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20 de outubro de 2010

Teologia da Libertação

Nascimento

A Teologia da Libertação nasceu da influência de três frentes de pensamento: o Evangelho Social das igrejas norte-americanas, trazido ao Brasil pelo missionário e teólogo presbiteriano Richard Shaull; a Teologia da Esperança, do teólogo reformado Jürgen Moltmann; e a teologia política que tinha como seus grandes expoentes o teólogo católico Johann Baptist Metz, na Europa, e o teólogo batista Harvey Cox, nos Estados Unidos.
Há uma série de eventos que precederam o nascimento da Teologia da Libertação:


1952: O missionário presbiteriano Richard Shaull chega ao Brasil trazendo o Evangelho Social e cria uma estreita relação com os pastores presbiterianos Rubem Alves e Jaime Wright;


1964: O teólogo reformado Jürgen Moltmann publica sua obra Teologia da Esperança;


1965: O teólogo batista Harvey Cox publica A Cidade Secular;


1967: O teólogo católico Johann Baptist Metz pronuncia a conferência Sobre a Teologia do Mundo;


O marco do nascedouro da Teologia da Libertação está na publicação da obra Da Esperança, de Rubem Alves, que tinha o título de Teologia da Libertação, criticando a teologia metafísica de uma forma geral e propondo o nascimento de novas comunidades de cristãos animados por uma visão e por uma paixão pela libertação humana e cuja linguagem teológica se tornava histórica.

A primeira participação católica no lançamento da Teologia da Libertação foi a publicação da Teologia da Revolução, em 1970, pelo teólogo belga radicado no Brasil José Comblin. Em 1971, Gustavo Gutiérrez publicou Teologia da Libertação. Somente em 1972, Leonardo Boff surge no cenário teológico com a publicação de Jesus Cristo Libertador. Como Rubem Alves estava asilado nos EUA neste período, Boff passou a ser o mais conhecido representante desta corrente teológica que vivia no Brasil, devido à proteção recebida pela ordem dos franciscanos, à qual ele pertencia.

O método destas teologias é indutivo: não parte da Revelação e da Tradição eclesial para fazer interpretações teológicas e aplicá-las à realidade, mas partem da interpretação da realidade da pobreza e exclusão e do compromisso com a libertação para fazer a reflexão teológica e convidar à ação transformadora desta mesma realidade. Ocorre também uma crítica à teologia moderna e sua pretensão de universalidade. Consideram esta teologia eurocêntrica e desconectada da realidade dos países periféricos.


 Polêmica e críticas


Enquanto pese as análises positivas acerca da Teologia da libertação, acusa-se tal ideologia de ter fechado os olhos para os assassinatos praticados em regimes ditos socialistas, como os de Cuba, com Fidel Castro, e da URSS stalinista.
Ainda, acusa-se tal movimento de ser condescendente com a culpabilidade da Igreja, que segundos estudiosos, é bem menor do que julgam os promotores, e de deturpar o caminho divino, colocando-o em segundo plano diante da missão terrena de ajudar os pobres.
Integrantes do movimento afirmam que este movimento sempre foi baseado em ideais de amor e libertação de todas as formas de opressão (especialmente opressão econômica). Também afirmam que ele teria uma forte base nas escrituras sacras. Por outro lado, alguns aspectos da teologia da libertação têm sido fortemente criticados pela Santa Sé e por várias igrejas protestantes (embora a Igreja Luterana a tenha adotado), como por exemplo o fato dos adeptos da Teologia da Libertação assumirem o papel político da igreja e pela utilização do Marxismo como base ideológica do movimento.


 Posição oficial da Igreja Católica


Na Igreja Católica, a Congregação para a Doutrina da Fé publicou dois documentos sobre esta teologia: Libertatis Nuntius (1984) e Libertatis conscientia (1986). Neles, a Igreja, apesar de defender a importância do seu compromisso radical para com os pobres, considerou-a como heterodoxa. Isto principalmente porque a Igreja acha que a disposição da teologia da libertação em aceitar postulados do marxismo ou de outras ideologias políticas não era compatível com a doutrina católica, especialmente ao afirmar que "só seria possível alcançar a redenção cristã com um compromisso político". Nestes documentos, a Igreja salienta muito o risco da instrumentalização política da fé.
Alguns afirmam que o que ocorreu não foi uma crítica ou repressão ao movimento em si, mas sim correção de certos exageros de alguns de seus representantes (como sacerdotes mais tendentes à política).
 Outros afirmam que houve uma deliberada sanção à Igreja Latino-Americana na repressão à sua forma mais pungente de ação e crítica social. Entretanto, o próprio Papa João Paulo II dirigiu uma carta à CNBB, datada de 9 de abril de 1986, pedindo o compromisso com o verdadeiro desenvolvimento desta teologia: "...estamos convencidos, nós e os senhores, de que a Teologia da Libertação é não só oportuna, mas útil e necessária. Ela deve constituir uma nova etapa - em estreita conexão com as anteriores - daquela reflexão teológica iniciada com a tradição apostólica e continuada com os grandes padres e doutores, com o magistério ordinário e extraordinário e, na época mais recente, com o rico patrimônio da Doutrina Social da Igreja expressa em documentos que vão da Rerum Novarum a Laborem Exercens". "Os pobres deste país, que tem nos senhores os seus pastores, os pobres deste continente são os primeiros a sentir urgente necessidade deste evangelho da libertação radical e integral. Sonegá-lo seria defraudá-los e desiludi-los". Para concluir, o Papa incita ao seu verdadeiro desenvolvimento de modo homogêneo e não heterogêneo com relação à teologia de todos os tempos, em plena fidelidade à doutrina da Igreja, atenta a um amor preferencial e não excludente nem exclusivo para com os pobres.

Porém, João Paulo II depois a condenou[carece de fontes?]. O Cardeal Ratzinger, no retiro espiritual que pregou ao Papa João Paulo II e aos Cardeais em 1986, escreveu:


"Sem resposta para a fome da verdade, sem cura das doenças da alma ferida por causa da mentira ou, numa palavra, sem a verdade e sem Deus, o homem não se pode se salvar. Aqui descobrimos a essência da mentira do demônio. Deus aparece na sua visão do mundo como supérfluo, desnecessário à salvação do homem. Deus é um luxo dos ricos. Segundo ele, a única coisa decisiva é o pão, a matéria. O centro do homem seria o estômago" (Cardeal Joseph Ratzinger, O Caminho Pascal,-- Curso de Exercícios Espirituais realizado no Vaticano na presença de S.S. João Paulo II, Loyola, São Paulo, 1986, p. 14-15).


E perguntou o Cardeal Ratzinger, falando aos Cardeais: "Porventura não existe uma tendência, também entre nós, de adiar o anúncio da verdade de Deus, para antes fazer as coisas "mais necessárias"? Vemos, porém, que um desenvolvimento econômico sem desenvolvimento espiritual destrói o homem e o mundo".





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