepara o organismo para a defesa, o ataque ou a fuga, visando a sobrevivência. Mas esse tsunami hormonal deveria só ocorrer em situações extremas e por períodos curtos. O cérebro reage a tais situações desligando muitos circuitos necessários no dia-a-dia, mas que agora comprometeriam o plano de salvação da vida. Um dos circuitos desligados é o da racionalidade. O desgaste sobre o sistema circulatório e o coração é brutal. Casos de colapso não são raros. Literalmente, pode-se morrer de ódio. Quem odeia tem níveis de colesterol cronicamente mais elevados que o normal. Todo o organismo paga seu preço.

Tudo que foi escrito a partir do nº 6 torna-se mais claro agora. Vale uma releitura.

9. Para facilitar o perdão apresento algumas recomendações

A rigor poderia parar aqui e os objetivos esperados, razões para perdoar, estariam atingidos. Está mais do que evidente que o ódio é coisa realmente destrutiva e má. Basta ter algum bom senso para nos engajar na luta conta ele, principalmente não deixando que o ódio se instale em nosso coração.

Como esclarecimento, quero ainda dizer que escolhi “sete razões para perdoar” por causa da simbologia bíblica do número sete. Na verdade podemos procurar muito mais razões para perdoar. Mas o número sete representa todas as razões e eu não teria a pretensão de conhecer muitas outras além destas aqui apresentadas. Considero-as mais que suficientes.

Como uma espécie de pós-escrito ao texto quero abordar apenas uma estratégia para facilitar o controle do ódio. Propositalmente, não estou lançando mão a nenhum recurso religioso ou espiritual. Claro que a oração e a meditação podem ser uma poderosa ferramenta para atingir nosso objetivo de vencer o ódio. Mas os antigos nos ensinam que a graça supõe a natureza. É exatamente essa natureza que abordarei brevissimamente.

A grande arma anti-ódio que Deus nos confiou, depois da mais poderosa de todas que foi revelar sua natureza de amor e perdão, tem a ver com sua sabedoria comunicada a nós. Precisamos compreender mais e mais como funciona nossa própria natureza. É importante que consigamos compreender o como e os incontáveis porquês que levam alguém ao ódio. Nada acontece na vida de ninguém sem razões.

Costumo afirmar que o ser humano em qualquer situação tem tanta necessidade de compreensão como a tem de amor. Aliás, a compreensão é condição necessária para o amor se firmar. Por sua vez, a estratégia mais eficiente para se chegar à compreensão do outro é um exercício de empatia. Empatia em grau superior é atingida quando alguém é capaz de mergulhar firme, corajosa e suavemente no mundo vivencial do outro, sem qualquer preconceito, no sentido literal da palavra, sem tentação de julgar e, em hipótese nenhuma, de condenar, por mais que possa parecer monstruosa a perversidade do outro. Tenho certeza que geralmente as pessoas recorrem ao mutismo, à ocultação e à mentira pelo medo de serem julgadas e condenadas.

Para terminar, falta ainda a chave de ouro, aquilo que julgo a maior descoberta prática no mundo tão complexo e perturbador das relações interpessoais. Trata-se de a gente tentar imaginar-se no lugar e na situação do outro que me odeia, ou do outro a quem eventualmente eu odeio. Por favor, de nada vale imaginar-me no lugar do outro com o meu eu, com minha inteligência, experiências e vivências. É indispensável imaginar-me no lugar do outro desligado do meu eu, do meu mundo etc., mas ligado ao eu dele, ao mundo vivencial e experiencial dele! Fascinado descubro que ele não é pior do que eu não sou melhor do que ele. Somos apenas diferentes. Descubro que posso até amá-lo.

Asseguro com toda certeza que esta vivência é profundamente libertadora. Ela dissolve mágoas, ressentimentos, tristezas, iras e o ódio mais mortífero. Quiçá essa seja um dos maiores milagres de Deus operados em humanas criaturas. Isso pode revelar-se uma magnífica experiência de Deus.

Sete Razões para Perdoar- Parte I

O que é odiar? O que é perdoar?
Interessante que antes de fixar a mente na idéia de perdoar, surge a palavra odiar.
Considero um dos temas mais comuns e, ao mesmo tempo, mais fundamentais para qualquer projeto de vida cristã, bem como para qualquer sonho de humanização do ser humano em geral e de suas relações com o outro. O individuo pode ser cristão, seguir outra religião, ser ateu, ou simplesmente declarar-se agnóstico se ele considera impossível chegar-se a verdades que estejam além das ciências.

Infelizmente, uma religião, por mais sublime que sejam seus fundamentos e os ideais por ela propostos, por si mesma não parece contribuir muito para superar ódios e promover boa convivência. Muitas das piores guerras e genocídios que sempre têm atormentado a humanidade foram conflitos religiosos, tinham motivações religiosas entre outras a atiçá-los e torná-los mais cruéis e destrutivos. Parece que para alguém conseguir tornar-se um ser verdadeiramente pacífico necessita avaliar um conjunto de valores e convicções pessoais meditados e treinados exaustivamente por longos anos. Na formação deste patrimônio pessoal de convicções e valores a religião bem vivida tem um papel extraordinário.

2. Definições e conceituação – O que é ódio?

Importante é não confundi-lo com outras emoções como a ira, o ressentimento e, menos ainda, a mágoa.

Ira é a pura emoção, caracterizada por forte descarga de hormônios que mobilizam o corpo para a luta, em geral visando eliminar a fonte da real ou da suposta agressão. O povo fala em sangue quente. Em principio, nenhum ser vivo gosta de ser contrariado, frustrado em suas expectativas, perder ou ser agredido. Quanto tempo passa entre o registro da suposta violência sofrida e o tal do ferver do sangue? Claro que isso depende da gravidade da agressão e do grau de resistência, ou tolerância que o individuo já desenvolveu às frustrações em geral. Mas a imagem que me vem à mente é da fileira de bolas de bilhar, todas encostadas, umas às outras. Quando uma bola é jogada contra a extremidade da fileira, quanto tempo leva para a última bola da extremidade oposta reagir ao impacto? A reação é instantânea. O povo fala em pavio curto.

A mágoa é uma emoção secundária, no sentido que depende de elementos que ocorrem depois da agressão. A pessoa faz avaliações e considerações sobre a situação e pode imaginar-se injustiçada, traída, preterida, abandonada, desprezada... Um misto de tristeza, raiva e revolta instala-se firmemente em seu coração. Ira e mágoa são emoções e como tais fazem parte da natureza humana, tal como a criou Deus.

Já o ódio é um estado de alma e mente muito mais complexo e cambiante em seus elementos constitutivos. O ódio tem um objetivo e supõe planejamento. Visa à aniquilação do inimigo real ou imaginário, ou, pelo menos, a aplicação de algum castigo, causar-lhe sofrimento ou humilhação. A ação do portador do ódio pode ocorrer em verdadeiras explosões de ira mortífera, como também pode ser executada com cálculo, requinte e frieza inacreditáveis. Não é à toa que o provérbio cínico diz que “a vingança é um prato que se come frio”. Sem emoções, a crueldade e a perversidade são maiores e mais eficientes, o cálculo é mais exato e a margem de erro resulta muito menor.

Normalmente a ira, o ressentimento e a mágoa estão num terreno moral ainda indiferenciado. Podem levar a ações e atitudes moralmente condenáveis, mas podem também levar a manifestações de virtude, como aconteceu com aquela piedosa anciã que confessou ter sentido imensa raiva de fulano. Perguntei-lhe o que havia feito com tanta ira. Confidenciou que havia rezado por ele.

Por sua vez, o ódio é algo duradouro que gera um estado de alma que encarna elementos essenciais do pecado, tais como a perversidade, o julgamento e condenação. O ódio coloca-nos em algum ponto antípoda de Deus, em termos de sua natureza. Ele nos põe em sintonia com satanás.

Mas, vamos ao perdão, o elemento mais importante deste artigo. O perdão situa-nos naquele terreno familiar de Deus, pois é da natureza divina perdoar sempre. Perdoar envolve uma gama muito grande de emoções e elaborações da mente que podem requerer tempo mais ou menos longo em decorrência da capacidade tão variada de cada um perceber a realidade da situação, analisá-la e compreendê-la. Não podemos esquecer também que essas coisas não dependem só da inteligência e sabedoria. Elas têm muito a ver com nosso temperamento, educação emocional e emoções predominantes.

O perdão pode concretizar-se em etapas. O primeiro passo essencial para o perdão é a eliminação do desejo de vingança. Descartada a vingança, a bomba de ódio está desativada. A segunda etapa é mais árdua: assumir a firme determinação de ajudar a quem se está perdoando em suas necessidades, no que puder, como faria com qualquer outra pessoa. Quando o evangelho fala da ordem de amar o inimigo, é exatamente disso que está falando. O cristão não tem outra opção! É comum pessoas dizerem que perdoam, não desejam o mal ao desafeto, mas fazem questão de esquecê-lo, como se ele simplesmente não existisse. Isso representa meio caminho andado para o perdão. A bomba do ódio está desativada, mas o dínamo energético do amor não foi ainda religado.

A terceira etapa exige fazer sua parte no que for necessário para restabelecer laços de relacionamento anterior. Isso refere-se usualmente aos casos de ruptura em famílias, fraternidades religiosas, comunidades de igreja e até equipes de trabalho. Em geral nestes agrupamentos de pessoas não basta conseguir apenas o amor-serviço essencial do Evangelho que devo até ao meu inimigo. Sim, mesmo que eu não odeie, alguém pode odiar-me e tenho um inimigo. Aí é necessário que prospere o amor fraterno, o que supõe troca de gentileza, cortesia e manifestações de real afeto, principalmente em família.

Ainda aqui cabe uma nota. São freqüentes os casos de pessoas que dizem perdoar, mas não esquecem. Quem assim fala pode pertencer a um de dois grupos: aos que cultivam ressentimentos e assim procuram justificação por não reconstruir laços anteriores e ainda estão em falta em termos de suas responsabilidades no cultivo do amor cristão; ou fazem parte do grupo dos que pelo simples fato de recordar os acontecimentos sentem-se culpados. Querem esquecer, mas não conseguem. Em geral essas pessoas ainda sentem nas reminiscências algum desconforto como mágoa e tristeza. A rigor, o simples lembrar não constitui erro, não envolve culpa. Até porque ao me colocar o fardo da obrigação de esquecer algum acontecimento perturbador, torno o esquecimento menos provável. Isso acontece porque obrigações geram perigo de falhar e perigos não podem ser esquecidos.
 O ideal é você poder lembra qualquer acontecimento sem vivenciar coisas desagradáveis. Voltarei ao assunto.

Fonte:Hipolito

4 de agosto de 2011

Espírito Santo

E renovareis a face da Terra...


Se da ação do Espírito Santo em Pentecostes nasceram tantas belezas da cultura e da civilização e, sobretudo, tantos milagres da graça, o que não aconteceria se houvesse um novo sopro do Paráclito sobre a face da Terra?


Clara Isabel Morazzani Arráiz


Incansável, ardendo de zelo pela glória de Deus, o Apóstolo Paulo percorria as cidades da Grécia, pregando a todos o Evangelho de Cristo. Por vezes, a hostilidade de muitos se opunha a seu apostolado e atentava contra sua vida. Grande era, entretanto, o consolo que lhe proporcionavam as numerosas conversões.


Chegando a Atenas - cidade rica e orgulhosa, centro da filosofia e do intelectualismo - o coração do Apóstolo das Gentes encheu-se de amargura, à vista de tanta idolatria (cf. At 17, 16). Entre os múltiplos locais de culto, onde eram oferecidos sacrifícios às divindades mais absurdas, deparou ele com um altar no qual figurava esta inscrição: "A um deus desconhecido".


Chocado ante a ignorância daquele povo, sem embargo tão inteligente, Paulo pôs-se a pregar no Areópago, exclamando: "O que adorais sem o conhecer, eu vo-lo anuncio!" (At 17, 23). E logo os iniciou no conhecimento da verdadeira religião.


Nos dias de hoje, em nosso Ocidente cristão, não vemos mais aqueles templos destinados à adoração dos ídolos, pobres imagens feitas por mãos humanas.


Pelo contrário, passados quase dois mil anos de pregação apostólica, continuada fielmente pelo Magistério, erguem-se agora numerosos templos cristãos, ostentando no alto de suas torres o glorioso símbolo da cruz.


Entretanto, se a confissão de um só batismo e a crença na Trindade reúnem os cristãos, não faltam aqueles para os quais o Espírito Santo poderia chamar-Se o "Deus desconhecido".


Semelhantes aos discípulos de Éfeso que, interrogados por Paulo, responderam: "Nem sequer ouvimos dizer que há um Espírito Santo" (At 19, 2), muitos são hoje os que, sem chegar a esse extremo, desconhecem as características e os poderes do Paráclito e se esquecem de invocá-Lo.


Quanto mais O conhecemos, mais O amamos


No Antigo Testamento, a humanidade ignorava a existência de Três Pessoas em uma única Essência Divina; e se algumas expressões dos Livros Sagrados faziam vislumbrar esse conhecimento, eram apenas lampejos de uma Revelação que Deus Se reservava transmitir por meio de Seu Filho, na plenitude dos tempos.


Errôneo seria julgar que a doutrina sobre o Espírito Santo não deveria ser difundida entre os fiéis, por temor de causar confusões ou desvios.


Não foi este o exemplo dado pelo Salvador, ao prometer a vinda do Paráclito ou ao explicar tal mistério ao velho Nicodemos, que não chegava a compreendê-lo. Também não foi essa a conduta observada pelos discípulos de Jesus ao escreverem repetidas vezes sobre a ação e a presença da Terceira Pessoa Divina no seio da Igreja.


Em sua Encíclica Divinum illud munus, o Santo Padre Leão XIII exortava aos pregadores a ensinar e inculcar essa devoção no povo cristão, visto que seus frutos haviam se revelado abundantes e profícuos:
 "Insistimos nisso não só por tratar-se de um mistério que nos prepara diretamente para a vida eterna e que, por isso, é necessário crer firme e expressamente, mas também porque, quanto mais clara e plenamente conhecemos o bem, mais intensamente o queremos e o amamos. Isso é o que agora queremos recomendar-vos. 
Devemos amar o Espírito Santo, porque é Deus: 
‘Amarás o Senhor teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todas as tuas forças' (Dt 6, 5). E deve ser amado porque é o Amor substancial eterno e primeiro, e não há coisa mais amável que o amor; portanto, tanto mais devemos amá-Lo quanto Ele nos cumulou de imensos benefícios que, se testemunham a benevolência do doador, exigem a gratidão da alma que os recebe" (Divinum illud munus, 13)


Entender com o coração, e não apenas com o intelecto


Ao procurar nos aprofundar no conhecimento desse Divino Espírito, a quem a Igreja invoca como "Luz dos corações", faça-mo-lo não apenas por um exercício do intelecto, mas compreendendo, sobretudo, com o coração.


A inteligência, como explica São Tomás, é potência régia e imóvel: 
traz a si o objeto sobre o qual ela se aplica e o torna proporcionado à sua capacidade.
 Se esse objeto é superior à razão, ela forçosamente o diminuirá ao adaptá-lo a si. 
A vontade percorre o caminho inverso: naturalmente inclinada à entrega e à doação de si mesma, ela voa até o objeto e adquire suas proporções.


Quando este se manifesta superior, ela se alarga e cresce até tomar as suas medidas.


Ora, no caso do Espírito Santo, não se trata de um objeto apenas superior ao pobre entendimento humano, mas de um Ser infinitamente distante de nossa frágil natureza.


É necessário voarmos a Ele com a vontade, amando- O sem medida até nos tornarmos "deuses", como Ele mesmo afirma nas Escrituras (cf. Sl 81, 6; Jo 10, 34-35).


Deste modo, estaremos aptos para anunciá-Lo àqueles que ainda não O conhecem, conforme a expressão de Lacordaire: 
"La raison ne fait que parler, c'est l'amour qui chante!" - A razão só sabe falar, é o amor que canta!


Dupla influência e divina inabitação


Para conhecer o Espírito Santo e se relacionar com Ele, não necessitam os batizados voar muito longe, pois, se bem Ele "habita nos céus" (Sl 122, 1), também Se encontra próximo às almas em estado de graça, exercendo sobre elas uma dupla influência.


Pela primeira, íntima e direta, comunica- lhes seus dons, purifica-as das misérias, inspira-lhes os bons propósitos... Essas almas se tornam, assim, semelhantes a um navio prestes a zarpar: o sopro de uma suave brisa enfunará suas velas e o conduzirá a bom porto.
 Sem dúvida, ao criar o vento, fê-lo Deus com o intuito de simbolizar esta ação do Espírito Santo no interior dos corações, como o indicou o próprio Jesus ao fariseu Nicodemos: 
"O vento sopra onde quer; ouves-lhe o ruído, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai. Assim acontece com aqueles que nascem do Espírito" (Jo 3, 8).


A segunda influência que d'Ele vem manifesta- se por meio do magistério da Igreja, da palavra infalível dos Pontífices ou do ensinamento dos Bispos, pelos quais o povo fiel é guiado. 
"O Espírito Santo - afirma ainda Leão XIII -, que é espírito de verdade, pois procede do Pai, Verdade eterna, e do Filho, Verdade substancial, recebe de um e de outro, juntamente com a essência, toda a verdade que em seguida comunica à Igreja, assistindo-a para que jamais erre, e fecundando os germes da revelação até que, no momento oportuno, cheguem à maturidade para a salvação dos povos" (Divinum illud munus, 7).


A alma que se abre às inspirações do Espírito, ao mesmo tempo em que é iluminada pela doutrina da Igreja, torna-se, de certo modo, inerrante.


Essa misteriosa atuação do Espírito Santo passa por cima de todas as fraquezas e misérias, transformando completamente aqueles que a recebem.


Para os corações assim renovados, a única lei consistirá em obedecer ao dulcis Hospes animæ (doce Hóspede da alma), deixando - O operar no seu interior, como recomendava insistentemente a santa carmelita, Madre Maravillas de Jesús, a cada uma das suas filhas espirituais: "Si tú Le dejas..." - Se você Lhe permitir...


Apesar de ser sabido que a presença de Deus, enquanto Pai e Amigo, nas almas dos batizados compete às três Pessoas da Santíssima Trindade, uma vez que estas sempre atuam em conjunto, atribui-se a inabitação especialmente ao Divino Espírito Santo, pois esta dá-se pelo amor e efetua-se apenas nas almas em estado de graça.


Ora, o Espírito Santo é o amor substancial, porque procede da união eterna e amorosa entre o Pai e o Filho.


São Paulo, ao referir-se a essa divina inabitação, mostra-se ainda mais ousado, não a restringindo apenas à alma, mas, considerando seus reflexos no próprio corpo: 
"Não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo, que habita em vós?" (I Cor 6, 19).

Fonte: Clara Isabel Morazzani Arráiz 

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