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29 de outubro de 2010

A vida de Irmã Dulce

Irmã Dulce nasceu em Salvador, no dia 26 de maio de 1914.
Seu nome de batismo é Maria Rita Lopes Pontes, filha de Augusto Lopes Pontes e Dulce Maria de Souza Brito Lopes Pontes. Quando criança rezava muito e pedia sinais a Santo Antônio se deveria seguir a vida religiosa.


Em 1927, Ela se manifesta, pela primeira vez, a vontade de entrar para o convento. Desde os treze anos ajudando mendigos, enfermos e desvalidos. Até que aos 18 anos seu pai aceitou a idéia de sua filha tornar-se freira.


Em 1932, recebe o diploma de professora, pela Escola Normal da Bahia. Um ano mais tarde ingressa na Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição das Mães de Deus, do Convento de São Cristóvão, em Sergipe.


Em 15 de agosto de 1934, faz os votos de profissão de fé religiosa. Em homenagem a sua mãe recebe o nome de Irmã Dulce. Após tornar-se freira, é enviada novamente a Salvador, para trabalhar como enfermeira voluntária no Sanatório Espanhol por 3 meses.


Irmã Dulce abrigava as pessoas doentes em casas arrombadas, ela também transformou o galinheiro de um convento num albergue para pobres.


A Associação Obras Sociais Irmã Dulce foi fundada em 26 de maio de 1959, e instalada em 15 de agosto de 1959, data em que a Irmã Dulce recebeu o estatuto de fundação, de caráter filantrópico, e elaborado pelo seu pai.


Em 1980, Irmã Dulce tem o seu primeiro encontro com o Papa João Paulo II. Fundou o Círculo Operário da Bahia, que além de escola de ofícios, proporcionava atividades culturais e recreativas. Quase não comia e não dormia. Os sacrifícios resultavam felicidade. Queria morrer junto aos pobres.


Faleceu em 13 de março de 1992, aos 77 anos, no Convento Santo Antônio, depois de passar 16 meses internada. Desde então a sua obra passou a ser dirigida pela sua sobrinha, Maria Rita Lopes Pontes.


•Sincretismo de Irmã Dulce: Não há
•Devoção de Irmã Dulce: Culto popular.
•Data Comemorativa: 13 de Março

Dia de Finados

O Dia de Finados é o dia da celebração da vida eterna das pessoas queridas que já faleceram. É o Dia do Amor, porque amar é sentir que o outro não morrerá nunca.


É celebrar essa vida eterna que não vai terminar nunca. Pois, a vida cristã é viver em comunhão íntima com Deus, agora e para sempre.


Desde o século 1º, os cristãos rezam pelos falecidos; costumavam visitar os túmulos dos mártires nas catacumbas para rezar pelos que morreram sem martírio.
No século 4º, já encontramos a Memória dos Mortos na celebração da missa. Desde o século 5º, a Igreja dedica um dia por ano para rezar por todos os mortos, pelos quais ninguém rezava e dos quais ninguém se lembrava. Desde o século XI, os Papas Silvestre II (1009), João XVIII (1009) e Leão IX (1015) obrigam a comunidade a dedicar um dia por ano aos mortos. Desde o século XIII, esse dia anual por todos os mortos é comemorado no dia 2 de novembro, porque no dia 1º de novembro é a festa de "Todos os Santos".
O Dia de Todos os Santos celebra todos os que morreram em estado de graça e não foram canonizados.
O Dia de Todos os Mortos celebra todos os que morreram e não são lembrados na oração.

28 de outubro de 2010

O Apóstolo André

André, o apóstolo que aprendeu a lição

No governo de Jesus, ele poderia ser o 'ministro das relações exteriores exteriores!

Estes dois irmãos, André e Pedro, acabaram dando a vida pela fé. Sabedores de que nem sempre haviam sido fiéis, pediram para ser crucificados de um modo diferente de Jesus.


Se Pedro foi nomeado primeiro Papa, André poderia ser considerado o “ministro das relações exteriores” no governo de Jesus.


Como podemos observar, as relações de fraternidade podem ser de grande ajuda em um grupo quando bem cultivadas. O segredo é exatamente este: cultivar pessoas, ou seja, saber criar condições para que cada uma seja como um grão de trigo jogado na terra. Depois de morrer para algumas dificuldades, o resultado é um fruto maduro. Mesmo as sementes mais difíceis, se cultivadas do jeito certo, podem dar um fruto bom.




Pessoas como André, hábeis para fazer amigos e aproximar pessoas, normalmente têm um defeito grave: a superficialidade nos relacionamentos. São espontâneas e logo no primeiro encontro deixam você a vontade, como se fossem velhos amigos. Mas não estranhe se, de repente, esta pessoa simplesmente desaparecer, ou pior, deixar de comparecer a um compromisso importante. Foi o que aconteceu com André, que simplesmente sumiu na hora da cruz.




Jesus soube educar André. Foi o primeiro apóstolo que conheceu e o primeiro que chamou. Foi seu braço direito em muitas ocasiões. Era um sujeito extremamente disponível e capaz, mas o Mestre não lhe deu a “chave do cofre” nem a gerencia da empresa. (…)


Para educar as pessoas em sua dificuldade é preciso dosar o poder que você concede a cada um dentro do grupo. Normalmente, pessoas como André exercem grandes influência, conhecem muitas pessoas e têm uma imensa rede de contatos. Você pode se tornar refém dessas pessoas, então, saiba manter o comando.




O fim da vida de André nos mostra que ele realmente aprendeu a lição. Permaneceu com toda sua habilidade de relacionamentos, pregando sem medo da morte. Testemunhos antigos de Jerônimo, Bernardo e Cipriano atestam que, antes de seu martírio, enfrentou o governador Egeias durante o julgamento, afirmando destemidamente que Deus era o supremo juiz. Foi condenado a ser crucificado como Jesus. Os historiadores dizem que mesmo na morte ele permaneceu sereno e forte. Era só mudar o seu discurso e seria libertado, mas a coerência falou mais alto. Conta-se que ele teria dito: “Ó cruz, extremamente bem-vinda e longamente esperada! De boa vontade e cheio de alegria eu venho a ti.”



artigo extraído do livro: Como liderar pessoas difíceis. A arte de administrar conflitos

20 de outubro de 2010

Teologia da Prosperidade

Carta Pastoral  – conceituação:

 A chamada “teologia da prosperidade” parte do princípio de que todos são filhos do Rei (Deus, Jesus) e que, portanto, recebem os benefícios desta filiação em forma de riqueza, livramento de acidentes e catástrofes, ausência de doenças, ausência de problemas, posições de destaque, etc. Esta “teologia” oferece fórmulas para fazer o dinheiro render mais, evitar-se acidentes, livrar-se de doenças e problemas, aumentar as propriedades, além de viver uma vida sem dificuldades.

A teologia da prosperidade sustenta que nenhum filho de Deus pode adoecer ou sofrer, pois isso seria uma clara demonstração de ausência de fé e, por outro lado, da presença do diabo. Ao mesmo tempo, eles chegam ao exagero de declarar que quem morre antes de 70 anos é uma prova de incredulidade, imaturidade espiritual ou pecado.


II – Identificação do Problema
 Nas décadas de 60 e 70, espalhou-se pelas igrejas dos Estados Unidos, especialmente aquelas de tendência pentecostal, um movimento cuja afirmação principal é garantir saúde integral, sucesso total nos empreendimentos, enfim, prosperidade a todas as pessoas que cumprem a vontade de Deus, através de suas vidas.

Embora não conheçamos a maioria dos líderes desse movimento, os evangélicos brasileiros conheceram Jimmy Swegart, um evangelista que freqüentou os nossos televisores à custa de milhões de dólares. Não fossem os muitos de seus escândalos descobertos, juntamente com outro evangelista, Jim Bakker, hoje ainda teríamos suas pregações nas emissoras de televisão brasileiras. No final da década de 70, se pode assistir, através da televisão, o auge desse movimento, quando multidões enchiam imensos templos, estádios, parques públicos, em busca da orientação e proteção de Deus para alcançar fama, sucesso e dinheiro. Foi no impulso desse movimento que vieram por exemplo, o contraditório dente de ouro e outras manifestações igualmente estranhas.
Como uma bomba de efeito retardado, a teologia da prosperidade chegou ao Brasil, através de uma perfeita divulgação. Assim, de repente, as livrarias evangélicas começaram a vender enorme quantidade de livros e fitas divulgando esta novidade. Foi assim que um dos mentores dessa doutrina, Kenneth Hagin, tornou-se um sucesso de vendas nas livrarias evangélicas, no Brasil. Daí suas idéias espalharam-se pelas igrejas.


III – A visão bíblica teológica

Encontramos no Antigo Testamento pelo menos dez diferentes palavras da língua hebraica que pertencem ao mesmo campo de significado, a saber: prosperar, ter êxito e sucesso, sair-se bem, fazer crescer, fortalecer, pacificar, ser frutífero, fartar-se e riqueza. Portanto, a Bíblia tem seu próprio conceito de prosperidade. Como este conceito é tão diferente da maioria dos atuais, é necessário que estejamos atentos e abertos à antiga, porém sempre correta, proposta bíblica.

O que é prosperar? Como a prosperidade, prioritariamente, não é obter vantagens pessoais ou ganhar dinheiro, como a Bíblia trata este assunto? Vejamos alguns exemplos:


1. O profeta Ezequiel relaciona prosperidade para a casa de Israel com a videira que dá frutos (Ez. 17.1-10; cf.Sl. 1.3);


2. Quando Josué assumiu a liderança do povo, em lugar de Moisés, Deus lhe fez algumas instruções decisivas que definem a prosperidade: ser forte e corajoso, não temer e andar nos seus caminhos (Js. 1.1-9);


3. Na oração de Neemias encontramos uma outra definição de prosperidade: praticar a misericórdia, isto é, ser bondoso e leal para com Deus e os seus semelhantes (Ne. 1.11);


4. Muitos textos bíblicos definem o êxito e sucesso na vida com a conduta sábia, o discernimento e a perspicácia no trato com a instrução de Deus (Dt. 29.9; 1 Rs. 2.3; Ec. 10.10; 11.6);5. Trazer paz ao mundo também pode ser considerada uma atitude de sucesso (Sl. 122.6-7);6. O povo de Deus entendia que fazer o bem e agir corretamente na vida era ser próspero (Jó 21.13; Sl. 106.5);


7. Uma definição bíblica que resume todas as demais é a seguinte: o próspero é uma pessoa que imita o agir de Deus. O Salmo 1 encontra esta pessoa. É o justo.

Evidentemente, toda a Bíblia proclama que Deus é a causa direta da prosperidade dos justos (Gn.39.3,23; Is. 48.15; Ez. 17.9-10; Ne. 2.20). Entretanto, Deus usa uma pedagogia, isto é, um jeito correto e instrutivo para nos dar a sua ajuda e sua graça. Assim, a Bíblia mostra que a prosperidade do povo de Deus vem:

• Pelo sofrimento e pela graça de Deus (Is. 53.10), que ensina que o começo de todo bem sucedido


empreendimento humano reside na capacidade da pessoa para sofrer;


• Pela fidelidade e lealdade a Deus e ao povo de Deus (Jr. 13.7-10; Dn. 6.9);


• Pela busca do temor do Senhor (I Cr. 26.5);


• Pela prática da justiça (Sl. 1.3);


• Pela posse (descida) do Espírito de Deus (Jz. 14.6; 19; 15.14).


É possível que estejamos repetindo conceitos e definições, porém a Bíblia é uma testemunha instrutiva. Ela, através de suas reportagens, nos oferece pistas para obtermos sucesso na vida. Nela aprendemos que, em primeiro lugar, a obtenção de prosperidade é precedida de pedido, apelo, por parte da pessoa interessada (Sl.118.25); segundo, através de uma vida de piedade e fidelidade à instrução de Deus (Js. 1.7-8; Dt. 29.9; I Cr.31.21); terceiro, através da insistente busca de sabedoria (Ec. 2.21; 11.6).


Também encontramos na Bíblia alguns textos que tratam a prosperidade de forma bastante negativa. Para os autores bíblicos, a prosperidade como ganho, sucesso e êxito nos empreendimentos da vida conflita com os princípios básicos da fé. Dois textos ilustram estes princípios:


1. Porque prosperam os malvados? (Jr. 12.1-6) Ao lermos este texto, percebemos que ele é um corpo constituído de duas partes: na primeira, o profeta faz. Em tom de queixa, uma tremenda acusação contra Deus (vv. 1-4); na Segunda parte, temos uma dura resposta de Deus (vv. 5-6). Este tipo de diálogo apimentado, entre o profeta e Deus, nós o encontramos em Habacuque (1.2; 2.4) e constitui a preocupação central do livro de Jó.
 A questão geradora da queixa de Jeremias é: Porque os ímpios prosperam? Diante disso, o profeta abre um processo jurídico contra Deus: Eu vou abrir um processo contra Ti (v. 1 a). O surpreendente, aqui é que ele acusa Deus de ter permitido, com seu silêncio, o Domínio dos malfeitores sobre os justos (comparar Ha. 1.2-4;12-17).

Sua justificativa tem dois tipos de argumento: O primeiro é direto:

- Apesar de serem desleais (v. 1b),


usarem dos feitos de Deus para encobrirem suas más ações, (v.2), provocarem a destruição dos animais e aves (v.4 a) e propagarem mentiras sobre Deus (v. 4b), esses malvados (como lobos vestidos de cordeiros) prosperam e gozam de tranqüilidade (v. 1b) e o segundo é indireto: O profeta justifica sua acusação, mencionando algumas conseqüências danosas e provocadas pelos prósperos ímpios: primeiro, a gula de prosperidade alimenta e multiplica a deslealdade (v. 1b); segundo, a ansiedade pelo lucro fácil não tem limites, agredindo e destruindo a natureza a flora e a fauna (v. 4 a) a ponto de justificar seus atos com uma mentira, Deus não vê o nosso futuro (v. 4b).


O pequeno diálogo se encerra de modo surpreendente para o profeta: o pior estava por vir. Aqui, o profeta não recebe uma resposta satisfatória e tranqüilizadora para o problema do mal e do sofrimento, provocado pelas pessoas prósperas, que ele experimentava na própria carne.


2. A prosperidade dos ímpios incomoda os crentes (Sl. 37.1-40). Este Salmo mostra outro exemplo da crise de fé causada pela prosperidade das pessoas más, egoístas, violentas, opressoras e descrentes. A maior parte do Salmo é admoestação (vv. 1-11 e 22-40). O restante trata das descrições do inimigo (vv.12-15), do justo e do ímpio (vv.16-26).

O salmista busca orientar, animar e sustentar a esperança do crente fiel para que este se mantenha firme diante de toda provocação causada pela prosperidade dos ímpios (vv. 10.39-40). Diante do sucesso dos malvados, o salmista recomenda:


• Não te exasperes, não invejes (v.1);


• Confia no Senhor e faze o bem, habita a terra e cultiva a fidelidade, põe tuas delícias no Senhor, confia teu caminho ao Senhor e nele espera, descansa no Senhor e espera nele, não te exasperes, acalma a ira, reprime o furor (vv. 2-8);


• Evita o mal e faze o bem (v.27); espera no Senhor e segue o caminho (v.34);


• Observa o homem íntegro e atenta no que é reto (v. 37)


Teologia da Libertação

Nascimento

A Teologia da Libertação nasceu da influência de três frentes de pensamento: o Evangelho Social das igrejas norte-americanas, trazido ao Brasil pelo missionário e teólogo presbiteriano Richard Shaull; a Teologia da Esperança, do teólogo reformado Jürgen Moltmann; e a teologia política que tinha como seus grandes expoentes o teólogo católico Johann Baptist Metz, na Europa, e o teólogo batista Harvey Cox, nos Estados Unidos.
Há uma série de eventos que precederam o nascimento da Teologia da Libertação:


1952: O missionário presbiteriano Richard Shaull chega ao Brasil trazendo o Evangelho Social e cria uma estreita relação com os pastores presbiterianos Rubem Alves e Jaime Wright;


1964: O teólogo reformado Jürgen Moltmann publica sua obra Teologia da Esperança;


1965: O teólogo batista Harvey Cox publica A Cidade Secular;


1967: O teólogo católico Johann Baptist Metz pronuncia a conferência Sobre a Teologia do Mundo;


O marco do nascedouro da Teologia da Libertação está na publicação da obra Da Esperança, de Rubem Alves, que tinha o título de Teologia da Libertação, criticando a teologia metafísica de uma forma geral e propondo o nascimento de novas comunidades de cristãos animados por uma visão e por uma paixão pela libertação humana e cuja linguagem teológica se tornava histórica.

A primeira participação católica no lançamento da Teologia da Libertação foi a publicação da Teologia da Revolução, em 1970, pelo teólogo belga radicado no Brasil José Comblin. Em 1971, Gustavo Gutiérrez publicou Teologia da Libertação. Somente em 1972, Leonardo Boff surge no cenário teológico com a publicação de Jesus Cristo Libertador. Como Rubem Alves estava asilado nos EUA neste período, Boff passou a ser o mais conhecido representante desta corrente teológica que vivia no Brasil, devido à proteção recebida pela ordem dos franciscanos, à qual ele pertencia.

O método destas teologias é indutivo: não parte da Revelação e da Tradição eclesial para fazer interpretações teológicas e aplicá-las à realidade, mas partem da interpretação da realidade da pobreza e exclusão e do compromisso com a libertação para fazer a reflexão teológica e convidar à ação transformadora desta mesma realidade. Ocorre também uma crítica à teologia moderna e sua pretensão de universalidade. Consideram esta teologia eurocêntrica e desconectada da realidade dos países periféricos.


 Polêmica e críticas


Enquanto pese as análises positivas acerca da Teologia da libertação, acusa-se tal ideologia de ter fechado os olhos para os assassinatos praticados em regimes ditos socialistas, como os de Cuba, com Fidel Castro, e da URSS stalinista.
Ainda, acusa-se tal movimento de ser condescendente com a culpabilidade da Igreja, que segundos estudiosos, é bem menor do que julgam os promotores, e de deturpar o caminho divino, colocando-o em segundo plano diante da missão terrena de ajudar os pobres.
Integrantes do movimento afirmam que este movimento sempre foi baseado em ideais de amor e libertação de todas as formas de opressão (especialmente opressão econômica). Também afirmam que ele teria uma forte base nas escrituras sacras. Por outro lado, alguns aspectos da teologia da libertação têm sido fortemente criticados pela Santa Sé e por várias igrejas protestantes (embora a Igreja Luterana a tenha adotado), como por exemplo o fato dos adeptos da Teologia da Libertação assumirem o papel político da igreja e pela utilização do Marxismo como base ideológica do movimento.


 Posição oficial da Igreja Católica


Na Igreja Católica, a Congregação para a Doutrina da Fé publicou dois documentos sobre esta teologia: Libertatis Nuntius (1984) e Libertatis conscientia (1986). Neles, a Igreja, apesar de defender a importância do seu compromisso radical para com os pobres, considerou-a como heterodoxa. Isto principalmente porque a Igreja acha que a disposição da teologia da libertação em aceitar postulados do marxismo ou de outras ideologias políticas não era compatível com a doutrina católica, especialmente ao afirmar que "só seria possível alcançar a redenção cristã com um compromisso político". Nestes documentos, a Igreja salienta muito o risco da instrumentalização política da fé.
Alguns afirmam que o que ocorreu não foi uma crítica ou repressão ao movimento em si, mas sim correção de certos exageros de alguns de seus representantes (como sacerdotes mais tendentes à política).
 Outros afirmam que houve uma deliberada sanção à Igreja Latino-Americana na repressão à sua forma mais pungente de ação e crítica social. Entretanto, o próprio Papa João Paulo II dirigiu uma carta à CNBB, datada de 9 de abril de 1986, pedindo o compromisso com o verdadeiro desenvolvimento desta teologia: "...estamos convencidos, nós e os senhores, de que a Teologia da Libertação é não só oportuna, mas útil e necessária. Ela deve constituir uma nova etapa - em estreita conexão com as anteriores - daquela reflexão teológica iniciada com a tradição apostólica e continuada com os grandes padres e doutores, com o magistério ordinário e extraordinário e, na época mais recente, com o rico patrimônio da Doutrina Social da Igreja expressa em documentos que vão da Rerum Novarum a Laborem Exercens". "Os pobres deste país, que tem nos senhores os seus pastores, os pobres deste continente são os primeiros a sentir urgente necessidade deste evangelho da libertação radical e integral. Sonegá-lo seria defraudá-los e desiludi-los". Para concluir, o Papa incita ao seu verdadeiro desenvolvimento de modo homogêneo e não heterogêneo com relação à teologia de todos os tempos, em plena fidelidade à doutrina da Igreja, atenta a um amor preferencial e não excludente nem exclusivo para com os pobres.

Porém, João Paulo II depois a condenou[carece de fontes?]. O Cardeal Ratzinger, no retiro espiritual que pregou ao Papa João Paulo II e aos Cardeais em 1986, escreveu:


"Sem resposta para a fome da verdade, sem cura das doenças da alma ferida por causa da mentira ou, numa palavra, sem a verdade e sem Deus, o homem não se pode se salvar. Aqui descobrimos a essência da mentira do demônio. Deus aparece na sua visão do mundo como supérfluo, desnecessário à salvação do homem. Deus é um luxo dos ricos. Segundo ele, a única coisa decisiva é o pão, a matéria. O centro do homem seria o estômago" (Cardeal Joseph Ratzinger, O Caminho Pascal,-- Curso de Exercícios Espirituais realizado no Vaticano na presença de S.S. João Paulo II, Loyola, São Paulo, 1986, p. 14-15).


E perguntou o Cardeal Ratzinger, falando aos Cardeais: "Porventura não existe uma tendência, também entre nós, de adiar o anúncio da verdade de Deus, para antes fazer as coisas "mais necessárias"? Vemos, porém, que um desenvolvimento econômico sem desenvolvimento espiritual destrói o homem e o mundo".





Conclave escolhe Joseph Ratzinger, que adota o nome de Bento XVI

Rito Geco - Bizantino

19 de outubro de 2010

Divino Espirito Santo - na cultura popular

O culto ao Divino Espírito Santo, em suas diversas manifestações, é uma das mais antigas e difundidas práticas do catolicismo popular brasileiro. Sua origem remonta às celebrações realizadas em Portugal a partir do século XIV, nas quais a terceira pessoa da Santíssima Trindade era festejada com banquetes e distribuição de esmolas aos pobres.


Essas celebrações aconteciam cinquenta dias após a Páscoa, comemorando o dia de Pentecostes, quando o Espírito Santo desceu do céu sobre os apóstolos de Cristo sob a forma de línguas como de fogo, segundo conta o Novo Testamento. Desde seus primórdios, os festejos do Divino, realizados na época das primeiras colheitas no calendário agrícola do hemisfério norte, são marcados pela esperança na chegada de uma nova era para o mundo dos homens, com igualdade, prosperidade e abundância para todos.


A devoção ao Divino encontrou um solo fértil para florescer nas colônias portuguesas, especialmente no arquipélago dos Açores. De lá, espalhou-se para outras áreas colonizadas por açorianos, como a Nova Inglaterra, nos Estados Unidos da América, e diversas partes do Brasil.


É provável que o costume de festejar o Espírito Santo tenha chegado ao Brasil já nas primeiras décadas de colonização. Hoje, a festa do Divino pode ser encontrada em praticamente todas as regiões do país, do Rio Grande do Sul ao Amapá, apresentando características distintas em cada local, mas mantendo em comum elementos como a pomba branca e a santa coroa, a coroação de imperadores e a distribuição de esmolas.

14 de outubro de 2010

Ritos Orientais e Ocidentais latinos



A história do Cristianismo desenvolve-se a partir dos Apóstolos, e por isso chamamos apostólicas as igrejas que, ininterruptamente, apresentam uma sucessão hierárquica direta na ordenação de bispos desde os primeiros evangelizadores.


Devido à sua importância política e eclesiástica, muitos destes centros patriarcais criaram ritos litúrgicos próprios. Atualmente podemos designar o Rito Latino (da Igreja de Roma) e os seguintes Ritos Orientais: Bizantino, Armênio, Antioquino, Caldeu e Alexandrino. Estes ritos orientais são praticados em várias igrejas, tanto católicas como ortodoxas.
A Igreja Greco-Melquita Católica tem consciência de ser a mais antiga do mundo, sucessora direta e imediata dos Apóstolos. Seu Patriarca, Gregório III, porta o titulo de “Patriarca de Antioquia e todo o Oriente, de Alexandria e de Jerusalém” - os primeiros centros da cristandade.

- Greco

Era a maneira pela qual os antigos muçulmanos se referiam aos cristãos bizantinos, já que, desde a transferência do Império Romano para o oriente, seus cidadãos adotaram, aos poucos, a língua grega.

- Melquita
Vem da raiz semítica “melek” (rei, imperador).
No século V, o Imperador de Constantinopla, Marciano, aceitou as resoluções do Concílio da Calcedônia, o que desagradou grupos separatistas como os siríacos e coptas, que passaram a designar estes cristãos como melquitas. Para os antigos historiadores muçulmanos “melquita” era sinônimo de “católico”, e o Papa (Patriarca de Roma) era chamado “Chefe dos Melquitas”.
- Cató1ico
Significa “universal”, em comunhão com o Papa. Ou seja, há várias Igrejas de rito oriental em comunhão com a Igreja de Roma. E por isso são católicas. A Igreja Grego-Melquita porém, segue o Rito Bizantino.


Os fiéis greco-melquitas no Brasil são, em geral, habitantes do oriente médio, que devido à crises e perseguições, imigraram a partir do século XIX. Com o crescimento desta comunidade, o primeiro pároco Arquimandrita (título eclesiástico oriental) chegou ao Rio de Janeiro em 1939, e sete anos depois foi criada a primeira paróquia no Rio de Janeiro: a Igreja de São Basílio. Em 1972, o Papa Paulo VI nomeou o primeiro Eparca (bispo) desta nova diocese oriental, com sede em São Paulo.




A pedra fundamental da Igreja Nossa Senhora do Paraíso, atual Catedral Grego-Melquita Católica do Brasil, foi lançada no dia 23 de agosto de 1951, com projeto de autoria de Benedito Calixto de Jesus Neto.


A Catedral Nossa Senhora do Paraíso exprime, através de sua arquitetura, a tradição e o ambiente das igrejas orientais, principalmente pelo seu belo “Iconóstase” (divisão entre o Santuário - onde se situa o altar - e a nave da Igreja). Nele estão três portas e também os ícones (imagens) dos Apóstolos e dois preciosos Santos Ícones, do Cristo Pantokrator (Cristo Todo Poderoso) e da Theotokos (Mãe de Deus). As pinturas na abside do Santuário, no teto e nas paredes laterais exprimem o aspecto teológico da tradição oriental, que procura apresentar a história da salvação em forma de imagens, fazendo com que o fiel, ao entrar no templo, possa contemplar várias passagens bíblicas, levando-o a compreender os vários movimentos realizados no ato litúrgico.
O atual Arcebispo Greco-Melquita Católico do Brasil é Dom Fares Maakaroun.   
                                                                                                                          
- O Sinal da Cruz                                                                         
                                                                                 

No rito bizantino, o sinal da cruz se faz estendendo unidos os três dedos da mão direita (polegar, indicador e médio - simbolizando a Santíssima Trindade) e apoiando os outros dois sobre a palma da mão (anular e mínimo - simbolizando as duas naturezas de Cristo: humana e divina); leva-se a mão assim formada, da fronte para o peito e depois, do ombro direito para o esquerdo, dizendo: Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.
Esta maneira de persignar-se foi costume geral da Igreja universal até o século XIII, segundo o testemunho do Papa Inocente III (1216) no seu livro De Sacro Altaris misterio: “O sinal da cruz deve-se fazer com os três dedos, pois se faz com a invocação da Santíssima Trindade, de modo que se desça de cima para baixo e da direita para a esquerda, porque Cristo desceu do Céu para a terra e passou dos Judeus para Os Gentios”.





Nós, latinos, fazemos o sinal da cruz da esquerda para a direita, para representar a conversão. Ambos são símbolos válidos.


O fundamental, porém, no sinal da cruz, é afirmar que o fazemos em NOME -- no singular -- de três Pessoas divinas, o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
Um nome em três pessoas, para siginificar que há um só Deus em três Pessoas realmente distintas.
Fazemos a cruz para significar que cremos na Encarnação, Paixão e Morte de Cristo, e que aceitamos a cruz inteiramente sobre nós.

9 de outubro de 2010

Nossa Senhora de Nazaré


Os primeiros séculos da Igreja Católica foram caracterizados por um certo grau de tolerância com os pagãos que se convertiam maciçamente. Um dos costumes que essas pessoas traziam era o culto que prestavam às imagens de suas divindades.


A tolerância a que nos referimos tem um detalhe de purificação: em vez de se terem estátuas dos ídolos do paganismo, as imagens passaram a representar figuras bíblicas, especialmente aquelas ligadas ao NT.


Acreditamos que nenhum outro personagem ganhou mais representatividade entre os católicos do que Nossa Senhora, a Mãe de Jesus, que nos foi entregue pelo Salvador quando expirava no Calvário.


A pequena imagem de Nossa Senhora de Nazaré, que hoje é venerada em Portugal teria recebido essa denominação pelo fato de haver sido esculpida, em madeira, naquela cidadezinha da Galiléia onde a Sagrada Família se estabeleceu.


A profissão de São José que era carpinteiro e não escultor bem como a profunda religiosidade herdada de seus antepassados que não permitia a confecção de imagens humanas elimina por completo a possibilidade de ter sido o pai adotivo de Jesus o autor da bela peça.


De Nazaré, a imagem foi levada pelas mãos do monge Ciríaco que, fugindo dos dominadores romanos, a entregou a São Jerônimo, que, por sua vez, a fez chegar às mãos de Santo Agostinho.


Este a remeteu para o Mosteiro de Caulina, na Espanha, onde permaneceu até o século VIII, quando a invasão turca levou os monges a abandonarem a região.


Quando os monges deixaram o mosteiro, a pequena imagem ficou sob a guarda do abade, frei Romano, que acompanhou dom Rodrigo, rei da Espanha que, tendo sido derrotado pelos turcos na batalha de Guadalete, fugia em direção a Portugal.


Ao se separarem, já em território português, o religioso permaneceu com a imagem, refugiando-se na localidade chamada Sítio do Monte Siano, onde foi encontrado por dom Rodrigo, em 716, já morto.


A imagem de Nossa Senhora, porém, cuidadosamente escondida por frei Romano, somente seria encontrada séculos depois, casualmente, por pastores, num pequeno abrigo de pedras no alto daquele monte.


A notícia da descoberta da estatueta espalhou-se rapidamente, chegando ao conhecimento do fidalgo lusitano dom Fuas Roupinho, que passou a visitar com freqüência o pequeno altar rústico que guardava a imagem, sendo o protagonista do primeiro milagre atribuído à Virgem de Nazaré.


Dom Fuas não é um personagem qualquer. Na história do povo lusitano, em suas origens, desempenhou papel importante como estrategista e líder, comandando suas tropas em grandes vitórias na defesa do território português, em especial contra os mouros, quando estes invadiram a Península Ibérica e ocuparam a região da Espanha.


Conta-se que, em 14 de setembro de 1182, caçando nas redondezas, dom Fuas se viu, de repente, frente a um enorme precipício. Na iminência da morte certa, lembrou-se da imagem e gritou: «Senhora, valei-me!»

No mesmo instante sua montaria estancou, cravando as pata traseiras em solo firme, rodopiando sobre elas, pondo a salvo o cavaleiro. Impressionado com o ocorrido, dom Fuas mandou erigir uma capela no local.

Anos mais tarde, no reinado de dom Fernando, este mandou construir um templo maior, que foi elevado depois à condição de matriz e onde se reunem os portugueses para render fervorosas homenagens à Virgem de Nazaré no dia 14 de Setembro.

Karl Rahner, o primeiro teólogo católico moderno

Para o teólogo italiano Rosino Gibellini, Karl Rahner, especialmente no momento histórico do Concílio Vaticano II, colocava-se na linha da renovação e se ocupava em lançar uma ponte entre tradicionalistas e progressistas. Segundo Gibellini, a teologia de Rahner estava em plena sintonia com o grande projeto inovador do Concílio.


“Rahner é o protagonista da virada antropológica na teologia católica, que mantém ‘o ouvinte da Palavra’ sempre presente na proposição da verdade cristã, e se confronta, portanto, com a cultura moderna. Essa é uma das maiores linhas da teologia do século XX, que se diferencia (sem se contrapor) das teologias da identidade católica, representadas pelas figuras de Von Balthasar e Ratzinger”, afirma.


Rosino Gibellini é doutor em teologia pela Universidade Gregoriana de Roma e doutor em filosofia pela Universidade Católica de Milão. Dirige as coleções Giornale di Teologia e Biblioteca de teologia contemporânea da Editora Queriniana de Brescia, Itália. O estudioso é autor, entre outros livros, de A teologia do século XX (Edições Loyola, 1998). Ele já concedeu várias entrevistas para a revista IHU On-Line.


Confira a entrevista.


IHU On-Line – Quais eram, para Rahner, os principais desafios e as principais possibilidades da modernidade para a vida de fé?


Rosino Gibellini – Karl Rahner compreendeu os sentidos dos desafios da modernidade para a teologia cristã, assim como, em seu tempo, Schleiermacher as tinha compreendido. Na análise da situação cultural e teológica – a qual era possível diagnosticar já nos anos 50 do século XX –, Rahner identificava três elementos característicos:


a) vivemos numa sociedade secular e pluralista, em que os enunciados da fé perderam a sua obviedade;


b) justamente com o pluralismo, é preciso registrar um aumento dos conhecimentos em todas as áreas do saber, o que torna particularmente difícil fazer sínteses;


c) a essas dificuldades modernas da anunciação cristã e do fazer teologia, deve-se acrescentar uma espécie de enrijecimento (Fixierung) e de incrustação (Verkrustung) de conceitos teológicos que, permanecendo imutáveis no decorrer dos séculos, não correspondem mais à situação transformada da vida e da cultura do homem moderno. Daí a sua tentativa de uma reforma metodológica da teologia católica.


IHU On-Line – Como avaliar as ideias de Rahner, claramente em diálogo com a modernidade, quando alguns pensadores afirmam que já estamos vivendo na pós-modernidade? Rahner estaria superado?


Rosino Gibellini – Poder-se-ia dizer que Rahner é o primeiro teólogo católico moderno. A modernidade é caracterizada pela racionalidade crítica (Descartes, Kant), e Rahner introduziu na teologia católica o exercício da racionalidade crítica, que iria substituir a racionalidade metafísica da neoescolástica e da prática católica. A grande teologia francesa visava principalmente uma reforma do tomismo na linha de Maritain e Gilson. A tentativa de Rahner é mais ousada.


E o dever do exercício da racionalidade crítica na teologia permanece também no tempo da pós-modernidade, que é interpretada como “modernidade tardia” (Habermas) ou como “nova modernidade” (Robert Schreiter): o exercício da racionalidade crítica deverá unir-se, no tempo da pós-modernidade, à atenção aos temas que foram esquecidos ou desvalorizados pelo projeto moderno (David Tracy).


IHU On-Line – Por que Rahner teve tanta importância nos debates do Concílio Vaticano II? Quais foram as circunstâncias que possibilitaram que ele tivesse essa relevância nos debates?


Rosino Gibellini – O Concílio Vaticano II (1962-1965) – anunciado de surpresa por João XXIII há 50 anos, no dia 25 de janeiro de 1959 – propôs uma “atualização” da igreja, para torná-la mais correspondente à sua missão pastoral. A teologia de Rahner estava em sintonia com esse programa. Justamente em 1959 – ano da proposta do Concílio – Rahner publicou “Missão e Graça”, que inicia com um significativo ensaio intitulado “Significado teológico do cristão no mundo moderno” (de 1954), em que ilustra a passagem do regime da cristandade para uma situação na qual a igreja existe como minoria no interior das nações; e no qual sustenta que tal situação não deve ser suportada, e sim assumida como “imperativo histórico de salvação” e afrontada como uma renovação dos métodos da práxis eclesiástica. Nota-se, então, que a teologia de Rahner estava em sintonia com o grande projeto inovador do Concílio.


IHU On-Line – Como Rahner se posicionava nas polarizações conceituais e políticas do Concílio? Frente a quais ideias e teólogos Rahner se posicionou contra ou a favor?


Rosino Gibellini – Com o Concílio já anunciado, Rahner foi atingido por uma “censura preventiva” para excluí-lo completamente do evento. Mas acabou chegando a Roma como perito pessoal do cardeal König, de Viena, presidente da Conferência Episcopal Austríaca. Introduziu-se nas comissões com cautela. Escreverá na “Breve correspondência do período do Concílio” publicada em 1986: “Pode ser que Alfredo Ottaviani, então prefeito do Santo Ofício, tenha notado que sou um teólogo completamente inofensivo e normal. E, dessa forma, aquele decreto romano (da censura preventiva), foi simplesmente esquecido”. Mas trabalhou com afinco, a ponto de tornar-se um dos teólogos mais célebres justamente durante o Concílio. Deve-se reconhecer, porém, que a verdadeira estrela do Concílio era Joseph Ratzinger, na época docente de teologia fundamental em Bonn e consultor oficial do cardeal Frings de Colônia, presidente da Conferência Episcopal Alemã. Escreveu Rahner (1962): “Com Ratzinger, me entendo bem. Ele é muito estimado por Frings”.


Rahner colocava-se na linha da renovação e nas polarizações se ocupava em lançar uma ponte entre tradicionalistas e progressistas. Suas maiores contribuições são em sede eclesiológica, mas também, e principalmente, sobre a doutrina católica da revelação e sobre uma compreensão mais profunda da vontade de salvação universal. Mas é no pós-Concílio que os caminhos se dividem. Para Rahner, o Concílio é o início de um caminho de reforma a dar continuidade para uma “transformação estrutural da Igreja”, como diz o título de um seu volume programático de 1972. O teólogo Ratzinger estará longe desse programa e insistirá sempre num retorno aos textos do Concílio, dos quais somente resulta o espírito do evento Conciliar. Se Rahner ressalta a descontinuidade operada pelo Concílio, Ratzinger interpretará o Concílio no sentido da continuidade.


IHU On-Line – Quais foram as contribuições de Rahner para o diálogo inter-religioso e o ecumenismo?


Rosino Gibellini – O maior ecumenista católico no Concílio era o teólogo francês Congar, mas a solução católica mais avançada para o problema ecumênico no pós-Concílio foi dada por Karl Rahner e por Heinrich Fries, que assinaram o mediato e corajoso texto “União das Igrejas – Possibilidade real” (1984), que aparecia como nº 100 da célebre Biblioteca Herderiana “Quaestiones Disputatae”. Livro e projeto que o teólogo Ratzinger criticou.


Rahner também deu sua contribuição à teologia das religiões com a sua tese dos “cristãos anônimos”, que lhe permitia ver as religiões não-cristãs como “vias legítimas de salvação”, na dependência de “todo o verdadeiro e o bom do cristianismo”, como a monografia completa de Doris Ziebritzki sobre o tema publicada na Coleção “Innsbrucker theologische Studien” reconstruiu.


A contribuição de Rahner deve ser agora criticamente integrada a uma grande bibliografia, católica e ecumênica, que se desenvolveu nas últimas duas, três décadas. Resumo a passagem desta forma: “Do cristianismo anônimo a um cristianismo relacional”.


IHU On-Line – Frente aos atuais problemas de governo da Igreja, Rahner ainda oferece respostas? Como Ratzinger vê Rahner?


Rosino Gibellini – Rahner e Ratzinger são duas grandes figuras da teologia da época moderna. O teólogo jesuíta espanhol Santiago Madrigal dedicou uma recente monografia ao confronto entre os dois teólogos: duas grandes personalidades que colaboraram na realização do Concílio, mas que depois se diferenciaram na concreta aplicação deste, até entrar, sob certos aspectos, como teólogos, em contraste entre si, mas convergentes sobre a dificuldade do dever, assim expresso por Rahner: “Com certeza passará muito tempo até que a igreja, que recebeu de Deus a graça do Concílio Vaticano II, seja a igreja do Concílio Vaticano”.


IHU On-Line – Como Rahner é visto hoje na teologia? Quais são seus principais discípulos nos debates teológicos atuais?


Rosino Gibellini – Rahner é o protagonista da virada antropológica na teologia católica, que mantém “o ouvinte da Palavra“ sempre presente na proposição da verdade cristã, e se confronta, portanto, com a cultura moderna. Essa é uma das maiores linhas da teologia do século XX, que se diferencia (sem se contrapor) das teologias da identidade católica, representadas pelas figuras de Von Balthasar e Ratzinger.
Rahner fez escola e teve numerosos discípulos, dos quais o mais criativo, que, partindo de Rahner foi além de Rahner, é Johann Baptist Metz, em cujo pensamento a racionalidade crítica se concretiza com a racionalidade prática, que desenvolve as implicâncias históricas e sociais do pensamento cristão.


IHU On-Line – Passados 25 anos de sua morte, qual é a principal herança que Rahner deixou para a Igreja?


Rosino Gibellini – Vinte e cinco anos após sua morte (30 de março de 1984), está em fase de avançada realização a edição crítica da Opera omnia do grande teólogo, que representará um seguro ponto de referência para o futuro da teologia. Recordo de ter participado, com Gustavo Gutiérrez (que se encontrava naquele mês em Roma) dos solenes funerais do teólogo alemão em Innsbruck, onde havia se retirado nos últimos anos. Nos funerais também estavam presentes Metz, Lehmann, Kasper e Schillbeeckx. Aos participantes, foi distribuído o Boletim informativo dos Jesuítas da província da Alemanha meridional (datado em München, abril 1984/2), dedicado à figura de Rahner. Sempre o conservei e comentei várias vezes com os jovens teólogos a sua última entrevista ali reproduzida. O entrevistador perguntava: “Como se pode transmitir a fé à nova geração?” Rahner respondia: “Antes de tudo deve-se pregar bem (grifo do texto). Para pregar bem, deve-se primeiro estudar bem teologia. Mas, para pregar bem, devem existir homens vivos, devotos, radicalmente cristãos, que possam pregar. Naturalmente também deve existir uma certa liberdade no exercício de uma atividade apostólica ou pastoral”. A teologia, portanto, é um instrumento do anúncio e da missão.


O teólogo evangélico Wolfhart Pannenberg identificou bem o maior legado de Karl Rahner, vendo na teologia rahneriana uma das tentativas mais consistentes do nosso tempo de manter aberta a racionalidade reduzida da cultura secular ao mais vasto horizonte de uma racionalidade que reconhece também o mistério de Deus “enquanto ele nos ensinou a ver em cada tema teológico, aquilo que é universalmente humano”, introduzindo-se assim no vasto sulco da mais autêntica teologia cristã: “A aliança com a razão pertence desde o início á dinâmica missionária do Evangelho”.
 Padre Oscar  Quevedo

Aos 7 anos de idade, depois de viver um exílio forçado em seu próprio país por causa do fuzilamento do pai pela Frente Popular Espanhola-regime político de republicanos e comunistas, que substituiu a monarquia-, o menino Oscar G. Quevedo se tornou ávido leitor de livros espíritas. O trauma provocado pela morte do pai, Manoel Gonzáles Quevedo, um deputado tradicionalista de Madri, ligado à corte do rei Alfonso XIII, transformara o garoto em uma criança extremamente supersticiosa. Morando clandestinamente em Gibraltar com um tio (irmão da mãe) que acreditava no espiritismo, foi orientadoa buscar naquela literatura, as razões da superstição adquirida.A partir dali acabou descobrindo a vocação religiosa quando estudava humanidades na Universidade de Salamanca, no norte da Espanha. A seguir, se formou em filosofia e psicologia na Universidade de Santander e decidiu ir para um seminário jesuíta. Aprofundou, então, seus estudos sobre o "Além", particularmente sobre mágica e ilusionismo.


O então reitor da faculdade de Filosofia, padre Vicente Gonzales, conhecendo o interesse de Oscar Quevedo pelo ocultismo, recomendou que ele viesse para o Brasil, campo fértil para pesquisadores do sobrenatural. Foi ordenado padre em 1961, em um seminário de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul. Fundou, a seguir, o Centro Latino Americano de Parapsicologia (CLAP), em São Paulo, que dirige até hoje, onde passa os dias, pesquisando na biblioteca com mais de 10.000 volumes que reuniu sobre paranormalidade. Somente sai dali quando se desloca qualquer ponto do país para ministrar cursos sobre parapsicologia, tema em que é hoje um dos maiores especialistas do mundo. Para tanto, lê, fala e escreve fluentemente outros quatro idiomas (latim, grego, hebraico e português) além de sua língua pátria, o espanhol.
A Fé Cura?

Um famoso ditado popular americano diz que:
 “Uma oração por dia mantém os médicos distantes”.
A oração, a fé, a religião, enfim a espiritualidade, podem ser aliadas na recuperação dos pacientes e na prevenção de doenças, segundo os resultados de algumas pesquisas recentes. Entender a complexidade da mente e os efeitos das práticas religiosas sobre a população é hoje um dos grandes desafios dos pesquisadores. Como investigar e medir a influência de algo tão abstrato e controverso? Apesar de serem desenvolvidas há algumas décadas em outros países, como os Estados Unidos, no Brasil as pesquisas sobre esse tema ainda estão no início, mas já aparecem principalmente nas universidades públicas: Unifesp, Unicamp, Unesp, Universidade Federal do Ceará e outras.


Estudos realizados em diferentes contextos sócio-culturais têm demonstrado que a espiritualidade tem relação com o comportamento e a predisposição ao vício. Esses estudos começaram em meados da década de 80, nos Estados Unidos. Atualmente, um dos centros norte-americanos mais avançados no assunto é o Duke´s Center para Estudos da Religião e da Espiritualidade, dirigido pelo médico e pesquisador Harold Koenig, autor do livro Manual de religião e saúde. Seus estudos científicos têm demonstrando que os praticantes ativos de uma crença podem obter benefícios físicos e mentais, entre eles, sistema imunológico mais resistente e menor propensão a certas doenças. Entre os efeitos negativos estariam o fanatismo religioso e a auto-punição, ou seja, acreditar que doença teria sido enviada como um castigo de Deus.


No Brasil, a equipe do psiquiatra Paulo Dalgalarrondo, professor da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, constatou que a religião pode afetar de diversas maneiras o consumo de álcool e de drogas. O trabalho, intitulado "Religião e uso de drogas por adolescentes", foi publicado em junho de 2004 na Revista Brasileira de Psiquiatria, e avaliou 2.287 estudantes de escolas públicas e particulares de Campinas (SP). Os pesquisadores perceberam que o uso intenso de pelo menos uma droga (álcool, tabaco, medicamentos, maconha, solventes, cocaína ou ecstasy) foi maior entre os estudantes que não tiveram educação religiosa na infância. “As pessoas cuja religião condena o uso dessas sustâncias tendem a usá-las menos”, conta. Por outro lado, Dalgalarrondo ressalta que alguns estudos mostraram que pessoas com alto envolvimento espiritual têm a tendência a ser mais depressivas. “A influência depende da própria pessoa e da religião, além de fatores econômicos, culturais e sociais”, afirma.


Espiritualidade no currículo


A questão da espiritualidade já começa a fazer parte do currículo de faculdades de medicina brasileiras e estrangeiras. Na Universidade Federal do Ceará é disciplina optativa no curso de medicina, desde o ano passado. O objetivo é trazer reflexões para humanizar os tratamentos hospitalares, utilizando pesquisas sobre espiritualidade e saúde. Alguns dos temas abordados são os estudos da consciência em pacientes que relatam suas experiências no coma prolongado.


A coordenadora do primeiro curso no país, a médica Eliane Oliveira, é uma das palestrantes do Congresso Nacional da Associação Médico-Espírita do Brasil que discutirá o tema “Espiritualidade no cuidado com o paciente”, de 26 a 28 de maio em São Paulo. “Precisamos enxergar os vários aspectos do ser humano para ajudar no tratamento”, afirma Eliane Oliveira. “Mesmo que para o médico a religiosidade não seja importante, não podemos ignorar que as pessoas costumam tomar decisões importantes baseadas na sua religião”, diz.


A doutora lembra que em Maranguape, município localizado a 30 km de Fortaleza, a mortalidade infantil foi reduzida drasticamente depois que os médicos se aliaram às benzedeiras (também chamadas rezadeiras) da região. Elas aprenderam sobre o soro caseiro e, além de benzer, ensinavam as mães e mandavam que elas também levassem os seus filhos ao médico.


Falsos diagnósticos


Até poucos anos, a psiquiatria tendia a ignorar ou considerar como doença certos comportamentos religiosos e espirituais. “A visão negativa das experiências religiosas deu origem a atitudes discriminatórias por parte da comunidade psiquiátrica brasileira, principalmente com relação ao espiritismo e religiões afro-brasileiras, ocasionando prisões, internações e tratamentos desnecessários”, diz Alexander Almeida, do Núcleo de Estudos de Problemas Espirituais e Religiosos da USP. Ele conta que até os anos 70 pensava-se que a pessoa menos religiosa era mais saudável, mas não havia estudos que usavam metodologia científica para provar isso.


No dia a dia, em seu consultório, para conseguir melhores resultados nos tratamentos, a tática usada pelo psiquiatra é aliar-se aos líderes espirituais de seus pacientes, propondo que ambos trabalhem pela recuperação da pessoa. Para isso, recomenda que eles incentivem os fiéis a não deixarem de tomar os remédios. Antes, muitos portadores de casos sérios paravam o tratamento, com risco de morte, porque acreditavam que somente a fé era suficiente.


Alexander afirma ainda que até pouco tempo acreditava-se que os médiuns tinham problemas mentais, pouca instrução e vinham de classes muito baixas. Segundo as religiões espírita e afro-brasileiras, os médiuns são intermediários entre o mundo físico e o espiritual. O psiquiatra mostrou na sua tese de doutorado (com bolsa da Fapesp) que o fenômeno da mediunidade pode não estar relacionado com transtornos mentais, como a esquizofrenia, que geram alucinações e delírios. Segundo seu estudo, uma das possíveis definições de mediunidade é “a comunicação provinda de uma fonte que é considerada existir em um outro nível ou dimensão além da realidade física conhecida e que também não proviria da mente normal do médium”.


Energia do corpo


Alguns pesquisadores acreditam ainda que uma prática comum em certas religiões – a impostação de mãos (o ato de repousar as mãos sobre uma área sem encostá-las) – pode ter efeitos também sobre a saúde do organismo. Essa prática é procurada por muitas pessoas a pretexto de receber energias “sutis” e reequilibrar o organismo. A prática, assim como na homeopatia e na medicina oriental, é baseada no princípio de que as patologias são geradas por causa de um desequilíbrio do organismo como um todo, e não somente da parte doente.


A relação entre a impostação de mãos e o aumento da resistência do organismo às doenças, por exemplo, vem sendo objeto de um estudo de um pesquisador da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o biólogo Ricardo Monezzi. Ele constatou indícios de que a impostação pode aumentar a resistência imunológica.


Monezzi estudou o efeito da impostação de mãos em 60 ratos machos e sadios. O estudo não foi realizado em humanos para que se possa descartar totalmente o efeito placebo (quando a mente é sugestionada a acreditar que recebeu um medicamento ou processo de cura). Um terço do grupo recebia tratamento por impostação, outro terço tinha uma luva colocada sobre as gaiolas (para simular a impostação) e o restante não recebia nenhum tipo de tratamento. Os animais que receberam o tratamento tiveram um aumento do número de linfócitos e monócitos – responsáveis pelo sistema imunológico – e redução do número de plaquetas. Manipulando essas células in vitro, em conjunto com células tumorais, foi possível observar que as células dos animais tratados teriam o dobro de condições de combater um tumor.


Atualmente, Monezzi continua seus estudos sobre a imposição de mãos em humanos, em seu doutorado, também na Unifesp. “O corpo humano é um emissor de energias, que ainda não foram qualificadas, mas exames como o eletrecardiograma e eletroencefalograma mostram que existem”, afirma. “O importante é entender a influência que essas energias podem ter na cura de certas patologias”, conclui.
É a ciência comprovando e confirmando que Nada somos sem Deus, mas que  tudo podemos quando o colocamos em nossas vidas.

8 de outubro de 2010

A Fé e a Razão



A Fé é a virtude pela qual aceitamos tudo o que Deus nos revelou e que a Igreja nos ensina. Nós recebemos a Fé como dom e virtude já no Batismo.


Durante nossa vida, podemos aumentar a nossa Fé, por meio de atos de submissão da inteligência ao que Deus revelou, e que a Igreja ensina, compreendendo que Deus, sumamente Bom e Verdade infinita, nem pode se enganar, e nem pode nos enganar.


A Fé nos dá uma certeza firmíssima da verdade revelada.


A Fé não é contra a razão. Pelo contrário, ela sempre auxilia a razão a ver melhor a realidade. A Fé é como uma luz que nos ajuda a ver, quando a noite cai. A noite caiu sobre os olhos dos homens, quando Adão pecou. Desde então, a razão é "miope", e precisa dos "óculos" da Fé para ver melhor a realidade, porque esta é harmônica ao mundo sobrenatural, que a razão, de si, não pode alcançar.


Hoje em dia, os homens se debatem nas trevas da ignorância e da infidelidade, e caem em dois erros opostos:


1) o Racionalismo cientificista;


2) O Irracionalismo gnóstico.


O racionalismo pretende que a razão humana é capaz de compreender tudo. Ora, isto é um absurdo. Vejo que minha razão é limitada, e que há muitos problemas que sou incapaz de compreender.


Com o devido respeito, também o(a) senhor(a), como todo indivíduo, constata que sua capacidade de entender é limitada.


A razão humana é limitada. Por isso, como diz um autor insuspeito, Karl Popper, em "A Sociedade Aberta e seus inimigos", "o racionalismo é uma fé irracional na Razão".


Foi o racionalismo cientificista que construiu o nosso mundo insuportável, e que produziu o século XX, com todos os seus crimes e horrores.


Caindo então no extremo oposto, alguns afirmam que a razão é má em si mesma, que ela engana o homem. O que é falso. A razão é boa, pois nos foi dada por Deus. Mau é o racionalismo, isto é, a adoração da Razão.


O Irracionalismo tornou-se moda após a queda do Muro de Berlim, isto é, da queda do sistema racionalista mais extremado e totalitário produzido pela razão humana desvairada, em auto adoração. Jogou-se Marx na lata do lixo. Passou-se a crer em duendes, Tarot, Astrologia, e a ler os delírios irracionalistas de Paulo Coelho. Clinton o lê. O que dá a medida de valor dos dois.


O irracionalismo gnóstico está na moda, como substituto do racionalismo, seu irmão xipófago e dialético.


Só a Fé equilibra a razão humana.
 Só a Fé Católica - a única Fé verdadeira - pode salvar o mundo, quer do racionalismo cientificista e utópico, quer do irracionalismo romântico que delira, com o desejo de retorno ao paraíso, por meios oníricos.

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