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24 de junho de 2011

O que vem a ser uma Beatificação?

Canonizar é incluir, colocar o nome de alguém na lista oficial (Cânone) daqueles que a Igreja considera como santos.


Há santos que estão no Céu e já foram canonizados e há santos que estão no Céu, mas que sobre eles não houve ainda um pronunciamento oficial da Igreja. Seus nomes ainda não foram postos oficialmente na lista dos santos da Igreja.


Portanto, canonizar não é criar um santo, fazer alguém "virar" santo. E isto, simplesmente, porque esse alguém já era santo desde que morreu. Apenas não foi considerado pela Igreja como tal. Após a canonização, o Santo pode receber, de toda a Igreja, uma veneração pública e universal.


E a beatificação. O que vem a ser uma Beatificação?


É o reconhecimento oficial que a Igreja faz de que uma pessoa encontra-se no Paraíso, em estado de beatitude, podendo interceder por aqueles que, em oração, recorrem a ela. Ela passa a ser considerada um Beato. (Beato vem do latim beatus e significa abençoado.)


A Beatificação é, pois, uma das etapas existentes no processo que deve culminar com a declaração da santidade de alguém, feita pelo Papa, para todos os fiéis.


Existe uma etapa anterior à Beatificação que também faz parte desse processo que é rigoroso e, na maioria das vezes, longo: Servo de Deus. Nessa primeira etapa deve ser provada pelas investigações que o candidato à beatificação praticou em grau heroico todas as virtudes cristãs.


O candidato ao ser canonização recebe automaticamente o título de Servo de Deus, assim que é a Santa Sé concede licença para a abertura do chamado Processo de Canonização.


Em outros tempos o procedimento de declaração de santidade de uma alma era diferente: havia aclamação dos fiéis. Este método durou até o século XII. A partir de então, foram criadas normas que regularizaram a declaração de santidade de alguém e o Papa tomou sobre si o controle das canonizações. Essas normas foram ficando cada vez mais rigorosas.


Quando o Papa João Paulo II for beatificado no próximo dia primeiro de maio, seu processo terá percorrido a etapa inicial e caminha para seu desfecho na canonização.


Para chegar à Beatificação é necessário que um milagre, alcançado através da intercessão do candidato à beatificação, seja reconhecido pela Igreja. Só valem milagres acontecidos após a morte do Beato.


Para os mártires não se exige nenhum milagre, o processo é mais simples. Basta provar que morreram pela Fé. O derramamento do seu sangue vale por muitos milagres.


João Paulo II já tem um milagre atribuído à intercessão dele. E, quem já fez um, pode fazer outros mais...
A melhor lição que recebemos dos santos, canonizados ou não, é o exemplo de vida e o amor a Deus que nos mostram quando seguem os conselhos do evangelho: "Sede santos como vosso Pai é santo!" (1 Ts 4.3) (JG)

São João


A data de seu nascimento é 24 de Junho. Filho de Isabel, esposa de Zacarias e prima de Maria, mãe de Jesus. Segundo a tradição, por milagre de Deus, Isabel de Zacarias geraram um filho, quando, pela idade, já nem pensavam mais que isto acontecesse.
Para a Igreja Católica, a vinda deste filho teve um significado maior, o de preparar a vinda de Cristo.
O João, como foi chamado, não só anunciou e preparou a vinda do Messias, mas o batizou nas águas do rio Jordão.

Noite de São João, celebrada em 23 de junho, véspera da data de nascimento de São João que, em vida, foi um pregador austero e de moral rigorosa. 
No entanto, é honrado em festas alegres e dionisíacas, com muita comida, dança e bebida. A data coincide com o solstício de verão no hemisfério norte. 
Desde tempos remotos, camponeses de toda Europa comemoravam, acendendo fogueiras.
A tradição estendeu-se ao Brasil e outros países latino-americanos, coincidindo, neste caso, com o solstício de inverno.


A fogueira, o banho de cheiro, a poesia simples das cantigas do povo, o gosto bom da canjica, o perfume apetitoso das rosquinhas e dos bolos, as sortes, todo um mundo de esperanças, era assim que se festejava São João, sem dúvida a mais antiga e a mais brasileira das festas.


São João é o mais comemorado entre todos, especialmente, na zona rural, quando em sua honra as festas contam com comidas especiais à base de milho como canjica e pamonha, por exemplo. 
A música geralmente utilizando a sanfona é própria para a ocasião, são queimadas fogueiras e usadas roupas típicas para a dança da quadrilha. Entre as brincadeiras destacam-se a pescaria, leitura da sorte, rifas e leilões.


" São João, o santinho distraído, que estava dormindo e não sabia que aquele era seu dia, recebia do povo as rosas e os cravos, as graças e as ternuras das mãos inspiradas das sinhazinhas doceiras que criavam em sua homenagem os melhores doces brasileiros."




Acorda meu povo!
Vem ver a “acordação”.
Acorda todo povo!
Que é primeiro de São João.

Antigamente os capelistas do Recife, além de percorrer as ruas alegremente, ancaminhavam-se, de preferência, para o banho na Cruz do Patrão, no istmo de olinda, “cujas águas, quer as de mar, de um lado, quer as do rio Beberibe, do outro, gozavam na noite de São João de particular virtude de dar felicidades e venturas” ou ainda na praia de Fora de Portas, lugar também preferido e assim, na ida para os banhos sanjoanescos, cantavam:

Meu São João
Eu vou me lavar,
E as minhas mazelas
Irei lá deixar.

E na volta:

Ó meu São João,
Eu já me lavei
E as minhas mazelas
No rio deixei.

19 de junho de 2011

O mundo Romano no tempo de Jesus e no Início do Cristianismo - O lado Religioso

"Neste sistema romano tudo era executado por comando, por mero aceno", disse Horácio 
(Élio Arisitide, em Romrede). Os governadores tinham poder de domínio, mas eram ao mesmo tempo dominados. Eles se distinguiam dos dominados pelo fato de mostrarem primeiro como é que a gente se deve deixar dominar. Tão grande era o medo  do grande dominador e condutor de tudo, que era incutido a todos os homens ( Aristides em Romrede).
Assim como o imperador presidia o IMpério e tudo estava estrturado em direção a ele e dele emanava todo o poder de comando, ele se tornou a mais alta representação do Império. Os deuses eram os protetores e salvadores do Império, arevés da pessoa do imperador, que respondia por todos os bens do Império. O imperador exercia na terra a funçaõ dos deuses. Era senhor da vida e da morte para os povos. Na sua mão estava posto o destino de todos.
Ele não devia, entretanto, receber  em vida veneração divina eações cultuais, mas a pessoa de Augusto já recebeu em Roma enquanto estava viva, honras divinas, atravéz de poetas como Virgílio e Horácio. Domiciano também se fazia chamar " senhor e deus " ( Marcial em seu livro Epigramata).
Desde antes de Augusto existiam, como instituição pública,os votos para bem - estar do imperador, " no qual se baseava o bem-estar comum" ( Plínio, carta). Assim, ninguém tinha o direito de reclamar da sua sorte " enquanto o imperador estava bem " ( Sêneca a Políbio ).
Nas províncias, entretanto, o imperador era venerado como deus. Em Lião havia um altar consagrado à deusa Roma e a Augusto. Tácito, (em Anais) narra que no tempo de Tibério as cidades da Ásia Menor "decidiram construir um templo para Tibério, sua mãe e o senado". Foi escolhida para isso a cidade de Esmirna,
O culto ao imperador  tornou-se o laço de unidade do Império, símbolo da fidelidade de todos os cidadãos ao imperador e ao Estado.
Se o imperador representava o Império de tal modo que o bem comum se baseava na sua integridade, então a não-participação nos atos rituais, que deviam celebrar a incolumidade do imperador, levantava a suspeita de deslealdade política fundamental ( Tácito em Anais ).
Quando Plínio, como governador, teve a ver com o processo de cristãos, examinou a lealdade política para com o Império Romano que era a única coisa que lhe interessava, exigindo a realização de rituais religiosos para com o imperador e os deuses romanos. Aquele que se confessava cristão era considerado culpado de deslealdade, por tanto de um delito político. Ele mandava executa-lo ( Plínio, carta ).           

O mundo Romano no tempo de Jesus e no Início do Cristianismo - O lado cultural

A vida em cidades era ponto essencial da civilização e da cultura romana. A urbanização da população nas províncias "bárbaras" (como eram chamados todos os que não eram romanos) serviu de meio, utilizado conscientemente,para romanizar estas regiões.
 O Império subsidiava-as,com recursos públicos, para construir dos nobres nas artes liberais.
O domínio romano cuidava de dotar as cidades de instalações publicas: construção de banhos e adutoras de águas, de teatros e ginásios de esportes, de pórticos, templos, oficinas e escolas.
Rei aliados, que deviam seus tronos às graças de Roma, também fomentavam, por iniciativa própria, a romanização em seus territórios, como narra Josefo (em Antiguidades Judaicas) a respeito de Herodes, o Grande. Os jogos, sobretudo as lutas de atletas e de gladiadores, eram aspecto importante da vida nas cidades das províncias.
Este luxo todo contrastava com a pobreza da população simples, que vivia na miséria e na fome.     

O mundo Romano no tempo de Jesus e no Início do Cristianismo - O lado Jurídico

Havia realmente uma certa segurança juridica no Império Romano, mas a justiça de classe mostrou-se, por um lado, no tratamento brnigno dos membros, de culpa comprovada, da classe superior e, por outro lado, na desvantagem dos pequenos.
Petrônio (em seu livro Satyricon) exprimiu isso numa poesia que mostra, ao mesmo tempo, a venalidade dos juízes:


" Para que servem as leis quando
só o mamom governa,
quando o pequeno homem da rua perde 
sempre o processo?... Logo é uma loja de bugigangas
e nada mais o tribunal;
a quem tem a presidência, paga,
senão não recebes a mercadoria"   

O mundo Romano no tempo de Jesus e no Início do Cristianismo - O lado Econômico

A economia tinha papel de destaque no Império Romano. O legionário romano era ao mesmo tempo um pioneiro econômico.
Élio Arisitdes (em seu livro Romrede) mostra-se grandemente admirado pelo que o Imperador realizava: " Vós medistes todo o orbe terrestre, cobristes os rios com pontes de vários tipos, atravessastes montanhas para construir estradas, abristes estradas de correio em regiões vazias de homens e introduzistes em toda parte uma maneira de viver culta e ordenada"
Todo este grande progresso econômico do Império era feito às custas também do trabalho escravo e trazia proveito somente para os romanos e os ricos e poderosos. É o que conta o rabi Gamaliel ll : " Com quatro coisas este Império consome -nos: com suas alfândegas, banhos, teatros e fornecimento de gêneros" ( em Samuel Kraus, Monumentos Talmúdicos ).
A riqueza econômica  de um país conquistado e sua capacidade de produção deviam ser orientadas para as necessidades de Roma.
Os tesouros do solo não pertenciam àquele que o habitava e cultivava, mas àquele que era superior, ao vencedor. Sobretudo o ouro exercia atração muito grande.
Os espólios das guerras superavam toda a imaginação e estavam sobretudo colecionados e expostos - que ironia! - no templo da Paz!
Os impostos eram imensos, bem com as alfândegas, contribuições, tributos e recrutamentos.
Quando a Judéia. depois da deposição do filho de Herodes, Arquelau, foi anexada à província da Síria, seu governador ordenou imediatamente a avaliação das fortunas, para servir de base ao lançamento de impostos.
A exploração das provincías e o espólio de guerra favoreciam sobretudo a cidade de Roma e aí, em primeiro lugar, a camada superior.

O mundo Romano no tempo de Jesus e no Início do Cristianismo - O lado Político

O poder dizia oferecer segurança. A primeira face desta segurança era a proteção contra toda ameaça de fora das fronteiras do Império Romano. Esta segurança incluia também a exclusão de desavenças e conflitos internos entre as diversas regiôes do Império, bem como a ausência de medo nos campos, nas casas e nas viagens. Para os políticos a única tarefa era a de ocupar-se com a harmonia.
Mas há a outra face da moeda: o desejo de que os povos fora das fronteiras do Império tivessem ódio uns para com os outros e vivessem em profunda desavença, a fim de não terem tempo de brigar com Roma.
A história mostra que esta segurança interna, entretanto era obtida por meios bem drásticos. Quando, no ano 58, surgiram desordens sociais em Putéoli, foi enviada para lá uma corte " e por meio dela e em consequência da execução de alguns, restabeleceu-se a harmonia entre os habitantes " ( Tácito em Anais ).
As cidades gregas tinham tanta liberdade quanto os romanos admitiam. Para os não romanos esta era uma liberdade concedida e muito limitada.
Realmente os povos subjugados viviam uma miserável existência de escravos ( Tácito em Anais ). O último rei judeu, Agripa ll, designa pura e simplesmente de " absurdas " as esperanças de liberdade ( Josefo em Da Guerra Judaica).
Não era de forma alguma tempo de liberdade. O sistema de escravatura revelava que esta era apenas uma liberdade romana, baseada no poder das armas. Paz e liberdade eram privilégios de poucos e pertenciam a todos apenas como slogam ( Klaus Wengst em Pax Romana). Até em Roma a liberdade era limitada.
Tácito ( em Anais ) fala do costume de o povo romano usar também reis como instrumento de escravização e estes então agiam como amigos dos romanos. O rei judeu já citado, Agripa ll, era um deles, como já seus antepassados até Herodes e Antípater. Herodes dava presentes régios para César, a fim de ser confirmado em seu reinado. Agripa ll, que era bisneto de Herodes, o grande, fez o mesmo com Vespasiano.
Sempre a colaboração de Roma com a classe superior dos países subjugados era cálculo político expresso, Josefo ( Da Guerra Judaica) conta que pouco antes da irrupção da guerra judaica, quando tudo já a prenunciava. " os sumos sacerdotes com os demais de influência e o sinédrio " foram ter conversações com o Rei Antipas ll e diz que estes homens  eram daqueles que " procuram a paz por causa de sua fortuna ".  



12 de junho de 2011

O mundo Romano no tempo de Jesus e no Início do Cristianismo - O lado Militar

O imperador era chefe do exército, pois o lado militar desta paz estava em primeiro lugar. As moedas falam muito neste período.
Elas trazem a figura de Marte, deus da guerra, ou da Vitória sobre a mão da deusa Roma, ou da deusa Paz que, em uma das moedas, coloca o pé direito em cima da cerviz de um vencido.
A paz estabelecida e mantida com meios militares era acompanhada de rios de sangue e lágrimas, devastações a fogo e à espada.
O historiador Plutarco (em seu livro Antonius) atribui a César uma "indomável sede de domínio", sendo assim a encarnação da romanidade, que se pôs no caminho dos vencedores  e que, então, se viu forçada a nele continuar, considerando vergonha esmorecer no meio dos seus sucessos (Flávio Josefo em seu livro Guerra Judaica).
Diante disto, os povos submetidos só tinham que reconhecer este poder opressor e aceitá-lo mesmo com terror, medo, sempre prontos para executar ordens.
Roma destruía e arrasava muitas vezes as cidades conquistadas,porque " a fama da guerra documenta-se em ruínas "( Klaus Wengst em Pax Romana).
O historiador Tácito ( em seu livro Anais) relata como em uma campanha o chefe do exército romano "exterminava a ferro e fogo todos aqueles em quem reconhecia atitude hostil a respeito dos romanos" .
Foi  realmente imenso o preço  que os povos conquistados por Roma pagaram para usufruir dos "benefícios" que ela lhes oferecia!  

9 de junho de 2011

O mundo Romano no tempo de Jesus e no Início do Cristianismo

A terra dos Judeus, chamada pelos romanos da Palestina, estava dentro Império Romano.
Um território imenso que foi sendo conquistado pelos povos que vinham de Roma e que se estendeu desde a Inglaterra até as margens do Saara, desde o estreito de Gibraltar até Constantinopla e o rio Eufrates.
Os romanos invadiram a Palestina no ano de 63a.C e fizeram do país uma colônia. 
Roma dominava com artimanha e força. 
Os dominadores se apresentavam como representantes de uma nação amiga que vinha para apoiar. Colocava na terra seus governadores, seu exército, exigia impostos, construía cidades, redes de estradas e portos que permitiam a comunicação com capital e a circulação e dinamização do comércio. A artimanha era fingir que aceitava a autonomia religiosa e política do povo: podia praticar sua religião, desde que reconhecida como lícita, e até possuir um Rei, como no caso de Herodes na Palestina. Esta era uma maneira de dominar sem que o povo percebesse que estava sendo dominado.
No entanto o dominador estava sempre vigilante. 
Qualquer tentativa de independência e revolução era reprimida violentamente pelo poderoso exército. Os governadores locais exerciam, de fato esta função de guardiões da ordem. 
Não zelar pela ordem era traição ao imperador e fim de carreira política. Lembremos o episódio da condenação de Jesus. Pilatos   
cede às pressões dos líderes judeus e o condena quando é acusado de trair César.
Os países unificados nesta imensa região admiravam Roma e estavam orgulhosos de pertencer a este império. 
Era o período da chamada " Paz Romana ", indissoluvelmente ligada ao Império Romano, ao poder de comando a partir de Roma. É portanto uma paz determinada " de cima ", estabelecida pelo centro do poder. Para se perceber toda  a realidade deste período, é necessário olhar também " a partir de baixo ", para não  ser esquecida toda realidade experimentada como sofrimento, opressão, a fim de que os vencedores da história não triunfem novamente sobre suas vítimas na descrição da mesma hitória.
A Judéia foi por duas vezes transformada em província romana, governada por procuradores: de 6 d.c a 41 d.c e de 44 d.c a 66 d.c. Foi por isso que Jesus foi conduzido pelo sinédrio judeu ao procurador da época, Pôncio Pilatos. Quando este mandou que os judeus mesmos os julgassem, responderam: 
" Não nos é permitido condenar ninguém a morte "( Jo 18,31). 
Assim, Jesus foi condenado à morte de cruz, que era o suplicio aplicado pelos romanos, e por um procurador romano, por covardia, por medo de perder seu poder (cf Jo 18, 12-16).
Vamos olhar este período atravéz dos seus lados militar, político, econômico, jurídico, cultural e religioso. Teremos como base a obra de Klaus Wengst, Pax Romana, pretensão e realidade, de cuja primeira parte principal faremos uma síntese.  

E renovareis a face da Terra...

Se da ação do Espírito Santo em Pentecostes nasceram tantas belezas da cultura e da civilização e, sobretudo, tantos milagres da graça, o que não aconteceria se houvesse um novo sopro do Paráclito sobre a face da Terra?


Incansável, ardendo de zelo pela glória de Deus, o Apóstolo Paulo percorria as cidades da Grécia, pregando a todos o Evangelho de Cristo.
Por vezes, a hostilidade de muitos se opunha a seu apostolado e atentava contra sua vida. Grande era, entretanto, o consolo que lhe proporcionavam as numerosas conversões.


Chegando a Atenas - cidade rica e orgulhosa, centro da filosofia e do intelectualismo - o coração do Apóstolo das Gentes encheu-se de amargura, à vista de tanta idolatria (cf. At 17, 16). Entre os múltiplos locais de culto, onde eram oferecidos sacrifícios às divindades mais absurdas, deparou ele com um altar no qual figurava esta inscrição: "A um deus desconhecido".


Chocado ante a ignorância daquele povo, sem embargo tão inteligente, Paulo pôs-se a pregar no Areópago, exclamando: "O que adorais sem o conhecer, eu vo-lo anuncio!" (At 17, 23). E logo os iniciou no conhecimento da verdadeira religião.


Nos dias de hoje, em nosso Ocidente cristão, não vemos mais aqueles templos destinados à adoração dos ídolos, pobres imagens feitas por mãos humanas.


Pelo contrário, passados quase dois mil anos de pregação apostólica, continuada fielmente pelo Magistério, erguem-se agora numerosos templos cristãos, ostentando no alto de suas torres o glorioso símbolo da cruz.


Entretanto, se a confissão de um só batismo e a crença na Trindade reúnem os cristãos, não faltam aqueles para os quais o Espírito Santo poderia chamar-Se o "Deus desconhecido".


Semelhantes aos discípulos de Éfeso que, interrogados por Paulo, responderam: "Nem sequer ouvimos dizer que há um Espírito Santo" (At 19, 2), muitos são hoje os que, sem chegar a esse extremo, desconhecem as características e os poderes do Paráclito e se esquecem de invocá-Lo.



Quanto mais O conhecemos, mais O amamos


No Antigo Testamento, a humanidade ignorava a existência de Três Pessoas em uma única Essência Divina; e se algumas expressões dos Livros Sagrados faziam vislumbrar esse conhecimento, eram apenas lampejos de uma Revelação que Deus Se reservava transmitir por meio de Seu Filho, na plenitude dos tempos.


Errôneo seria julgar que a doutrina sobre o Espírito Santo não deveria ser difundida entre os fiéis, por temor de causar confusões ou desvios.


Não foi este o exemplo dado pelo Salvador, ao prometer a vinda do Paráclito ou ao explicar tal mistério ao velho Nicodemos, que não chegava a compreendê-lo. Também não foi essa a conduta observada pelos discípulos de Jesus ao escreverem repetidas vezes sobre a ação e a presença da Terceira Pessoa Divina no seio da Igreja.


Em sua Encíclica Divinum illud munus, o Santo Padre Leão XIII exortava aos pregadores a ensinar e inculcar essa devoção no povo cristão, visto que seus frutos haviam se revelado abundantes e profícuos: "Insistimos nisso não só por tratar-se de um mistério que nos prepara diretamente para a vida eterna e que, por isso, é necessário crer firme e expressamente, mas também porque, quanto mais clara e plenamente conhecemos o bem, mais intensamente o queremos e o amamos. Isso é o que agora queremos recomendar-vos. Devemos amar o Espírito Santo, porque é Deus: ‘Amarás o Senhor teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todas as tuas forças' (Dt 6, 5). E deve ser amado porque é o Amor substancial eterno e primeiro, e não há coisa mais amável que o amor; portanto, tanto mais devemos amá-Lo quanto Ele nos cumulou de imensos benefícios que, se testemunham a benevolência do doador, exigem a gratidão da alma que os recebe" (Divinum illud munus, 13)


Entender com o coração, e não apenas com o intelecto


Ao procurar nos aprofundar no conhecimento desse Divino Espírito, a quem a Igreja invoca como "Luz dos corações", faça-mo-lo não apenas por um exercício do intelecto, mas compreendendo, sobretudo, com o coração.


A inteligência, como explica São Tomás, é potência régia e imóvel: traz a si o objeto sobre o qual ela se aplica e o torna proporcionado à sua capacidade. Se esse objeto é superior à razão, ela forçosamente o diminuirá ao adaptá-lo a si. A vontade percorre o caminho inverso: naturalmente inclinada à entrega e à doação de si mesma, ela voa até o objeto e adquire suas proporções.


Quando este se manifesta superior, ela se alarga e cresce até tomar as suas medidas.


Ora, no caso do Espírito Santo, não se trata de um objeto apenas superior ao pobre entendimento humano, mas de um Ser infinitamente distante de nossa frágil natureza.


É necessário voarmos a Ele com a vontade, amando-O sem medida até nos tornarmos "deuses", como Ele mesmo afirma nas Escrituras (cf. Sl 81, 6; Jo 10, 34-35).


Deste modo, estaremos aptos para anunciá-Lo àqueles que ainda não O conhecem, conforme a expressão de Lacordaire: "La raison ne fait que parler, c'est l'amour qui chante!" - A razão só sabe falar, é o amor que canta!


Dupla influência e divina inabitação


Para conhecer o Espírito Santo e se relacionar com Ele, não necessitam os batizados voar muito longe, pois, se bem Ele "habita nos céus" (Sl 122, 1), também Se encontra próximo às almas em estado de graça, exercendo sobre elas uma dupla influência.


Pela primeira, íntima e direta, comunica- lhes seus dons, purifica-as das misérias, inspira-lhes os bons propósitos... Essas almas se tornam, assim, semelhantes a um navio prestes a zarpar: o sopro de uma suave brisa enfunará suas velas e o conduzirá a bom porto. Sem dúvida, ao criar o vento, fê-lo Deus com o intuito de simbolizar esta ação do Espírito Santo no interior dos corações, como o indicou o próprio Jesus ao fariseu Nicodemos: "O vento sopra onde quer; ouves-lhe o ruído, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai. Assim acontece com aqueles que nascem do Espírito" (Jo 3, 8).


A segunda influência que d'Ele vem manifesta- se por meio do magistério da Igreja, da palavra infalível dos Pontífices ou do ensinamento dos Bispos, pelos quais o povo fiel é guiado. 
"O Espírito Santo - afirma ainda Leão XIII -, que é espírito de verdade, pois procede do Pai, Verdade eterna, e do Filho, Verdade substancial, recebe de um e de outro, juntamente com a essência, toda a verdade que em seguida comunica à Igreja, assistindo-a para que jamais erre, e fecundando os germes da revelação até que, no momento oportuno, cheguem à maturidade para a salvação dos povos" (Divinum illud munus, 7).


A alma que se abre às inspirações do Espírito, ao mesmo tempo em que é iluminada pela doutrina da Igreja, torna-se, de certo modo, inerrante.


Essa misteriosa atuação do Espírito Santo passa por cima de todas as fraquezas e misérias, transformando completamente aqueles que a recebem.


Para os corações assim renovados, a única lei consistirá em obedecer ao dulcis Hospes animæ (doce Hóspede da alma), deixando-O operar no seu interior, como recomendava insistentemente a santa carmelita, Madre Maravillas de Jesús, a cada uma das suas filhas espirituais: "Si tú Le dejas..." - Se você Lhe permitir...


Apesar de ser sabido que a presença de Deus, enquanto Pai e Amigo, nas almas dos batizados compete às três Pessoas da Santíssima Trindade, uma vez que estas sempre atuam em conjunto, atribui-se a inabitação especialmente ao Divino Espírito Santo, pois esta dá-se pelo amor e efetua-se apenas nas almas em estado de graça.


Ora, o Espírito Santo é o amor substancial, porque procede da união eterna e amorosa entre o Pai e o Filho.


São Paulo, ao referir-se a essa divina inabitação, mostra-se ainda mais ousado, não a restringindo apenas à alma, mas, considerando seus reflexos no próprio corpo:
 "Não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo, que habita em vós?" (I Cor 6, 19).


Transformação dos Apóstolos em Pentecostes


Muitas vezes, a ação do Espírito Santo nas almas faz-se de modo suave e paulatino, na medida em que estas não lhe oponham obstáculos, purificando- as de suas culpas e convidando- as a progredir sempre mais na virtude. Em outras ocasiões, porém, essa transformação se opera de modo súbito e fulminante. Tal foi o caso dos Apóstolos.


Durante a Paixão de Jesus, eles revelaram toda a pusilanimidade própria à natureza humana. Temerosos de sofrer o mesmo destino do Mestre, tinham fugido, abandonando- O no momento em que Ele mais necessitava de sua companhia. E se, após aqueles dias de tragédia, ainda se conservavam reunidos no Cenáculo, isto se devia às preces e à ação da Santíssima Virgem, bem como às aparições do Senhor ressurrecto.


Seus corações permaneciam ainda vacilantes, seus bons desejos, mesclados à ambição pelo primeiro lugar, não eram perfeitos e eles mesmos deveriam experimentar um sentimento de indignidade em relação à grandeza da obra que o Senhor lhes confiara. Entretanto, uma esperança os mantinha juntos, perseverando unânimes na oração (cf. At 1,14): era a promessa feita sob juramento pelo próprio Cristo: "Digo-vos a verdade: convém a vós que eu vá! Porque se eu não for, o Paráclito não virá a vós; mas se eu for, vo-lo enviarei" (Jo 16, 7).


Sim, era necessário que Jesus fosse para que viesse o Espírito; convinha que os discípulos, cuja visão do Mestre era por demais humana, sentissem o vazio criado pela Sua ausência e compreendessem, agora distanciados, a origem divina d'Aquele que os congregara.


Essa nova perspectiva só seria atingida por ação do Paráclito que lhes ensinaria "toda a verdade" (Jo 16, 13).


Assim, dez dias após sua ascensão aos céus, realizando a profecia que Ele mesmo fizera, o Filho enviava sobre os discípulos o Defensor prometido. Por cuja ação repentina e eficaz aqueles homens tímidos e cheios de lacunas foram transformados em verdadeiras colunas da Fé.


Simão Pedro, que havia poucas semanas negara seu Senhor por medo de uma criada, não temia agora pregar esse mesmo Crucificado às portas do Templo. Tiago e João, os boanerges, de temperamento colérico e ambicioso, tornavam-se os paladinos da doçura, Apóstolos do "novo mandamento do amor". Tomé, o incrédulo, faria chegar sua palavra ardorosa até os confins longínquos da Índia. Que força inexplicável para olhos humanos movia-os agora, impelindo- os a conquistar o mundo para Cristo? Que misterioso poder os cumulara de uma nova infusão de dons e dos mais preciosos carismas? Fora, ouvira-se um ruído insólito, vindo do céu, semelhante ao de um vento impetuoso, ao mesmo tempo em que sobre a cabeça de cada um repousara uma língua de fogo. Estes sinais exteriores, que confirmavam a mudança operada em seus espíritos eram símbolos da graça outorgada, do ímpeto da caridade e da grandeza de Deus que descia. O vento, ao qual Jesus já fizera alusão na conversa noturna com Nicodemos (cf. Jo 3, 8), figurava as inspirações repentinas enviadas pelo Espírito, enquanto as línguas, inundando de ígneo resplendor a sala do Cenáculo, indicavam a plenitude de Fé e amor que convinha aos anunciadores da Palavra de Deus.


Dons e frutos do Espírito Santo




Foi do Cristianismo que surgiram as Cate-
drais, os catelos e palácios, o esplendor da
liturgia, a suavidade do canto gregoriano e a
grave harmonia do órgão Para compreender bem a importância desse acontecimento, cuja comemoração encerra o Ciclo Pascal, é necessário conhecer a magnitude dos dons que ali foram concedidos, não só pessoalmente aos discípulos, mas a toda a Igreja, perpetuando-se pelos Sacramentos do Batismo e do Crisma.
Pelas virtudes infusas, a alma age segundo seu livre-arbítrio auxiliado pela graça, à maneira de um pássaro que voa pelo esforço próprio de suas asas. Os dons, porém, dispõem-na para deixar-se conduzir diretamente sob o impulso do Espírito Santo, como nuvem que se movimenta ao menor sopro de brisa: "Quem são estes, que voam como nuvens?" (Is 60, 8).


Sete são os dons que provêm do Espírito e adornam a alma, conferindo- lhe beleza e atração. Por eles, segundo explicam os Santos Padres e os teólogos, adquire-se força para resistir às principais tentações e afastam-se os obstáculos à vida de perfeição. Quatro desses dons têm por finalidade iluminar a inteligência, enquanto os outros três põem em movimento a vontade.


O dom de sabedoria ilustra a alma para o conhecimento de Deus e a contemplação de seus adoráveis atributos; o dom da ciência faz penetrar com discernimento nas criaturas e julgá-las de modo acertado; o dom de entendimento permite compreender os mistérios divinos; e o dom de conselho rege as ações, de modo a usar ordenadamente os conhecimentos anteriores.


Já o dom de fortaleza opera no campo da vontade, aperfeiçoando a virtude do mesmo nome e robustecendo- a contra o vão temor mundano; o dom da piedade inclina ao amor de Deus e à caridade para com o próximo; por fim, o santo temor opõe-se às inclinações de orgulho e soberba, tão enraizadas no coração humano.


A alma que se deixa inundar pela ação do Espírito Santo não tardará em produzir frutos de santidade, que espargirão ao seu redor o bom odor de Cristo e comunicarão à sua pessoa um encanto todo espiritual. Em seu coração reinarão a paz e a mansidão, a bondade transparecerá no seu relacionamento com os outros, a modéstia brilhará no seu comportamento e o gozo pela posse do Amado acompanhá-la- á constantemente. É por isto que o Espírito Santo é chamado também o Espírito da alegria, pois Sua presença e atuação vêm sempre seguidas de um bem-estar interior que, por vezes, reflete- se no próprio físico, e que constitui o verdadeiro tesouro dos santos.


São Paulo, em sua carta aos Gálatas, enumera esses frutos do Espírito e em seguida aconselha: "Se vivemos pelo Espírito, andemos também de acordo com o Espírito" (Gl 5, 25).


A alma da Igreja


Aqui tocamos nos umbrais de um mistério que envolve a História da Igreja e tem sido causa de confusão e desconcerto para aqueles que se esforçam por destruí-la. Ao prometer a Pedro que as portas do inferno não prevaleceriam contra Sua Igreja, Jesus não falava da parte humana, desta que, por vezes, tem se revelado tão frágil e sujeita a misérias. Referia-se sim, à parte divina, que é a que confere à Esposa Mística de Cristo seu caráter triunfante e imortal. A alma da Igreja é a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, o Defensor prometido e enviado, que a santifica e enriquece pela ação de Sua graça e Seus dons, impedindo que Ela venha a sucumbir, ou até mesmo enlanguescer, sob os reiterados ataques de seus adversários. No Paráclito encontramos a explicação do grande segredo pelo qual a Igreja "toda gloriosa, sem mácula, sem ruga, sem qualquer outro defeito semelhante, mas santa e irrepreensível" (Ef 5, 27) continua seu cortejo vitorioso ao longo dos séculos, engendrando novos filhos e levando sua doutrina até os confins do mundo. Compreendemos, então, de onde provém o ensinamento infalível dos Papas durante quase dois milênios, o surgimento de novos carismas sempre que suas necessidades o requerem, o incessante florescer de almas santas que, como outros Cristos, prolongam por meio do exemplo sua adorável presença na Terra: "Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo" (Mt 28, 20).


Antes e depois de Cristo


O mundo, antes da vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo, estava numa decadência enorme, pode-se dizer que a humanidade tinha alcançado um auge de maldade inimaginável: por todas as partes imperava a idolatria, observavam-se os costumes mais depravados e a degradação da dignidade atingira profundidades nunca vistas. Se nossos primeiros pais, Adão e Eva, ainda vivessem naquela época, não poderiam crer que, por um só pecado cometido, sua descendência houvesse chegado à situação em que se encontrava no tempo do nascimento de Jesus.


A Encarnação de Nosso Senhor foi um marco histórico que dividiu as eras em antes e depois de Cristo. O fato da Segunda Pessoa da Santíssima Trindade ter assumido a nossa carne e, após cumprir Sua missão redentora, ter subido aos Céus e enviado o Espírito Santo, mudou a face da Terra.

Os Frutos do Espírito Santo

O Espírito Santo é a terceira Pessoa da Santíssima Trindade e Ele é o "Senhor que dá a vida e que procede do Pai e do Filho e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado. Foi Ele que falou pelos profetas." 
O Espírito Santo é o dador de todos os dons e carismas extraordinários; todos os frutos espirituais provêm d'Ele.


O Espírito Santo vem às nossas almas no dia do nosso Baptismo, derramando sobre nós as três virtudes teologais: a Fé, a Esperança e a Caridade. 
E vem de um modo mais solene no dia em que recebemos o Sacramento do Crisma ou Confirmação, onde recebemos a efusão do Espírito que derrama sobre nós os sete dons:
 A Sabedoria ou Sapiência, o Entendimento, o Conselho, a Fortaleza, a Ciência, a Piedade e o Temor de Deus.


O Espírito Santo, para além de derramar as sete grandes colunas cristãs, confere ao cristão doze frutos que são: a Caridade, o Gozo, a Paz, a Paciência, a Benignidade, a Bondade, a Longanimidade, a Mansidão, a Fé, a Modéstia, a Continência e a Castidade.


Importa definir em breves palavras, não só os dons mas, fundamentalmente os frutos do Espírito Santo.


- A Caridade é um fruto do Espírito Santo. 
A caridade é amor e é o maior dos dons, porque ela não desaparece, existe para além da morte. O céu vive no amor: "A fé e a esperança hão-de desaparecer, mas o amor jamais desaparecerá" (1 Cor. 13,8).


- O Gozo ou alegria é caracterizado por aquelas emoções interiores, aquela alegria interior e satisfação espiritual profunda que o Espírito Santo derrama no coração e na alma. 
A pessoa sente um gozo inexplicável. 
Não há palavras humanas que possam descrever o gozo que provém do Espírito Santo.


- A Paz de que falamos não tem nada a ver com os motivos ou sensações externas mas é uma paz e suavidade interior, tal como Jesus disse aos Seus apóstolos:
 "Deixo-vos a paz, dou-vos a Minha paz, não como o mundo a dá mas como Eu a dou" (Jo 14, 27). Jesus é a paz e a suavidade da alma.


- A Paciência suporta as adversidades, as doenças, as contrariedades e perseguições. 
A paciência é o fruto essencial para que o cristão persevere na sua fé.
O cristão paciente dificilmente é demovido da sua fé porque ele suporta tudo com paciência. A alma paciente é mansa e humilde, não se revolta contra o seu Deus mas tudo suporta e aceita.


- A Benignidade é a bondade que vai para além da bondade, isto é, muitas vezes fazemos um bem mas só até certa medida. Porém, a benignidade é a execução desse bem que vai para além do que deveria ser feito.


- A bondade é fazer o bem, desinteressadamente, às pessoas. 
A pessoa que o faz tem um bom coração, amando verdadeiramente. 
A resposta de alguém que ama a sério é: "Eu amo porque amo."


- A Longanimidade é a paciência para além da paciência, é quando alguém continua a ser paciente depois de, tantas e tantas vezes, ter sido posto à prova.


- O homem Manso dificilmente se revolta.
 A mansidão está sempre associada à humildade e à paciência. Jesus diz, quando se refere a Si mesmo:
 "Vinde a Mim que Sou manso e humilde de coração que Eu vos aliviarei. Vinde a Mim que o meu jugo é suave e a minha carga é leve.
Vinde a Mim todos vós que estais sobrecarregados porque Eu vos aliviarei" (Mt 11, 28-30). Este é um grande convite do Sagrado Coração de Jesus a todos nós.
A mansidão é contra a ira e contra o ódio. Assim, devemos procurar ser mansos, imitando o Divino Mestre.


- A Fé, para além de ser o fruto do Espírito Santo é uma das virtudes teologais.
 A fé é um dom muito importante, sem ela desesperamos e desanimamos ao longo da nossa caminhada, feita de altos e baixos, com muitas dificuldades.
Sem a fé, o cristão chega a certa altura, depois de muitas dificuldades desiste e começa a levantar interrogações e deixa de praticar o bem, deixa de ir à Missa e diz:
"Afinal, os que não vão à Missa, têm uma vida melhor do que a minha.
Então, que me adianta ir à Missa e rezar?". 
A fé leva o cristão a manter-se firme na sua caminhada mas esta fé tem que ser conservada e protegida. Uma das maneiras é a oração que aumenta e protege a fé.
A oração mantém-nos no caminho da fé e no caminho da salvação, por isso é indispensável.


- A Modéstia relaciona-se com o ser discreto. 
A modéstia é contra a ostentação e a exibição. 
A modéstia é o pudor que deve acompanhar todo o cristão pois nele habita Deus. Como tal, devemos respeitar o nosso próprio corpo, não o expondo como um mostruário. 
Alertai aquelas pessoas que se vestem com mini-saias, decotes exagerados, blusas transparentes, calças exageradamente apertadas, apresentando os contornos do corpo. Podemos usar roupas bonitas e arranjadas com o devido pudor e respeito pelo corpo.


- A Continência é um fruto do Espírito Santo. 
O homem continente sabe equilibrar-se, dominando a sua sexualidade. 
Sabe guardar-se e proteger-se.
 A continência é uma grande virtude. 
Se os homens e as mulheres de hoje possuíssem esta grande virtude, não haveria em muitos lares tanta tristeza, tanto aborrecimento porque todos saberiam manter a castidade e a pureza. 
A continência é o domínio de si mesmo em relação aos instintos sexuais.


- A Castidade é um fruto que leva o homem ou a mulher a manter a pureza do corpo e, consequentemente, a pureza da alma, não se deixando manchar, caindo em pecados contra o 6º e 9º Mandamentos. 
O sexto mandamento diz:
"Guardai castidade nas palavras e nas obras"; e o nono mandamento diz: "Guardai castidade nos pensamentos e nos desejos."


A castidade não é só protegida quando o homem ou a mulher se abstêm de actos sexuais fora do casamento mas deve ser protegida, evitando que os olhos se fixem em programas indecentes ou imorais, ou se fixem na rua em situações impróprias porque isso leva a maus pensamentos e desejos.


S. Paulo, referindo-se aos esposos, fala da Fidelidade dizendo que aquele que é fiel à sua mulher, conserva a castidade e vice-versa. 
Por isso, S. Paulo quando se refere à fidelidade quer expressar a castidade também no casamento.


Estes doze frutos do Espírito Santo devem suscitar no cristão o desejo e o esforço de os conquistar. Para isso, deverá pedi-los e suplicá-los ao Espírito Santo porque a quem Lhe pede, Ele os dará. Se não os pedirdes, Ele ficará à espera. Contudo, com as preocupações, o corre-corre e a luta pela vida, muitas vezes esquecemo-nos de valores tão sublimes e elevados.


S. Paulo, ao falar dos frutos do Espírito Santo, lembrou os conceitos opostos a estes frutos que são as paixões, referindo-as como obras da carne: bebedeiras, orgias, ira, contendas, partidarismo, ciúme, ódio, inveja, adultério, fornicação.
"Os que praticarem tais coisas, não herdarão o Reino de Deus" (Gl 5, 19-21). E, acrescentando,


S. Paulo diz-nos: "Devemos viver segundo o Espírito e não segundo a carne" (Gal. 5,16).


Há quem viva segundo a carne, não passa sem o sexo, sem a bebedeira, sem a ira, a raiva, a vingança, o ressentimento e até pensa que tudo isto são valores que devem ser vividos. Há programas de televisão, revistas e livros que lançam o sexo como um valor indispensável, aconselhando a juventude à libertinagem sexual e fazendo imensa propaganda dela. Isto, para o jovem menos avisado, menos orientado e menos esclarecido, é um bem e um valor sem o qual não pode viver, atirando-se desenfreadamente para a sexualidade.


Assim, perderá a sua própria personalidade. S. Paulo acrescenta:
"Quem vive da carne colherá a morte, mas quem vive segundo o Espírito colherá a Vida Eterna" (Gl 6, 8).


Devemos rezar com mais assiduidade ao Espírito Santo, confiando na Sua acção e santificação na Igreja e nas almas.
Sem a ajuda e o impulso do Divino Espírito Santo, nada se pode fazer ou cumprir para agradar a Deus ou à Santíssima Trindade, para seguir o verdadeiro caminho.


Os cristãos devem cultivar um amor ardente e mais confiante no Espírito Santo. 
A devoção ao Espírito Santo é uma devoção necessária para o cristão, uma vez que o Sagrado Coração de Jesus é inseparável do Espírito Santo, ou seja, ser devoto do Sagrado Coração de Jesus implica ser devoto do Espírito Santo que deve ser assiduamente invocado, rezado, convidado e procurado, pois só Ele nos impulsiona à prática do bem.


O Espírito Santo é a alma e o motor da Igreja, é Ele que vem conduzindo a Igreja ao longo do tempo e irá conduzi-la até ao fim dos tempos.


O Espírito Santo é o dom de Deus para a alma do cristão, é o amor e a suavidade do Pai e do Filho, Ele é o espírito da fortaleza. 
Foi Ele que deu aos mártires a força de morrerem, corajosa e alegremente, pela causa de Nosso Senhor Jesus Cristo, pela causa do Evangelho. 
O Espírito Santo dá a coragem e a energia para que o cristão possa prosseguir no caminho da fé e da salvação.


O Espírito Santo que em nós diz "Abba Pai" lembra-nos que somos filhos de Deus e que, por isso, possuímos uma dignidade elevada.
 O Espírito Santo que conduz o cristão é uma luz indispensável para cada um de nós. Cristo é o caminho e Ele prometeu aos apóstolos uma força do Alto, o Espírito Santo Paráclito para que estes pudessem realizar tudo aquilo que ouviram e aprenderam do Divino Mestre.


A luz de Cristo que ilumina a nossa alma é o Espírito Santo pois Jesus morreu para nos dar a vida mas o homem nada pode fazer sem o socorro divino, sem a ajuda de Deus. Para a nossa santificação temos necessidade do Espírito Santo, devendo suplicar-Lhe os Seus dons e frutos. Assim, o que é impossível para nós torna-se possível se rezarmos e invocarmos o Espírito Santo, se pedirmos a Sua ajuda.


Temos como exemplo a Igreja primitiva. Pensemos e meditemos no comportamento dos Apóstolos que tiveram a coragem de deixar tudo para seguir Jesus cheios de alegria, entusiasmo e coragem, e isto, graças à acção do Espírito Santo.


Jesus instruía-os pacientemente, mas eles por vezes não percebiam os ensinamentos de Jesus porque ainda não estavam repletos do Espírito Santo.
Assim contece connosco, se não estivermos cheios do Espírito Santo não percebemos muitos dos ensinamentos do Divino Mestre. 
É o Espírito Santo que vai despertando o desejo de seguir Jesus porque o homem por natureza é fraco e precisa desta força. 
Os Apóstolos andaram de país em país, de cidade em cidade, realizando prodígios, milagres, correndo perigos, sofrendo perseguições e até a morte graças à força do Espírito Santo.


Foi com os homens fracos que a Igreja primitiva se formou, porque este chamamento não depende do homem mas d'Aquele que chama.
Não depende da capacidade ou da inteligência do homem, depende de Deus. 
O homem é apenas o canal, o instrumento, a via através da qual Deus trabalha e age desde que o homem permita e aceite a disposição de Deus na sua vida. Deus só precisa da disponibilidade do homem, o resto é feito por Ele.


Se disseres: "Eis-me aqui, ó meu Deus para fazer a Tua vontade, faz de mim o que pretendes", Deus começa a agir mas para isso é preciso que deixemos os nossos precon- ceitos, vontades, caprichos e vaidades, pois como diz Jesus: 
"Quem quiser seguir-Me, negue-se a si mesmo, pegue na sua cruz dia após dia e siga-Me" (Mt 16, 24). 
E o que significa negar-se a si mesmo? Significa dizer "Não" aos nossos caprichos, às nossas vontades, aos nossos prazeres para que, quando estivermos vazios de nós mesmos, possamos ficar cheios do Espírito Santo.


Temos que esvaziar aquilo que está dentro de nós, porque se não o fizermos, é como despejar água num copo cheio - é impossível - porque é preciso que o copo esteja vazio para que seja possível enchê-lo. Acontece o mesmo com o homem. 
Quando estamos cheios de nós mesmos, do nosso orgulho, da nossa vaidade, Deus resiste e recua, como diz o salmista:
"Eu resisto ao orgulhoso e me aproximo do humilde de coração"


Ele escolhe o que é vil e desprezível para confundir o mundo. Deus é sempre Deus e assim ninguém poderá vangloriar-se diante de Deus porque os dons e os frutos não são méritos do homem, são dados por Deus.


S. Paulo, na carta aos Efésios 2, 8-9 escreve: "E isto não vem de vós; é dom de Deus; não vem das obras para que ninguém se glorie.
" Quem se quiser gloriar deve gloriar-se em Jesus e não em si mesmo, nem nos valores mundanos, não na vanglória terrena, mas em Jesus. Assim, a tua glória será Jesus, o teu prémio será Jesus, a tua alegria será Jesus.


A acção do Espírito Santo sobre os Apóstolos no dia de Pentecostes foi tão forte e notória que, de fracos e cobardes que eram, estes tornaram-se fortes e corajosos em todas as circunstâncias da sua vida, suportando com coragem e paciência todo o tipo de afrontas e até o derramamento de sangue, dando a vida por Jesus e pelo Seu Evangelho.


Todas as virtudes, como a prudência, a justiça, a fortaleza e a temperança, devem ser pedidas e suplicadas ao Espírito Santo. Se fores prudente, se fores forte, naturalmente que, com mais facilidade, irás resistir às influências e pressão social; mas se fores fraco não poderás resistir-lhes.


A fraqueza do cristão leva-o, num dia de Domingo, a optar por não ir à Missa para ir a um passeio. Mas, se o cristão for forte, diz: "Eu vou ao passeio, mas primeiro vou à Missa" ou "apareço mais tarde, agora não posso; vou à Missa".
É curioso porque, quando se trata de faltar ao emprego, a pessoa diz:
"Não posso", mas quando se trata de assuntos de Deus a pessoa desleixa-se e falta à Missa.
Esta atitude é fraqueza humana e também falta de fé. Lamentavelmente, hoje são poucas as pessoas que rezam e invocam o Espírito Santo.


O Espírito Santo não deve ser invocado somente pelos grupos carismáticos mas por todos os cristãos, por todos os baptizados.


Alguns esquecem-se, muitas vezes, de invocar Maria Santíssima. Como é que se pode separar Maria Santíssima do Espírito Santo? Onde está o Espírito Santo tem que estar Maria Santíssima pois é Ela a distribuidora de todas as graças e é através d'Ela que o Espírito Santo distribui as graças ao cristão. Ela é Esposa do Espírito Santo.


Os homens fazem muitas perguntas e pedem coisas banais e passageiras mas esquecem-se de pedir o essencial que é a graça do Espírito Santo. S. Lucas no capítulo 11, 13, diz-nos: "O Pai do Céu dará o Espírito Santo àqueles que Lho pedem".


Há diversidade de dons e de serviços mas o Espírito é o mesmo, pois é o mesmo Deus que opera tudo, em todos.


A manifestação do Espírito Santo é dada a cada um para proveito comum.
A um, o Espírito Santo dá uma palavra de sabedoria, a outro, uma palavra de ciência, a outro a fé, a outro o dom das curas, a outro o dom de operar milagres, a outro a profecia, a outro o discernimento do Espírito, a outros, o dom das línguas e a outros a interpretação dessas mesmas línguas. 
Tudo isto, porém, é dado pelo mesmo e único Espírito que distribui a cada um conforme entende: 
"A manifestação do Espírito Santo é dada a cada um para proveito comum" (1 Cor 12, 7). O que significa isto? 
Todo o dom é dado, não para proveito pessoal mas sim para proveito dos outros, para que os filhos e as filhas de Deus beneficiem destes dons.


Não é dado porque a pessoa o merece mas porque o Espírito Santo entende dar o Seu dom a este ou àquele, para que saiba utilizá-lo em favor do bem comum.


Quando alguém recebe um dom tem que exigir de si mesmo muitos sacrifícios, muitas renúncias e muitas canseiras porque tem de fazer render o dom que foi recebido.


Assim explica a parábola dos talentos: 
"A quem mais recebe, mais lhe será exigido". 
Se recebes dois talentos vais ter que dar mais dois, quatro. Se recebes cinco vais ter que apresentar mais cinco, portanto dez. 
Aquele que recebeu cinco vai ter de trabalhar muito mais do que aquele que recebeu apenas dois. Por isso não devemos invejar os dons do Espírito Santo que alguém possui, porque é um pecado. Não podemos dizer: 
"Quem me dera a mim ter este ou aquele dom". Não, porque isso é da vontade do Espírito Santo.


Reparem neste episódio que me aconteceu. Depois da Santa Missa chamei um colega Sacerdote para estar ao meu lado a ajudar-me a rezar pelas pessoas e o Espírito Santo resolveu realizar as suas curas e libertações. 
Depois, à mesa, o colega perguntou-me: "Onde é que aprendeste tudo isso?" e eu respondi-lhe: "Isso não se aprende, foi dado". Portanto, os dons são dados, não são aprendidos.


A caridade é o maior dom dado pelo Espírito Santo: 
"A caridade nunca acabará. As profecias cessarão, as línguas também cessarão e a ciência findará. Por agora subsistem estas três: a fé, a esperança e a caridade, mas a maior delas é a caridade" (1 Cor 13, 13).


Nunca nos esqueçamos que é o Espírito Santo que santifica e edifica as almas. 
É tudo obra do Espírito Santo, é Ele que converte os corações, que toca neles e não o padre. Se o padre estiver cheio do Espírito Santo as suas palavras vão tocar os corações e vão convertê-los, mas é o Espírito Santo que está no padre. 
Se ele não tiver o Espírito Santo em si pode fazer lindos discursos, muito bem preparados, mas não toca os corações, porque não O tem presente.


Ninguém poderá dizer: "Jesus é o Senhor" ou "Jesus, eu Te amo", se não for sob o impulso do Espírito Santo, nem poderá adorar a Jesus se não for pelo Seu impulso. 
Ninguém poderá ser humilde se o Espírito Santo não inserir no seu coração este belo fruto de reconhecimento e de união ao seu Criador. E quanto mais humilde for a pessoa, mais graças recebe de Deus.


Muitas vezes os cristãos perdem muitas graças porque não sabem recebê-las. Vamos dar um exemplo concreto: Se Jesus Sacramentado passa por ti e tu ficas de pé, como se fosses uma sentinela, Jesus queria dar-te as Suas graças mas não as poderá dar, porque não vê em ti humildade. 
Então, a graça passa e vai ser entregue ao homem humilde que já a tinha em abundância porque tu não honraste o teu Deus. Perante esta situação Jesus não pode fazer nada. 
Muitas pessoas dizem: "Não me apetece ajoelhar".
E eu digo: "Não te apetece?" Mas é o teu Deus que está diante de ti! Tens uma fraca fé ou não a tens porque não identificas Quem está presente nesse momento.


Padre Manuel Sabino,

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